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Buster Keaton - The Art of the Gag

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    Olá, meu nome é Tony
    e isto é "Cada Quadro É Uma Pintura".
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    Há alguns cineastas
    que são tão influentes
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    que não importa onde você olha,
    você vê traços deles em todo canto.
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    Eu vejo o enquadramento deste cineasta
    nos filmes de Wes Anderson.
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    Suas acrobacias e façanhas
    em Jackie Chan.
  • 0:28 - 0:31
    E sua postura sem expressão
    em Bill Murray.
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    Ele, claro, é Buster Keaton,
    um dos três grandes comediantes mudos.
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    "Ele era, como estamos
    começando a perceber...
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    ... o maior de todos os palhaços
    na história do cinema."
  • 0:48 - 0:49
    E quase 100 anos depois,
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    ainda acho que ele tem bastante
    a nos ensinar sobre comédia visual.
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    Então hoje, vejamos como
    o mestre constrói uma piada.
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    Pronto?
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    Vamos lá.
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    A primeira coisa que você
    precisa saber sobre comédia visual
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    é que você deve contar
    a sua história através de ação.
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    Keaton era um contador de histórias visual
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    e ele nunca gostava quando outros
    diretores contavam a história
    por intertítulos.
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    " Geralmente filmes usavam
    240 intertítulos..."
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    Essa era a média."
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    "-240 eram a média?"
    "Sim. E o máximo que eu usei foi 56."
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    Ele evitava intertítulos, focando em
    gestos e pantomima.
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    Nessa cena, você nunca descobre
    o que esses dois estão conversando.
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    Tudo que você precisa saber é transmitido
    através da mesa e da linguagem corporal.
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    "Mas o que você tinha a dizer,
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    tinha que ser comunicado ao público
    de só uma maneira."
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    "Através de ação."
    "Exato. Eliminávamos legendas...
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    ...tão rápido quanto possível, se
    era possível contar em ação."
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    Keaton acreditava que todo gesto
    que você fazia devia ser único.
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    Nunca faça a mesma coisa duas vezes.
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    Cada queda...
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    era uma chance...
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    para a criatividade.
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    Mas quando você sabe qual a ação,
    encontramos o segundo problema:
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    Onde colocar a câmera?
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    Gags visuais no geral funcionam melhor
    de um certo ângulo.
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    E se você muda o ângulo,
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    então você muda a piada
    e pode não funcionar tão bem.
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    Achar o ângulo certo é
    questão de tentativa e erro.
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    Então vamos dar uma olhada em duas
    possíveis posições para a mesma piada.
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    Aqui está a primeira.
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    Aqui está a segunda.
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    Você vai notar que no primeiro ângulo,
    o carro toma maior parte da tela
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    e não vemos Buster claramente
    até ele se virar.
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    Mas no segundo ângulo,
    o carro está posicionado ao fundo
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    e sempre vemos o rosto dele claramente.
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    Esse segundo, quando ele não sabe o que
    está acontecendo, mas nós sim...
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    Fica muito melhor olhando daqui.
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    E no primeiro ângulo,
    o posicionamento divide nossa atenção.
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    Nossos olhos querem olhar para o rosto
    dele e para o sinal ao mesmo tempo.
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    Mas depois de reposicionarmos a cena,
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    naturalmente olhamos para ele,
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    para o sinal,
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    e de volta pra ele.
    Bem melhor.
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    Agora chegamos à terceira questão.
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    Quais são as regras
    desse mundo em particular?
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    O mundo de Buster é plano
    e governado por uma lei:
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    se a câmera não consegue ver algo,
    os personagens também não.
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    No mundo de Buster, os personagens
    são limitados pelos lados da tela
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    e pelo o que é visível a nós,
    o público.
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    E isso permite que ele faça piadas
    que fazem sentido visualmente,
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    mas não logicamente.
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    Muitas das piadas dele são sobre
    movimento humano num mundo plano.
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    Ele pode ir pra direita,
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    esquerda,
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    pra cima,
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    pra baixo,
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    pra longe das câmeras,
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    ou em direção a elas.
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    Parece familiar?
