Como as escolas públicas norte-americanas mantêm crianças na pobreza | Kandice Sumner | TEDxBeaconStreet
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0:17 - 0:19Eu gostaria de falar com vocês
sobre meus filhos. -
0:19 - 0:24Sei que todo mundo acha que o seu filho
é a criança mais incrível, -
0:24 - 0:27a criança mais linda que já existiu.
-
0:27 - 0:28Mas os meus realmente são.
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0:28 - 0:30(Risos)
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0:30 - 0:32Eu tenho 696 filhos,
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0:32 - 0:37e eles são as crianças
mais inteligentes, criativas, originais, -
0:37 - 0:40brilhantes e poderosas
que vocês poderiam conhecer. -
0:41 - 0:46Qualquer aluno a quem tive a honra
de ensinar na minha classe é um filho meu. -
0:46 - 0:50Mas, como seus "verdadeiros"
pais não são ricos -
0:50 - 0:53e, digo mais, como
a maioria deles é de cor, -
0:53 - 0:56eles, muito dificilmente,
conseguirão ver em si mesmos -
0:56 - 0:58a grandiosidade que eu vejo neles.
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0:59 - 1:01Porque o que eu vejo neles sou eu mesma,
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1:02 - 1:04ou o que eu teria sido.
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1:05 - 1:08Sou filha de pais que trabalhavam duro,
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1:08 - 1:10afro-americanos com formação universitária
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1:10 - 1:13que escolheram a carreira
de servir ao público: -
1:13 - 1:17meu pai, pastor;
minha mãe, educadora. -
1:17 - 1:20A riqueza nunca foi
nossa principal ambição. -
1:21 - 1:22Por não termos riqueza,
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1:22 - 1:25nós vivíamos num bairro simples,
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1:25 - 1:28com um sistema educacional simples.
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1:28 - 1:32Felizmente, tivemos a sorte
de ter uma boa educação -
1:32 - 1:34através dum programa
voluntário de integração -
1:34 - 1:38que levava crianças de bairros pobres
-- negras e pardas -- -
1:38 - 1:41para escolas do subúrbio --
ricas e brancas. -
1:41 - 1:45Aos cinco anos de idade,
eu viajava uma hora de ônibus -
1:45 - 1:47para um lugar distante
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1:47 - 1:49para obter uma educação melhor.
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1:49 - 1:54Aos cinco anos de idade, eu pensava
que todos tinham uma vida igual a minha. -
1:54 - 1:56Eu achava que todo mundo ia para escola
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1:56 - 1:59e que nós éramos os únicos
que usavam lápis de cera marrom -
1:59 - 2:01para colorir a própria família,
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2:01 - 2:04enquanto os outros usavam
lápis cor de pêssego. -
2:04 - 2:08Aos cinco anos de idade, eu achava
que todo mundo era igual a mim. -
2:08 - 2:12Mas, quando fiquei mais velha,
comecei a perceber coisas como: -
2:13 - 2:15"Por que meu amigo de bairro
não precisa se levantar -
2:15 - 2:17às cinco horas da manhã,
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2:17 - 2:20para ir para uma escola
que fica a uma hora de distância?" -
2:20 - 2:22"Por que estou aprendendo a tocar violino
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2:22 - 2:26enquanto meus amigos de bairro
não têm sequer aula de música?" -
2:27 - 2:30"Por que meus amigos de bairro
estavam aprendendo e lendo conteúdos -
2:30 - 2:33que eu já tinha estudado
dois ou três anos antes?" -
2:34 - 2:36Quando fiquei mais velha,
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2:36 - 2:40comecei a ter um sentimento
de ilegalidade no estômago, -
2:40 - 2:44como se estivesse fazendo
algo que não era pra eu fazer; -
2:44 - 2:47pegando algo que não era meu,
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2:48 - 2:49recebendo um presente
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2:49 - 2:51que era destinado a outra pessoa.
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2:52 - 2:55Todas aquelas coisas maravilhosas
que me eram apresentadas -
2:55 - 2:57e que eu experimentava,
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2:57 - 3:00sentia que eu realmente
não deveria ter aquilo. -
3:01 - 3:05Eu não deveria ter acesso a biblioteca,
complexos esportivos bem equipados -
3:05 - 3:07ou campos seguros para jogar.
