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Que haja transformação e que comece comigo | Mariana Camardelli | TEDxPajuçara

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    Esses dias, eu estava arrumando
    uns cadernos, uns papéis
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    e encontrei uma folha,
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    um jogo americano,
    aqueles de bar e café, sabe?
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    Nessa folha tinha uma frase
  • 0:33 - 0:34
    e estava escrito:
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    "Eu pedia pro Papai Noel o fim das guerras
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    e ele me dava uma boneca".
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    Essa frase e esse Papai Noel
  • 0:43 - 0:45
    que não acabou com as guerras
  • 0:45 - 0:47
    estava escrito nesse papel,
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    esses que a gente tem
    em bar, cafés e restaurantes,
  • 0:51 - 0:54
    junto com algumas outras frases, tipo:
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    "A gente só vira criança
    quando amadurece".
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    "Imagina se a gente pudesse fazer
    tudo o que a gente pode."
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    Também tinha frases como:
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    "A vida é muito curta
    e o mundo é muito grande".
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    Também tinha esta:
    "Eu pisei no pé de uma socialite".
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    Esse dia eu estava com uma amiga.
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    Acho que era num bar, não era num café.
  • 1:16 - 1:20
    Sentar nesses lugares,
    pegar esse papel, escrever
  • 1:20 - 1:24
    é me vasculhar, é tentar
    entender qual é o meu repertório,
  • 1:25 - 1:27
    qual é o meu mapa de inspiração,
  • 1:27 - 1:30
    onde começam as minhas transformações.
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    E aí, a primeira pergunta
    que eu queria fazer pra vocês hoje é:
  • 1:35 - 1:37
    qual é o repertório de vocês?
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    Qual é o mapa de inspiração de vocês?
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    Vocês são únicos, por definição.
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    O que faz de vocês únicos?
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    O meu mapa de inspiração
    tem a ver com eventos,
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    tem a ver com tentar ser chefe de cozinha,
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    tem a ver com design,
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    tem a ver com fitinhas adesivas coloridas,
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    tem a ver com velas, flores.
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    Essas coisas se conectam
    e elas fazem de mim
  • 2:12 - 2:13
    quem eu sou.
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    E vocês?
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    O que inspira vocês?
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    Pra quem não sabe o que são
    fitinhas coloridas adesivas,
  • 2:21 - 2:22
    são essas.
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    Meu mapa de inspiração
    também tem a ver com bicicleta.
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    Eu me mudei para São Paulo
    faz uns três anos, mais ou menos,
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    e eu queria muito comprar uma bicicleta.
  • 2:33 - 2:36
    E as pessoas começaram
    a falar: "Não, não compra!
  • 2:36 - 2:37
    É perigoso!
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    Não, não compra.
    Espera ter mais ciclovias.
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    Espera mais pessoas andarem.
    Aí, você também anda".
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    Mas a frase não era: "Seja a mudança
    que você quer ver no mundo"?
  • 2:50 - 2:54
    Ou é: "Espere a mudança acontecer
    e aí você também muda".
  • 2:55 - 2:58
    Eu ainda tenho medo
    de andar de bicicleta em São Paulo.
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    Todos os dias, quando saio de casa
    e pego minha bicicleta, eu tenho medo.
  • 3:04 - 3:06
    O que a gente faz com esse medo?
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    Eu era criança, e uma vez,
    meu pai me colocou numa pista de ski.
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    Ele me levou lá pra cima
    e me deixou lá sozinha.
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    Aí ele voltou
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    e eu fiquei muito confortável,
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    achei que ele ia me levar de volta
    pra base ou pro hotel ou pro sofá
