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Diálogo | Arnaldo Bassoli | TEDxLaçadorSalon

  • 0:07 - 0:10
    Imaginem um mundo
    onde as pessoas se entendem.
  • 0:11 - 0:15
    Elas dialogam umas com as outras
    e elas aprendem a se compreender.
  • 0:15 - 0:20
    Nesse mundo, as diferenças
    são vistas sem desconfiança.
  • 0:21 - 0:25
    As diferenças não precisam ser atenuadas,
    pra que se atenuem conflitos.
  • 0:25 - 0:30
    Ao contrário, as diferenças somam,
    elas são valorizadas.
  • 0:30 - 0:32
    Quando eu olho pra uma pessoa
    diferente de mim,
  • 0:32 - 0:36
    eu olho com muita atenção,
    eu escuto essa pessoa,
  • 0:36 - 0:40
    e de repente eu começo a perceber
    que, além da diferença,
  • 0:40 - 0:42
    tem também a semelhança.
  • 0:42 - 0:45
    Eu e ela também somos iguais.
  • 0:46 - 0:47
    Eu sou você.
  • 0:49 - 0:52
    Imaginem esse mundo, e eu digo
    pra vocês que esse mundo existe.
  • 0:53 - 0:59
    Esse mundo existe, mas nós precisamos
    reaprender a dialogar.
  • 1:00 - 1:01
    Se a gente quer mudar o mundo,
  • 1:01 - 1:06
    é fácil acreditar que a gente
    vai ter uma grande ação,
  • 1:06 - 1:09
    ou uma pessoa vai falar
    alguma coisa muito diferente.
  • 1:09 - 1:11
    Talvez vocês já não acreditem mais nisso,
  • 1:11 - 1:12
    e eu acho bom.
  • 1:12 - 1:15
    Talvez seja muito melhor a gente acreditar
  • 1:15 - 1:19
    que o mundo vai mudar
    a partir de pequenas ações,
  • 1:19 - 1:20
    que muita gente vai fazer.
  • 1:21 - 1:23
    Então vamos começar pequenininho?
  • 1:23 - 1:25
    Vamos começar pela nossa comunicação?
  • 1:25 - 1:27
    Comunicação uns com os outros.
  • 1:28 - 1:31
    Comunicação é uma coisa muito importante.
  • 1:31 - 1:34
    Através da comunicação,
    por exemplo, a vida acontece.
  • 1:34 - 1:40
    Se não tivesse uma boa comunicação,
    as células não se nutririam no sangue.
  • 1:40 - 1:45
    Então, a gente diz que a comunicação
    cria mundos sociais.
  • 1:45 - 1:50
    Nós podemos criar
    mundos sociais bons, ou muito ruins.
  • 1:50 - 1:53
    Sabe aquelas situações em que você entra
    numa comunicação com uma pessoa
  • 1:53 - 1:54
    toda travada, toda ruim,
  • 1:54 - 1:58
    e depois você demora um século
    pra poder desfazer aquele mal-entendido?
  • 1:58 - 2:00
    Ou a gente pode criar uma outra coisa.
  • 2:01 - 2:06
    Que tipo de comunicação a gente precisa
    pra criar o mundo social que a gente quer?
  • 2:07 - 2:11
    Falando ainda de comunicação,
    tem uma outra coisa importante.
  • 2:11 - 2:13
    É a questão do significado.
  • 2:13 - 2:19
    Eu acho que vocês já sabem que as pessoas
    atribuem significados diferentes
  • 2:19 - 2:23
    aos mesmos dados, aos mesmos fatos.
  • 2:23 - 2:27
    A mesma coisa acontece, e eu vejo
    de um jeito e o outro vê de outro jeito.
  • 2:27 - 2:34
    Então, como é que a gente vai conviver,
    se cada um vê as coisas de um jeito?
  • 2:34 - 2:36
    Essa é a questão da comunicação.
  • 2:36 - 2:41
    Eu digo pra vocês que existe uma conversa,
    uma conversação na comunicação,
  • 2:41 - 2:44
    que é capaz de resolver
    essas situações de isolamento
  • 2:44 - 2:46
    ou do problema do significado.
  • 2:46 - 2:49
    Essa conversa a gente acha
    que a gente sabe fazer
  • 2:49 - 2:51
    e que a gente faz muito;
  • 2:51 - 2:56
    mas na verdade a gente não sabe tão bem
    e faz muito menos do que pensa.
  • 2:56 - 2:58
    É o diálogo.
