Estas bactérias comem plástico
-
0:02 - 0:05Plásticos: vocês conhecem-nos,
podem não gostar deles, -
0:05 - 0:09mas provavelmente
usam-nos todos os dias. -
0:10 - 0:13Os investigadores estimam
que, em 2050, -
0:13 - 0:16haverá mais plástico no oceano
do que peixes. -
0:17 - 0:19Apesar dos nossos melhores esforços,
-
0:19 - 0:25apenas 9% do plástico usado
acaba por ser reciclado. -
0:25 - 0:27Pior ainda,
-
0:27 - 0:30o plástico é extremamente
resistente e duradouro -
0:30 - 0:32e os investigadores estimam
-
0:32 - 0:36que pode levar entre 500 a 5000 anos
-
0:36 - 0:38a decompor-se.
-
0:38 - 0:43Liberta contaminantes químicos
nocivos para os nossos oceanos, solos, -
0:43 - 0:48comida, água e pessoas.
-
0:49 - 0:53Como é que acabámos por ficar
com tanto lixo plástico? -
0:53 - 0:55Simples.
-
0:55 - 1:00O plástico é barato, durável,
adaptável e presente em todo o lado. -
1:01 - 1:02Mas a boa notícia
-
1:02 - 1:07é que há outra coisa barata, durável
adaptável, e presente em todo o lado. -
1:07 - 1:10As minhas pesquisas mostram
que nos poderá até ser útil -
1:10 - 1:13com o nosso problema
de poluição dos plásticos. -
1:13 - 1:16Estou a falar de bactérias.
-
1:17 - 1:22As bactérias são seres vivos
microscópicos, invisíveis ao olho nu, -
1:22 - 1:23que vivem em todo o lado,
-
1:23 - 1:27em todo o tipo de ambientes
diversos e extremos, -
1:27 - 1:30desde o intestino humano,
ao solo, na pele, -
1:30 - 1:35em fontes hidrotermais
a temperaturas de 370 ºCelsius. -
1:35 - 1:37As bactérias vivem em todo o lado,
-
1:37 - 1:40em todos os tipos de ambientes
diversos e extremos. -
1:40 - 1:45Assim sendo, têm de ser muito criativas
com as suas fontes de alimento. -
1:46 - 1:48Existem também vários tipos de bactérias.
-
1:48 - 1:53Os investigadores estimam que existam
cerca de cinco quintiliões -
1:53 - 1:59— ou seja, um cinco com trinta zeros —
de bactérias no planeta. -
2:00 - 2:03Considerando que nós, humanos, produzimos
-
2:03 - 2:07300 milhões de toneladas
de plástico anualmente, -
2:07 - 2:10eu diria que os números do plástico
-
2:10 - 2:13estão a ficar parecidos
com os das bactérias. -
2:14 - 2:16Por isso, depois de saber isto
-
2:16 - 2:19e de conhecer as maneiras criativas
-
2:19 - 2:21de como as bactérias se alimentam,
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2:21 - 2:23comecei a pensar:
-
2:23 - 2:26será que as bactérias que vivem
em ambientes poluídos com plástico -
2:26 - 2:29descobriram uma maneira
de comer plástico? -
2:30 - 2:35Esta é a questão a que eu decidi
responder há uns anos. -
2:35 - 2:37Felizmente para mim,
-
2:37 - 2:41eu venho de uma das cidades
mais poluídas na América: -
2:41 - 2:42Houston, Texas.
-
2:42 - 2:44(Risos)
-
2:44 - 2:45Só na minha cidade natal,
-
2:45 - 2:49há sete locais sinalizados pela
Agência de Proteção do Ambiente. -
2:50 - 2:53Estes locais são tão poluídos,
-
2:53 - 2:57que o governo considerou a sua limpeza
uma prioridade nacional. -
2:58 - 3:01Então, eu decidi andar por estes locais
-
3:01 - 3:05a recolher amostras de solo
repletas de bactérias. -
3:05 - 3:07Eu comecei a trabalhar num protocolo,
-
3:07 - 3:10que é o termo científico para uma receita.
-
3:10 - 3:14E o que eu estava a tentar desenvolver
era um meio isento de carbono, -
3:14 - 3:17ou um ambiente isento de comida.