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3:08 - 3:10Eu não deveria ter acesso
a departamentos de teatro -
3:10 - 3:13com temporadas de peças e shows:
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3:13 - 3:15artes cênicas, digitais e visuais.
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3:15 - 3:20Eu não deveria ter laboratórios
de biologia ou química bem equipados, -
3:20 - 3:23ônibus escolares que me buscavam
e me traziam em casa, -
3:23 - 3:25almoço na escola preparado na hora,
-
3:25 - 3:27ou até mesmo ar-condicionado.
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3:28 - 3:30São coisas que meus filhos não têm.
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3:30 - 3:32Como podem ver, quando fiquei mais velha,
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3:32 - 3:35embora eu fosse grata
pela maravilhosa oportunidade -
3:35 - 3:37que me foi oferecida,
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3:37 - 3:40havia aquela constante pontada de:
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3:40 - 3:42"Mas e os outros?
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3:43 - 3:46Existem milhares de crianças como eu,
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3:46 - 3:48que merecem isso também.
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3:48 - 3:50Por que todos não têm isso?
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3:50 - 3:54Por que uma educação de alta qualidade
é exclusividade dos ricos?" -
3:55 - 3:59Era como se eu tivesse uma espécie
de remorso de sobrevivente. -
3:59 - 4:02Todos os meus amigos do bairro
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4:02 - 4:04viajavam no trem do desastre educacional
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4:04 - 4:08do qual eu fui salva por viajar de ônibus.
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4:08 - 4:10Eu me sentia como um Moisés
da educação gritando: -
4:10 - 4:12"Deixai meu povo ir ...
-
4:12 - 4:14para escolas de qualidade!"
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4:14 - 4:15(Risos)
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4:15 - 4:20Eu tinha visto em primeira mão
como a outra metade era tratada e educada. -
4:20 - 4:23Eu tinha visto a terra
prometida da educação, -
4:23 - 4:27e nada em mim conseguia
justificar aquela disparidade. -
4:29 - 4:34Hoje, eu ensino no mesmíssimo sistema
educacional do qual fui resgatada. -
4:35 - 4:39Conheço em primeira mão as ferramentas
que me deram como estudante, -
4:39 - 4:43e hoje, como professora, não tenho
como oferecer essas mesmas ferramentas -
4:43 - 4:45aos meus alunos.
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4:45 - 4:50Chorei incontáveis noites de frustração,
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4:50 - 4:51raiva
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4:51 - 4:52e tristeza,
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4:52 - 4:56por não poder ensinar minhas crianças
do jeito que eu fui ensinada, -
4:56 - 5:00por não ter acesso
aos mesmos recursos ou ferramentas -
5:00 - 5:03que foram usados para me ensinar.
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5:03 - 5:06Minhas crianças merecem algo muito melhor.
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5:06 - 5:09Sentamos e continuamos a bater
nossa cabeça contra esta expressão: -
5:09 - 5:11"Defasagem escolar, defasagem escolar!"
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5:12 - 5:15É realmente difícil de entender
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5:15 - 5:18por que estas crianças
se saem bem, e estas não? -
5:18 - 5:20Eu realmente acho que não.
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5:20 - 5:23Acho que nós entendemos tudo errado.
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5:23 - 5:24Acho que nós,
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5:24 - 5:26como diz Gloria Ladson-Billings,
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5:26 - 5:30deveríamos inverter
nossos paradigmas e nossa língua -
5:30 - 5:31e chamar isso pelo verdadeiro nome.
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5:31 - 5:34Não é uma defasagem escolar.