  • 2:58 - 3:03
    O diálogo é uma palavra usada
    de uma maneira muito imprecisa.
  • 3:03 - 3:05
    A gente chama, por exemplo, de diálogo
  • 3:05 - 3:09
    as conversas entre
    os israelenses e os palestinos,
  • 3:09 - 3:15
    as conversas entre os empregadores,
    os empresários, e os sindicatos,
  • 3:15 - 3:18
    as conversas, por exemplo, entre o pai
    e o filho, o filho que quer ir na balada,
  • 3:18 - 3:22
    ou o pai, e devia ter um diálogo e não é.
  • 3:22 - 3:28
    Então, vamos ver exatamente: vocês sabem
    o que significa a palavra "diálogo"?
  • 3:28 - 3:33
    "Diálogo" vem de "dia" e "logos".
  • 3:33 - 3:36
    "Dia" não é "dois"; "dois" é "di".
  • 3:36 - 3:38
    "Dia" significa "através".
  • 3:38 - 3:41
    Por exemplo, o diâmetro de um círculo,
  • 3:41 - 3:43
    a linha que passa através do círculo.
  • 3:43 - 3:49
    Ou uma cortina diáfana,
    a luz passa através dessa cortina.
  • 3:49 - 3:50
    E "logos"?
  • 3:50 - 3:53
    "Logos" significa muitas coisas.
  • 3:53 - 3:55
    "Conhecimento", "palavra", "razão".
  • 3:55 - 4:01
    Mas aqui nos interessa é que "logos"
    significa "sentido", "significado".
  • 4:01 - 4:06
    Então, "dia" e "logos",
    um significado que atravessa.
  • 4:06 - 4:09
    Bom, na maior parte
    das nossas comunicações,
  • 4:09 - 4:13
    o significado não atravessa,
    ele não entra completamente;
  • 4:13 - 4:15
    a gente fica num nível de comunicação
  • 4:15 - 4:19
    que é baseado nos estereótipos
    ou nos preconceitos.
  • 4:19 - 4:20
    Então alguém fala alguma coisa,
  • 4:20 - 4:24
    eu já estou julgando aqui a priori
    o que essa pessoa falou,
  • 4:24 - 4:29
    antes de saber direito qual é a conexão
    que essa pessoa tem com isso.
  • 4:29 - 4:30
    Vou dar um exemplo.
  • 4:30 - 4:35
    Eu digo pra vocês
    que eu sempre gosto de ser pontual.
  • 4:36 - 4:37
    "Nossa, que cara chato!"
  • 4:37 - 4:40
    "Ih, meu Deus do céu,
    não queria ser filho dele."
  • 4:40 - 4:42
    "Ah, eu também gosto de ser pontual."
  • 4:42 - 4:44
    Esse nível é um nível da "persona".
  • 4:44 - 4:47
    A gente julga as coisas
    que a gente recebe na comunicação
  • 4:47 - 4:49
    de uma maneira muito superficial,
  • 4:49 - 4:52
    de acordo com a nossa experiência passada.
  • 4:52 - 4:55
    Mas não está claro, não atravessou ainda
  • 4:55 - 4:58
    o significado da pontualidade para mim.
  • 4:58 - 5:00
    Então vocês podem me perguntar:
  • 5:00 - 5:03
    "Pô, mas por que você faz
    tanta questão de ser pontual?"
  • 5:03 - 5:05
    Eu vou responder pra vocês.
  • 5:05 - 5:10
    Na faculdade, eu era o cara mais atrasado
    que vocês podiam conhecer.
  • 5:10 - 5:15
    Marcava às nove horas, eu chegava
    às nove e meia. Ou dez. Por quê?
  • 5:15 - 5:18
    Porque quando eu chegava na hora,
    eu sempre tinha que esperar,
  • 5:18 - 5:22
    todo mundo chegava atrasado, então falei:
    "Bom. Eu não quero ficar esperando",
  • 5:22 - 5:24
    então me acostumei.
  • 5:24 - 5:26
    Mas aí eu fui morar num outro país.
  • 5:26 - 5:29
    E nesse outro país
    as pessoas eram pontuais.
  • 5:29 - 5:31
    Você marcava às nove horas,
  • 5:31 - 5:34
    ninguém chegava nem nove e cinco,
    nem cinco pras nove.
  • 5:34 - 5:36
    Era às nove.
  • 5:36 - 5:39
    Levei muita bronca!
    Porque eu chegava atrasado.