  • 3:24 - 3:25
    pra eu ficar dormindo pra sempre.
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    Ele olhou pra mim e falou:
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    "Está com medo?"
  • 3:30 - 3:31
    Eu falei: "Estou".
  • 3:32 - 3:34
    "Vai com medo mesmo".
  • 3:35 - 3:36
    Foi isso que ele me disse.
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    Toda vez que eu saio de casa de bicicleta,
    eu tenho medo de andar de bicicleta,
  • 3:40 - 3:43
    assim como eu tenho medo
    de várias outras coisas.
  • 3:43 - 3:46
    E, em vez de não fazer alguma coisa
    porque eu tenho medo,
  • 3:46 - 3:50
    eu resolvi criar maneiras
    engraçadas, criativas e divertidas
  • 3:50 - 3:52
    pra fazer as coisas mesmo assim.
  • 3:54 - 3:58
    Eu chego do lado dos motoristas,
    dou oi, "joinha",
  • 3:59 - 4:00
    eu aviso pra eles que vou dobrar.
  • 4:00 - 4:03
    Às vezes eu peço: "Por favor,
    não me atropela hoje,
  • 4:03 - 4:04
    eu queria voltar pra casa".
  • 4:04 - 4:06
    E tem funcionado.
  • 4:08 - 4:09
    Tem que começar,
  • 4:10 - 4:14
    tem que ser rápido e tem que partir
    de vocês, de você.
  • 4:15 - 4:17
    Tipo o Uber da Mel...
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    O Uber da Mel é uma sensação.
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    O Uber da Mel tem cadeirinha de bebê,
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    transporta cachorro com carinho,
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    busca e leve o seu desapego,
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    transporta a sua bike,
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    entrega documentos com segurança,
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    busca sua filha na balada
  • 4:35 - 4:37
    e transporta você bêbado.
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    Talvez ele também busque
    a sua filha bêbada na balada,
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    ou os documentos foram de bicicleta
    e o seu desapego, não sei...
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    O Uber da Mel também
    leva você pra doar sangue,
  • 4:50 - 4:51
    grátis.
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    O Uber da Mel tem a ver
    com o repertório da Mel.
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    As pessoas acham legal, elas se conectam.
  • 5:01 - 5:03
    Porque é de verdade,
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    porque é único,
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    porque é pessoal
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    e é humano.
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    E são as conexões humanas
    que fazem a gente mais humano.
  • 5:13 - 5:15
    Tem que começar, agora.
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    Pode ser pequeno,
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    mas tem que partir de vocês.
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    Eu vou tentar contar uma história, agora,
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    que eu nunca contei em público.
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    Na época, eu me neguei a contar
    pra jornalistas e imprensa.
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    E é muito simbólico tentar contar
    essa história no dia de hoje,
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    mas eu vou tentar.
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    Alguns anos atrás,
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    aconteceu uma tragédia numa cidade
  • 5:44 - 5:48
    no interior do Rio Grande do Sul,
    chamada Santa Maria.
  • 5:49 - 5:55
    Vários e vários jovens que dançavam
    alegres na boate morreram
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    devido a um incêndio.
  • 5:58 - 6:00
    Eu não estava lá.
  • 6:00 - 6:03
    Eu estava andando
    de bicicleta com o meu pai,
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    que me colocava em descidas e subidas
    íngremes e eu xingava ele o tempo todo.
  • 6:08 - 6:10
    Era de manhã cedo,
    a gente estava numa pousada
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    e a gente ouviu a notícia
  • 6:14 - 6:15
    e aquilo me doeu.
  • 6:17 - 6:19
    Caiu uma lágrima e uma pessoa perguntou:
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    "Mas tinha algum amigo seu lá?"
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    Eu falei: "Não.
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    Não tinha nenhum amigo meu,
    mas tinha amigos de muitas pessoas lá".
  • 6:29 - 6:34
    Tinha filhos de pessoas, filhas
    de pessoas, namorados, genros, noras.
  • 6:35 - 6:38
    Eu não conhecia ninguém,
    mas eu conhecia todo mundo.
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    A gente saiu pra andar de bicicleta,
    e aquela voz continuava me chamando:
  • 6:45 - 6:47
