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Onde fica o "mundo Islâmico?" | Professor Tony McEnery | TEDxLancasterU

  • 0:08 - 0:12
    Nesta noite, gostaria de falar
    sobre como dialogamos uns com os outros.
  • 0:12 - 0:16
    O que fazemos uns aos outros é importante,
  • 0:16 - 0:18
    mas quero que vocês entendam
  • 0:18 - 0:21
    que a forma como falamos
    com os outros é importante também.
  • 0:21 - 0:24
    Eu irei exemplificar isso
  • 0:24 - 0:27
    falando sobre um projeto
    no qual estou engajado,
  • 0:27 - 0:29
    com Paul Baker e Costas Gabrielatos,
  • 0:29 - 0:32
    financiado pelo Conselho de Pesquisa
    Social e Econômica,
  • 0:32 - 0:36
    que observa como os muçulmanos
    e o Islamismo são retratados
  • 0:36 - 0:38
    pela imprensa no Reino Unido.
  • 0:38 - 0:42
    Mas, antes disso, quero levá-los
    a minha primeira jornada,
  • 0:42 - 0:45
    e minha primeira jornada é pela linguagem,
  • 0:45 - 0:50
    pelos métodos em que temos sido pioneiros
    aqui em Lancaster nos últimos 40 anos,
  • 0:50 - 0:53
    para estudar a linguagem em grande escala.
  • 0:54 - 0:57
    Não somos linguistas
    que olham para frases estranhas,
  • 0:57 - 0:59
    ou que se recostam numa cadeira,
    esfregam o queixo
  • 0:59 - 1:01
    e imaginam como a linguagem é usada.
  • 1:01 - 1:06
    Olhamos para vários exemplos
    de como as pessoas realmente falam,
  • 1:06 - 1:09
    ou como realmente escrevem...
    milhões de palavras.
  • 1:09 - 1:12
    Essa foi uma jornada substancial para nós.
  • 1:12 - 1:17
    Quarenta anos atrás conseguíamos analisar
    talvez um milhão de palavras,
  • 1:17 - 1:20
    usando um computador que não ocuparia
    totalmente esse auditório,
  • 1:20 - 1:23
    mas tomaria uma boa parte dele.
  • 1:23 - 1:26
    Agora, não só com os avanços
    na tecnologia da computação,
  • 1:26 - 1:29
    mas também com os avanços
    cruciais nas técnicas
  • 1:29 - 1:31
    que usamos para analisar os dados,
  • 1:31 - 1:38
    podemos analisar dezenas,
    centenas, ou até bilhões de palavras.
  • 1:38 - 1:43
    Assim podemos começar a compreender
    a linguagem em grande escala.
  • 1:43 - 1:44
    Outra coisa importante
  • 1:44 - 1:50
    que fazemos como linguistas
    é ter responsabilidade em nossas análises.
  • 1:50 - 1:54
    Não jogamos fora dados inconvenientes
  • 1:54 - 1:57
    só porque eles discordam
    de nossa hipótese, por exemplo.
  • 1:57 - 2:00
    Na verdade, estamos excepcionalmente
    interessados em tais dados,
  • 2:00 - 2:02
    queremos ser desafiados por eles.
  • 2:02 - 2:07
    Então essa tem sido nossa jornada,
    uma jornada pela linguagem.
  • 2:07 - 2:10
    Voltando ao projeto
    que mencionei anteriormente,
  • 2:10 - 2:13
    que estuda o modo
    como os muçulmanos e o Islamismo
  • 2:13 - 2:16
    são retratados pela imprensa britânica.
  • 2:16 - 2:20
    Isso nos levou a observar
    um volume de dados muito grande.
  • 2:20 - 2:23
    Pesquisamos tudo que foi escrito
    sobre os muçulmanos e o Islamismo,
  • 2:23 - 2:28
    pela imprensa do Reino Unido
    no período de 1998 a 2009.
  • 2:28 - 2:35
    São mais de 200 mil artigos,
    mais de 143 milhões de palavras,
  • 2:35 - 2:37
    e nós analisamos tudo.
  • 2:37 - 2:40
    Talvez vocês digam:
    "Nossa, que coisa trabalhosa.
  • 2:40 - 2:41
    Por que você não olhar uma amostra?
  • 2:41 - 2:43
    Certamente você teria uma ideia geral".
  • 2:43 - 2:44
    Não.
  • 2:44 - 2:46
    Nossas pesquisas mostram repetidamente
  • 2:46 - 2:48
    que, se fizermos isso,
  • 2:48 - 2:50
    primeiro, não vamos perceber
    padrões importantes;
  • 2:50 - 2:53
    segundo, e talvez mais perturbador,
  • 2:53 - 2:55
    algumas vezes identificamos padrões
  • 2:55 - 2:58
    que são menos, ou mais,
    importantes nos dados
  • 2:58 - 2:59
    do que pensamos que são.
