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O que diz o Alcorão realmente sobre o "hijab" da mulher muçulmana? | Samina Ali | TEDxUniversityofNevada

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    Vou fazer-vos recuar no tempo,
    há 1400 anos,
  • 0:18 - 0:21
    até à cidade de Medina, na Arábia Saudita.
  • 0:22 - 0:27
    A uma época em que o profeta Maomé
    foi incumbido de encontrar uma solução
  • 0:27 - 0:31
    para os ataques e abusos
    às mulheres da cidade.
  • 0:31 - 0:33
    A situação era a seguinte:
  • 0:33 - 0:36
    Por volta do ano 680 da nossa era,
  • 0:36 - 0:40
    muito antes das comodidades
    modernas das canalizações,
  • 0:40 - 0:42
    quando uma mulher acordava a meio da noite
  • 0:42 - 0:44
    com vontade de fazer as suas necessidades,
  • 0:44 - 0:46
    tinha de sair de casa,
  • 0:46 - 0:49
    ir até à periferia da cidade,
    para um descampado,
  • 0:49 - 0:51
    para ter privacidade.
  • 0:52 - 0:53
    Acreditem ou não,
  • 0:53 - 0:56
    um grupo de homens começou a ver
    uma oportunidade
  • 0:56 - 0:58
    nestas deslocações noturnas das mulheres
  • 0:58 - 1:02
    e começou a rondar na periferia da cidade,
  • 1:02 - 1:06
    à espreita, no escuro,
    sem revelar a sua identidade.
  • 1:06 - 1:10
    Se passava por eles uma mulher
    vestida com um "jilbab",
  • 1:10 - 1:13
    que era uma peça de roupa
    parecida com um casaco,
  • 1:13 - 1:15
    os homens sabiam
    que a deviam deixar em paz.
  • 1:15 - 1:18
    Há uns séculos o "jilbab"
    era um símbolo de estatuto,
  • 1:18 - 1:22
    tal como uma gabardina Burberry
    ou um casaco Chanel.
  • 1:22 - 1:24
    Significava que era uma mulher livre,
  • 1:24 - 1:27
    e enquanto mulher livre,
    era protegida pelo seu clã.
  • 1:28 - 1:31
    Ela não teria qualquer problema
    em denunciar o atacante
  • 1:31 - 1:33
    e em identificá-lo.
  • 1:34 - 1:38
    Mas se a mulher saísse
    durante a noite sem "jilbab",
  • 1:38 - 1:41
    e estivesse vestida
    de forma mais descoberta
  • 1:41 - 1:43
    os homens sabiam que era uma escrava,
  • 1:43 - 1:45
    e atacavam-na.
  • 1:46 - 1:50
    Os membros da comunidade preocupados
    apresentaram a situação ao Profeta,
  • 1:50 - 1:55
    e à semelhança de outras questões
    de cariz social, político e familiar
  • 1:55 - 1:58
    com que Maomé se via confrontado
    durante a sua missão profética,
  • 1:58 - 2:03
    ele passou esta questão particular
    para as mãos de Deus,
  • 2:03 - 2:05
    e apareceu mais um verso para o Alcorão,
  • 2:05 - 2:07
    o livro sagrado dos muçulmanos.
  • 2:08 - 2:10
    "Ó Profeta", como se pode ler,
  • 2:10 - 2:14
    "diz às tuas esposas, às tuas filhas
    e às mulheres dos crentes
  • 2:14 - 2:17
    "que se cubram com as suas vestes.
  • 2:17 - 2:22
    "É mais conveniente, para não serem
    conhecidas e não serem molestadas."
  • 2:22 - 2:24
    Basicamente, o versículo recomenda
  • 2:24 - 2:27
    que todas as mulheres
    se vistam da mesma forma,
  • 2:27 - 2:30
    para não se distinguirem umas das outras,
  • 2:30 - 2:33
    e não se tornarem um alvo
    para serem atacadas.
  • 2:33 - 2:35
    Agora, à primeira vista,
  • 2:35 - 2:38
    isto pode parecer uma solução
    relativamente simples para o problema,
  • 2:38 - 2:41
    mas, na realidade, não foi assim.
