Adam Kucharski sobre o que deve, e o que não deve, nos preocupar em relação ao coronavírus
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0:04 - 0:07Olá, sou Chris Anderson.
Bem-vindo ao The TED Interview. -
0:07 - 0:11Estamos preparando a sessão quatro
com convidados extraordinários, -
0:11 - 0:14mas não quero esperar por ela
para o episódio de hoje -
0:14 - 0:17porque estamos em meio a uma pandemia
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0:17 - 0:21e tenho um convidado com quem
realmente quero conversar agora. -
0:22 - 0:24Adam Kucharski,
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0:24 - 0:26um pesquisador de doenças contagiosas
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0:26 - 0:29que se concentra na modelagem
matemática de pandemias. -
0:30 - 0:34É professor associado da London School
of Hygiene and Tropical Medicine -
0:34 - 0:36e TED Fellow.
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0:36 - 0:37(Música)
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0:37 - 0:40(TED Talk) Adam Kucharski:
Quais comportamentos -
0:40 - 0:42são realmente importantes em uma epidemia?
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0:42 - 0:45Conversas, contato físico?
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0:45 - 0:49Que tipo de dados deveríamos
coletar antes de um surto, -
0:49 - 0:52se queremos prever
como a infecção pode se espalhar? -
0:52 - 0:56Para descobrir isso, nossa equipe
constrói um modelo matemático. -
0:56 - 1:00Chris Anderson: Quando se trata
de ter uma opinião sobre essa pandemia, -
1:00 - 1:02conhecida tecnicamente como COVID-19
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1:02 - 1:05e informalmente como coronavírus,
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1:05 - 1:08acho o pensamento dele incrivelmente útil.
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1:08 - 1:10E estou empolgado
por mergulhar nisso com você. -
1:10 - 1:13Peço atenção especial
dos meus amigos do Twitter -
1:13 - 1:15que sugeriram várias perguntas.
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1:15 - 1:18Sei que esse tópico
está na mente de todos. -
1:18 - 1:22Espero que este episódio nos dê
uma visão mais detalhada -
1:22 - 1:26para pensarmos sobre como essa pandemia
se desenrolou até agora, -
1:26 - 1:28o que ainda pode vir
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1:28 - 1:30e o que podemos fazer
a respeito, coletivamente. -
1:31 - 1:32Vamos lá.
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1:32 - 1:34(Música)
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1:38 - 1:40Adam, bem-vindo ao The TED Interview.
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1:40 - 1:41Adam Kucharski: Obrigado.
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1:42 - 1:45CA: Vamos começar com o básico.
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1:45 - 1:48A reação de muitas pessoas céticas,
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1:48 - 1:51nas últimas semanas com certeza,
talvez menos, agora, -
1:51 - 1:57tem sido: "Ah, não é tudo isso,
temos relativamente poucos casos, -
1:57 - 1:59comparado com a gripe,
com qualquer outra coisa. -
1:59 - 2:01Temos problemas bem maiores no mundo.
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2:01 - 2:04Por que tanto alvoroço quanto a isso?"
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2:05 - 2:08E a resposta para isso
se resume a cálculos. -
2:08 - 2:14Falamos basicamente sobre cálculos
de crescimento exponencial, certo? -
2:14 - 2:16AK: Exato.
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2:16 - 2:20Usamos um número para termos uma ideia
da facilidade com que o vírus se espalha -
2:20 - 2:22e o nível de transmissão
com que estamos lidando. -
2:23 - 2:26É o chamado "número de reprodução"
que, conceitualmente, é: -
2:26 - 2:29quantas pessoas são infectadas,
em média, para cada caso. -
2:30 - 2:33Isso nos dá uma ideia
de como a infecção cresce, -
2:33 - 2:34como vai ser esse crescimento.
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2:34 - 2:39Para o coronavírus,
vemos isso em diversos países, -
2:39 - 2:42cada pessoa transmite, em média,
para duas ou três outras. -
2:43 - 2:44CA: Em relação ao número de reprodução,
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2:44 - 2:48a primeira coisa é entender
que qualquer valor acima de um -
2:48 - 2:51significa que o surto vai aumentar.
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2:51 - 2:55Qualquer valor abaixo de um
quer dizer que vai diminuir. -
2:56 - 2:57AK: Exato, se for acima de um,
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2:57 - 3:00cada grupo de pessoas infectadas
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3:00 - 3:02gera mais infecções do que havia antes.
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3:02 - 3:04E veremos o efeito exponencial:
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3:04 - 3:08se for dois, a cada ciclo
dobraremos o número de infectados -
3:08 - 3:12e, se for menor do que um,
na média, vai diminuir. -
3:13 - 3:14CA: Com um valor igual a dois ou maior,
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3:14 - 3:18acho que todos conhecem a famosa história
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3:18 - 3:20do tabuleiro de xadrez
e os grãos de arroz: -
3:20 - 3:24se dobrarmos o número de grãos
em cada casa do tabuleiro, -
3:24 - 3:28nas primeiras 10 ou 15 casas
não acontece muita coisa, -
3:28 - 3:30mas, na 64º casa,
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3:30 - 3:35teremos toneladas de arroz
para cada pessoa no planeta. -
3:35 - 3:38O crescimento exponencial é algo incrível.
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3:38 - 3:42E na verdade não devemos prestar atenção
aos números baixos que temos agora, -
3:42 - 3:45mas sim aos modelos do que está por vir.
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3:46 - 3:47AK: Exato.
-
3:47 - 3:49Obviamente, se continuarmos
com o crescimento exponencial, -
3:49 - 3:53podemos chegar a números
incrivelmente grandes. -
3:53 - 3:55Mas, mesmo observando as projeções
para daqui a um mês, -
3:55 - 3:59se o número de reprodução for três,
cada pessoa infecta três outras, na média, -
3:59 - 4:03a diferença entre esse ciclos
de infecção é de cerca de cinco dias. -
4:03 - 4:05Então imagine que surja um caso agora,
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4:05 - 4:09em um mês temos seis
desses ciclos de cinco dias. -
4:09 - 4:11Ao final do mês,
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4:11 - 4:13essa pessoa pode ter gerado
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4:13 - 4:16cerca de 729 casos.
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4:16 - 4:17Então, mesmo em um mês,
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4:17 - 4:21a escala de transmissão pode disparar,
se não for controlada. -
4:22 - 4:26CA: E isso parece acontecer na maioria
dos números que analisamos agora, -
4:26 - 4:31quando o vírus está
nos estágios iniciais em um país. -
4:31 - 4:36Você mostrou um modelo
através do qual podemos entender -
4:36 - 4:38mais claramente esse número de reprodução,
-
4:38 - 4:42e me parece que essa é a essência
da forma como pensamos sobre o vírus, -
4:42 - 4:46como reagimos a ele
e o quanto devemos temê-lo. -
4:46 - 4:48No seu raciocínio,
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4:48 - 4:51você o separou em quatro componentes,
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4:51 - 4:54que chamou de DOTS:
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4:54 - 4:57Duração, Oportunidades,
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4:57 - 4:59probabilidade de Transmissão
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4:59 - 5:00e Suscetibilidade.
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5:00 - 5:04Seria realmente útil
explicar cada um deles, -
5:04 - 5:07porque há uma equação bem simples
-
5:07 - 5:12que vincula esses quatro componentes
ao número de reprodução. -
5:12 - 5:13Fale sobre eles.
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5:13 - 5:15Duração, o que isso significa?
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5:15 - 5:18AK: Duração é o tempo pelo qual
uma pessoa pode infectar outras. -
5:19 - 5:20Intuitivamente,
-
5:20 - 5:24se uma pessoa pode infectar outra
por um período maior, -
5:24 - 5:26vamos dizer, duas vezes mais que outra,
-
5:26 - 5:30ela espalha a infecção
pelo dobro do tempo. -
5:31 - 5:36CA: E qual é a estimativa
de duração desse vírus -
5:36 - 5:40comparado com a gripe ou outros patógenos?
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5:40 - 5:44AK: Depende um pouco do que acontece
enquanto uma pessoa pode infectar outras. -
5:44 - 5:47Se ela for isolada rapidamente,
esse tempo diminui, -
5:47 - 5:51mas consideramos que ela infecta
outras por cerca de uma semana, -
5:51 - 5:54antes de ser isolada no hospital.
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5:55 - 5:59CA: E ela pode nem apresentar sintomas
-
5:59 - 6:01durante a semana inteira, certo?
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6:01 - 6:05Uma pessoa é infectada,
há um período de incubação. -
6:06 - 6:09Durante esse período,
-
6:09 - 6:11ela passa a infectar outras,
-
6:11 - 6:15e pode haver um período posterior
em que ela apresenta sintomas, -
6:15 - 6:18e não está claro como essas datas
se encaixam, certo? -
6:18 - 6:21AK: Não, estamos buscando mais informação.
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6:21 - 6:25Um dos sinais que vemos nos dados,
-
6:25 - 6:28que sugere que ocorre transmissão precoce,
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6:28 - 6:32é o intervalo que há
entre uma infecção e outra. -
6:32 - 6:35Isso parece ser cerca de cinco dias.
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6:35 - 6:38O período de incubação,
o tempo para os sintomas aparecerem, -
6:38 - 6:39também é de cinco dias.
-
6:40 - 6:45Se a maioria das pessoas infecta as outras
quando está assintomática, -
6:45 - 6:49temos o período de incubação mais o tempo
em que elas infectam outras pessoas. -
6:49 - 6:51O fato de esses valores
parecerem similares -
6:51 - 6:54sugere que algumas pessoas transmitem
-
6:54 - 6:58muito no início ou possivelmente
antes de apresentarem sintomas claros. -
6:58 - 7:02CA: Isso quase significa que, na média,
-
7:02 - 7:04as pessoas infectam outras
-
7:04 - 7:07tanto antes quanto depois
de apresentarem sintomas. -
7:07 - 7:08AK: Possivelmente.
-
7:08 - 7:10Obviamente são dados iniciais,
-
7:10 - 7:13mas há boas evidências
de que um número considerável de pessoas, -
7:13 - 7:16antes de apresentarem sintomas claros
-
7:16 - 7:20ou quando ainda não apresentam
febre e tosse, mas se sentem mal, -
7:20 - 7:23espalham vírus durante esse período.
-
7:24 - 7:28CA: Isso é bem diferente
da gripe, por exemplo? -
7:29 - 7:31AK: Na verdade, nesse aspecto,
é similar à gripe. -
7:32 - 7:36Uma das razões para a gripe pandêmica
ser tão difícil de controlar e tão temida -
7:36 - 7:41é porque muitas transmissões ocorrem
antes de a pessoa estar seriamente doente. -
7:41 - 7:44Ou seja, quando identificamos um caso,
-
7:44 - 7:47essa pessoa provavelmente
já infectou inúmeras outras. -
7:47 - 7:49CA: Esse é o truque deste vírus,
-
7:49 - 7:54e explica por que é tão difícil
fazer algo a respeito. -
7:54 - 7:56O vírus está adiante de nós o tempo todo,
-
7:56 - 7:59e não podemos simplesmente prestar atenção
-
7:59 - 8:01em como alguém se sente
ou o que está fazendo. -
8:01 - 8:03A propósito, como isso acontece?
-
8:03 - 8:05Como uma pessoa infecta outra
-
8:05 - 8:08antes mesmo de apresentar sintomas?
-
8:08 - 8:12Normalmente pensamos
que uma pessoa espirra, -
8:12 - 8:14gotículas se espalham pelo ar,
outra pessoa as inala, -
8:14 - 8:16e a infecção acontece.
