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A arma secreta que permitiu que os dinossauros dominassem o planeta

  • 0:01 - 0:03
    Todos nós sabemos
    como os dinossauros morreram.
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    A história que vou contar
  • 0:06 - 0:11
    aconteceu mais de 200 milhões de anos
    antes da extinção dos dinossauros.
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    Essa história começa lá atrás,
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    quando os dinossauros
    estavam apenas surgindo.
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    Um dos maiores mistérios
    da biologia evolutiva
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    é por que os dinossauros
    foram tão bem-sucedidos.
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    O que levou à sua dominância global
  • 0:25 - 0:27
    por tantos anos?
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    Quando as pessoas pensam
    por que dinossauros eram tão incríveis,
  • 0:31 - 0:35
    normalmente pensam
    em qual era o maior ou o menor,
  • 0:35 - 0:37
    ou o mais rápido,
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    ou qual tinha mais penas,
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    ou a armadura, espinhos
    ou dentes mais absurdos.
  • 0:42 - 0:46
    Mas talvez a resposta tenha a ver
    com a anatomia interna deles;
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    uma arma secreta, por assim dizer.
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    Meus colegas e eu achamos
    que eram seus pulmões.
  • 0:53 - 0:57
    Sou paleontóloga e anatomista comparativa
  • 0:57 - 0:59
    e tenho interesse em entender
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    como o pulmão especializado
    dos dinossauros
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    ajudou-os a dominarem o planeta.
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    Então vamos retroceder
    mais de 200 milhões de anos,
  • 1:08 - 1:09
    para o período Triássico.
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    O ambiente era extremamente inóspito,
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    não havia plantas floríferas,
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    o que significa que não havia grama.
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    Imaginem uma paisagem repleta
    de pinheiros e samambaias.
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    Ao mesmo tempo, havia pequenos lagartos,
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    mamíferos, insetos,
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    e também répteis carnívoros e herbívoros,
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    todos competindo pelos mesmos recursos.
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    A parte crítica dessa história
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    é que estima-se que o nível de oxigênio
    era de apenas 15%,
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    comparado aos 21% atuais.
  • 1:43 - 1:47
    Então, era essencial
    que os dinossauros pudessem respirar
  • 1:47 - 1:48
    nesse ambiente de pouco oxigênio,
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    não apenas para sobreviverem,
    mas para prosperarem e se diversificarem.
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    Como saber como eram
    os pulmões dos dinossauros,
  • 1:58 - 2:03
    se tudo que resta de um dinossauro
    geralmente é seu esqueleto fossilizado?
  • 2:03 - 2:05
    O método que usamos é chamado
  • 2:05 - 2:08
    de "bracketing filogenético existente".
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    Uma maneira chique de dizer
    que estudamos a anatomia,
  • 2:13 - 2:17
    especificamente, nesse caso,
    dos pulmões e do esqueleto,
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    dos descendentes vivos
    dos dinossauros na árvore evolutiva.
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    Então, observamos a anatomia das aves,
  • 2:24 - 2:27
    que são descendentes
    diretos dos dinossauros,
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    observamos a anatomia de crocodilianos,
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    que são os parentes vivos mais próximos,
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    e também a anatomia
    de lagartos e tartarugas,
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    que podemos pensar como sendo seus primos.
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    Então aplicamos esses dados anatômicos
    aos registros fósseis,
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    e podemos usá-los para reconstruir
    os pulmões dos dinossauros.
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    E, neste momento,
  • 2:46 - 2:51
    o esqueleto dos dinossauros
    lembra muito o das aves modernas.
  • 2:52 - 2:56
    Como os dinossauros competiam
    com os mamíferos nesse período,
  • 2:56 - 3:00
    é importante entender as características
    básicas do pulmão dos mamíferos.
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    E, para explicar sobre pulmões em geral,
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    usaremos meu cachorro Mila of Troy,
  • 3:06 - 3:08
    a cara que lançou mil petiscos,
  • 3:08 - 3:09
    como nosso modelo.
  • 3:09 - 3:11
    (Risos)
  • 3:11 - 3:15
    Essa história ocorre
    dentro de uma cavidade torácica.
  • 3:15 - 3:18
    Quero que visualizem
    a caixa torácica de um cachorro.
  • 3:18 - 3:24
    Vejam como a coluna vertebral é
    completamente horizontal ao chão.
  • 3:24 - 3:26
    A coluna vertebral é assim
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    em todos os animais
    sobre os quais vamos falar,
  • 3:28 - 3:32
    quer andem sobre duas ou quatro patas.