  • 2:41 - 2:44
    No início, a comunidade
    muçulmana era tribal
  • 2:44 - 2:46
    com um estatuto social
    profundamente enraizado,
  • 2:46 - 2:50
    e a ideia de uma escrava
    se parecer com uma mulher livre
  • 2:50 - 2:52
    era quase um insulto.
  • 2:52 - 2:55
    Depois, havia ainda um aspeto prático.
  • 2:55 - 2:57
    Como é que a escrava
    podia fazer o seu trabalho?
  • 2:57 - 3:01
    Como podia trabalhar, se tivesse
    o corpo limitado por um casaco?
  • 3:01 - 3:03
    Como podia cozinhar,
    limpar, acarretar água?
  • 3:04 - 3:07
    Por fim, os primeiros eruditos
    muçulmanos decidiram
  • 3:07 - 3:11
    que a indumentária de uma mulher
    devia ter por base duas considerações:
  • 3:12 - 3:15
    a função da mulher na sociedade
  • 3:15 - 3:18
    — o seu papel, ou seja o seu trabalho —
  • 3:18 - 3:22
    e os costumes específicos da sociedade.
  • 3:23 - 3:27
    Ou, por outras palavras,
    "Em Roma, sê romano".
  • 3:29 - 3:34
    Os muçulmanos gostam de recuperar
    leis antigas e aplicá-las no mundo atual.
  • 3:34 - 3:36
    Então, vamos fazer isso mesmo.
  • 3:36 - 3:41
    A indumentária de uma mulher deve
    basear-se nos costumes e no seu papel.
  • 3:41 - 3:45
    Então, o que significa isto para uma
    mulher muçulmana que vive hoje nos EUA,
  • 3:45 - 3:47
    alguém como eu?
  • 3:47 - 3:50
    Em primeiro lugar, significa
    que eu tenho uma função,
  • 3:50 - 3:54
    um papel na sociedade,
    uma contribuição que posso fazer.
  • 3:54 - 3:57
    Em segundo lugar, significa
    que, embora contribua
  • 3:57 - 4:00
    e viva numa sociedade em que o véu
    não faz parte dos costumes,
  • 4:00 - 4:04
    e em que usar um véu
    até pode provocar o assédio,
  • 4:04 - 4:07
    usar o que é costume,
  • 4:07 - 4:12
    como um vestido, umas calças de ganga
    ou até mesmo umas calças de treino,
  • 4:12 - 4:15
    não só é aceitável,
  • 4:15 - 4:17
    como é recomendado.
  • 4:18 - 4:21
    Mas será que isto é assim mesmo?
  • 4:21 - 4:24
    Afinal de contas, não passámos a assumir
  • 4:24 - 4:27
    que uma mulher muçulmana
    deve usar o véu,
  • 4:27 - 4:30
    que o uso do véu é um requisito da sua fé?
  • 4:31 - 4:33
    Até existe uma palavra
  • 4:33 - 4:36
    que passámos a associar
    ao uso de véu por mulheres muçulmanas,
  • 4:36 - 4:39
    uma palavra árabe
    que todos já ouvimos ser usada,
  • 4:39 - 4:41
    com ou sem consciência disso:
  • 4:41 - 4:43
    "hijab".
  • 4:44 - 4:46
    Talvez eu não tenha reparado.
  • 4:46 - 4:51
    Talvez as razões para o uso do véu
    estejam noutra parte do Alcorão.
  • 4:52 - 4:57
    Para quem não sabe,
    o Alcorão é composto por 114 capítulos,
  • 4:58 - 5:02
    cada capítulo é escrito
    em versículos, como poesia.
  • 5:03 - 5:07
    Há mais de 6000 versículos no Alcorão.
  • 5:07 - 5:10
    Entre os mais de 6000 versículos,
  • 5:10 - 5:13
    há três que se referem à forma
    como as mulheres se devem vestir.
  • 5:14 - 5:17
    O primeiro versículo
    é aquele de que já vos falei.
  • 5:17 - 5:21
    O segundo é um versículo dirigido
    diretamente às mulheres do Profeta,
  • 5:21 - 5:24
    pedindo-lhes que comecem
    a vestir-se de forma mais modesta
  • 5:25 - 5:29
    por causa do seu papel
    na sociedade enquanto esposas dele.
  • 5:30 - 5:32
    E o terceiro versículo
    é semelhante ao primeiro,
  • 5:32 - 5:37
    ao revelar a resposta direta
    a uma situação histórica.