-
8:16 - 8:21O que realmente acontece para infectar
antes de apresentar sintomas? -
8:22 - 8:24AK: O nível de transmissão desse vírus
-
8:24 - 8:27não é o mesmo, por exemplo, do sarampo,
-
8:27 - 8:29em que alguém espirra,
muitos vírus são expelidos, -
8:29 - 8:32e muitas pessoas suscetíveis
podem ser expostas a eles. -
8:32 - 8:37Logo no início, mesmo que os sintomas
sejam bem leves, talvez um pouco de tosse, -
8:37 - 8:40é suficiente para expelir alguns vírus,
-
8:40 - 8:44e parte do nosso trabalho
foi tentar analisar reuniões íntimas, -
8:44 - 8:48refeições em que as pessoas estão
muito próximas, como em uma cabana, -
8:48 - 8:51e, mesmo nessas situações,
alguém pode estar levemente doente, -
8:51 - 8:54mas espalhar vírus suficiente
e, de alguma forma, expor os outros; -
8:54 - 8:56ainda não sabemos exatamente como,
-
8:56 - 8:59mas isso é suficiente
para causar infecção. -
8:59 - 9:03CA: Mas se alguém está levemente doente,
ainda não apresenta sintomas? -
9:03 - 9:08Não há evidências de que, mesmo antes
de saberem que estão doentes, -
9:08 - 9:10algo esteja acontecendo?
-
9:10 - 9:14Um artigo alemão publicado esta semana
-
9:14 - 9:18sugere que, mesmo bem no início,
-
9:18 - 9:21se passarmos um cotonete
no fundo da garganta de alguém, -
9:21 - 9:26centenas de milhares desses vírus
já estão se reproduzindo lá. -
9:26 - 9:30É possível alguém estar
respirando normalmente -
9:30 - 9:33e transmitindo alguns vírus pelo ar,
-
9:33 - 9:35sem nem saber,
-
9:35 - 9:39que vão infectar as pessoas diretamente
ou se instalar em superfícies? -
9:39 - 9:42AK: Estamos tentando definir
o quanto isso [inaudível]. -
9:42 - 9:45Como você disse, há evidências
de que pessoas sem sintomas -
9:45 - 9:48podem estar com o vírus na garganta.
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9:48 - 9:51Então, com certeza, ele pode ser exalado,
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9:51 - 9:54mas será que esse é um evento muito raro
para que a transmissão real ocorra -
9:54 - 9:59ou vemos mais infecções
ocorrerem dessa forma? -
9:59 - 10:02São dados muito iniciais,
essa é uma peça do quebra-cabeça, -
10:02 - 10:05mas estamos tentando descobrir
como se encaixa com o que sabemos -
10:05 - 10:08sobre outros tipos de transmissão.
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10:08 - 10:14CA: Certo, então duração é
a duração do período de transmissão. -
10:14 - 10:18Achamos que é de cinco a seis dias, certo?
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10:18 - 10:19AK: Possivelmente uma semana,
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10:19 - 10:23depende do que acontece às pessoas
que estão no período infeccioso. -
10:23 - 10:26CA: E há pessoas com teste positivo
-
10:26 - 10:29muito depois de serem infectadas.
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10:29 - 10:33Pode ser verdade, mas provavelmente
não infectavam tanto, na época. -
10:33 - 10:34Está correto pensar assim?
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10:34 - 10:36AK: Estamos trabalhando com essa teoria,
-
10:36 - 10:38de que grande parte
da infecção ocorre no início. -
10:38 - 10:40Vemos isso para várias
infecções respiratórias, -
10:40 - 10:43quando as pessoas ficam
gravemente doentes, -
10:43 - 10:48o comportamento delas é muito diferente
de quando podem andar por aí normalmente. -
10:50 - 10:54CA: E comparando esse número D
com o de outros casos, como a gripe, -
10:54 - 10:56eles são semelhantes?
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10:56 - 10:58Qual é o número D da gripe?
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10:58 - 11:01AK: Para a gripe provavelmente
é um pouco menor -
11:01 - 11:05em termos do período em que as pessoas
transmitem ativamente o vírus. -
11:05 - 11:07A gripe passa muito rápido
-
11:07 - 11:09de um caso para o outro, na verdade.
-
11:09 - 11:14Possivelmente cerca de três dias
para infectar outra pessoa. -
11:15 - 11:18No outro extremo da escala,
temos coisas como as DSTs, -
11:18 - 11:21em que a duração pode ser de vários meses.
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11:21 - 11:22CA: Certo.
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11:22 - 11:27Bem, realmente nada tão incomum até agora,
em termos desse vírus em particular. -
11:27 - 11:30Vamos olhar para o O, oportunidade.
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11:30 - 11:31O que é isso?
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11:31 - 11:33AK: Oportunidade mede
-
11:33 - 11:37quantas chances o vírus tem
para se propagar através de interações -
11:37 - 11:39no período infeccioso de uma pessoa.
-
11:39 - 11:41É uma medida típica
de comportamento social. -
11:42 - 11:45Quantos contatos sociais
as pessoas fazem, em média, -
11:45 - 11:49que criam oportunidades de transmissão
durante o período infeccioso? -
11:49 - 11:54CA: Então, é o número de pessoas
das quais você se aproximou o suficiente, -
11:54 - 11:56durante um determinado dia,
-
11:56 - 11:58para ter a chance de infectá-las.
-
11:58 - 12:01E esse número,
-
12:01 - 12:05em um ambiente urbano normal,
se as pessoas não tomarem precauções, -
12:05 - 12:07pode chegar a centenas?
-
12:07 - 12:09AK: É possível, para algumas pessoas.
-
12:09 - 12:11Fizemos vários estudos
analisando isso nos últimos anos, -
12:11 - 12:15e a média, em termos de contato físico,
é de cerca de cinco pessoas por dia. -
12:15 - 12:20A maioria das pessoas tem conversas
ou contato com cerca de 10 a 15 pessoas, -
12:20 - 12:25mas as saudações físicas
variam muito em cada cultura. -
12:25 - 12:28CA: E posso presumir que, para esse vírus,
-
12:28 - 12:31esse número não é diferente
do que para qualquer outro. -
12:31 - 12:34Essa é apenas uma característica
da vida que vivemos. -
12:35 - 12:37AK: Para esse número,
-
12:37 - 12:39se é afetado por esse tipo de interação,
-
12:39 - 12:42e já vimos isso para a gripe
e outras infecções respiratórias, -
12:42 - 12:46as interações físicas cotidianas
e os contatos muito próximos -
12:46 - 12:49parecem ser os mais importantes
para a transmissão. -
12:49 - 12:52CA: Talvez haja uma diferença.
-
12:52 - 12:56O fato de uma pessoa infectar outras
antes de apresentar sintomas -
12:56 - 13:00pode significar que nesse caso
haja mais oportunidades. -
13:00 - 13:03Isso faz parte da "personalidade"
desse vírus, por assim dizer. -
13:03 - 13:07Por não deixar transparecer
que está em alguém, -
13:07 - 13:10as pessoas continuam a interagir,
a ir para o trabalho, -
13:10 - 13:14a pegar o metrô e assim por diante,
sem nem saber que estão doentes. -
13:14 - 13:15AK: Exato.
-
13:15 - 13:18E no caso da gripe, quando as pessoas
ficam claramente doentes, -
13:18 - 13:20seus contatos sociais diminuem.
-
13:20 - 13:23Portanto, um vírus que pode ser infeccioso
-
13:23 - 13:26enquanto as pessoas vivem seu dia a dia,
-
13:26 - 13:29realmente tem uma vantagem
em termos de transmissão. -
13:29 - 13:30CA: Na sua modelagem,
-
13:30 - 13:35o número de oportunidades
é maior que o da gripe? -
13:35 - 13:40AK: No momento,
usamos valores semelhantes, -
13:40 - 13:43então tentamos observar, por exemplo,
-
13:43 - 13:45contatos físicos em diferentes populações.
-
13:45 - 13:48Mas estamos aumentando o risco.
-
13:48 - 13:50Então, chegamos ao termo T.
-
13:50 - 13:52Entre cada contato,
-
13:52 - 13:55qual o risco de ocorrer
um evento de transmissão? -
13:55 - 13:57CA: Tudo bem, vamos para o próximo número,
-
13:57 - 14:00a probabilidade de transmissão T.
-
14:00 - 14:02Como você define isso?
-
14:02 - 14:05AK: Esse número mede, basicamente,
-
14:05 - 14:07a chance de o vírus se espalhar
-
14:07 - 14:10durante uma oportunidade
ou interação específica. -
14:10 - 14:13Pode-se ter uma conversa com alguém
-
14:13 - 14:17sem tossir ou espirrar
-
14:17 - 14:19ou na qual, por algum motivo,
o vírus não se espalha -
14:19 - 14:21e não expõe a outra pessoa.
-
14:21 - 14:26Como mencionei, digamos que as pessoas
têm dez conversas por dia, -
14:26 - 14:29mas não vemos uma pessoa infectar
dez outras por dia com este vírus. -
14:29 - 14:31Isso sugere que nem todas
essas oportunidades -
14:31 - 14:34resultam na disseminação do vírus.
-
14:35 - 14:39CA: Mas dizem que é um vírus infeccioso.
-
14:39 - 14:42Como é esse número
de probabilidade de transmissão -
14:42 - 14:44comparado, por exemplo, com o da gripe?
-
14:45 - 14:49AK: Em algumas análises observamos
as interações muito próximas. -
14:49 - 14:51Analisamos cerca de dez
estudos de caso diferentes -
14:51 - 14:57e descobrimos que um terço desses contatos
foram infectados no estágio inicial, -
14:57 - 14:59quando as pessoas não sabiam
que estavam doentes. -
14:59 - 15:01Portanto, nessas refeições
em grandes grupos, -
15:01 - 15:05cada contato teria, potencialmente,
cerca de uma chance em três -
15:05 - 15:07de ser exposto.
-
15:07 - 15:10Para a gripe sazonal,
que tende a ser um pouco menor, -
15:10 - 15:12mesmo em residências e ambientes fechados,
-
15:12 - 15:14os números não são
necessariamente tão altos. -
15:15 - 15:18Mesmo para a SARS,
-
15:18 - 15:22o risco por interação
-
15:22 - 15:24era menor do que constatamos
para o coronavírus. -
15:24 - 15:28O que intuitivamente faz sentido,
deve haver um risco maior por interação, -
15:28 - 15:31se ele se espalha tão facilmente.
-
15:32 - 15:36Certo, e a quarta letra do DOTS
-
15:36 - 15:38é o S, de suscetibilidade.
-
15:40 - 15:41O que é isso?
-
15:41 - 15:45AK: Essa é a medida da proporção
da população suscetível ao vírus. -
15:46 - 15:48Imagine que ocorrem interações,
-
15:48 - 15:50um vírus se espalha,
pessoas são expostas a ele, -
15:50 - 15:52mas algumas pessoas
podem ter sido vacinadas -
15:52 - 15:54ou ter alguma imunidade
-
15:54 - 15:58e não desenvolvem a infecção
nem infectam outras pessoas. -
15:58 - 16:01Portanto, temos que levar em conta
essa potencial proporção de pessoas -
16:01 - 16:04que não se transformam em casos.
-
16:06 - 16:12CA: Obviamente, ainda não há
vacina para o coronavírus, -
16:12 - 16:16e, pelo menos até onde sabemos,
inicialmente ninguém está imune. -
16:16 - 16:20Você está modelando um valor bem alto
para esse número de suscetibilidade, -
16:20 - 16:22isso é parte do problema?
-
16:22 - 16:27AK: Sim, a evidência é de que populações
são totalmente suscetíveis, -
16:27 - 16:29e, mesmo em áreas
como a China, por exemplo, -
16:29 - 16:33onde houve muita transmissão, mas houve
medidas de controle muito fortes, -
16:33 - 16:35estimamos que, ao final de janeiro,
-
16:35 - 16:38cerca de 95% da população de Wuhan
ainda era suscetível ao vírus. -
16:38 - 16:44Portanto, houve muita infecção,
mas isso não afetou muito o DOTS, -
16:44 - 16:47os quatro componentes
que impulsionam a transmissão. -
16:47 - 16:49CA: O modo como o cálculo funciona,
-
16:49 - 16:51devo confessar
-
16:51 - 16:55que, em meio ao estresse
de toda essa situação, -
16:55 - 16:58meu lado nerd ama
a elegância da matemática, -
16:58 - 17:01nunca pensei nisso dessa forma,
-
17:01 - 17:03mas basicamente
multiplicamos esses números -
17:03 - 17:05para obter o número de reprodução.