-
3:17 - 3:20Um ambiente sem os carbonos
ou comida usuais -
3:20 - 3:23de que as bactérias, tal como nós,
precisam para sobreviver. -
3:24 - 3:25Neste ambiente,
-
3:25 - 3:29eu forneceria às minhas bactérias
uma única fonte de carbono ou comida. -
3:30 - 3:34Alimentaria as minhas bactérias
com tereftalato de polietileno, -
3:34 - 3:37ou plástico PET.
-
3:38 - 3:43O plástico PET é o plástico
mais produzido mundialmente. -
3:43 - 3:46É utilizado em todo o tipo de
recipientes de comida e bebidas, -
3:46 - 3:50sendo as garrafas de água de plástico
o exemplo mais notório, -
3:50 - 3:56e que nós atualmente utilizamos
a uma taxa de um milhão por minuto. -
3:58 - 4:00Então, o que eu estaria a fazer
-
4:00 - 4:05era colocar as minhas bactérias
numa dieta forçada de plástico PET -
4:05 - 4:10a ver quais, se alguma,
sobreviviam e prosperavam. -
4:11 - 4:14Este tipo de experiência
serviria de triagem -
4:14 - 4:18das bactérias que se tivessem adaptado
ao seu ambiente poluído de plástico -
4:18 - 4:22e evoluído a capacidade incrível
de comer plástico PET. -
4:23 - 4:25E, ao utilizar esta triagem,
-
4:25 - 4:28eu consegui encontrar bactérias
que tinham mesmo feito isso. -
4:29 - 4:34Estas bactérias descobriram
como comer plástico PET. -
4:37 - 4:39Como é que estas bactérias fazem isso?
-
4:40 - 4:42Na verdade, é bastante simples.
-
4:42 - 4:46Tal como nós digerimos carbono ou comida
em pequenos pedaços de açúcar -
4:46 - 4:48que depois usamos para energia,
-
4:48 - 4:50também as bactérias o fazem.
-
4:51 - 4:56No entanto, as minhas bactérias
descobriram como fazer a digestão -
4:56 - 4:59de plástico PET grande,
resistente e duradouro. -
5:00 - 5:03Para fazer isto, as minhas bactérias
usam uma versão especial -
5:03 - 5:05daquilo que se chama uma enzima.
-
5:05 - 5:09As enzimas são compostos simples
que existem em todos os seres vivos. -
5:10 - 5:12Há muitos tipos diferentes de enzimas,
-
5:12 - 5:15mas basicamente,
elas fazem os processos avançar, -
5:15 - 5:18tal como a digestão da comida
em energia. -
5:18 - 5:22Por exemplo, nós temos uma
enzima chamada amilase -
5:22 - 5:26que ajuda a digerir amidos
complexos, como o pão, -
5:26 - 5:29em pedaços pequenos de açúcar
que depois podemos usar para energia. -
5:30 - 5:34As minhas bactérias têm uma enzima
especial chamada lipase -
5:34 - 5:38que se liga ao plástico PET grande,
resistente e duradouro -
5:38 - 5:40e ajuda a quebrá-lo
em pequenos pedaços de açúcar -
5:40 - 5:43que as bactérias depois usam para energia.
-
5:44 - 5:46Basicamente,
-
5:46 - 5:50o plástico PET passa de ser um poluente
grande, resistente e duradouro -
5:50 - 5:53para uma boa refeição
para as minhas bactérias. -
5:55 - 5:57Soa muito bem, não é?
-
5:58 - 6:03E, dadas as atuais circunstâncias
do problema da poluição dos plásticos, -
6:03 - 6:05eu acho que é bastante útil.
-
6:06 - 6:08As estatísticas que partilhei
-
6:08 - 6:12de quanto lixo plástico
se tem acumulado no nosso planeta -
6:12 - 6:14são intimidantes.
-
6:14 - 6:16São assustadoras.