  • 5:39 - 5:41
    Registos antigos mostram que o costume,
  • 5:41 - 5:45
    a moda durante a era pré-islâmica,
  • 5:45 - 5:49
    era as mulheres usarem um lenço
    na cabeça, chamado "khimar",
  • 5:49 - 5:54
    que era dobrado por detrás das orelhas
    e flutuava na parte de trás.
  • 5:55 - 5:59
    Na frente, a mulher usava
    um colete apertado ou um corpete,
  • 5:59 - 6:03
    que deixava aberto, mostrando os seios,
  • 6:03 - 6:06
    parecido com as imagens
    que vimos no Jogo dos Tronos.
  • 6:06 - 6:07
    (Risos)
  • 6:08 - 6:11
    Quando o Islamismo se espalhou
    pela Península Árabe,
  • 6:11 - 6:15
    foi enviado um versículo pedindo
    às mulheres para usarem esse lenço
  • 6:15 - 6:19
    ou qualquer outra peça de roupa
    a tapar os seios.
  • 6:19 - 6:21
    Foi tudo.
  • 6:21 - 6:24
    É tudo o que está no Alcorão,
  • 6:24 - 6:27
    no que se refere
    ao que uma mulher deve vestir.
  • 6:28 - 6:33
    Acontece que Deus não refere
    todas as partes do corpo da mulher
  • 6:33 - 6:35
    que quer ocultar da vista.
  • 6:35 - 6:36
    Na verdade,
  • 6:36 - 6:40
    pode argumentar-se e eu argumento,
    que nunca é demais sublinhar
  • 6:40 - 6:45
    que muitos eruditos
    muçulmanos argumentam
  • 6:45 - 6:49
    que a razão de esses versículos
    serem intencionalmente vagos
  • 6:50 - 6:54
    é para uma mulher poder
    escolher o que usar
  • 6:54 - 6:58
    de acordo com a sua cultura específica
  • 6:58 - 7:01
    e a progressão no tempo.
  • 7:02 - 7:04
    E que o termo "hijab"
  • 7:05 - 7:07
    — sabem que mais? —
  • 7:07 - 7:10
    não aparece em nenhum
    destes três versículos.
  • 7:10 - 7:13
    Com efeito, em parte alguma do Alcorão
  • 7:13 - 7:17
    há uma referência direta
    ao véu de uma mulher.
  • 7:17 - 7:20
    Isso não quer dizer que a palavra
    não aparece no Alcorão
  • 7:20 - 7:22
    porque aparece, sim.
  • 7:22 - 7:26
    Mas, quando aparece,
    é usada corretamente
  • 7:26 - 7:30
    para significar uma barreira
    ou uma divisória.
  • 7:30 - 7:35
    Como a barreira ou divisória que existe
    entre os seres humanos e a divindade,
  • 7:35 - 7:38
    ou entre crentes e não crentes.
  • 7:38 - 7:41
    Ou significa uma barreira,
    como uma cortina física
  • 7:41 - 7:44
    atrás da qual, na época de Maomé,
  • 7:44 - 7:47
    os homens falavam com as suas esposas.
  • 7:47 - 7:51
    Ou significa o isolamento,
    a separação que Maria procurou
  • 7:51 - 7:54
    quando deu à luz Jesus.
  • 7:55 - 7:59
    Essa separação e isolamento
    é o que "hijab" significa;
  • 7:59 - 8:02
    essa cortina física
    é o que "hijab" significa;
  • 8:03 - 8:06
    essa barreira essa divisória,
    é o que "hijab" significa.
  • 8:07 - 8:10
    "Hijab" não significa o véu de uma mulher.
  • 8:12 - 8:16
    Contudo, não será de estranhar
    que o sentido real do termo
  • 8:16 - 8:18
    que nos vem à cabeça
  • 8:18 - 8:23
    quando pensamos numa mulher muçulmana
  • 8:23 - 8:29
    seja estar isolada, confinada,
    segregada, separada?
  • 8:30 - 8:32
    Porque é que não havia de ser assim?
  • 8:32 - 8:36
    Todos temos visto como as mulheres
    muçulmanas são tratadas no mundo inteiro.