-
17:05 - 17:07É isso?
-
17:07 - 17:10AK: Sim, praticamente trilhamos o caminho
da infecção durante a transmissão -
17:10 - 17:11ao multiplicar esses números,
-
17:12 - 17:14e obtemos o número de reprodução do vírus.
-
17:14 - 17:18CA: E isso é muito lógico.
-
17:18 - 17:21É o número de dias em que você
pode infectar outras pessoas, -
17:21 - 17:23e o número de pessoas, em média,
-
17:23 - 17:26que você tem oportunidade
de infectar durante esses dias. -
17:27 - 17:31Multiplicamos isso
pela probabilidade de transmissão, -
17:31 - 17:37ou seja, a probabilidade de o vírus
se instalar nessas pessoas, como disse. -
17:37 - 17:39E então multiplicar
pelo número de suscetibilidade. -
17:39 - 17:43Nesse caso, qual você acha que é
a probabilidade de suscetibilidade? -
17:44 - 17:47AK: Podemos assumir que é de quase 100%
-
17:47 - 17:49em termos de propagação.
-
17:50 - 17:52CA: Certo, multiplicamos esses números
-
17:52 - 17:57e, hoje, para o coronavírus,
-
17:57 - 18:02dois a três é o número mais plausível,
-
18:03 - 18:05e significa um crescimento muito rápido.
-
18:05 - 18:08AK: Exato, nesses surtos não controlados,
-
18:08 - 18:10e vemos vários países neste estágio,
-
18:10 - 18:13esse crescimento realmente é rápido.
-
18:14 - 18:19CA: E como essa estimativa
de dois a três se compara à gripe? -
18:19 - 18:24A gripe sazonal deve ter uma estimativa,
quando se espalha no inverno, -
18:24 - 18:28que cai bem abaixo de um
em outras épocas do ano, -
18:28 - 18:30para o número de reprodução.
-
18:30 - 18:33Mas qual é a estimativa durante
o período de gripe sazonal? -
18:34 - 18:37AK: No início da temporada da gripe,
-
18:37 - 18:42provavelmente acharemos
algo entre 1,2 e 1,4. -
18:42 - 18:44Não é incrivelmente transmissível,
-
18:44 - 18:48se imaginarmos que a população
tem alguma imunidade pela vacinação -
18:48 - 18:49e outras coisas.
-
18:49 - 18:51Portanto, pode se espalhar,
está acima de um, -
18:51 - 18:54mas não necessariamente dispara
tão rapidamente quanto o coronavírus. -
18:55 - 18:58CA: Quero voltar a dois desses elementos,
-
18:58 - 19:01a oportunidade e a
probabilidade de transmissão, -
19:01 - 19:04porque eles parecem ter
-
19:04 - 19:07mais chance de realmente agir
sobre a taxa de infecção. -
19:07 - 19:11Antes disso, vamos falar
sobre outro número-chave, -
19:11 - 19:14que é a taxa de mortalidade.
-
19:14 - 19:15Antes de tudo,
-
19:15 - 19:18há duas versões diferentes
da taxa de mortalidade -
19:18 - 19:20que talvez confundam as pessoas.
-
19:20 - 19:22Você poderia defini-las?
-
19:22 - 19:26AK: O que é frequentemente conhecido
como taxa de mortalidade -
19:26 - 19:30é a proporção dos casos com sintomas
-
19:31 - 19:34que se tornam fatais.
-
19:34 - 19:37Às vezes também falamos sobre
a taxa de mortalidade da infecção, -
19:37 - 19:41ou seja, de todos os infectados,
independentemente dos sintomas, -
19:41 - 19:44quantos se tornarão fatais.
-
19:44 - 19:50Mas a maioria dos valores que vemos
é a taxa de mortalidade de casos. -
19:50 - 19:54CA: Então, qual é a taxa
de mortalidade deste vírus -
19:54 - 19:57e, novamente, como isso se compara
a outros patógenos? -
19:58 - 20:00AK: Alguns números estão surgindo.
-
20:00 - 20:04Um dos desafios em tempo real é que
muitas vezes não vemos todos os casos, -
20:04 - 20:07há pessoas sintomáticas
que não são reportadas. -
20:07 - 20:08E também há um atraso.
-
20:08 - 20:12Por exemplo, se 100 pessoas compareceram
a um hospital com coronavírus -
20:12 - 20:13e nenhuma morreu ainda,
-
20:13 - 20:16não significa que a taxa
de mortalidade é zero; -
20:16 - 20:18precisamos esperar
pelo que vai acontecer a elas. -
20:18 - 20:21Quando ajustamos
a subnotificação e o atraso, -
20:22 - 20:25a melhor estimativa para a mortalidade
dos casos é de cerca de 1%. -
20:25 - 20:28Portanto, em média, cerca de 1%
das pessoas com sintomas -
20:28 - 20:29têm um resultado fatal.
-
20:29 - 20:32E isso deve ser dez vezes pior
que a gripe sazonal. -
20:34 - 20:37CA: É uma comparação assustadora
-
20:37 - 20:40dado o número de pessoas
que morrem de gripe. -
20:40 - 20:45Quando a Organização Mundial da Saúde
mencionou um número mais alto, -
20:45 - 20:48de 3,4%, há pouco tempo,
-
20:48 - 20:50foi criticada.
-
20:50 - 20:54Explique por que isso pode ter
desorientado as pessoas, -
20:54 - 20:57e como pensar e se ajustar a isso.
-
20:57 - 21:00AK: É muito comum as pessoas
olharem esses números brutos, -
21:00 - 21:03analisarem quantos casos
e quantas mortes temos até agora, -
21:03 - 21:04e considerarem essa proporção.
-
21:04 - 21:08Mesmo há algumas semanas,
esse número era 2%. -
21:08 - 21:11Mas, se considerarmos o efeito do atraso,
-
21:11 - 21:13mesmo que não surjam novos casos,
-
21:13 - 21:16ainda ocorrerão resultados fatais
ao longo do tempo, -
21:16 - 21:18que podem aumentar esse número.
-
21:18 - 21:22Isso ocorreu em todas as epidemias,
da gripe pandêmica ao Ebola, -
21:22 - 21:23vemos isso constantemente.
-
21:23 - 21:26Alertei várias pessoas
de que esse número aumentará, -
21:26 - 21:30à medida que os casos na China diminuírem,
parecerá que estão aumentando, -
21:30 - 21:33mas é só uma particularidade estatística.
-
21:33 - 21:35Não há nada por trás disso,
-
21:35 - 21:38não estão ocorrendo
mutações ou algo assim. -
21:39 - 21:42CA: Se entendi bem,
há dois efeitos em andamento. -
21:42 - 21:48Um é que o número de mortes
dos casos existentes aumentará, -
21:48 - 21:52o que na verdade elevará
ainda mais esses 3,4%. -
21:52 - 21:55Mas devemos compensar isso
com o fato de que, aparentemente, -
21:56 - 21:58um grande número de casos
passou despercebido -
21:58 - 22:02e, devido a falhas na testagem,
-
22:02 - 22:05o número de mortes
-
22:05 - 22:08provavelmente reflete um número
prévio de casos muito maior, certo? -
22:09 - 22:11AK: Exato, temos algo
que eleva esse número -
22:11 - 22:13e algo que o diminui.
-
22:13 - 22:18Significa que, se as estimativas iniciais
só forem ajustadas em relação ao atraso -
22:18 - 22:20sem pensarmos nos casos não relatados,
-
22:20 - 22:22começamos a ter números
realmente muito assustadores. -
22:22 - 22:25Podemos chegar a 20%, 30%,
-
22:25 - 22:29o que realmente não se enquadra
no que sabemos sobre esse vírus em geral. -
22:30 - 22:31CA: Certo.
-
22:32 - 22:33Há muito mais dados agora.
-
22:33 - 22:37Do seu ponto de vista,
a taxa de mortalidade provável, -
22:37 - 22:42pelo menos no estágio inicial
de uma infecção, -
22:42 - 22:44é de cerca de 2%?
-
22:44 - 22:49AK: No geral, podemos pensar
em algo na faixa de 0,5% a 2%, -
22:49 - 22:51e isso está em vários
conjuntos de dados diferentes. -
22:51 - 22:53Isso para pessoas que apresentam sintomas.
-
22:53 - 22:57Em média, 1% é um bom número
para se trabalhar. -
22:57 - 22:58CA: Certo, 1%.
-
22:58 - 23:01Para a gripe, costuma ser 0,1%,
-
23:01 - 23:07então, essa doença é de cinco a dez vezes
mais perigosa que a gripe. -
23:07 - 23:11E esse perigo não é simétrico
entre as faixas etárias, como se sabe. -
23:11 - 23:14Afeta principalmente os idosos.
-
23:14 - 23:16AK: Sim, na média é 1%,
-
23:16 - 23:21mas, para pessoas com mais de 60, 70,
esse número realmente dispara. -
23:21 - 23:24Estimamos que nos grupos
de maior faixa etária -
23:24 - 23:29haja 5%, talvez 10% de mortalidade.
-
23:29 - 23:33Além disso, claro, precisamos
considerar os casos graves -
23:33 - 23:35e as pessoas que precisarão
de hospitalização. -
23:35 - 23:39E esses riscos aumentam muito
nos grupos de maior faixa etária. -
23:41 - 23:43CA: Adam, junte esses números para nós.
-
23:43 - 23:49Nos seus modelos, se você considerar
uma taxa de reprodução de 2% a 3% -
23:49 - 23:53e uma taxa de mortalidade de 0,5% a 1%
-
23:53 - 23:56e executar a simulação,
-
23:56 - 23:58como ela será?
-
23:59 - 24:04AK: Se temos uma transmissão descontrolada
e número de reprodução de 2% ou 3% -
24:04 - 24:06e não fazemos nada a respeito,
-
24:06 - 24:07a única maneira de o surto terminar
-
24:07 - 24:10é com um número suficiente de pessoas
contraindo a doença, -
24:10 - 24:12a imunidade geral aumenta,
-
24:12 - 24:15e o surto acabar por conta própria.
-
24:15 - 24:19Nesse caso, espera-se que uma parcela
muito grande da população seja infectada. -
24:19 - 24:21É o que vemos
-
24:21 - 24:24em muitos outros surtos não contidos,
-
24:24 - 24:26que basicamente
se espalham pela população, -
24:26 - 24:28e um grande número de pessoas
são infectadas. -
24:28 - 24:31Com taxas de mortalidade
e de hospitalização como essas, -
24:31 - 24:35seria realmente muito prejudicial
se isso ocorresse. -
24:35 - 24:37Nacionalmente,
-
24:37 - 24:39e a Itália é um bom exemplo no momento,
-
24:39 - 24:43se temos uma transmissão inicial
não detectada e um crescimento tão rápido, -
24:43 - 24:47o sistema de saúde rapidamente
fica sobrecarregado. -
24:47 - 24:51Um dos aspectos
mais desagradáveis deste vírus -
24:51 - 24:55é que, por haver esse tempo
entre a infecção, os sintomas -
24:55 - 24:57e o comparecimento das pessoas
às unidades de saúde, -
24:57 - 24:59se o sistema de saúde está sobrecarregado,
-
24:59 - 25:02mesmo que se interrompa
completamente a transmissão, -
25:02 - 25:05já temos todas as pessoas
que foram expostas, -
25:05 - 25:07então ainda aparecerão casos,
e alguns deles graves, -
25:07 - 25:09por mais algumas semanas.