  • 2:59 - 3:02
    Temos que ter plena responsabilidade.
  • 3:03 - 3:08
    Então, o que encontramos
    na nossa jornada pela linguagem?
  • 3:08 - 3:13
    Descobrimos que na imprensa britânica
    existe uma conexão poderosa
  • 3:13 - 3:16
    entre muçulmanos e conflito.
  • 3:16 - 3:19
    Agora, antes que um de vocês pense:
    "Bem, isso é compreensível";
  • 3:19 - 3:23
    lembrem-se de que a maioria dos muçulmanos
  • 3:23 - 3:28
    não tem nada a ver com qualquer
    ato de violência ou conflito.
  • 3:28 - 3:31
    Talvez vocês digam:
    "Não foi bem o que quis dizer.
  • 3:31 - 3:33
    Eu quis dizer que os jornais
    noticiam coisas ruins
  • 3:33 - 3:35
    e, se os muçulmanos fazem coisas ruins,
  • 3:35 - 3:39
    os jornais vão escrever
    sobre os muçulmanos fazendo coisas ruins".
  • 3:39 - 3:42
    Bom, talvez seja isso.
    Talvez isso seja verdade.
  • 3:42 - 3:44
    Mas vamos fazer um experimento:
  • 3:44 - 3:47
    vamos ver um exemplo
    de um muçulmano que fez algo bom...
  • 3:47 - 3:51
    e mesmo a imprensa britânica
    noticia coisas boas...
  • 3:51 - 3:56
    e observar se eles mencionam
    a religião do indivíduo em questão.
  • 3:56 - 3:59
    O indivíduo de quem vou falar é
    o maratonista Mo Farah.
  • 3:59 - 4:06
    Em 2012, ele ganhou uma medalha de ouro
    nas Olimpíadas de Londres.
  • 4:06 - 4:07
    Muito bom.
  • 4:07 - 4:10
    Mo Farah deixa muito claro
  • 4:10 - 4:16
    que a sua identidade como muçulmano
    é crucial para seu desempenho como atleta.
  • 4:17 - 4:20
    Então, nós olhamos tudo
    que foi escrito pela imprensa britânica
  • 4:20 - 4:22
    em agosto de 2012 sobre Mo Farah,
  • 4:22 - 4:24
    e tentamos ter uma ideia geral
  • 4:24 - 4:29
    de quantas vezes a religião dele
    foi destacada pela imprensa britânica
  • 4:29 - 4:30
    naquelas reportagens.
  • 4:30 - 4:32
    Vou fazer uma votação aqui,
  • 4:32 - 4:36
    e quero que todos participem,
    senão será um fracasso total.
  • 4:37 - 4:38
    Darei três possíveis respostas
  • 4:38 - 4:41
    para essa questão,
    para a qual procuramos por dados:
  • 4:41 - 4:43
    3.742 vezes;
  • 4:43 - 4:46
    1.648 vezes;
  • 4:46 - 4:47
    ou 23 vezes.
  • 4:47 - 4:50
    Levante a mão quem acha
    que é a primeira opção.
  • 4:51 - 4:52
    Certo.
  • 4:52 - 4:55
    Levante a mão quem acha
    que é a segunda opção.
  • 4:56 - 4:57
    Tá, algumas mãos.
  • 4:57 - 4:59
    Levante a mão quem acha
    que é a terceira opção.
  • 4:59 - 5:02
    Vocês estão absolutamente certos!
  • 5:02 - 5:04
    Vinte e três vezes.
  • 5:05 - 5:07
    Nós achamos que, se a imprensa britânica
  • 5:07 - 5:11
    fosse tão comprometida no destaque
    da identidade religiosa
  • 5:11 - 5:14
    nas boas notícias,
    como é nas notícias ruins,
  • 5:14 - 5:16
    esse número seria muito maior.
  • 5:17 - 5:22
    Que outras coisas a imprensa britânica
    fala sobre os muçulmanos e o Islã?
  • 5:22 - 5:24
    Eu gostaria de destacar
  • 5:24 - 5:28
    que, na verdade, muitas reportagens
    sobre os muçulmanos e o Islã são
  • 5:28 - 5:32
    perfeitamente razoáveis e equilibradas,
  • 5:32 - 5:34
    mas, quando não o são,
  • 5:34 - 5:38
    a imprensa britânica pode ficar
    bem abaixo dos padrões respeitáveis.
  • 5:39 - 5:43
    Antes de dar alguns exemplos,
    peço a vocês que imaginem,
  • 5:43 - 5:45
    caso não sejam, que são
    muçulmanos britânicos,
  • 5:45 - 5:48
    e que passam por uma banca de jornal,
  • 5:48 - 5:51
    e veem a seguinte
    manchete no "The Star"...