  • 8:36 - 8:40
    Se tenta ir à escola,
    leva um tiro na cabeça;
  • 8:40 - 8:43
    se tenta conduzir um carro,
    metem-na na prisão;
  • 8:43 - 8:45
    se tenta participar
  • 8:45 - 8:48
    nas revoltas políticas no seu país,
  • 8:48 - 8:50
    ser ouvida, ser tida em conta,
  • 8:50 - 8:52
    é atacada publicamente.
  • 8:52 - 8:56
    Os homens já não precisam de se esconder
    na escuridão, na periferia da cidade.
  • 8:56 - 9:00
    Agora, alguns já se sentem à vontade
    para atacar uma mulher no meio da rua
  • 9:00 - 9:03
    à vista de toda a gente.
  • 9:03 - 9:06
    E não se preocupam
    em esconder a sua identidade,
  • 9:07 - 9:10
    estão mais interessados
    em aparecer na imprensa internacional.
  • 9:10 - 9:14
    Estão demasiado ocupados a fazer vídeos
    e a publicá-los no YouTube,
  • 9:14 - 9:17
    a gabarem-se do que fizeram.
  • 9:17 - 9:20
    Porque é que não se preocupam
    em ocultar os seus crimes?
  • 9:21 - 9:24
    Sentem que não praticaram
    nenhum crime.
  • 9:24 - 9:27
    Foram as mulheres
    que praticaram os crimes.
  • 9:27 - 9:30
    Foram as mulheres que meteram
    ideias bizarras na cabeça,
  • 9:30 - 9:32
    ideias que as fizeram sair de casa,
  • 9:32 - 9:34
    que as introduziram na sociedade,
  • 9:34 - 9:36
    convencidas de que podem contribuir,
  • 9:36 - 9:38
    e todos nós sabemos
  • 9:38 - 9:41
    que as mulheres honradas ficam em casa,
  • 9:41 - 9:44
    as mulheres honradas são invisíveis.
  • 9:44 - 9:48
    Tal como era costume
    as mulheres honradas fazerem
  • 9:48 - 9:51
    no tempo do Profeta.
  • 9:53 - 9:55
    Isto é verdade?
  • 9:55 - 10:00
    Há 1400 anos, estava-se
    muito longe do feminismo.
  • 10:00 - 10:06
    Estariam as mulheres confinadas,
    atrás das portas, separadas por véus?
  • 10:07 - 10:10
    Acontece que a primeira mulher do Profeta
  • 10:10 - 10:13
    era aquilo que podíamos definir hoje
  • 10:13 - 10:15
    como uma diretora executiva.
  • 10:15 - 10:18
    Era uma mercadora de sucesso
  • 10:18 - 10:22
    cuja caravana rivalizava com as caravanas
    de todos os outros mercadores juntos.
  • 10:23 - 10:28
    Na essência, dirigia uma empresa
    de importações-exportações de êxito.
  • 10:28 - 10:32
    Quando contratou Maomé
    para trabalhar para ela,
  • 10:33 - 10:37
    ficou tão impressionada
    com a honestidade dele
  • 10:37 - 10:40
    que acabou por lhe pedir
    para casar com ela.
  • 10:40 - 10:41
    (Risos)
  • 10:42 - 10:44
    Não sei bem quantas mulheres
    se sentiriam hoje à vontade
  • 10:44 - 10:47
    a pedir em casamento um homem.
  • 10:47 - 10:50
    E a segunda mulher de Maomé?
  • 10:50 - 10:52
    Também não era nenhuma preguiçosa.
  • 10:53 - 10:55
    Partiu para a guerra
    montada num camelo
  • 10:55 - 10:58
    o que é equivalente a uma mulher
    partir hoje para a guerra
  • 10:59 - 11:02
    dentro de um blindado ou de um tanque.
  • 11:03 - 11:05
    E quanto às outras mulheres?
  • 11:06 - 11:09
    Os registos antigos mostram
    que as mulheres exigiram ser incluídas
  • 11:10 - 11:13
    na revolução islâmica
    que ocorreu à volta do Profeta.
  • 11:13 - 11:16
    Uma mulher ficou famosa como general
  • 11:16 - 11:22
    quando liderou o seu exército de homens
    para a batalha e esmagou uma rebelião.
  • 11:23 - 11:26
    Homens e mulheres associavam-se
    livremente uns com os outros,
  • 11:26 - 11:28
    trocavam presentes.