-
25:09 - 25:13Esse enorme acúmulo
de infecções e sobrecarga -
25:13 - 25:16acaba atingindo a população
através do sistema de saúde. -
25:17 - 25:20CA: Então, na verdade,
há outro número-chave: -
25:20 - 25:24como se relaciona o número total de casos
-
25:24 - 25:31à capacidade do sistema de saúde
de um país para processar todos eles? -
25:31 - 25:34Isso deve fazer uma enorme diferença
na taxa de mortalidade, -
25:34 - 25:37pessoas chegando com uma doença grave
-
25:37 - 25:40em um sistema de saúde capaz de atender
ou em um sobrecarregado. -
25:40 - 25:43A taxa de mortalidade será
muito diferente nesse aspecto. -
25:43 - 25:46AK: Se alguém precisar um leito de UTI,
vai ocupá-lo por algumas semanas -
25:46 - 25:48e há mais casos entrando no sistema,
-
25:48 - 25:51então a situação fica
muito difícil rapidamente. -
25:51 - 25:57CA: Fale sobre a diferença
entre contenção e mitigação. -
25:57 - 26:00São termos diferentes
sobre os quais temos ouvido falar muito. -
26:00 - 26:06Nos estágios iniciais do vírus,
os governos estão focando a contenção. -
26:06 - 26:08O que isso significa?
-
26:08 - 26:09AK: Contenção é a ideia
-
26:09 - 26:14de que podemos concentrar os esforços
no controle dos casos e de seus contatos. -
26:14 - 26:16Isso não causa perturbações
para a população em geral: -
26:16 - 26:19temos um caso, que será isolado,
-
26:19 - 26:21descobrimos com quem ele teve contato,
-
26:21 - 26:25quais foram as possíveis
oportunidades de exposição -
26:25 - 26:27e podemos acompanhar essa pessoa,
-
26:27 - 26:30colocá-la em quarentena para garantir
que não ocorram transmissões adicionais. -
26:30 - 26:33É um método muito focado e direcionado
-
26:33 - 26:35que funcionou muito bem para o SARS.
-
26:36 - 26:38Mas acho que, para esta infecção,
-
26:38 - 26:41como alguns casos não serão detectados,
-
26:41 - 26:45devemos realmente testar
um grande número de pessoas em risco. -
26:45 - 26:48Mas se alguns poucos escaparem dessa rede,
possivelmente teremos um surto. -
26:48 - 26:52CA: Algum país foi capaz
de empregar essa estratégia -
26:52 - 26:55e efetivamente conter o vírus?
-
26:55 - 26:59AK: Singapura tem feito
um trabalho realmente notável -
26:59 - 27:00nas últimas seis semanas.
-
27:01 - 27:03Além de algumas medidas mais amplas,
-
27:03 - 27:05eles fazem um trabalho incrível
-
27:05 - 27:08para rastrear quem teve contato
com pessoas infectadas. -
27:08 - 27:10Analisando imagens de CFTV,
-
27:10 - 27:13descobrindo qual táxi alguém pegou,
quem pode estar em risco, -
27:13 - 27:15um acompanhamento realmente completo.
-
27:15 - 27:18E por cerca de seis semanas,
isso impediu a transmissão. -
27:19 - 27:20CA: Isso é incrível.
-
27:20 - 27:25Então, alguém entra no país,
tem resultado positivo no teste, -
27:25 - 27:27eles vão a campo, com uma equipe enorme,
-
27:27 - 27:29e rastreiam tudo
-
27:29 - 27:31a ponto de dizer:
-
27:31 - 27:34"Não sabe qual táxi pegou?
Vamos descobrir". -
27:34 - 27:36E quando encontram o motorista do táxi,
-
27:36 - 27:39precisam tentar descobrir todos os outros
que estiveram naquele táxi? -
27:39 - 27:43AK: Eles se concentram nos contatos
próximos das pessoas em maior risco, -
27:43 - 27:47mas realmente diminuem a chance
de alguém escapar dessa rede. -
27:48 - 27:50CA: Mas mesmo em Singapura,
-
27:50 - 27:54se não me engano, os números
começaram a se aproximar de zero, -
27:54 - 27:57mas, recentemente, voltaram
a aumentar um pouco. -
27:57 - 27:58Ainda não está claro
-
27:58 - 28:02se eles realmente serão capazes
de sustentar a contenção. -
28:02 - 28:03AK: Exato.
-
28:03 - 28:07Vimos o número de reprodução
cair para 0,8, 0,9, talvez, -
28:07 - 28:09portanto abaixo da taxa crucial de um.
-
28:10 - 28:13Mas, na última semana ou duas,
ele parece ter aumentado, -
28:13 - 28:14e eles estão tendo mais casos.
-
28:14 - 28:18Mesmo que estejam contendo o vírus,
-
28:18 - 28:20acho que o mundo está passando por surtos
-
28:20 - 28:22e continua jogando faíscas de infecção,
-
28:22 - 28:25e fica cada vez mais difícil
acabar com todas elas -
28:25 - 28:27com esse nível de esforço intensivo.
-
28:27 - 28:29(Música)
-
28:48 - 28:50CA: No caso deste vírus,
-
28:50 - 28:54a maioria dos países foi alertada
de que isso estava acontecendo. -
28:54 - 28:58As notícias vindas da China
rapidamente se tornaram muito sombrias -
28:58 - 29:01e as pessoas tiveram tempo de se preparar.
-
29:01 - 29:06Como seria a preparação ideal
-
29:06 - 29:08sabendo que algo assim está por vir
-
29:08 - 29:10e que há muita coisa em jogo
-
29:10 - 29:13se conseguir contê-la com sucesso
antes que ela realmente fuja do controle? -
29:13 - 29:16AK: Acho que duas coisas
fariam uma diferença enorme. -
29:16 - 29:21Uma é ter um acompanhamento
e detecção o mais meticuloso possível. -
29:21 - 29:22Fizemos alguns modelos
-
29:22 - 29:25analisando a eficácia
desse tipo de contenção inicial. -
29:25 - 29:30E pode ser eficaz, se forem
identificadas 70% ou 80% -
29:30 - 29:33das pessoas que podem ter
entrado em contato com o vírus. -
29:33 - 29:38Mas, se não detectar
os casos novos e os contatos deles, -
29:38 - 29:41e no início o foco principal estava
no histórico de viagens para a China, -
29:41 - 29:44depois ficou claro
que a situação estava mudando, -
29:44 - 29:48mas como confiavam nisso
como definição de caso, -
29:48 - 29:52muitos outros casos que correspondiam
à definição não foram testados -
29:52 - 29:55porque não pareciam
estar potencialmente em risco. -
29:55 - 29:59CA: Então, se sabemos
que detecção precoce é a chave, -
29:59 - 30:01uma medida inicial essencial
-
30:01 - 30:06é garantir rapidamente que se tenha
testes suficientes disponíveis -
30:06 - 30:08onde forem necessários,
-
30:08 - 30:10para que se possa reagir,
-
30:10 - 30:14estar pronto para entrar em ação
assim que alguém for detectado, -
30:14 - 30:19e muito rapidamente testar
os contatos dele e assim por diante, -
30:19 - 30:22para ter uma chance
de manter isso sob controle. -
30:22 - 30:23AK: Exatamente.
-
30:23 - 30:26Minha linha de trabalho é
de que há valor em um teste negativo, -
30:26 - 30:29porque mostra que algo
que procuramos não está lá. -
30:29 - 30:33Portanto, um pequeno número
de pessoas testadas -
30:33 - 30:36não garante que não estamos
deixando casos passarem, -
30:36 - 30:39mas, se acompanharmos
minuciosamente os contatos, -
30:39 - 30:41como já vimos na Coreia,
-
30:41 - 30:43um grande número de pessoas é testada.
-
30:43 - 30:45Portanto, embora ainda apareçam casos,
-
30:45 - 30:49isso garante que eles têm uma ideia
de onde estão essas infecções. -
30:49 - 30:52CA: Você está no Reino Unido agora,
-
30:52 - 30:53eu estou nos EUA.
-
30:53 - 30:58Qual é a probabilidade
de tanto o Reino Unido -
30:58 - 31:02quanto os EUA conseguirem conter isso?
-
31:03 - 31:07AK: Acho bastante improvável,
nos dois casos. -
31:07 - 31:10Acho que o Reino Unido terá de introduzir
algumas medidas adicionais. -
31:10 - 31:14O momento para isso, obviamente,
depende um pouco da situação atual, -
31:14 - 31:16mas já testamos quase 30 mil pessoas.
-
31:17 - 31:22Acho que os EUA passarão desse número,
-
31:22 - 31:25dada a quantidade de evidências
de haver transmissão extensiva, -
31:25 - 31:28e, sem ter uma ideia clara
do número de infectados -
31:28 - 31:30e sem esse nível de testes,
-
31:30 - 31:34é muito difícil realmente saber
qual é o quadro atual nos EUA. -
31:35 - 31:41CA: Não quero levar isso para a política,
mas você não se impressiona... -
31:41 - 31:43o Reino Unido testou 30 mil pessoas,
-
31:43 - 31:46os EUA são 5 ou 6 vezes maior
-
31:46 - 31:49e o número total de testes aqui
era de 5 mil ou 6 mil há alguns dias. -
31:49 - 31:53Isso te parece bizarro?
-
31:53 - 31:57Sinceramente, não entendo
como isso aconteceu em um país letrado, -
31:57 - 31:59com tanto conhecimento
sobre doenças infecciosas. -
32:00 - 32:04AK: Sim, e obviamente há
vários fatores envolvidos, -
32:04 - 32:07logística e outros,
-
32:07 - 32:10mas houve um período de alerta
de que é uma ameaça e está chegando. -
32:10 - 32:14Os países precisam
garantir que são capazes -
32:14 - 32:17de detectar o máximo possível
de casos nos estágios iniciais, -
32:17 - 32:21porque é quando vão identificá-los
e terão uma chance melhor de contê-los. -
32:22 - 32:25CA: Se não conseguirmos contê-los,
-
32:25 - 32:28precisaremos mudar para alguma
estratégia de mitigação. -
32:28 - 32:31O que entra em jogo daí?
-
32:32 - 32:35E quero relembrar
-
32:35 - 32:41dois dos fatores DOTS: oportunidade
e probabilidade de transmissão, -
32:41 - 32:44pois o vírus é isso mesmo,
-
32:44 - 32:48e não há muito a fazer quanto ao período
em que alguém pode infectar outros. -
32:48 - 32:50Em relação à suscetibilidade,
-
32:50 - 32:53não podemos fazer muito
até haver uma vacina. -
32:53 - 32:55Podemos falar sobre isso daqui a pouco.
-
32:55 - 32:58Mas em relação à oportunidade
e probabilidade de transmissão, -
32:58 - 33:00podemos fazer algo.
-
33:00 - 33:05Talvez você queira falar sobre isso,
-
33:05 - 33:09ou sobre como criar
uma estratégia de mitigação? -
33:09 - 33:11Pensando primeiro em oportunidade,
-
33:11 - 33:15como reduzir o número de oportunidades
de transmissão do vírus? -
33:16 - 33:18AK: Para isso
-
33:18 - 33:21precisa haver uma mudança enorme
em nossas interações sociais. -
33:21 - 33:26Considerando um número de reprodução
por volta de dois ou três, -
33:26 - 33:31realmente precisamos cortar
alguns aspectos dessa transmissão -
33:31 - 33:34pela metade ou em dois terços
para que ele fique abaixo de um. -
33:34 - 33:38Para isso é preciso que todas
as oportunidades de espalhar o vírus, -
33:38 - 33:40os contatos próximos,
-
33:40 - 33:42sejam reduzidas,
-
33:42 - 33:45por toda a população,
-
33:45 - 33:48em dois terços, em média,
para controlar o surto. -
33:48 - 33:51Pode ser através do trabalho em casa,
-
33:51 - 33:53da mudança de estilo de vida,
-
33:53 - 33:56se você vai a lugares e jantares lotados.
