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Nem homem nem mulher | Violeta Assiego | TEDxMadrid

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    Não sou homem nem mulher,
    não tenho problema nenhum de identidade.
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    Venho hoje aqui contar
    o que é que eu sou.
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    Mas é importante saberem
    que não sou homem nem mulher.
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    Isto não é nada de novo, não é
    uma coisa que apareceu de repente.
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    Desde muito pequena que eu
    não me sentia como uma rapariga.
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    Se, nesse momento, me tivessem
    dado uma lâmpada mágica,
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    posso assegurar
    que teria pedido, como desejo,
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    deixar de ser rapariga.
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    Perante esse conceito binário
    que temos quanto aos sexos,
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    logicamente teria pedido
    para ser rapaz,
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    mas, hoje, sei que não quero ser homem,
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    não quero ser homem.
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    Nasci mulher, o meu nome é feminino,
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    o meu nome é feminino,
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    mas não sinto esse privilégio que
    a maioria das pessoas têm
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    de identificar o corpo
    com o que o cérebro diz
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    e com o que, por outro lado,
    se espera socialmente de cada um.
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    Não sou cissexual.
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    Cissexual — com 'C' —
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    são as pessoas que identificam
    o sexo de nascimento
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    com o que o seu cérebro dita.
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    Mas eu não sou cissexual.
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    A identidade não tem que ver
    com a orientação.
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    Isso é uma coisa que eu só descobri
    há pouco tempo.
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    Eu sei que não sou heterossexual,
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    sei que não sou bissexual,
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    e sei que sou homossexual.
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    Em concreto, sou lésbica, não sou "gay".
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    O facto de me apresentar aqui
    e noutros espaços, como lésbica,
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    não é por capricho.
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    Não é uma coisa que me apeteça,
    é um compromisso político.
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    É uma posição política,
    é uma postura política.
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    Porque, infelizmente, desde há
    muito tempo e ainda hoje em dia,
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    é necessário defender e lutar
    pelos direitos das pessoas LGBTI.
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    Muito recentemente, estamos a ver notícias
    da Rússia, mas não é o único país.
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    Certamente, o "I" é de intersexual.
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    As pessoas intersexuais
    são aquelas
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    cujos genitais, quando nascem,
    não permitem determinar
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    a que sexo pertencem,
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    e é necessário esperar um tempo
    para poder averiguá-lo.
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    Eu não sou intersexual.
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    Em Espanha, se tivesse
    nascido intersexual,
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    os meus pais teriam sido obrigados,
    no Registo Civil,
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    a preencher uma das duas casas:
    homem ou mulher.
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    Muito recentemente, na Alemanha,
    soubemos que criaram a possibilidade
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    de poder esperar e deixar
    essas casas em branco
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    para que as pessoas intersexuais
    as possam preencher
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    mais tarde, quando
    já sabem a que sexo pertencem.
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    Voltando ao tema da minha identidade,
    perguntar-me-ão de que sexo sou.
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    Nasci mulher, gosto de mulheres.
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    Acontece que não sou homem,
    nem desejo sê-lo.
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    Acontece que não me sinto mulher
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    mas também não tenho intenção
    de me forçar a senti-lo.
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    Gosto de mover-me
    nesta ambiguidade
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    que não me obriga a definir-me
    de um sexo ou de outro.
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    Isto é uma coisa
    que descobri há pouco tempo.
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    Gostaria que a minha família
    me tivesse podido falar deste tema
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    ou que, no colégio, me tivessem explicado
    que existe uma grande diversidade.
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    Eu sou transgénero.
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    O prefixo "trans" significa,
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    o termo "trans" significa
    transcender, ir mais além.
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    Eu sou transgénero
    porque o meu sentimento
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    é de que estou para além de um conceito
    binário do sexo: de homem ou mulher.
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    Uma das pessoas, entre as mulheres
    de que escutei tudo isto,
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    e que hoje posso assumir-me
    porque ela se assumiu primeiro,
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    dizia que o problema não é
    haver muita diversidade.
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    O problema não é haver
    muitas identidades.
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    O problema é quando queremos
    hierarquizar as diferentes identidades.
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    O problema é quando queremos
    fazer que umas valham mais do que outras.
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    Eu, como pessoa transgénero,
    ou as pessoas intersexuais
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    ou as pessoas transsexuais, não valemos
    menos que as pessoas cissexuais.
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    Portanto, o facto de só as referir,
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    põe-nos a todas ao mesmo nível,
    e dá-nos um plano de igualdade.
  • 5:08 - 5:09
    Muito obrigada.
  • 5:09 - 5:12
    (Aplausos)
Title:
Nem homem nem mulher | Violeta Assiego | TEDxMadrid
Description:

Violeta Assiego, advogada e ativista, explica nesta breve palestra, como membro da audiência, as muitas opções disponíveis em termos de identidade sexual e orientação sexual, revelando no final a sua identidade e esclarecendo que considerar todos os rótulos por igual é o primeiro passo essencial para a liberdade.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
05:18

Portuguese subtitles

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