  • 11:28 - 11:34
    Era habitual uma mulher
    escolher o marido e declarar-se.
  • 11:34 - 11:37
    Quando as coisas não funcionavam,
  • 11:37 - 11:39
    iniciavam o divórcio.
  • 11:39 - 11:44
    As mulheres até participavam
    em debates abertos com o Profeta.
  • 11:46 - 11:48
    Parece-me que, se os fundamentalistas
  • 11:48 - 11:53
    querem regressar à sociedade
    muçulmana dos anos 680,
  • 11:53 - 11:57
    isso pode ser um enorme passo em frente.
  • 11:57 - 11:58
    (Risos)
  • 11:58 - 12:00
    Um progresso.
  • 12:00 - 12:03
    (Aplausos)
  • 12:06 - 12:09
    Mas ainda temos de responder
    a uma pergunta importante.
  • 12:10 - 12:15
    Se não tem a ver com a história islâmica
    e se não está consagrado no Alcorão,
  • 12:16 - 12:18
    como é que nós, na era moderna,
  • 12:18 - 12:22
    associámos as mulheres muçulmanas
    com o "hijab"?
  • 12:23 - 12:26
    Ao facto de serem excluídas da sociedade,
  • 12:27 - 12:29
    confinadas e isoladas,
  • 12:29 - 12:33
    privadas dos direitos humanos
    mais básicos?
  • 12:34 - 12:39
    Espero que não seja surpresa para vocês
    que isso não aconteceu por acaso.
  • 12:40 - 12:46
    Nas últimas décadas, as pessoas
    a quem foi confiada a importante tarefa
  • 12:47 - 12:49
    de ler e interpretar o Alcorão
  • 12:49 - 12:52
    numa série de diferentes
    comunidades muçulmanas,
  • 12:53 - 12:57
    alguns clérigos têm introduzido
    um certo significado
  • 12:57 - 13:01
    àqueles três versículos
    relativos a mulheres.
  • 13:01 - 13:04
    Por exemplo, aquele versículo
    de que vos falei primeiro:
  • 13:05 - 13:08
    "Ó Profeta, diz às tuas esposas,
    às tuas filhas
  • 13:08 - 13:10
    "e às mulheres dos crentes
  • 13:10 - 13:13
    "que se cubram com as suas vestes.
  • 13:13 - 13:17
    "É mais conveniente, para não serem
    conhecidas e molestadas."
  • 13:19 - 13:21
    Alguns clérigos, não todos,
  • 13:21 - 13:25
    alguns clérigos
    acrescentaram umas palavras
  • 13:26 - 13:28
    de modo que,
    em certas traduções do Alcorão,
  • 13:29 - 13:31
    esses versículos aparecem assim:
  • 13:31 - 13:35
    "Ó Profeta, diz às tuas esposas,
    às tuas filhas
  • 13:35 - 13:39
    "e às mulheres dos crentes
    que se cubram com as suas roupas"
  • 13:40 - 13:43
    — em parênteses, roupas aqui
    significam um véu
  • 13:44 - 13:46
    que cobre toda a cabeça e o rosto,
  • 13:46 - 13:49
    o pescoço e o peito até aos tornozelos
  • 13:49 - 13:51
    e até aos pulsos.
  • 13:52 - 13:56
    Todo o corpo da mulher
    fica tapado, exceto um olho
  • 13:56 - 13:59
    porque ela tem de ver para onde vai,
  • 13:59 - 14:02
    e as mãos que devem ser tapadas com luvas.
  • 14:03 - 14:04
    Porque, evidentemente,
  • 14:04 - 14:08
    há muitas luvas no deserto da Arábia.
  • 14:08 - 14:10
    (Risos)
  • 14:10 - 14:13
    Etc., etc., etc., etc.
    assim sucessivamente,
  • 14:13 - 14:14
    fim de parênteses —
  • 14:15 - 14:19
    "para não serem conhecidas e molestadas".
  • 14:20 - 14:23
    O que estes supostos clérigos
  • 14:24 - 14:29
    concluíram com base
    neste tipo de acrescentos
  • 14:29 - 14:33
    é que uma mulher só tem uma função.
  • 14:35 - 14:37
    Para perceber que função é essa
  • 14:37 - 14:42
    basta lermos algumas das "fatwas"
    ou seja, normas legais,
  • 14:42 - 14:47
    que esses alegados clérigos
    propuseram e publicaram.