-
33:57 - 33:59E, claro, medidas
como fechamento de escolas -
33:59 - 34:02e outras que tentam reduzir
-
34:02 - 34:03os contatos sociais de uma população.
-
34:04 - 34:08CA: Fale mais sobre
o fechamento de escolas, -
34:08 - 34:13porque, se bem me lembro, isso foi citado
muitas vezes em pandemias passadas -
34:13 - 34:15como uma medida absolutamente essencial,
-
34:15 - 34:21que as escolas representam
esse tipo de reunião de pessoas, -
34:21 - 34:25quando se trata de gripes e resfriados,
as crianças são portadoras do vírus. -
34:26 - 34:31Mas as crianças não parecem ficar doentes
com este vírus em particular, -
34:31 - 34:34ou pelo menos muito poucas.
-
34:34 - 34:39Elas podem transmitir o vírus?
-
34:39 - 34:42Podem ser portadoras
não intencionais dele? -
34:42 - 34:45Ou, de fato, há evidências
de que o fechamento das escolas -
34:45 - 34:49pode não ser tão importante
neste caso quanto em outros? -
34:49 - 34:52AK: A questão do papel
das crianças é crucial, -
34:52 - 34:55e ainda não há uma boa base de evidências.
-
34:55 - 34:57A partir do acompanhamento
dos contatos dos casos, -
34:57 - 34:59não há evidências
de que crianças sejam infectadas; -
34:59 - 35:02elas são expostas e, quando as testamos,
-
35:02 - 35:06não é que não estejam infectadas,
-
35:06 - 35:10mas não apresentam sintomas
da mesma maneira. -
35:10 - 35:11Especialmente para a gripe,
-
35:11 - 35:14ao analisar as implicações
do fechamento das escolas: -
35:14 - 35:17no Reino Unido, em 2009,
durante a gripe suína, -
35:17 - 35:20houve um declínio no surto
durante as férias escolares, -
35:20 - 35:24pode-se ver na curva da epidemia:
ela cai no verão e sobe no outono. -
35:24 - 35:28Mas, em 2009, havia alguma imunidade
nas faixas etárias maiores. -
35:28 - 35:31Isso levou a transmissão
para os mais jovens. -
35:31 - 35:35Estamos tentando entender isso.
-
35:35 - 35:37O fechamento das escolas
reduz as interações, -
35:37 - 35:39mas traz efeitos sociais indiretos,
-
35:40 - 35:43podendo afetar avós
-
35:43 - 35:47no papel de cuidadores alternativos,
se os pais têm que trabalhar. -
35:47 - 35:51Há muitas peças a considerar.
-
35:52 - 35:57CA: Com base em todas as diferentes
evidências que você analisou, -
35:57 - 35:58se dependesse de você,
-
35:58 - 36:02recomendaria que neste momento
a maioria dos países -
36:02 - 36:07analisasse com atenção o fechamento geral
das escolas como medida de precaução? -
36:07 - 36:09Vale a pena fazer isso
-
36:09 - 36:15como uma estratégia dolorosa
de dois, três, quatro, cinco meses? -
36:15 - 36:16O que você recomendaria?
-
36:16 - 36:17AK: O principal,
-
36:17 - 36:21dada a distribuição etária do risco
e a gravidade nos grupos mais velhos, -
36:21 - 36:25é reduzir as interações que trazem
a infecção para esses grupos. -
36:25 - 36:29Depois reduzir as interações
entre todas as pessoas o máximo possível. -
36:29 - 36:31O principal é
-
36:31 - 36:34que a carga da doença está tão localizada
no grupo de mais de 60 anos -
36:34 - 36:39que não se trata apenas de todos
tentarem evitar todas as interações, -
36:39 - 36:43mas de evitar os comportamentos
que levam as infecções a esses grupos. -
36:44 - 36:47CA: Isso significa que as pessoas
deveriam pensar duas vezes -
36:47 - 36:50antes de visitar um ente querido
-
36:50 - 36:55em clínicas ou lares para idosos?
-
36:55 - 36:59Devemos prestar uma atenção
muito especial a isso, -
36:59 - 37:04essas instalações devem tomar
muito cuidado com quem elas admitem, -
37:04 - 37:06verificando temperatura
e sintomas ou algo assim? -
37:06 - 37:09AK: Essas medidas definitivamente
devem ser consideradas. -
37:09 - 37:13No Reino Unido, estamos planejando
uma estratégia chamada de "encasulamento" -
37:13 - 37:15para os grupos de mais idade,
-
37:15 - 37:19na qual podemos realmente
tentar isolar o máximo possível -
37:19 - 37:22as interações de pessoas
que podem transmitir o vírus. -
37:22 - 37:24Basicamente, como você disse,
-
37:24 - 37:27não podemos atacar outros
aspectos da transmissão, -
37:27 - 37:30apenas reduzir o risco
de exposição desses grupos, -
37:30 - 37:34então qualquer coisa
que se possa fazer individualmente -
37:34 - 37:36para reduzir o risco de cada pessoa,
-
37:36 - 37:39seja ela idosa ou de outro grupo de risco,
-
37:39 - 37:41é crucial.
-
37:41 - 37:43No âmbito geral,
-
37:43 - 37:47essas medidas em larga escala podem ajudar
a reduzir as interações em geral, -
37:47 - 37:50mas se essas reduções acontecerem
-
37:50 - 37:53sem reduzir o risco das pessoas
que sofrerão doenças graves, -
37:53 - 37:57essa carga incrivelmente
pesada se manterá. -
37:58 - 38:05CA: As pessoas precisam aplicar
essa lente dupla ao pensar essas questões? -
38:05 - 38:09Ao seguir com sua vida, o risco é
você se infectar, pegar esse vírus. -
38:10 - 38:13Mas também há o risco
de, sem querer, ser portador -
38:13 - 38:16para alguém que sofrerá
muito mais do que você. -
38:16 - 38:20E precisamos ter
essas duas coisas em mente. -
38:20 - 38:22AK: Sim, não é só
a mão de quem você aperta, -
38:22 - 38:24é a mão de quem a outra
pessoa vai apertar. -
38:24 - 38:27E precisamos pensar
nessas etapas secundárias: -
38:27 - 38:31você pode achar que tem risco baixo
e que faz parte de um grupo mais jovem, -
38:31 - 38:34mas muitas vezes estará
a uma distância muito curta -
38:34 - 38:37de alguém que vai ser atingido
fortemente por isso. -
38:37 - 38:40Precisamos ter uma atitude social
-
38:40 - 38:43e isso pode ser muito dramático
em termos de mudança de comportamento, -
38:43 - 38:47mas é preciso reduzir o impacto
que potencialmente enfrentamos. -
38:49 - 38:51CA: Então, só podemos reduzir
o número de oportunidades -
38:51 - 38:56se reduzirmos o número de contatos físicos
que temos com outras pessoas. -
38:56 - 39:01E como diminuir
a probabilidade de transmissão? -
39:01 - 39:03Ela afeta a forma como interagimos.
-
39:03 - 39:07Você mencionou aperto de mão, imagino
que dirá para não apertarmos as mãos. -
39:07 - 39:09AK: Sim, mudanças como essa.
-
39:09 - 39:13Outra é a lavagem das mãos;
-
39:13 - 39:16podemos realizar
as mesmas atividades de antes, -
39:16 - 39:19mas ao lavar as mãos reduzimos a chance
-
39:19 - 39:22de espalhar a infecção
de uma interação para outra, -
39:22 - 39:26então todas essas medidas significam
que, mesmo ocorrendo exposições, -
39:26 - 39:30estamos tomando medidas adicionais
para evitar que ocorra alguma transmissão. -
39:30 - 39:33CA: A maioria das pessoas
não entende completamente -
39:33 - 39:37ou não tem um modelo claro sobre o modo
pelo qual esse vírus se espalha. -
39:37 - 39:41Você acha que as pessoas
realmente entendem -
39:41 - 39:47que não inalamos as gotículas
de alguém que tossiu ou espirrou. -
39:47 - 39:49Então, como isso se espalha?
-
39:49 - 39:51Ele fica em superfícies. Como?
-
39:51 - 39:56Uma pessoa doente simplesmente
expira, toca a boca ou algo assim, -
39:56 - 39:58depois toca uma superfície,
e ela fica contaminada? -
39:58 - 40:01Como o vírus chega às superfícies?
-
40:01 - 40:05AK: Muito pelo fato de a pessoa
tossir na mão e tocar na superfície. -
40:06 - 40:08Mas o desafio, obviamente,
-
40:08 - 40:11é desvendar as questões
sobre como a transmissão acontece. -
40:11 - 40:15Há transmissão numa família quando alguém
tosse e o vírus vai para uma superfície, -
40:15 - 40:17pelo contato direto, por um aperto de mão,
-
40:17 - 40:22e, mesmo para a gripe, trabalhamos duro
para tentar entender essas coisas, -
40:22 - 40:25qual a relação entre risco de infecção
e comportamento social. -
40:25 - 40:29Porque isso é visivelmente importante,
mas realmente difícil de determinar. -
40:29 - 40:32CA: É quase como aceitar o fato
-
40:32 - 40:35de que, na verdade,
não sabemos muitas dessas coisas, -
40:35 - 40:39e que estamos todos
nesse jogo de probabilidades. -
40:39 - 40:42Por isso a matemática
é tão importante aqui. -
40:42 - 40:48Pensar em como cada um desses números,
-
40:48 - 40:52trabalhando em conjunto,
tem um papel a desempenhar. -
40:52 - 40:57E qualquer um cuja porcentagem
você puder diminuir, -
40:57 - 41:01provavelmente contribui,
não só para você, mas para todos. -
41:01 - 41:05As pessoas não sabem em detalhes
como os números se combinam, -
41:05 - 41:07mas sabem que provavelmente
todos eles importam. -
41:07 - 41:12Precisamos que, de alguma forma,
elas aceitem essa incerteza -
41:12 - 41:17e tenham satisfação
ao agir sobre cada um deles. -
41:17 - 41:23AK: A ideia de que infectar três pessoas,
em média, leva a essa situação, -
41:23 - 41:25e como cada um pode reduzir essa taxa.
-
41:25 - 41:29Se lavarmos as mãos, quanto isso reduz,
em termos de apertos de mão? -
41:29 - 41:32O vírus poderia estar em você,
mas não está mais, -
41:32 - 41:36ou se de alguma forma você muda
seu comportamento social -
41:36 - 41:39isso evita algumas interações, a metade?
-
41:39 - 41:43Como você pode realmente intervir
nesse número o máximo possível? -
41:44 - 41:47CA: Há mais alguma coisa a dizer
sobre como podemos reduzir -
41:47 - 41:52essa probabilidade de transmissão
em nossas interações? -
41:52 - 41:57Qual distância física é aconselhável
-
41:57 - 42:00manter das outras pessoas, se possível?
-
42:00 - 42:02AK: Acho difícil definir exatamente,
-
42:02 - 42:06mas algo a se ter em mente
é que não há muitas evidências -
42:06 - 42:08de que esse vírus seja
como um aerossol e que vá muito longe, -
42:08 - 42:10são distâncias razoavelmente curtas.
-
42:10 - 42:15Não acho que, sentado
a poucos metros de alguém, -
42:15 - 42:17o vírus possa te alcançar.