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    Agora vamos escalar a caixa torácica
    imaginária e olhar para cima.
  • 3:37 - 3:39
    Este é o teto torácico.
  • 3:39 - 3:42
    É aqui que a superfície
    superior dos pulmões
  • 3:42 - 3:46
    entra em contato direto
    com as costelas e as vértebras.
  • 3:46 - 3:50
    É aqui que nossa história ocorre.
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    Agora quero que visualizem
    os pulmões de um cachorro.
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    Por fora, é como um grande saco inflável
  • 3:57 - 4:00
    que se expande por inteiro
    durante a inspiração
  • 4:00 - 4:03
    e se contrai durante a expiração.
  • 4:03 - 4:06
    Dentro desse saco existe
    uma série de tubos ramificados,
  • 4:06 - 4:08
    chamados de árvore brônquica.
  • 4:09 - 4:15
    Esses tubos distribuem
    o oxigênio inalado para os alvéolos.
  • 4:15 - 4:20
    Eles atravessam uma membrana fina
    para a corrente sanguínea por difusão.
  • 4:21 - 4:23
    Agora, essa parte é fundamental.
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    Todo o pulmão do mamífero é móvel,
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    o que significa que ele se move
    durante todo o processo respiratório,
  • 4:32 - 4:35
    então aquela fina membrana,
    a barreira alvéolo-capilar,
  • 4:35 - 4:38
    não pode ser muito fina, ou vai se romper.
  • 4:38 - 4:41
    Não se esqueçam da barreira
    alvéolo-capilar, voltaremos a ela.
  • 4:42 - 4:43
    Estão acompanhando?
  • 4:43 - 4:46
    Vamos começar com as aves,
    e isso vai ser muito louco,
  • 4:46 - 4:47
    então apertem os cintos.
  • 4:47 - 4:49
    (Risos)
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    As aves são completamente
    diferentes dos mamíferos.
  • 4:53 - 4:56
    E usaremos aves como modelos
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    para reconstruir os pulmões
    dos dinossauros.
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    Nas aves,
  • 5:00 - 5:04
    o ar passa pelo pulmão,
    mas ele não expande ou contrai.
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    O pulmão é imóvel,
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    tem a textura de uma esponja densa,
  • 5:09 - 5:14
    é inflexível e fica preso no topo
    e nas laterais pela caixa torácica
  • 5:14 - 5:17
    e, embaixo, por uma membrana horizontal.
  • 5:18 - 5:21
    Ele é ventilado unidirecionalmente
  • 5:21 - 5:25
    por uma série de estruturas flexíveis
    semelhantes a sacos,
  • 5:25 - 5:28
    que se ramificam para a árvore brônquica,
  • 5:28 - 5:30
    para além do próprio pulmão,
  • 5:30 - 5:32
    o que chamamos de sacos aéreos.
  • 5:32 - 5:38
    Toda essa estrutura extremamente delicada
    é mantida fixa no lugar
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    por uma série de costelas bifurcadas
  • 5:41 - 5:44
    ao longo de todo o teto torácico.
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    Em várias espécies de aves,
  • 5:47 - 5:49
    extensões surgem do pulmão
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    e dos sacos aéreos,
  • 5:51 - 5:53
    invadem o tecido esquelético,
  • 5:53 - 5:56
    normalmente as vértebras,
    às vezes as costelas,
  • 5:56 - 5:59
    e mantêm o sistema respiratório no lugar.
  • 5:59 - 6:02
    Isso se chama "pneumatização vertebral".
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    As costelas bifurcadas
    e a pneumatização vertebral
  • 6:06 - 6:09
    são duas pistas que podemos
    buscar nos registros fósseis,
  • 6:09 - 6:12
    porque essas duas
    características esqueléticas
  • 6:12 - 6:18
    indicam que havia regiões imobilizadas
    no sistema respiratório dos dinossauros.
  • 6:21 - 6:24
    Essa ancoragem do sistema respiratório
  • 6:24 - 6:28
    facilitou a redução da espessura
    da barreira alvéolo-capilar,
  • 6:28 - 6:34
    a fina membrana através da qual o oxigênio
    é difundido na corrente sanguínea.
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    A imobilidade permite isso,
    pois uma barreira fina é frágil
  • 6:41 - 6:45
    e romperia se fosse ventilada ativamente,
  • 6:45 - 6:48
    como os pulmões dos mamíferos.
  • 6:48 - 6:50
    Por que nos importamos com isso?
  • 6:50 - 6:51
    Por que isso importa?