  • 14:47 - 14:49
    Vou dar-vos uma amostra.
  • 14:51 - 14:55
    "Uma mulher só precisa de
    terminar a escola primária
  • 14:55 - 14:57
    "antes de se casar."
  • 14:58 - 15:03
    O que a coloca na avançada idade
    de 11, 12 anos?
  • 15:04 - 15:10
    "Uma mulher só pode cumprir
    as suas obrigações espirituais a Deus
  • 15:10 - 15:16
    "depois de cumprir as suas obrigações
    físicas para com o marido.
  • 15:16 - 15:21
    "Se ele a desejar enquanto
    está montada num camelo,
  • 15:21 - 15:24
    "ela deve submeter-se."
  • 15:25 - 15:31
    "O Islão proibiu as mulheres
    de usarem 'soutien'
  • 15:31 - 15:36
    "porque o 'soutien' eleva os seios
    e faz com que a mulher pareça mais nova.
  • 15:36 - 15:40
    "Isso é considerado uma falsidade."
  • 15:42 - 15:44
    E a que mais aprecio:
  • 15:45 - 15:49
    "Se um homem tiver uma úlcera
    que excrete pus
  • 15:49 - 15:54
    "do topo da cabeça até à ponta dos pés,
  • 15:54 - 15:56
    "e ela o lamber todo,
  • 15:56 - 16:00
    "mesmo assim, não compensa
    tudo o que lhe deve."
  • 16:02 - 16:07
    Estas e muitas outras regras
    do mesmo tipo, relativas a mulheres,
  • 16:07 - 16:10
    resumem-se a isto:
  • 16:11 - 16:16
    A melhor das mulheres,
    a mais honrada de todas
  • 16:17 - 16:19
    é a que não tem instrução,
  • 16:19 - 16:21
    a que não tem qualquer poder,
  • 16:21 - 16:24
    a que pouco difere duma escrava,
  • 16:24 - 16:29
    Por isso, fica em casa,
    sem queixumes, sem "soutien"
  • 16:29 - 16:30
    (Risos)
  • 16:30 - 16:37
    Sempre pronta e disponível
    para satisfazer os caprichos dele,
  • 16:37 - 16:41
    mesmo que seja lamber-lhe o corpo todo;
  • 16:42 - 16:44
    para o satisfazer sempre que ele chama,
  • 16:44 - 16:49
    seja na cama ou montada num camelo.
  • 16:52 - 16:55
    Acham que isto é a vontade de Deus?
  • 16:56 - 16:58
    Acham que isto é uma escritura?
  • 17:00 - 17:06
    Ou parece um erotismo
    estranho e desconfortável
  • 17:06 - 17:10
    como o pior tipo de fantasia misógina?
  • 17:11 - 17:14
    Estes supostos clérigos
  • 17:14 - 17:17
    e os fundamentalistas
    e extremistas que os apoiam
  • 17:17 - 17:21
    estão a purificar o Islão,
    a partir do interior,
  • 17:21 - 17:25
    devolvendo-lhe a sua forma inicial?
  • 17:26 - 17:29
    Ou estes homens não são diferentes
  • 17:29 - 17:34
    dos homens que se escondiam
    na escuridão, na periferia da cidade
  • 17:34 - 17:38
    preparados para atacar uma mulher?
  • 17:39 - 17:41
    Obrigada.
  • 17:41 - 17:45
    (Aplausos)
Title:
O que diz o Alcorão realmente sobre o "hijab" da mulher muçulmana? | Samina Ali | TEDxUniversityofNevada
Description:

Nos últimos tempos, o reaparecimento do "hijab" juntamente com a imposição dele em diversos países levou muitas mulheres muçulmanas a acreditar que a sua fé as obrigava a usar o "hijab". Nesta palestra esclarecedora, a romancista Samina Ali leva-nos à época do Profeta Maomé para revelar o que significa realmente a palavra "hijab", e que não é o véu da mulher muçulmana. Então, se não é véu, o que significa "hijab" e como é que os fundamentalistas confundiram este termo para negar os direitos das mulheres? Esta ideia surpreendente e sem precedentes não questionará a nossa opinião sobre o "hijab", mas alterará a forma como vemos as mulheres muçulmanas.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:48

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