-
42:18 - 42:19É em interações mais próximas
-
42:19 - 42:22e por isso vemos
tantos eventos de transmissão -
42:22 - 42:27ocorrerem em coisas como refeições
e grupos muito unidos. -
42:27 - 42:32É aí que um vírus pode ir parar
nas superfícies, nas mãos e no rosto, -
42:32 - 42:36é realmente nessas situações
que precisamos pensar mais. -
42:38 - 42:40CA: Então, de certa forma,
alguns medos das pessoas -
42:40 - 42:42podem ser superestimados,
-
42:42 - 42:45por exemplo, se você estiver
no meio de um avião -
42:45 - 42:47e alguém na frente espirra,
-
42:47 - 42:49isso incomoda,
-
42:49 - 42:53mas na verdade não é isso
que deveria assustá-lo mais. -
42:53 - 42:57Existem maneiras muito mais inteligentes
de prestar atenção ao seu bem-estar. -
42:57 - 43:00AK: Sim, se fosse sarampo,
e as pessoas no avião fossem suscetíveis, -
43:00 - 43:03teríamos muitas infecções depois disso.
-
43:03 - 43:07Lembre-se, em média, uma pessoa
infecta outras duas ou três, -
43:07 - 43:11então talvez nem todas as 50 pessoas
com que você interagiu ao longo da semana -
43:11 - 43:13estejam em risco.
-
43:13 - 43:17Mas algumas delas,
especialmente os contatos próximos, -
43:17 - 43:19é com esses que a transmissão ocorre.
-
43:19 - 43:26CA: Do ponto de vista
de uma estratégia nacional, -
43:26 - 43:30fala-se muito sobre a necessidade
de "achatar a curva". -
43:30 - 43:31O que isso significa?
-
43:31 - 43:35AK: Isso se refere à ideia
-
43:35 - 43:38de os casos não chegarem todos
ao mesmo tempo no sistema de saúde. -
43:38 - 43:42Se nos acomodarmos, não fizermos nada
e apenas deixarmos a epidemia crescer, -
43:42 - 43:48com uma taxa de crescimento
que, hoje, em alguns lugares, -
43:48 - 43:51faz a epidemia duplicar
a cada três ou quatro dias, -
43:51 - 43:55ela vai disparar e vamos ter
doentes, em estado grave, -
43:55 - 43:58todos precisando ao mesmo tempo
de cuidados hospitalares, -
43:58 - 44:00e não teremos capacidade para isso.
-
44:00 - 44:01A ideia de achatar a curva é:
-
44:01 - 44:05se reduzirmos a transmissão
e o número de reprodução, -
44:05 - 44:07ainda pode haver um surto,
-
44:07 - 44:10mas será muito mais plano, mais longo,
-
44:10 - 44:14e aparecerão menos casos graves que podem
receber os cuidados de saúde que precisam. -
44:16 - 44:22CA: Isso significa que haverá
menos casos no geral? -
44:23 - 44:28Quando analisamos gráficos
com imagens reais do achatamento da curva, -
44:28 - 44:32parece que a área
abaixo da linha é a mesma, -
44:32 - 44:35isto é, o número de pessoas
infectadas é o mesmo, -
44:35 - 44:38mas em um período mais longo.
-
44:38 - 44:40Tipicamente é isso que acontece,
-
44:40 - 44:45e mesmo se adotarmos todas
as estratégias de distanciamento social, -
44:45 - 44:49lavarmos as mãos, etc.,
-
44:49 - 44:52o melhor que podemos esperar
é diminuir a velocidade, -
44:52 - 44:55e acabaremos com o mesmo
número de pessoas infectadas? -
44:55 - 44:57AK: Não necessariamente,
depende das medidas adotadas. -
44:57 - 45:00Existem algumas medidas,
como interromper viagens, -
45:00 - 45:03que normalmente atrasam a propagação
em vez de reduzi-la. -
45:03 - 45:05Então, ainda teremos os mesmos surtos,
-
45:05 - 45:08mas sua duração será mais longa.
-
45:08 - 45:10Mas existem outras medidas.
-
45:10 - 45:11Se reduzirmos as interações,
-
45:11 - 45:14se o número de reprodução for menor,
-
45:14 - 45:16esperara-se menos casos no geral.
-
45:16 - 45:20E, por fim, teremos algum acúmulo
de imunidade na população, -
45:20 - 45:22o que ajuda, se pensarmos
nos componentes da fórmula, -
45:22 - 45:27reduzindo a suscetibilidade,
além do que acontece em outros lugares. -
45:27 - 45:30Portanto, a esperança é
que as duas coisas trabalhem juntas. -
45:30 - 45:34CA: Me ajude a entender como isso termina.
-
45:35 - 45:37A China, por exemplo.
-
45:39 - 45:43Qualquer coisa que pensarmos
sobre a supressão inicial de dados -
45:43 - 45:46e o que ocorreu depois
-
45:46 - 45:48é muito preocupante.
-
45:48 - 45:53A resposta mais intensa veio em janeiro,
-
45:53 - 45:57com a paralisação
de uma imensa área do país, -
45:57 - 45:59o que parece ter sido de fato eficaz.
-
45:59 - 46:05O número de casos está caindo
em uma taxa impressionantemente alta. -
46:05 - 46:07Caindo para quase nada.
-
46:07 - 46:10Não consigo entender isso.
-
46:10 - 46:14É um país com 1,4 bilhão de pessoas.
-
46:14 - 46:16Houve um grande número de casos por lá,
-
46:16 - 46:20mas uma pequena fração
da população ficou realmente doente. -
46:20 - 46:23E ainda assim os números caíram.
-
46:23 - 46:29Não é como se todos na China
tivessem desenvolvido alguma imunidade. -
46:29 - 46:33Será que eles foram
absolutamente disciplinados -
46:33 - 46:38quanto a interromper as viagens
para as regiões infectadas -
46:38 - 46:44e, de alguma forma, realmente
investir nos testes massivamente -
46:44 - 46:46para que, ao sinal de qualquer problema,
-
46:46 - 46:50voltassem ao modo de contenção
-
46:50 - 46:52na maior parte da China?
-
46:52 - 46:54Não consigo entender, me ajude.
-
46:54 - 46:59AK: Nas duas últimas semanas de janeiro,
quando essas medidas foram implementadas, -
46:59 - 47:02estima-se que o número de reprodução
passou de 2,4 para 1,1. -
47:02 - 47:04Portanto, a transmissão caiu cerca de 60%
-
47:04 - 47:06no espaço de uma semana ou duas.
-
47:06 - 47:09É notável e, na verdade,
-
47:09 - 47:11muito disso parece ter sido impulsionado
-
47:11 - 47:15apenas por mudanças fundamentais
no comportamento social: -
47:15 - 47:16enorme distanciamento social,
-
47:16 - 47:20acompanhamento
e testes realmente intensivos. -
47:20 - 47:25O número de reprodução reduziu o bastante
para causar o declínio da curva -
47:25 - 47:28e agora vemos, em muitas áreas,
-
47:28 - 47:31uma volta para a contenção,
-
47:31 - 47:33porque há poucos casos,
a situação é mais gerenciável. -
47:34 - 47:36Mas vemos que eles enfrentam um desafio,
-
47:37 - 47:41porque muitas dessas cidades
estão bloqueadas há seis semanas -
47:41 - 47:44e há um limite do tempo
em que podem ser mantidas assim. -
47:44 - 47:48Portanto, algumas dessas medidas
são gradualmente revogadas, -
47:48 - 47:52o que cria o risco de que casos
vindos de outros países -
47:52 - 47:55possam reintroduzir a transmissão.
-
47:58 - 48:01CA: Mas, considerando
o quão infeccioso é o vírus -
48:01 - 48:05e quantas vias e pontos de conexão
existem, teoricamente, -
48:05 - 48:07entre as pessoas em Wuhan,
-
48:07 - 48:10mesmo durante o bloqueio
ou em bloqueio relativo, -
48:10 - 48:14ou entre outros lugares onde houve
alguma infecção, e o resto do país, -
48:14 - 48:21você se surpreende com a rapidez
com que a curva caiu para quase zero? -
48:22 - 48:23AK: Sim.
-
48:23 - 48:29Bem no início, quando vimos
o achatamento dos casos -
48:29 - 48:32nos perguntamos se eles tinham
um limite na capacidade de testes -
48:32 - 48:36e estavam relatando mil casos por dia
por ser esse o número de kits que tinham. -
48:36 - 48:38Mas felizmente continuou assim,
-
48:38 - 48:43mostrando que é possível reverter o quadro
com esse nível de intervenção. -
48:43 - 48:46O principal agora é ver como isso funciona
em outras configurações. -
48:46 - 48:51A Itália está realizando
intervenções realmente dramáticas. -
48:51 - 48:53Mas claro que, devido ao efeito do atraso,
-
48:53 - 48:55ao adotá-las hoje,
-
48:55 - 48:58deve levar uma semana ou duas
até os resultados aparecerem. -
48:58 - 49:00Descobrir o impacto dessas medidas
-
49:00 - 49:04será fundamental para ajudar outros países
a trabalharem para conter o vírus. -
49:05 - 49:10CA: Para termos uma ideia, Adam,
de como serão os próximos dois meses, -
49:10 - 49:14fale-nos sobre alguns cenários
que você tem em mente. -
49:15 - 49:17AK: Num cenário otimista,
-
49:17 - 49:21vamos aprender muito
com lugares como a Itália, -
49:21 - 49:23que, infelizmente foram muito atingidos.
-
49:23 - 49:25Os países levarão isso muito a sério
-
49:25 - 49:28e não teremos esse crescimento contínuo
-
49:28 - 49:29com essa enorme sobrecarga,
-
49:29 - 49:33seremos capazes
de desacelerá-lo o suficiente. -
49:33 - 49:35Teremos muitos casos,
-
49:35 - 49:38provavelmente muitos deles serão graves,
-
49:38 - 49:42mas isso será mais gerenciável;
esse é um cenário otimista. -
49:42 - 49:46Se os países não levarem isso a sério
-
49:46 - 49:50ou a população não responder bem
às medidas de controle -
49:50 - 49:51ou os casos não forem detectados,
-
49:51 - 49:53poderemos ter situações,
-
49:53 - 49:55e o Irã provavelmente está
mais próximo disso, no momento, -
49:55 - 49:58em que haja ampla transmissão generalizada
-
49:58 - 50:01e, quando a reação ocorrer,
-
50:02 - 50:06essas infecções já estarão no sistema
e se tornarão casos e doenças graves. -
50:06 - 50:11Espero que não seja nosso caso,
mas cerca de dez países, no momento, -
50:11 - 50:16podem estar a caminho
da mesma situação que a Itália. -
50:16 - 50:19Portanto, o que acontecer
nas próximas semanas é realmente crucial. -
50:20 - 50:25CA: Existe uma chance real
de que alguns países tenham, este ano, -
50:25 - 50:31muito mais mortes por este vírus
do que pela gripe sazonal? -
50:32 - 50:35AK: Em alguns países é provável, sim,
-
50:35 - 50:37se o controle não for possível,
-
50:37 - 50:39e vimos isso acontecer na China,
-
50:39 - 50:43mas lá o nível de intervenção
não tinha precedentes. -
50:43 - 50:46Realmente mudou o tecido social.
-
50:46 - 50:52Num primeiro momento,
as pessoas não aceitam exatamente -
50:52 - 50:56o que significa reduzir
suas interações nessa extensão. -
50:56 - 50:59Muitos países simplesmente
não conseguirão gerenciar isso. -
51:01 - 51:03CA: É quase um desafio
para as democracias, não é? -
51:03 - 51:08"Muito bem, mostrem o que podem fazer
sem esse controle draconiano. -
51:08 - 51:10Se não gostam desse pensamento,
-
51:10 - 51:13vamos lá, cidadãos, mexam-se,
mostrem do que são capazes, -
51:13 - 51:17que podem ser sábios,
inteligentes e disciplinados, -
51:17 - 51:20e se adiantem ao maldito vírus".
-
51:20 - 51:21AK: Sim.
-
51:21 - 51:25CA: Pessoalmente, não sou
superotimista quanto a isso, -
51:25 - 51:30porque há muitas mensagens conflitantes
vindas de inúmeros lugares diferentes, -
51:30 - 51:36e as pessoas não gostam
de sacrifícios a curto prazo. -
51:36 - 51:38É quase um caso em que...