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5:34 - 5:37É uma dívida educacional,
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5:37 - 5:42por todos os recursos escolares
que nunca foram investidos -
5:42 - 5:45na educação de crianças negras
e pardas ao longo do tempo. -
5:47 - 5:50Um segredo pouco conhecido
na história americana -
5:50 - 5:55é que a única instituição americana
criada especificamente para pessoas de cor -
5:56 - 5:58foi o sistema americano
de tráfico de escravos, -
5:58 - 6:00e alguns diriam que foi
o sistema carcerário, -
6:00 - 6:02mas isso é assunto
para uma outra palestra TED. -
6:02 - 6:03(Risos)
-
6:03 - 6:08O sistema escolar público deste país
foi construído, comprado e pago -
6:08 - 6:11com dinheiro gerado
pelo tráfico de escravos -
6:11 - 6:13e pelo trabalho escravo.
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6:13 - 6:17Enquanto afro-americanos eram escravizados
e proibidos de serem escolarizados, -
6:17 - 6:20o trabalho deles estabelecia
a própria instituição -
6:20 - 6:22da qual eles eram excluídos.
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6:22 - 6:27Desde então, cada processo judicial,
política educacional, reforma, -
6:27 - 6:30tem sido mais uma tentativa
de modernizar o projeto, -
6:30 - 6:33em vez de simplesmente parar e reconhecer:
-
6:33 - 6:36"Nós fizemos tudo errado desde o começo".
-
6:37 - 6:41Um excesso de simplificação
da história educacional americana. -
6:41 - 6:43Ok, tenham paciência comigo.
-
6:44 - 6:47Os negros ficaram de fora -- claro,
com toda essa coisa da escravidão. -
6:47 - 6:49Com a ajuda de pessoas
brancas filantrópicas, -
6:49 - 6:51eles construíram suas próprias escolas.
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6:51 - 6:54Separados, porém iguais, ok!
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6:54 - 6:57Mas todos nós sabemos que as coisas
realmente estavam separadas; -
6:57 - 6:59de maneira nenhuma eram iguais.
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6:59 - 7:04Caso Brown versus Conselho Educacional
de Topeka, Kansas em 1954; -
7:04 - 7:07separação legal de raças
passa a ser ilegal. -
7:08 - 7:14Mas muito poucas pessoas prestam atenção
a todos os casos jurídicos desde então -
7:14 - 7:19que arruinaram a terra prometida
da educação pra toda criança -
7:19 - 7:22que o caso Brown
versus Conselho tinha em mente. -
7:22 - 7:26Alguns afirmam que nossas escolas
estão mais segregadas hoje -
7:26 - 7:31do que eram antes de tentarmos
pôr fim à segregação pela primeira vez. -
7:32 - 7:35Ensinar minhas crianças sobre o fim
da segregação, o the Little Rock Nine, -
7:35 - 7:40o Movimento pelos Direitos Civis,
é um momento bem embaraçoso na aula, -
7:40 - 7:43quando eu tenho que ouvir a voz
de um aluno perguntar: -
7:44 - 7:47"Se a segregação nas escolas
terminou em 1954, -
7:47 - 7:49por que não tem nenhuma
criança branca aqui?" -
7:50 - 7:51(Risos)
-
7:51 - 7:53Essas crianças não são idiotas.
-
7:53 - 7:55Elas sabem exatamente
o que está acontecendo, -
7:55 - 7:58e o que não está.
-
7:58 - 8:00Sabem que, quando se trata de educação,
-
8:00 - 8:02a vida dos negros não importa
-
8:03 - 8:05e nunca importou.
-
8:06 - 8:11Por anos, tentei desesperadamente
cultivar nas minhas crianças -
8:11 - 8:13o gosto pela leitura.
-
8:13 - 8:16Montei uma modesta biblioteca na sala
-
8:16 - 8:19com livros que eu havia conseguido
de lojas de segunda mão, -
8:19 - 8:22sebos, depósitos.
-
8:22 - 8:24Mas sempre que eu dizia
aquelas terríveis palavrinhas: -
8:24 - 8:26"Escolham um livro pra ler",
-
8:27 - 8:29parecia que eu tinha declarado uma guerra.
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8:29 - 8:31Era uma tortura.