  • 5:51 - 5:52
    e essa é uma manchete real:
  • 5:52 - 5:55
    "A BBC passa os muçulmanos
    na frente de você!
  • 5:56 - 5:57
    No mínimo,
  • 5:57 - 6:00
    vão se sentir excluídos
    pelo uso da palavra "você".
  • 6:00 - 6:03
    Na pior das hipóteses, vão pensar
    que aquela manchete está insinuando
  • 6:03 - 6:06
    que vocês não fazem parte
    da sociedade britânica,
  • 6:06 - 6:09
    que não podem, se preferem assim,
    ser o destinatário dessa frase.
  • 6:10 - 6:11
    Aqui vão alguns exemplos:
  • 6:11 - 6:14
    curiosamente, um deles
    remete à palestra de Linda:
  • 6:14 - 6:19
    a suposição de que um muçulmano devoto
    não pode ser uma pessoa normal.
  • 6:20 - 6:24
    Além disso, mulheres muçulmanas
    que escolhem usar o véu
  • 6:24 - 6:27
    podem ser descritas
    como figuras horrendas.
  • 6:28 - 6:31
    Mas muito importante,
    considerando o título desta palestra,
  • 6:31 - 6:34
    o fato de a expressão "mundo muçulmano"
    aparece com muita frequência;
  • 6:34 - 6:37
    mais de 11 mil vezes nos nossos dados.
  • 6:37 - 6:41
    É difícil imaginar uma frase
    que exclua mais um grupo
  • 6:41 - 6:45
    do que uma que sugere
    que eles vivem em um planeta diferente;
  • 6:45 - 6:47
    e é isso que essa frase faz.
  • 6:47 - 6:48
    Então, onde é o mundo muçulmano?
  • 6:48 - 6:52
    Bem, eu estive lá.
    E não precisei da ajuda da NASA.
  • 6:52 - 6:53
    É aqui neste mesmo planeta.
  • 6:53 - 6:57
    E é habitado por pessoas
    assim como eu e vocês.
  • 6:57 - 7:00
    Mas a pergunta mais intrigante é:
    de onde vem essa frase?
  • 7:00 - 7:04
    Isso nos leva a nossa segunda jornada,
  • 7:04 - 7:06
    e essa jornada é através do tempo.
  • 7:06 - 7:09
    As técnicas que mencionei anteriormente,
    chamadas linguística de corpus,
  • 7:09 - 7:13
    nos permitem estudar a linguagem
    nos séculos 20 e 21.
  • 7:13 - 7:18
    Além disso, curiosamente, se tivermos
    acesso a textos de outras épocas,
  • 7:18 - 7:22
    é possível pegar essa "nave textual",
    como a chamo às vezes,
  • 7:22 - 7:27
    voltar no tempo, e ver como eram
    as coisas no século 19, por exemplo.
  • 7:27 - 7:29
    Como elas eram?
  • 7:29 - 7:32
    Primeiro, vamos voltar ao século 19.
  • 7:32 - 7:33
    Bem, no século 19,
  • 7:33 - 7:39
    olhando a imprensa britânica no geral,
  • 7:39 - 7:41
    observando como ela falava
    sobre os muçulmanos e o Islã,
  • 7:41 - 7:45
    percebemos uma semelhança
    com o conteúdo dos séculos 20 e 21.
  • 7:45 - 7:50
    Sendo didático, os muçulmanos eram vistos
    como loucos, ruins e perigosos.
  • 7:50 - 7:53
    E novamente aquela forte associação
    com o conflito estava presente.
  • 7:53 - 7:55
    Existiam algumas diferenças superficiais:
  • 7:55 - 7:59
    havia discussões, por exemplo,
    sobre Constantinopla e o sultão;
  • 7:59 - 8:03
    ou esse sujeito, o Mahdi, em Cartum,
    como fonte de todos os males,
  • 8:03 - 8:06
    ao contrário de Bin Laden no Afeganistão.
  • 8:06 - 8:09
    No entanto, a mensagem geral foi a mesma.
  • 8:09 - 8:12
    Então vamos girar o ponteiro da nossa nave
  • 8:12 - 8:13
    e voltar ainda mais no tempo.
  • 8:13 - 8:16
    Já temos uma coletânea de materiais
  • 8:16 - 8:21
    que cobrem os artigos britânicos escritos
    no período de 1475 a 1720.
  • 8:21 - 8:24
    Mais de 624 milhões de palavras
    a serem analisadas.
  • 8:25 - 8:26
    O que encontramos?
  • 8:26 - 8:29
    Novamente encontramos
    um cenário muito parecido,
  • 8:29 - 8:33
    mas com aspectos interessantes.