-
51:39 - 51:41Na sua opinião,
-
51:41 - 51:45o papel da mídia tem sido útil,
neste caso, ou não? -
51:45 - 51:47É realmente útil, de alguma forma,
-
51:47 - 51:51exagerar a preocupação, o medo
-
51:51 - 51:53e fazer as pessoas entrarem
um pouco em pânico? -
51:53 - 51:55AK: É um equilíbrio
muito difícil de encontrar, -
51:55 - 51:58porque, no início, sem nenhum caso,
-
51:58 - 52:01sem nenhuma evidência de possível pressão,
-
52:01 - 52:05é muito difícil convencer as pessoas
a levarem essa mensagem a sério, -
52:05 - 52:06se não exagerar.
-
52:06 - 52:09Mas se esperar demais,
-
52:09 - 52:11se disser que ainda não é
uma preocupação, -
52:11 - 52:14que no momento está tudo bem,
muitos vão pensar que é só uma gripe. -
52:15 - 52:18Quando o surto vier com força,
-
52:18 - 52:21o sistema de saúde ficará
sobrecarregado por semanas, -
52:21 - 52:24porque, mesmo que se faça intervenções,
-
52:24 - 52:27é tarde demais para controlar
as infecções que já ocorreram. -
52:27 - 52:30É uma linha tênue, e minha esperança
é que a comunicação aumente; -
52:30 - 52:33hoje as pessoas têm exemplos
tangíveis como a Itália, -
52:33 - 52:37e podem ver o que vai acontecer
se não levarem a sério. -
52:37 - 52:40Mas, certamente,
de todas as doenças que vi, -
52:40 - 52:42e vários colegas que são
muito mais velhos do que eu -
52:42 - 52:44e têm memórias de outros surtos,
-
52:44 - 52:47é a coisa mais assustadora que vimos
em termos do impacto que pode ter, -
52:47 - 52:49e precisamos responder a isso.
-
52:49 - 52:53CA: A coisa mais assustadora que já viram.
-
52:53 - 52:54Uau.
-
52:54 - 52:59Tenho algumas perguntas
dos meus amigos no Twitter. -
52:59 - 53:05Todos estão bem por dentro deste tópico.
-
53:05 - 53:07Hipoteticamente,
-
53:07 - 53:09se todos ficassem em casa
por três semanas, -
53:09 - 53:12o surto efetivamente acabaria?
-
53:12 - 53:15Existe um modo de nos distanciarmos
socialmente disso? -
53:15 - 53:20AK: Sim, em países com famílias
relativamente pequenas, -
53:20 - 53:23no Reino Unido e nos EUA,
são cerca de 2,5 pessoas, -
53:23 - 53:26mesmo havendo uma rodada
de infecção na família, -
53:26 - 53:28ela provavelmente acabaria.
-
53:28 - 53:29Como benefício secundário,
-
53:29 - 53:31outras infecções também
podem ser eliminadas. -
53:31 - 53:35O sarampo circula apenas em humanos,
então pode haver algum efeito indireto, -
53:35 - 53:38se isso for possível, claro.
-
53:38 - 53:42CA: Obviamente, isso seria
um grande problema para a economia, -
53:42 - 53:46e um dos desafios inerentes
-
53:46 - 53:50é que não se pode otimizar
as políticas públicas -
53:50 - 53:55tanto para a saúde econômica
como para o combate a um vírus. -
53:55 - 53:58De certa forma, são coisas conflitantes,
-
53:58 - 54:02pelo menos o combate ao vírus
e a saúde econômica a curto prazo. -
54:02 - 54:04Essas situações estão em conflito, certo?
-
54:04 - 54:07E as sociedades precisam escolher uma.
-
54:07 - 54:11AK: É difícil convencer
as pessoas desse equilíbrio, -
54:11 - 54:13o que sempre dizemos
sobre planejamento pandêmico -
54:13 - 54:15é que colocá-lo em prática agora é barato,
-
54:15 - 54:17caso contrário,
pagaremos por isso mais tarde. -
54:18 - 54:20Infelizmente, como vimos,
-
54:20 - 54:23não houve muito dinheiro
para a resposta imediata. -
54:23 - 54:27E parece que só quando há
um impacto e fica caro -
54:27 - 54:31as pessoas aceitam esse custo.
-
54:32 - 54:34CA: Mais algumas perguntas no Twitter.
-
54:34 - 54:37O aumento da temperatura nos EUA
nas próximas semanas e meses -
54:37 - 54:39diminuirá a propagação do COVID-19?
-
54:40 - 54:42AK: Não vi nenhuma evidência convincente
-
54:42 - 54:44de que exista relação forte
com a temperatura; -
54:44 - 54:49vemos essa relação em outras infecções,
-
54:49 - 54:51mas o fato de serem surtos generalizados
-
54:51 - 54:55dificulta a identificação e, claro,
há outras coisas acontecendo. -
54:55 - 54:58Mesmo que um país não tenha
um surto tão grande quanto outro, -
54:58 - 55:00ele será influenciado
por medidas de controle, -
55:00 - 55:04comportamento social,
oportunidades e coisas assim. -
55:04 - 55:07Portanto, seria realmente
reconfortante se fosse assim, -
55:07 - 55:09mas não podemos dizer isso ainda.
-
55:10 - 55:12CA: Ainda do Twitter,
-
55:12 - 55:15existe uma recomendação global padrão
-
55:15 - 55:18para todos os países
sobre como fazer isso? -
55:18 - 55:20E, se não, por que não?
-
55:21 - 55:23AK: É isso que as pessoas
estão tentando reunir, -
55:23 - 55:25primeiro em termos do que funciona.
-
55:25 - 55:28Apenas nas últimas semanas
-
55:29 - 55:32tivemos a sensação de que isso pode ser
controlado com esse nível de intervenções, -
55:32 - 55:35mas claro que nem todos os países
podem fazer o que a China fez, -
55:35 - 55:41algumas dessas medidas têm uma carga
social, econômica e psicológica enorme -
55:41 - 55:43na população.
-
55:43 - 55:44E, claro, há o limite do tempo.
-
55:45 - 55:48Na China mantiveram por seis semanas,
isso é difícil de sustentar; -
55:48 - 55:50portanto, precisamos pensar nas trocas
-
55:50 - 55:53que podemos pedir que as pessoas façam,
-
55:53 - 55:57quais terão maior impacto
na redução dessa carga. -
55:58 - 56:02CA: Outra pergunta: como isso aconteceu,
e é provável que ocorra novamente? -
56:03 - 56:08AK: É provável que isso tenha se originado
com o vírus que circulava em morcegos -
56:08 - 56:11e que, provavelmente,
passou para outras espécies, -
56:11 - 56:13e de alguma forma chegou aos humanos;
-
56:13 - 56:16há muitas evidências disso,
não há uma história única e clara, -
56:16 - 56:20mas até para a SARS, a genômica
precisou de vários anos para entender -
56:20 - 56:22a rota exata da transmissão.
-
56:22 - 56:25Mas, certamente, acho plausível
que isso aconteça novamente. -
56:25 - 56:28A natureza dissemina vírus constantemente.
-
56:28 - 56:32Muitos deles não são bem adaptados
aos seres humanos, não nos infectam, -
56:32 - 56:36pode ter havido um desses vírus
há alguns anos que infectou alguém -
56:36 - 56:40que simplesmente não tinha
nenhum contato e o vírus não foi adiante. -
56:40 - 56:41Vamos enfrentar situações assim
-
56:41 - 56:44e precisamos pensar
em como podemos nos antecipar -
56:44 - 56:46ao ponto de ter
um pequeno número de casos, -
56:46 - 56:48e mesmo algo assim possa ser contido,
-
56:48 - 56:51em vez de chegar à situação
que temos agora. -
56:51 - 56:53CA: Parece que não é a primeira vez
-
56:53 - 56:57que um vírus surgiu de um mercado
de carne de animais silvestres. -
56:58 - 57:00Certamente é assim
que acontece nos filmes. -
57:00 - 57:03A China já tomou algumas medidas desta vez
-
57:03 - 57:06para tentar reprimir isso.
-
57:06 - 57:09Para o futuro, pode ser uma boa abordagem
-
57:09 - 57:12manter isso de forma adequada.
-
57:12 - 57:15AK: É sim, e nos últimos anos,
por exemplo em 2013, -
57:15 - 57:20vimos que a gripe aviária H7N9
emergiu como uma grande preocupação, -
57:20 - 57:22e a China deu uma resposta muito extensa
-
57:22 - 57:24em termos de mudar a forma
como operam seus mercados -
57:25 - 57:26e a vacinação de aves,
-
57:26 - 57:30e parece ter removido essa ameaça.
-
57:30 - 57:34Então, essas medidas podem ser eficazes
se forem identificadas cedo. -
57:34 - 57:36CA: Fale sobre vacinas.
-
57:36 - 57:38Acho que essa é a medida-chave
-
57:38 - 57:41para alterar o fator
de suscetibilidade de sua equação. -
57:45 - 57:49Obviamente, existe uma corrida
para obter essas vacinas, -
57:49 - 57:52existem algumas candidatas.
-
57:52 - 57:54Como você vê isso?
-
57:55 - 57:59AK: Certamente há pesquisas
promissoras acontecendo, -
57:59 - 58:04mas há um prazo
de cerca de 1 ano ou 18 meses -
58:04 - 58:05até estarem amplamente disponíveis.
-
58:05 - 58:08Uma vacina precisa passar
por testes, isso leva tempo, -
58:08 - 58:12portanto, mesmo que até o final do ano
tenhamos algo viável e que funcione, -
58:12 - 58:16ainda haverá um tempo
até podermos nos apegar a isso. -
58:16 - 58:18CA: Isso realmente me intriga,
-
58:18 - 58:22e adoraria que você respondesse
sobre isso como matemático. -
58:22 - 58:28Várias empresas já acreditam
ter possíveis vacinas candidatas. -
58:28 - 58:32Como você diz, o processo
de teste leva uma eternidade. -
58:33 - 58:38É possível não estarmos pensando
corretamente sobre isso, -
58:38 - 58:45quando analisamos como os testes
e os cálculos de segurança são feitos? -
58:45 - 58:49Porque uma coisa é introduzir
um medicamento novo ou algo assim, -
58:49 - 58:54desejamos testar para garantir
que não haja efeitos colaterais -
58:54 - 58:58e pode demorar muito até fazermos
todos os testes de controle, etc. -
58:58 - 59:00Mas se existe uma emergência global,
-
59:01 - 59:03não é o caso,
-
59:03 - 59:05matemática e eticamente,
-
59:05 - 59:07de fazer um cálculo diferente?
-
59:07 - 59:09Em vez de perguntar:
-
59:09 - 59:14"Existe algum caso em que esta vacina
possa causar danos?", -
59:14 - 59:16com certeza deveríamos perguntar:
-
59:16 - 59:18"Dentro das probabilidades,
-
59:18 - 59:22não há um caso para aplicar
essa vacina em escala, -
59:22 - 59:27e ter uma oportunidade
de cortar isso pela raiz?" -
59:27 - 59:31O que estou desconsiderando
ao pensar dessa maneira? -
59:31 - 59:36AK: Em outras situações,
como a vacina contra o Ebola em 2015, -
59:36 - 59:40em poucos meses vimos evidências
-
59:40 - 59:45e resultados intermediários
muito promissores em humanos, -
59:45 - 59:47mostrando o que parecia
uma eficácia muito alta. -
59:47 - 59:50E, apesar de não ter sido
totalmente licenciada, -
59:50 - 59:55foi empregada no chamado "uso compassivo"
em surtos subsequentes. -
59:55 - 60:00Portanto, existem mecanismos
pelos quais podemos acelerar as vacinas. -
60:00 - 60:03Mas claro que hoje estamos numa situação
em que não temos ideia -
60:03 - 60:05se essas coisas vão adiantar.