-
8:31 - 8:32Um dia,
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8:32 - 8:36depois de ouvir falar de um site
chamado DonorsChoose, -
8:36 - 8:39onde professores criam listas de desejos
-
8:39 - 8:41de itens que precisam para suas salas,
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8:41 - 8:43e doadores anônimos atendem esses pedidos,
-
8:43 - 8:48decidi arriscar e fazer
uma lista de desejo: -
8:48 - 8:51a biblioteca dos sonhos de um adolescente.
-
8:51 - 8:56Uns 200 livros novinhos em folha
foram enviados pra minha sala, um por um. -
8:56 - 9:01Todo dia chegavam mais,
e minhas crianças gritavam de alegria: -
9:01 - 9:03"Parece até Natal!"
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9:03 - 9:04(Risos)
-
9:04 - 9:05Daí eles diziam:
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9:05 - 9:08"Professora, de onde vieram esses livros?"
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9:08 - 9:10E eu respondia:
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9:10 - 9:14"Pessoas de todo o país
queriam que eles fossem de vocês". -
9:14 - 9:17E eles diziam, meio que desconfiados:
-
9:18 - 9:20"Mas eles são novinhos em folha".
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9:20 - 9:21(Risos)
-
9:21 - 9:23Ao que eu respondia:
-
9:23 - 9:25"Vocês merecem livros novos em folha".
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9:26 - 9:29Toda essa experiência fez sentido pra mim
quando uma das minhas meninas, -
9:29 - 9:33enquanto abria a embalagem
de um livro, disse: -
9:33 - 9:38"Professora, sabe, eu acho que foi
a senhora que comprou esses livros, -
9:38 - 9:41porque vocês professores estão
sempre comprando coisas. -
9:41 - 9:45Mas saber que um estranho,
alguém que eu nem conheço -
9:45 - 9:47se importa assim comigo,
-
9:47 - 9:49é bem legal."
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9:50 - 9:52Saber que estranhos cuidarão de você
-
9:52 - 9:54é um privilégio
que minhas crianças não têm. -
9:56 - 9:58Desde a doação,
-
9:58 - 10:01várias crianças têm solicitado
livros pra ler em casa, -
10:01 - 10:04e depois os devolvem, dizendo:
-
10:04 - 10:06"Este livro é muito bom".
-
10:06 - 10:07(Risos)
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10:07 - 10:09Agora, quando eu digo:
"Escolham um livro pra ler", -
10:09 - 10:12as crianças vão correndo
para minha biblioteca. -
10:13 - 10:15Não é que eles não quisessem ler,
-
10:15 - 10:20elas teriam lido com o maior prazer,
se tivessem os recursos necessários. -
10:21 - 10:23Insitucionalmente falando,
-
10:23 - 10:25nosso sistema público de educação
-
10:25 - 10:27nunca funcionou bem
com crianças negras e pardas. -
10:28 - 10:30Nós continuamos focados
nos resultados finais, -
10:30 - 10:32ou resultados de avaliações
-
10:32 - 10:33e ficando frustrados.
-
10:33 - 10:36Vivemos uma catástrofe e nos questionamos:
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10:36 - 10:39"Como foi ficar assim tão ruim?
Como viemos parar aqui?" -
10:39 - 10:41Sério?
-
10:41 - 10:43Se você negligencia
uma criança por muito tempo, -
10:43 - 10:46você não tem mais o direito
de ficar surpreso -
10:46 - 10:49quando as coisas não saem bem.
-
10:49 - 10:51Parem de ficar perplexos
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10:51 - 10:53ou confusos
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10:53 - 10:54ou desorientados
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10:54 - 10:56com a desigualdade de resultados,
-
10:56 - 10:58desigualdade de renda,
-
10:58 - 10:59taxas de detenção,
-
10:59 - 11:04ou com qualquer disparidade socioeconômica
que esteja "na moda" do momento. -
11:05 - 11:07Os problemas que temos como país
-
11:07 - 11:10são os problemas que criamos como país.
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11:10 - 11:14A qualidade de nossa educação
é diretamente proporcional -
11:14 - 11:16ao acesso às universidades,
-
11:16 - 11:17ao acesso aos empregos,
-
11:17 - 11:19ao acesso ao futuro.