  • 6:52 - 6:56
    O oxigênio se difunde mais facilmente
    através de uma membrana fina,
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    que é uma forma de melhorar a respiração
  • 7:04 - 7:06
    em baixos níveis de oxigênio,
  • 7:06 - 7:10
    como no período Triássico.
  • 7:11 - 7:16
    Então, se os dinossauros
    tivessem esse tipo de pulmão,
  • 7:16 - 7:20
    estariam melhor equipados para respirar
    do que todos os outros animais,
  • 7:20 - 7:22
    inclusive os mamíferos.
  • 7:23 - 7:26
    Vocês se lembram do método
    de bracketing filogenético existente,
  • 7:26 - 7:29
    em que aplicamos a anatomia
    dos animais modernos
  • 7:29 - 7:32
    aos registros fósseis?
  • 7:32 - 7:37
    A pista número um foram
    as costelas bifurcadas das aves modernas.
  • 7:37 - 7:41
    Nós as encontramos
    na maioria dos dinossauros.
  • 7:42 - 7:47
    Isso significa que a superfície superior
    dos pulmões dos dinossauros
  • 7:47 - 7:49
    ficava fixa no lugar,
  • 7:49 - 7:52
    como nas aves modernas.
  • 7:52 - 7:55
    A pista número dois
    é a pneumatização vertebral.
  • 7:55 - 8:00
    Encontramos isso em dinossauros
    saurópodes e terópodes,
  • 8:00 - 8:04
    o grupo que contém dinossauros predadores
  • 8:04 - 8:06
    e que deu origem às aves modernas.
  • 8:06 - 8:08
    E, apesar de não encontrarmos evidências
  • 8:08 - 8:12
    de tecido pulmonar fossilizado
    em dinossauros,
  • 8:12 - 8:16
    a pneumatização vertebral nos dá
    evidências do que o pulmão fazia
  • 8:16 - 8:19
    durante a vida desses animais.
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    Os tecidos pulmonares ou dos sacos aéreos
    invadiam as vértebras,
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    tornando-as ocas, como nas aves modernas,
  • 8:27 - 8:31
    e mantendo no lugar
    regiões do sistema respiratório,
  • 8:31 - 8:33
    imobilizando-as.
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    As costelas bifurcadas,
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    junto com a pneumatização vertebral,
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    criavam uma estrutura rígida e fixa,
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    mantendo o sistema respiratório no lugar,
  • 8:47 - 8:52
    permitindo a evolução da barreira
    alvéolo-capilar superfina e superdelicada
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    que vemos nas aves modernas.
  • 8:55 - 8:59
    A evidência dessa camisa-de-força
    prendendo os pulmões dos dinossauros
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    significa que eles tiveram
    a capacidade de desenvolver pulmões
  • 9:02 - 9:06
    aptos a respirar na atmosfera hipóxica,
  • 9:06 - 9:09
    com baixo teor de oxigênio,
    do período Triássico.
  • 9:10 - 9:15
    Essa estrutura esquelética rígida
    dos dinossauros teria dado a eles
  • 9:15 - 9:19
    uma vantagem adaptativa significativa
    sobre outros animais,
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    especialmente os mamíferos,
  • 9:21 - 9:23
    cujos pulmões flexíveis
    não poderiam se adaptar
  • 9:23 - 9:27
    à atmosfera hipóxica do Triássico.
  • 9:28 - 9:33
    Essa anatomia pode ter sido
    a arma secreta dos dinossauros
  • 9:33 - 9:36
    que deu a eles vantagens
    sobre outros animais.
  • 9:36 - 9:39
    E isso nos dá uma plataforma excelente
  • 9:39 - 9:44
    para começar a testar hipóteses
    sobre a diversificação dos dinossauros.
  • 9:44 - 9:48
    Essa é a história
    do surgimento dos dinossauros,
  • 9:48 - 9:52
    e é só o começo da história
    de nossa pesquisa sobre esse tema.
  • 9:53 - 9:54
    Obrigada.
  • 9:54 - 9:57
    (Aplausos)
Title:
A arma secreta que permitiu que os dinossauros dominassem o planeta
Speaker:
Emma Schachner
Description:

Todos nós conhecemos as teorias sobre como os dinossauros morreram. Mas, antes disso, por que eles conseguiram dominas o planeta por tanto tempo? (Dica: não tem nada a ver com tamanho, velocidade, espinhos ou penas fantásticas.) Viaje no tempo para 200 milhões antes da extinção dos dinossauros com a paleontóloga Emma Schachner para um sopro de ar fresco na história sobre os dinossauros.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
10:12

Portuguese, Brazilian subtitles

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