-
60:05 - 60:08Precisamos acumular evidências suficientes
-
60:08 - 60:10de que podem ter um impacto,
-
60:10 - 60:13mas, obviamente, acelerá-las
o máximo possível. -
60:14 - 60:17CA: O cético em mim ainda
não entende isso completamente. -
60:17 - 60:19Não entendo
-
60:19 - 60:24por que não se coloca mais energia
em ideias mais ousadas. -
60:24 - 60:28Apesar do risco geral, todo mundo parece
-
60:28 - 60:32incrivelmente avesso a riscos
na hora de formular respostas. -
60:32 - 60:35AK: Com a ressalva de que há
bons questionamentos a respeito disso, -
60:35 - 60:38e alguns fogem um pouco da minha alçada,
-
60:38 - 60:41concordo que precisamos fazer mais
para atingir os prazos. -
60:41 - 60:45Levamos uns seis meses para escolher
uma cepa sazonal da gripe -
60:45 - 60:47e disponibilizar a vacina às pessoas.
-
60:47 - 60:51Temos que prever com antecedência
quais cepas vão circular. -
60:51 - 60:56E é algo que sabemos como fabricar
e o fazemos há muito tempo. -
60:56 - 61:01Definitivamente, é preciso fazer mais
para reduzir esses prazos. -
61:01 - 61:03Mas precisamos equilibrar isso,
-
61:03 - 61:06especialmente se um grande número
de pessoas será exposto, -
61:06 - 61:10e precisamos ter certeza de que é seguro
e pode trazer algum benefício. -
61:13 - 61:15CA: Por fim,
-
61:15 - 61:18Adam, preciso falar nisso...
-
61:19 - 61:24Há outras coisas infecciosas acontecendo
em todo o mundo ao mesmo tempo, -
61:24 - 61:28que são as ideias e a comunicação
em torno desse vírus. -
61:28 - 61:34São realmente dois sistemas
infecciosos dinâmicos e interativos, -
61:34 - 61:37há algumas informações
muito prejudiciais por aí. -
61:37 - 61:42Pode-se pensar nisso como uma batalha
entre o conhecimento e medidas confiáveis -
61:42 - 61:44contra o vírus
-
61:44 - 61:48e informações ruins?
-
61:48 - 61:49Parte do que precisamos pensar aqui
-
61:49 - 61:54é como suprimir um conjunto de coisas
-
61:54 - 61:57e impulsionar o outro,
na verdade, turbinar o outro. -
61:57 - 61:58Como pensar sobre isso?
-
61:58 - 62:01AK: Podemos pensar como sendo
uma competição por nossa atenção, -
62:01 - 62:03da mesma forma que, nas doenças,
-
62:03 - 62:06os vírus competem para infectar
hospedeiros suscetíveis. -
62:06 - 62:09Ao longo dos últimos anos
-
62:09 - 62:13com notícias falsas, informações erradas
e o surgimento da conscientização, -
62:13 - 62:16vemos uma transição para pensarmos
em como reduzir essa suscetibilidade, -
62:16 - 62:19se temos pessoas em estágios diferentes,
-
62:19 - 62:21como podemos usar a informação
para nos anteciparmos. -
62:22 - 62:26Obviamente, no desafio de um surto,
no começo temos pouquíssima informação, -
62:26 - 62:32e é muito fácil esse vácuo ser preenchido
pela certeza e pela confiança. -
62:32 - 62:37Acho que as plataformas estão
desenvolvendo formas de expor o público -
62:37 - 62:39à informação de qualidade mais cedo,
-
62:39 - 62:42para que isso proteja as pessoas
contra outras coisas. -
62:42 - 62:45CA: Uma das grandes incógnitas
para mim nesse ano que continua, -
62:45 - 62:48digamos que haverá ainda inúmeras semanas,
-
62:48 - 62:49para muitas pessoas,
-
62:49 - 62:53de autoisolamento,
-
62:53 - 62:59para aqueles de nós que têm a sorte
de poder trabalhar de casa. -
62:59 - 63:02Mas a grande injustiça dessa situação,
-
63:02 - 63:06é que há tantas pessoas que não podem
ficar em casa e continuar a ganhar a vida, -
63:06 - 63:10e esse será um grande desafio esse ano,
-
63:10 - 63:16se as taxas de mortalidade forem
muito maiores no segundo grupo -
63:16 - 63:18do que no primeiro,
-
63:18 - 63:19especialmente em um país como os EUA,
-
63:20 - 63:24onde essas pessoas nem sequer
têm seguro de saúde adequado e tudo mais. -
63:25 - 63:31Me parece que, só isso,
já poderia se tornar um grande debate, -
63:31 - 63:34e espero que, em algum nível,
seja uma enorme fonte de mudança. -
63:34 - 63:38AK: Acho esse ponto muito importante,
porque é muito fácil... -
63:38 - 63:41tenho um trabalho que posso
realizar muito bem de forma remota, -
63:41 - 63:45é muito fácil dizer que devemos
interromper as interações sociais, -
63:45 - 63:48mas claro que isso pode ter
um enorme impacto nas pessoas, -
63:48 - 63:51e nas escolhas e na rotina delas.
-
63:51 - 63:53Isso precisa ser levado em consideração,
-
63:53 - 63:57agora e daqui a alguns meses
conforme o efeito que houver. -
63:57 - 63:59CA: Por fim,
-
63:59 - 64:05podemos dizer que o mundo enfrentou
problemas muito mais graves no passado, -
64:05 - 64:08e que, em qualquer cenário,
-
64:08 - 64:12é muito provável que dentro
dos próximos 18 meses -
64:12 - 64:16uma vacina surja e seja
amplamente distribuída, -
64:16 - 64:22e que teremos aprendido muitas outras
formas de lidar com esse problema? -
64:22 - 64:25Mas em algum momento,
provavelmente no ano que vem, -
64:25 - 64:30o mundo sentirá que atingiu o auge disso
-
64:30 - 64:32e poderá seguir em frente.
-
64:32 - 64:34É provável que seja assim,
-
64:34 - 64:37ou é mais provável que isso escape
-
64:37 - 64:42e se torne um pesadelo endêmico,
que a cada ano mata mais pessoas -
64:42 - 64:45do que a gripe atualmente?
-
64:45 - 64:49Quais são os prováveis caminhos,
olhando um pouco mais a longo prazo? -
64:49 - 64:54AK: Há maneiras plausíveis de ver
cada um desses cenários se descortinando. -
64:54 - 64:59Acho que o mais plausível é vermos
um crescimento muito rápido este ano -
64:59 - 65:03e muitos surtos grandes
que não necessariamente se repetirão. -
65:03 - 65:07Mas há uma sequência de eventos
em potencial que pode levar -
65:07 - 65:10a esses múltiplos surtos recorrentes
em diferentes lugares a cada ano. -
65:10 - 65:12Mas, provavelmente,
-
65:12 - 65:16a maior parte da transmissão
estará concentrada no próximo ano. -
65:16 - 65:19E então, obviamente,
se houver uma vacina disponível, -
65:19 - 65:21podemos superar a situação
e, com sorte, aprender com ela. -
65:21 - 65:24Muitos dos países que responderam
fortemente a esse vírus -
65:24 - 65:26foram muito afetados pela SARS.
-
65:26 - 65:29Singapura, Hong Kong,
realmente foram impactados, -
65:29 - 65:33e se apoiaram muito nisso
em sua resposta a este vírus. -
65:33 - 65:34CA: Certo.
-
65:34 - 65:37Vamos encerrar encorajando as pessoas
-
65:37 - 65:39a canalizarem seu matemático interno
-
65:39 - 65:44para pensar, especialmente,
nas oportunidades -
65:44 - 65:48e nas probabilidades de transmissão
que elas podem ajudar a mudar. -
65:48 - 65:53Lembre-nos das principais coisas
-
65:53 - 65:55que você gostaria que as pessoas fizessem.
-
65:55 - 65:57AK: Individualmente,
apenas pensar muito mais -
65:57 - 66:00sobre suas interações
e seu risco de infecção, -
66:00 - 66:04que o que vai parar em suas mãos
obviamente pode acabar em seu rosto, -
66:04 - 66:06e em como você cria
esse risco para os outros. -
66:06 - 66:09Pense também, em termos de interações,
-
66:09 - 66:14como apertos de mão
e contatos que não precisa ter. -
66:14 - 66:17Como podemos reduzi-los o máximo possível.
-
66:17 - 66:19Se cada pessoa passa o vírus
a duas ou três outras, -
66:19 - 66:22como podemos reduzir esse número para um,
através do nosso comportamento. -
66:22 - 66:26Provavelmente precisaremos
de intervenções em larga escala, -
66:26 - 66:29em termos de reuniões, conferências
-
66:29 - 66:33e outras coisas em que há
muitas oportunidades de transmissão. -
66:33 - 66:36E a combinação desse nível individual,
-
66:36 - 66:40de reduzir o risco se você está
doente ou com suspeita, -
66:40 - 66:44e também trabalharmos juntos
para impedir que o vírus atinja grupos -
66:44 - 66:45em que, se continuar descontrolado,
-
66:45 - 66:48pode realmente atingir
algumas pessoas fortemente. -
66:49 - 66:54CA: Sim, há muitas coisas que precisamos
abandonar por um tempo. -
66:54 - 66:59E talvez tentar reinventar
os melhores aspectos delas. -
66:59 - 67:00Muito obrigado.
-
67:00 - 67:03Se as pessoas quiserem
acompanhar seu trabalho, -
67:03 - 67:06podem seguir você no Twitter, por exemplo.
-
67:06 - 67:07Qual é o seu usuário?
-
67:07 - 67:10AK: @AdamJKucharski, tudo junto.
-
67:10 - 67:13CA: Adam, muito obrigado
pelo seu tempo, fique bem. -
67:13 - 67:14AK: Obrigado.
-
67:14 - 67:17(Música)
-
67:29 - 67:33CA: Professor associado
e TED Fellow Adam Kucharski. -
67:33 - 67:36Gostaríamos muito de saber
o que você achou deste episódio bônus. -
67:36 - 67:39Avalie e comente no Apple Podcasts
-
67:39 - 67:41ou no seu aplicativo favorito de podcast.
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67:41 - 67:43Essas avaliações influenciam de verdade.
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67:43 - 67:47Lemos e consideramos
todos os comentários recebidos. -
67:47 - 67:49(Música)
-
67:49 - 67:53O episódio desta semana foi produzido
por Dan O'Donnell na Transmitter Media. -
67:53 - 67:55A gerente de produção é Roxanne Hai Lash,
-
67:55 - 67:57e a verificadora de fatos é Nicole Bode.
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67:57 - 67:59Este episódio foi mixado por Sam Bair.
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67:59 - 68:01A música tema é de Allison Layton-Brown.
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68:01 - 68:04Um agradecimento especial
à minha colega Michelle Quint. -
68:04 - 68:06Obrigado por ouvir The TED Interview.
-
68:06 - 68:08Voltaremos em alguns dias,
-
68:08 - 68:11com uma nova temporada
de mergulhos profundos com grandes mentes. -
68:12 - 68:15Espero que goste deles,
quer a vida volte ao normal ou não. -
68:15 - 68:19Sou Chris Anderson,
obrigado por ouvir e fique bem.
- Title:
- Adam Kucharski sobre o que deve, e o que não deve, nos preocupar em relação ao coronavírus
- Speaker:
- The TED Interview
- Description:
-
O especialista em doenças infecciosas Adam Kurcharski usa modelos matemáticos para ajudar o mundo a entender como doenças como o Ebola e a Zika se espalham e como podem ser controladas. À medida que a ameaça do COVID-19 continua a crescer, ele nos dá uma perspectiva necessária sobre a transmissão do vírus, como os governos têm respondido a ele e o que precisa mudar para encerrar a pandemia. (Apenas áudio)
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 01:08:24