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11:21 - 11:27Até vivermos num mundo onde toda criança
poderá ter uma educação de alta qualidade, -
11:27 - 11:29sem importar onde viva
-
11:29 - 11:30ou a cor de sua pele,
-
11:30 - 11:34existem coisas que podemos fazer
numa escala macroeconômica. -
11:35 - 11:39Financiamento escolar não deveria
ser decidido por impostos de propriedade -
11:39 - 11:41ou por alguma equação econômica ruim,
-
11:41 - 11:44onde crianças ricas continuam
a se beneficiar da ajuda do estado, -
11:44 - 11:45enquanto crianças pobres
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11:45 - 11:50continuam a ter comida e recursos
tirados de suas bocas. -
11:50 - 11:54Governadores, senadores,
prefeitos, vereadores, -
11:54 - 11:57se queremos chamar a educação pública
de educação pública, -
11:57 - 11:59então é isso que ela deve ser.
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11:59 - 12:02Do contrário, deveríamos chamá-la
do que ela realmente é: -
12:02 - 12:04seguro-pobreza.
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12:05 - 12:06"Educação pública:
-
12:06 - 12:09mantendo crianças pobres
na pobreza desde 1954." -
12:09 - 12:11(Risos)
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12:12 - 12:17Se, como país, realmente acreditamos
que a educação é o "grande equalizador", -
12:18 - 12:22então é isso que ela deve ser:
igual e equitativa. -
12:22 - 12:27Até lá, não haverá democracia
em nossa "educação democrática". -
12:27 - 12:29Numa escala intermediária:
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12:30 - 12:33historicamente falando, a educação
de crianças pretas e pardas -
12:33 - 12:36sempre dependeu da filantropia alheia.
-
12:36 - 12:39E, infelizmente, depende até hoje.
-
12:39 - 12:44Se seu filho, filha,
sobrinho, sobrinha, vizinho -
12:44 - 12:46ou qualquer Joãozinho da rua,
-
12:46 - 12:48for para uma escola nobre,
-
12:48 - 12:52desafie seu comitê escolar a adotar
uma escola menos favorecida -
12:52 - 12:54ou uma sala de aula menos favorecida.
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12:54 - 12:57Elimine a desigualdade
por participar em conversas -
12:57 - 12:59e relacionamentos que importam.
-
13:00 - 13:02Quando se compartilham recursos,
-
13:02 - 13:04eles não se dividem,
-
13:04 - 13:05eles se multiplicam.
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13:06 - 13:08Numa microescala:
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13:08 - 13:10se você é um ser humano,
-
13:10 - 13:11doe.
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13:11 - 13:15Tempo, dinheiro, recursos, oportunidades,
-
13:15 - 13:18o que tiver no seu coração.
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13:19 - 13:21Existem sites como o DonorsChoose
-
13:21 - 13:23que reconhecem a disparidade
-
13:23 - 13:26e realmente querem fazer
alguma coisa em relação a isso. -
13:27 - 13:30O que é um carpinteiro sem ferramentas?
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13:30 - 13:33O que é uma atriz sem palco?
-
13:33 - 13:36O que é um cientista sem laboratório?
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13:36 - 13:39O que é um médico sem equipamento?
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13:40 - 13:42Ou equipamento?
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13:42 - 13:43Eu vou lhes dizer.
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13:43 - 13:45São as minhas crianças.
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13:46 - 13:48Elas não deveriam ser suas também?
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13:49 - 13:50Obrigada.
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13:50 - 13:53(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- Como as escolas públicas norte-americanas mantêm crianças na pobreza | Kandice Sumner | TEDxBeaconStreet
- Description:
-
Por que uma boa educação deveria ser exclusividade de crianças ricas? Escolas em bairros de baixa renda nos EUA, especificamente em comunidades negras, são escassas de recursos comuns em escolas mais ricas -- instrumentos musicais, livros novos, alimentação saudável e campos de futebol. E isso tem um verdadeiro impacto no potencial dos alunos. Kandice Sumner presencia essa discrepância todo dia na sua sala de aula em Boston. Nesta palestra inspiradora, ela nos convida a encarar os fatos -- e a transformá-los.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 14:04