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Podemos fazer a diferença? | Giulia Detomati | TEDxMantova

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    "Quantos aqui acordam de manhã
    convencidos de fazerem a diferença?"
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    Essa foi a pergunta feita
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    por uma de nossas alunas
    de 16 anos, Kathryn,
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    aos seus colegas de classe.
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    E ninguém levantou a mão.
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    E essa é uma pergunta
    que eu também me faço há muito tempo.
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    Eu sempre fui, particularmente,
    apaixonada por temas ambientais.
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    Lembro de quando era pequena,
    da minha primeira National Geographic,
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    de ver as fotos da Amazônia que queimava.
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    E, depois, crescendo,
    percebi que os problemas ambientais
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    não estavam só do outro lado do mundo,
    mas também ao nosso redor.
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    Eram problemas globais, mas também locais,
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    como o da construção desordenada,
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    que afetava a paisagem
    que eu vivia todos os dias.
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    Portanto, os problemas da perda
    de identidade da nossa paisagem,
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    e também de nós mesmos.
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    E então penso nos problemas
    da mudança climática,
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    que são globais,
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    e que permitiram que uma só espécie,
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    a espécie humana,
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    pudesse modificar o clima
    de modo irremediável,
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    dando vida à chamada época do antropoceno.
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    Todos esses problemas
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    sempre me estimularam
    a fazer alguma coisa,
  • 1:22 - 1:24
    e tentei encontrar meu caminho.
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    Então me formei na universidade,
    e tive diversas experiências,
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    até que entrei em um centro de pesquisas
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    que trabalhava com esses temas:
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    da paisagem, do consumo do solo,
    da avaliação de planos e programas.
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    Eu tinha estudado para isso.
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    Mas quando voltava para casa à noite,
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    não me sentia realmente satisfeita,
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    sentia que faltava alguma coisa.
  • 1:47 - 1:51
    Não conseguia entender bem o quê.
    E então o que aconteceu?
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    Vocês pensarão: fui embora, larguei tudo,
    mudei completamente de vida.
  • 1:56 - 2:01
    Não, na verdade eu estava apegada
    aquele tipo de trabalho,
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    porque, de certo modo,
    tinha meus colegas de universidade.
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    O trabalho era agradável,
    eu estava na minha zona de conforto,
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    portanto não tinha coragem de mudar.
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    Até que aconteceu algo externo,
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    que levou ao encerramento do meu contrato,
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    porque acabaram os fundos
    para aquela pesquisa,
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    e isso me deixou em crise.
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    Eu não sabia mesmo o que fazer.
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    Tinha dois caminhos abertos e possíveis
    naquele momento:
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    ou tentar entrar
    em uma empresa tradicional,
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    utilizando meu diploma,
    e tudo o que havia estudado,
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    ou fazer algo sozinha,
    com as minhas paixões,
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    e correr o risco.
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    Escolhi esse segundo caminho.
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    Então fundei uma associação
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    que trabalhava com paisagem e ambiente
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    e tentava envolver
    as prefeituras e as instituições.
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    À medida que eu levava adiante
    esses projetos,
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    o que eu percebi
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    é que estava descobrindo talentos
    que nunca havia considerado.
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    E que, na verdade, eu havia considerado
    como duas carreiras separadas
  • 3:05 - 3:08
    a minha paixão pela arte
    e a minha paixão pelo ambiente.
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    E por meio daquela experiência,
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    eu estava unindo tantas coisas
    que eu gostava, tantos interesses.
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    Descobri também alguns talentos
    que não pensava possuir
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    em relação à minha capacidade
    de conectar as pessoas,
  • 3:22 - 3:23
    de gerenciar projetos,
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    de utilizar a arte ou o teatro
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    como instrumento de comunicação
    de projetos ambientais.
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    E então emergiram
    todas essas coisas que eu não sabia.
  • 3:33 - 3:37
    E esse percurso todo me deu consciência
  • 3:37 - 3:41
    para tentar compartilhar aquilo
    que eu tinha aprendido
  • 3:41 - 3:44
    e que depois consegui colocar em prática
  • 3:44 - 3:47
    com os jovens, com as novas gerações.
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    E, principalmente, trabalhar com eles
  • 3:49 - 3:55
    fornecendo instrumentos de mudança
    para a vida deles e para o mundo,
  • 3:55 - 3:57
    para o território e o contexto deles.
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    Foi assim que nasceu a empresa
    que eu criei e que atua nessa área
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    e que desde 2014 já atingiu
    mais de 8 mil jovens, em toda a Itália,
  • 4:07 - 4:09
    em projetos para fazer a diferença.
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    Algo que, para mim, era inimaginável,
    quando eu pensava em seguir esse caminho.
  • 4:15 - 4:17
    Completamente inimaginável.
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    E eu me lembro de um colega no corredor,
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    quando eu estava deixando
    meu antigo trabalho,
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    que me perguntou:
    "O que você fará depois?"