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    "Ela foi assassinada. E vocês acham que
    fui eu."
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    "Ei!"
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    Como Wes Anderson, Buster Keaton
    achava humor na geometria.
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    Ele frequentemente colocava a câmera
    mais para trás pra que você pudesse
    ver a forma da piada.
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    Há círculos,
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    triângulos,
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    linhas paralelas,
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    e, claro, a forma da própria tela:
    o retângulo.
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    Eu acho que posicionamento assim é ótimo,
    porque encoraja o público
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    a olhar ao redor e ver o humor
    por eles mesmos.
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    Nessa cena, pense para onde seus
    olhos vão.
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    Agora onde está ele?
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    Algumas dessas piadas têm origens
    no vaudeville
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    e são feitas para se desenrolarem
    como truques de mágica.
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    E assim como todos grandes truques,
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    parte da diversão é tentar adivinhar
    como foi feito
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    Keaton tinha um nome pra piadas assim.
    Ele chamava de "piadas impossíveis."
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    Essas são algumas das piadas mais
    inventivas e surreais dele.
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    Mas como um contador de histórias,
    ele as achava complicadas,
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    porque elas quebravam as regras
    do mundo dele.
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    "Tivemos que parar de fazer as impossíveis,
    que chamamos de piada de desenho.
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    Perdemos-as quando começamos a fazer
    longas.
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    Elas tinham que ser críveis
    ou a história não funcionava."
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    E então, ele focava no que ele chamava
    de piada natural.
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    A piada que emerge organicamente
    do personagem e da situação.
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    Considere o que ele faz com essa porta.
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    Keaton dizia que na comédia visual,
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    você tinha que se manter aberto
    à improvisação.
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    "Quanto era planejado e quanto
    acontecia no momento?
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    Quanto era improvisado, entende?"
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    "Bom, de regra, por volta de 50%
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    você tinha em mente
    antes de começar o filme,
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    e o resto você desenvolvia
    enquanto filmava."
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    Às vezes ele achava uma piada
    de que gostava tanto
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    que ele retornava a ela.
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    Mas outras vezes, piadas que tinha
    planejado não davam certo no dia.
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    Então ele se livrava delas
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    "Porque elas não se sobressaem e
    não funcionam.
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    E aí vinham as acidentais."
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    Era para ele ter conseguido dar esse pulo.
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    Mas ele caiu...
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    Ele decidiu continuar com o erro
    e criar em cima dele.
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    "Raramente você conseguia uma cena
    boa assim na segunda vez.
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    Geralmente você conseguia de primeira."
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    "Talvez fosse essa uma das razões
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    pelas quais foram tantas risadas
    no cinema na outra noite.
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    Os mais jovens e eu tínhamos a sensação
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    de que o que estávamos vendo
    estava acontecendo agora.
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    Que tudo só acontecia uma vez,
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    que não era algo que tinha sido
    pré-feito e feito de novo e de novo."
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    E isso nos traz à última coisa
    sobre Buster Keaton
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    e sua famosa regra.
  • 7:17 - 7:18
    Nunca falsifique uma piada.
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    Para Keaton, só havia um jeito
    de convencer o público
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    de que o que eles estavam vendo
    era real.
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    Ele tinha que fazer pra valer,
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    sem cortes.
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    Ele era tão exigente sobre isso
    que uma vez ele disse:
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    "Ou conseguimos nessa tentativa
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    ou jogamos essa piada fora."
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    E é por isso que ele continua essencial
    quase 100 anos depois.
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    Não apenas por sua habilidade,
    mas por sua integridade.
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    Esse é realmente ele.
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    E nenhum avanço na tecnologia
    pode imitar isso.
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    Até hoje, ficamos surpresos
    quando diretores fazem as coisas de verdade.
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    Mas eu acho que ele fez melhor
    95 anos atrás.
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    Então não importa quantas outras vezes
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    você viu alguém prestar homenagem
    a ele...
  • 8:14 - 8:18
    Nada supera o original.
Title:
Buster Keaton - The Art of the Gag
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Video Language:
English
Duration:
08:35

Portuguese, Brazilian subtitles

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