    "Como será que aquelas pessoas estão?
  • 6:47 - 6:50
    O que aconteceu? O que elas precisam?
  • 6:50 - 6:52
    Imagina se fosse alguém que eu conheço?"
  • 6:54 - 6:57
    Eu voltei pra casa
    e comecei a entrar na Internet
  • 6:58 - 7:01
    e descobri que foi montado um ginásio
  • 7:03 - 7:05
    pras famílias das pessoas,
    pros amigos das pessoas
  • 7:05 - 7:08
    aguardarem por notícias,
    por liberações de corpos.
  • 7:10 - 7:13
    E a Internet se mobilizava
    pra que a gente conseguisse ajudar
  • 7:13 - 7:14
    essas pessoas de alguma forma.
  • 7:14 - 7:18
    E foi aí que descobri
    que eles precisavam de papel higiênico.
  • 7:20 - 7:22
    Eles precisavam de muito mais que isso,
  • 7:22 - 7:25
    mas, naquele momento,
    eles precisam de papel higiênico.
  • 7:26 - 7:29
    Eu olhei aquilo e falei: "Eu vou
    sair de casa e vou comprar
  • 7:30 - 7:33
    quanto papel higiênico
    eu conseguir com o meu dinheiro".
  • 7:34 - 7:36
    Mas é tão estúpido!
  • 7:37 - 7:38
    É tão pouco!
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    Aquela ideia parecia tão besta.
  • 7:44 - 7:47
    "Mari, você vai sair de casa
    pra comprar papel higiênico
  • 7:48 - 7:52
    pra pessoas que perderam amigos, amigas?"
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    E ao mesmo tempo
    eu falava: "Eu vou! Eu vou!"
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    Eu liguei pra uma amiga minha, a Gabi,
  • 8:00 - 8:03
    e falei: "Gabi, você quer comprar
    papel higiênico também?
  • 8:03 - 8:05
    Eu posso ir comprar por nós duas".
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    E aí foi quando a Gabi teve
    a ideia de colocar uma vaquinha no ar.
  • 8:12 - 8:17
    Foi quando ela me disse: "Mari, eu vou
    colocar o nosso teto de arrecadação
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    em R$ 2 mil.
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    A gente nunca vai conseguir R$ 2 mil".
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    Quarenta e oito...
  • 8:28 - 8:30
    R$ 48 mil.
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    Foi o resultado da nossa vaquinha.
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    A minha vida virou uma gincana.
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    Eu tive que aprender tudo
    sobre lei de doação no Brasil.
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    Eu tive que falar com advogados,
  • 8:44 - 8:47
    a gente montou uma central pra entender
    o que as pessoas precisavam lá
  • 8:47 - 8:49
    e como a gente poderia ajudar.
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    Mas eu tinha só saído de casa
  • 8:52 - 8:54
    pra comprar papel higiênico.
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    Era tão pequeno, era tão pouco.
  • 8:57 - 9:00
    Várias pessoas começaram
    a nos ajudar também.
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    A gente ia no supermercado
    e comprava muitas e muitas coisas.
  • 9:08 - 9:11
    Este é o recibo de uma das compras.
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    Ele tinha quase o dobro do meu tamanho.
  • 9:17 - 9:20
    A gente não pode subestimar
    o poder dos detalhes,
  • 9:21 - 9:23
    a força de começar algo,
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    mas tem que partir de vocês.
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    A transformação
  • 9:30 - 9:35
    é a nossa energia única
    e humana em movimento.
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    Vasculhem o que tem dentro de vocês!
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    Vão com medo! Atrevam-se!
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    Começar algo pode ser
    muito, muito perigoso.
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    E pode ser também muito transformador.
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    Já pensou
  • 9:53 - 9:56
    se a gente pudesse fazer tudo
    o que a gente realmente pode?
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    Ou se o Papai Noel conseguisse
    acabar com as guerras?
  • 10:01 - 10:02
    Obrigada.
  • 10:02 - 10:04
    (Aplausos)
Title:
Que haja transformação e que comece comigo | Mariana Camardelli | TEDxPajuçara
Description:

Como pequenas ações podem, realmente, mudar o mundo. Mariana Camardelli é fundadora da Altos Eventos, empresa de design de eventos e experiências. Formada em marketing, optou por fazer vários cursos em diversos lugares do mundo, a escolher por um título que lhe oferecesse uma única visão sobre sua área.

É especialista em inovação, empreendedorismo e criatividade. Alguns dos eventos que tirou do papel foram o Startup Weekend e FailCon. Realizou a edição brasileira do 99u, evento sobre criatividade do qual é embaixadora no Brasil, além de ser host do Creative Mornings em São Paulo.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:06

Portuguese, Brazilian subtitles

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