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    E eu respondi: "Sei o que quero fazer,
  • 4:28 - 4:30
    quero trabalhar com jovens e ambiente,
  • 4:30 - 4:31
    e eu vou conseguir".
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    E aí também eu descobri uma segurança
    que eu não pensava ter.
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    Oferecer aos jovens
    instrumentos de mudança
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    foi uma experiência
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    que permitiu, de algum modo,
    mudar as coisas,
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    partindo em primeiro lugar do talento.
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    A coisa sobre a qual queremos pensar
    e levar às salas de aula
  • 4:53 - 5:00
    é fazer com que os jovens reflitam
    sobre quais talentos possuem.
  • 5:00 - 5:04
    Quais são as suas competências
    e as suas atitudes.
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    E parece uma coisa óbvia;
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    mas na escola não pensamos nisso,
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    sobre as nossas próprias competências.
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    Por isso uma pergunta
    que fazemos aos jovens é, em especial:
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    "O que você faz bem?
    O que você gosta de fazer?"
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    E também: "O que os outros,
    as pessoas que gostam de você,
  • 5:23 - 5:28
    reconhecem que você faz realmente bem?"
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    E quando os jovens são obrigados
    a pensar nisso
  • 5:31 - 5:33
    dá pra ver que as coisas mudam.
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    Às vezes alguém diz:
    "Não sei fazer absolutamente nada".
  • 5:37 - 5:40
    Depois tenta refletir,
  • 5:40 - 5:43
    e consegue encontrar um talento,
    encontra alguma coisa.
  • 5:43 - 5:46
    E uma das histórias
    que eu queria contar aqui hoje
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    é sobre como buscar os próprios talentos
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    pode nos fazer aproveitar
    energias que não sabíamos possuir.
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    Vou contar a história desse nosso aluno.
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    Um aluno que passou cinco horas
    trancado no armário.
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    E vou explicar por quê:
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    para mim e talvez para vocês também,
    isto é simplesmente um giz.
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    Para aquele jovem,
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    um giz era um instrumento
    para educar as novas gerações,
  • 6:19 - 6:23
    para poder ensinar às crianças
    a desenhar a natureza
  • 6:23 - 6:25
    e para poder ensiná-las
    que nada se joga fora.
  • 6:25 - 6:29
    E que quando plantamos
    aquilo que sobra do giz,
  • 6:29 - 6:32
    que, naquele caso,
    era o giz inventado pelo Ottavian,
  • 6:32 - 6:34
    era um giz com uma semente;
  • 6:34 - 6:38
    quando plantamos, das sobras do giz,
    é possível gerar uma planta
  • 6:38 - 6:42
    que dá origem a um fruto,
    uma flor da mesma cor do giz.
  • 6:43 - 6:45
    Octavian é um aluno nosso
    que criou esse projeto,
  • 6:45 - 6:50
    uma startup que faz esses gizes
    integrados com a semente
  • 6:50 - 6:51
    destinados às crianças.
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    Ele era um rapaz considerado,
    inclusive por ele mesmo,
  • 6:57 - 7:01
    uma pessoa, um aluno,
    de alguma forma medíocre.
  • 7:01 - 7:06
    Ele não era comprometido,
    como ele mesmo se definia.
  • 7:07 - 7:10
    E nesse projeto, se envolveu de tal forma,
  • 7:10 - 7:12
    que descobriu que o que fazia
    no seu tempo livre,
  • 7:12 - 7:15
    ou seja, o que fazia fora da escola,
  • 7:15 - 7:18
    dedicando-se aos vídeos, à comunicação,
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    podia efetivamente ser algo
    com o qual trabalhar.
  • 7:21 - 7:25
    Então ele resolveu
    se envolver nesse projeto,
  • 7:25 - 7:28
    e passou cinco horas trancado num armário,
  • 7:28 - 7:31
    para tentar gravar o vídeo da sua startup
  • 7:31 - 7:33
    da maneira mais perfeita possível,
  • 7:33 - 7:37
    porque as roupas dentro do armário
    absorviam o som.
  • 7:38 - 7:42
    E essa experiência
    fez com que a sua vida mudasse,
  • 7:42 - 7:46
    pois ele descobriu que tinha esse talento
    para a comunicação,
  • 7:46 - 7:48
    conseguiu ingressar
    em uma universidade importante,
  • 7:48 - 7:52
    que lida com comunicação,
    ganhou uma bolsa de estudos.
  • 7:52 - 7:54
    E então, com uma reflexão
    sobre os próprios talentos,
  • 7:54 - 7:58
    ele conseguiu de alguma forma
    encontrar seu caminho.
  • 7:59 - 8:04
    Esse é um exemplo sobre como, utilizando
    nossos próprios recursos,
  • 8:04 - 8:05
    é possível fazer a diferença,
  • 8:05 - 8:07
    começando por nós mesmos.
  • 8:08 - 8:10
    A segunda coisa que queria compartilhar
  • 8:10 - 8:17
    é a importância do contato
    entre estudantes e jovens
  • 8:17 - 8:19
    com algo que não conhecem,
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    algo que lhes possa inspirar.