-
6:16 - 6:17Eu acho que elas evidenciam
-
6:17 - 6:21que, apesar de a redução, reutilização
e reciclagem serem importantes, -
6:22 - 6:25só isso não será suficiente
para resolver o nosso problema. -
6:26 - 6:31E é aqui que eu acho que as bactérias
poderão ser capazes de nos ajudar. -
6:32 - 6:36Mas eu compreendo
porque o conceito da ajuda das bactérias -
6:36 - 6:38pode deixar algumas pessoas
um pouco nervosas. -
6:38 - 6:44Afinal, se o plástico está em toda a parte
e estas bactérias comem plástico, -
6:44 - 6:47não há um risco destas bactérias
invadirem o meio ambiente -
6:47 - 6:49e causarem estragos?
-
6:50 - 6:54Bem, a resposta curta é não,
e vou explicar-vos porquê. -
6:54 - 6:58Estas bactérias já estão
no meio ambiente. -
6:58 - 7:03As bactérias da minha pesquisa
não são seres geneticamente modificados. -
7:04 - 7:07São bactérias que existem naturalmente,
-
7:07 - 7:10que simplesmente se adaptaram
ao seu ambiente poluído de plástico, -
7:10 - 7:15e que evoluíram a capacidade incrível
de comer plástico PET. -
7:16 - 7:22Portanto, o processo das bactérias
comerem plástico é, na verdade, natural. -
7:22 - 7:24Mas é um processo incrivelmente lento.
-
7:24 - 7:27E há ainda muito trabalho a ser feito
-
7:27 - 7:31para percebermos como acelerar o passo
deste processo de forma mais útil. -
7:32 - 7:35Atualmente, a minha pesquisa
está focada nisto, -
7:35 - 7:39utilizando uma série de pré-tratamentos
com UV, ou ultravioleta, -
7:39 - 7:43o que significa que nós irradiamos
o plástico PET com a luz do sol. -
7:44 - 7:49Nós fazemos isto porque a luz do sol
atua como um amaciador de carne, -
7:49 - 7:53tornando as ligações grandes, fortes
e duradouras do plástico PET -
7:53 - 7:57um pouco mais suaves e fáceis de
mastigar pelas minhas bactérias. -
7:58 - 8:01Em última análise, o que a minha
pesquisa espera fazer -
8:01 - 8:05é criar um sistema controlado
isento de carbono à escala industrial, -
8:05 - 8:08semelhante à compostagem,
-
8:08 - 8:11onde estas bactérias podem prosperar
num sistema controlado, -
8:11 - 8:15onde a sua única fonte de alimento
é o plástico PET desperdiçado. -
8:16 - 8:21Imaginem um dia vocês serem capazes
de descartar todo o vosso plástico -
8:21 - 8:23num caixote do lixo na rua
-
8:23 - 8:29ligado a uma compostagem de resíduos
de plástico, realizada por bactérias. -
8:30 - 8:34Eu acho que com algum esforço
isto é uma realidade alcançável. -
8:35 - 8:39As bactérias que comem plástico
não é uma cura para tudo. -
8:39 - 8:43Mas dadas as estatísticas atuais,
é evidente que nós humanos, -
8:43 - 8:46podemos aceitar uma pequena
ajuda para este problema. -
8:46 - 8:48Porque
-
8:48 - 8:51nós temos um problema
urgente de poluição de plásticos. -
8:51 - 8:56E as bactérias podem ser uma
parte importante da solução. -
8:56 - 8:57Obrigada.
-
8:57 - 9:00(Aplausos)
- Title:
- Estas bactérias comem plástico
- Speaker:
- Morgan Vague
- Description:
-
Os seres humanos produzem 300 milhões de toneladas de novos plásticos todos os anos — ainda assim, apesar dos nossos melhores esforços, menos de 10% acaba por ser reciclado. Haverá alguma maneira melhor de lidar com todo este desperdício? A microbióloga Morgan Vague estuda bactérias que, através de algumas adaptações criativas, evoluíram a capacidade inesperada de comer plástico — e que nos poderão ajudar a resolver o nosso crescente problema de poluição.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 09:13
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for These bacteria eat plastic | ||
Isabel Vaz Belchior accepted Portuguese subtitles for These bacteria eat plastic | ||
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Rita Carneiro edited Portuguese subtitles for These bacteria eat plastic | ||
Rita Carneiro edited Portuguese subtitles for These bacteria eat plastic | ||
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