  • 8:33 - 8:35
    Primeiramente, naquela época,
  • 8:35 - 8:38
    Tanto os "papistas muçulmanos",
    assim chamados na época,
  • 8:38 - 8:41
    como os pagãos eram
    colocados na mesma categoria.
  • 8:42 - 8:47
    E curiosamente achamos
    a origem da expressão "mundo muçulmano".
  • 8:47 - 8:50
    Ela surgiu no fim do século 16,
  • 8:50 - 8:53
    logo quando a expressão "mundo cristão",
  • 8:53 - 8:55
    a qual era bem comum até o momento,
  • 8:55 - 8:57
    começou a cair em desuso.
  • 8:57 - 8:59
    Bem, isso é uma viagem no tempo.
  • 8:59 - 9:02
    Então, vamos sair
    dessa máquina do tempo conceitual,
  • 9:02 - 9:07
    e pensar sobre a sociedade
    e o motivo de as coisas serem como são.
  • 9:07 - 9:10
    Bem, é claro que, no fim do século 16,
  • 9:10 - 9:14
    a Europa passava por uma turbulência,
    com protestantes contra católicos,
  • 9:14 - 9:16
    ao longo de quase todo o século.
  • 9:16 - 9:17
    Logo, não é nenhuma surpresa
  • 9:17 - 9:21
    que o conceito de um mundo cristão
    unido e homogêneo entrou em colapso,
  • 9:21 - 9:27
    e que uma guerra estava para acontecer
    por conta dessas questões.
  • 9:27 - 9:32
    Além disso, o mundo muçulmano traz
    a ascensão de algo muito temido:
  • 9:32 - 9:34
    o renascimento do Império Otomano.
  • 9:34 - 9:41
    Essa ameaça grandiosa e perigosa está
    embutida na expressão "mundo muçulmano".
  • 9:41 - 9:43
    E a junção de papistas com muçulmanos?
  • 9:43 - 9:47
    Bem, é compreensível, dado o contexto;
  • 9:47 - 9:49
    na Inglaterra protestante,
  • 9:49 - 9:51
    na qual o papado e os muçulmanos
  • 9:51 - 9:55
    provavelmente representavam
    ameaças parecidas.
  • 9:55 - 10:00
    Isso me leva ao fim da minha palestra
    e a uma viagem ao futuro.
  • 10:00 - 10:02
    E a viagem ao futuro é a seguinte:
  • 10:03 - 10:06
    nós realmente queremos estar presos
  • 10:06 - 10:10
    a 500 anos de medo e alienação
  • 10:10 - 10:13
    quando usamos uma expressão
    como "mundo muçulmano"?
  • 10:13 - 10:17
    Nós de fato queremos ajudar
    os poucos muçulmanos
  • 10:17 - 10:19
    que são obcecados pelo uso da violência,
  • 10:19 - 10:23
    excluindo a maioria dos muçulmanos
    que não são assim?
  • 10:25 - 10:26
    Por fim, eu diria a vocês:
  • 10:26 - 10:29
    juntem-se a mim nessa caminhada,
    deem um passo a frente;
  • 10:29 - 10:33
    da próxima vez que ouvirem
    algo intolerante, encarem.
  • 10:33 - 10:38
    Assim, iniciaremos uma caminhada
    para uma conversa tolerante e inclusiva
  • 10:38 - 10:42
    sobre diferenças e desacordos
    na nossa sociedade,
  • 10:42 - 10:45
    e isso será benéfico para todos nós.
  • 10:45 - 10:46
    Muito obrigado.
  • 10:46 - 10:48
    (Aplausos)
Title:
Onde fica o "mundo Islâmico?" | Professor Tony McEnery | TEDxLancasterU
Description:

O que é o "mundo islâmico"? No TEDxLancasterU, o linguista Tony McEnery demonstra que essa frase, a qual foi usada 11 mil vezes em artigos sobre o Islã escritos entre 1998 e 2009 pela imprensa britânica, destaca um tendência alarmante na mídia: o uso de uma linguagem que qualifica os muçulmanos como violentos e esquisitos. Essa tendência, como mostra McEnery, já perdurou tempo demais, e ele nos pede para mudarmos essa realidade.

Tony McEnery é professor de linguística e língua inglesa na Universidade de Lancaster e diretor do 'ESRC Center for Corpus Approaches to Social Science'. Ele publicou vários artigos de pesquisa e livros, quase todos relacionados à linguística de corpus: uma abordagem ao estudo da linguagem que utiliza o poder da computação para permitir que os linguistas estudem milhões, ou até bilhões, de palavras. Ele usa a linguística de corpus para estudar uma ampla variedade de tópicos e de idiomas, incluindo árabe, chinês, inglês, francês, híndi, punjábi e espanhol. Quando não está observando as palavras, Tony, como um astrônomo amador, observa as estrelas.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferênciaTED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:55

Portuguese, Brazilian subtitles

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