  • 8:21 - 8:27
    O que notamos é que colocá-los
    em contato com realidades inovadoras,
  • 8:27 - 8:30
    e até mesmo com lugares
    diferentes do usual,
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    pode realmente fazer
    a diferença com os jovens.
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    Isso que vocês veem no slide
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    é um bilhete deixado por um aluno nosso,
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    um aluno de uma escola
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    em um contexto bem difícil,
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    um estudante que os próprios professores
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    definiam como muito difícil.
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    E graças a uma experiência
    de três dias na montanha,
  • 8:55 - 8:58
    com foco em temas ambientais,
  • 8:58 - 9:02
    esse rapaz começou a se comunicar
    de modo completamente diverso
  • 9:02 - 9:05
    e no final foi embora
    deixando-nos esse bilhete.
  • 9:05 - 9:07
    Ele se sentiu livre, se redescobriu,
  • 9:07 - 9:13
    encontrou um modo diferente
    de se comunicar com os outros.
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    A última coisa sobre a qual quero falar,
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    portanto, certamente um percurso
    para fazer a diferença,
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    tem relação com a descoberta
    dos próprios talentos,
  • 9:22 - 9:26
    o contato com algo que vem
    de fora da nossa rotina,
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    sair das nossas fronteiras habituais
  • 9:31 - 9:33
    e entrar em contato com realidades
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    que a priori podem parecer
    não nos interessar.
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    A terceira coisa que queremos
    levar aos jovens, nas escolas,
  • 9:42 - 9:45
    é tentar ajudá-los a fazer a diferença
  • 9:45 - 9:49
    mesmo em um contexto ligado
    ao território onde estão.
  • 9:49 - 9:51
    E então o que fazemos
  • 9:51 - 9:55
    é ajudá-los a pensar
    sobre essa coletividade.
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    No começo eu falava da Kathryn;
  • 9:57 - 10:00
    seus colegas de classe
    não levantaram a mão
  • 10:00 - 10:04
    com a pergunta feita:
    "Como podemos causar impacto?"
  • 10:04 - 10:06
    Porém, depois, todos juntos,
    Kathryn e seus colegas,
  • 10:06 - 10:10
    se reuniram e conseguiram
    realizar um projeto
  • 10:10 - 10:14
    que realmente transformou a cidade
    onde ficava a escola deles,
  • 10:14 - 10:16
    a cidade de Como.
  • 10:16 - 10:20
    Eles se reuniram,
    e projetaram uma ideia simples:
  • 10:20 - 10:23
    um aplicativo que incentivava
    as pessoas a andarem a pé,
  • 10:24 - 10:26
    como um modo de tentar resolver
  • 10:26 - 10:29
    um problema da cidade de Como:
  • 10:29 - 10:32
    a poluição ambiental, a poluição do ar,
  • 10:32 - 10:34
    e o fato que o centro histórico
  • 10:34 - 10:39
    estivesse perdendo
    seu centro de interesse.
  • 10:39 - 10:42
    Então esses rapazes
    fizeram esse aplicativo,
  • 10:42 - 10:44
    criaram uma rede de comerciantes
  • 10:44 - 10:47
    que davam descontos
    às pessoas que andavam a pé.
  • 10:47 - 10:53
    Mobilizaram os cidadãos e sensibilizaram
    centenas de pessoas nesses temas,
  • 10:53 - 10:57
    organizando caminhadas ao redor da cidade,
  • 10:57 - 11:01
    com famílias, crianças pequenas,
    pais e outros.
  • 11:01 - 11:03
    E foi lindo,
    porque todos juntos entenderam
  • 11:03 - 11:08
    que podiam tentar
    desenvolver o próprio talento,
  • 11:08 - 11:10
    também podiam colocá-lo
    em conexão com outros
  • 11:10 - 11:13
    e podiam tentar realizar projetos
  • 11:13 - 11:15
    que agregassem valor à própria cidade.
  • 11:17 - 11:21
    Essa é a mensagem que eu quero deixar.
  • 11:21 - 11:25
    Todos nós, na qualidade de cidadãos,
    estudantes, pais, educadores,
  • 11:25 - 11:26
    seja qual for o nosso papel,
  • 11:26 - 11:29
    podemos tentar escutar nossos talentos,
  • 11:29 - 11:31
    colocá-los à disposição
  • 11:31 - 11:34
    e trabalhar juntos
    para construir um mundo melhor.
  • 11:34 - 11:35
    Obrigada.
  • 11:35 - 11:38
    (Aplausos)
Title:
Podemos fazer a diferença? | Giulia Detomati | TEDxMantova
Description:

Giulia Detomati é fundadora e CEO da InVento Innovation Lab, a primeira B Corporation Italia que atua com projetos de formação em temas de empreendedorismo e ambientais voltados aos jovens, empresas e instituições que queiram fazer a diferença.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Italian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
11:44

Portuguese, Brazilian subtitles

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