  • 5:39 - 5:43
    Mas aí depois eu comecei a chegar na hora,
    e percebi uma coisa muito interessante:
  • 5:43 - 5:45
    que era muito bom!
  • 5:45 - 5:49
    Às 15 pras 9 eu estava
    falando com alguém que eu queria,
  • 5:49 - 5:53
    estava cuidando de algum outro assunto,
    qualquer coisa que eu quisesse.
  • 5:53 - 5:56
    Saía, ia pro lugar, 15 minutos na época
    dava pra chegar em qualquer lugar,
  • 5:56 - 5:58
    não tinha esse trânsito maluco,
  • 5:58 - 6:01
    mas eu estava no lugar às nove,
    as pessoas estavam lá às nove.
  • 6:01 - 6:03
    A vida rendia.
  • 6:03 - 6:05
    Maravilha. Pontualidade me faz bem.
  • 6:07 - 6:09
    Então, deixa eu perguntar pra vocês:
  • 6:09 - 6:13
    compreenderam o sentido
    da pontualidade pra mim, agora?
  • 6:13 - 6:15
    O sentido atravessou?
  • 6:15 - 6:20
    Vocês entendem, de fato,
    o que a pontualidade é para mim?
  • 6:20 - 6:24
    Muito bem. Isso obriga vocês
    a serem pontuais também?
  • 6:24 - 6:25
    Imagino que não.
  • 6:25 - 6:29
    Muitos de vocês devem ter ideias
    diferentes a respeito da pontualidade.
  • 6:29 - 6:31
    E o diálogo é isto:
  • 6:31 - 6:37
    é apenas entender o que é o significado
    de alguma coisa pra pessoa.
  • 6:37 - 6:41
    Pode ser diferente do meu,
    mas eu compreendo essa pessoa,
  • 6:41 - 6:44
    eu sou capaz de compartilhar
    o significado com ela.
  • 6:44 - 6:48
    Alguém poderia dizer: "Olha,
    pontualidade, comigo, não,
  • 6:48 - 6:50
    Sabe por quê? Meu pai era muito rígido.
  • 6:50 - 6:53
    Se a gente chegasse
    muito atrasado, era um caso.
  • 6:53 - 6:56
    Então eu não gosto
    de ser controlado pelo relógio".
  • 6:56 - 6:58
    Faz sentido, não faz?
  • 6:58 - 7:00
    Igualmente.
  • 7:00 - 7:03
    Então, ambos têm razão.
    Quem é que tem mais razão?
  • 7:03 - 7:05
    Essa é a tentação.
  • 7:05 - 7:07
    É querer discutir pra saber:
  • 7:07 - 7:10
    quem tem mais razão,
    o pontual ou o não pontual?
  • 7:10 - 7:12
    Os dois têm a mesma razão.
  • 7:12 - 7:14
    Então o diálogo é um tipo de conversa
  • 7:14 - 7:17
    onde os significados diferentes
    podem ser compartilhados
  • 7:17 - 7:21
    e eles não precisam mudar
    um por causa do outro.
  • 7:21 - 7:24
    Podem mudar! Mas não precisam mudar.
  • 7:26 - 7:28
    Na verdade eu não estou
    querendo dizer pra vocês
  • 7:28 - 7:31
    que diálogo é a coisa
    mais importante do mundo,
  • 7:31 - 7:34
    e é uma panaceia pra todos os males.
  • 7:34 - 7:35
    Não é assim.
  • 7:35 - 7:38
    Existem outras conversas
    que também são importantes.
  • 7:38 - 7:41
    Por exemplo: uma discussão.
    O que é uma discussão?
  • 7:41 - 7:42
    É quando eu entro num lugar...
  • 7:42 - 7:44
    Por exemplo, eu sou de uma empresa
  • 7:44 - 7:47
    que está precisando fazer
    um planejamento estratégico
  • 7:47 - 7:49
    ou uma política pública no governo,
  • 7:49 - 7:53
    mas a gente tem que ver
    várias possibilidades,
  • 7:53 - 7:55
    analisar essas possibilidades,
  • 7:55 - 7:57
    e então escolher a melhor delas.
  • 7:57 - 8:00
    Essa é uma conversa de discussão.
  • 8:00 - 8:03
    Perfeito. Maravilhoso.
    Precisamos da discussão.
  • 8:03 - 8:04
    Mas o que eu vejo acontecer
  • 8:04 - 8:08
    é que a gente está tão formatado
    e tão condicionado a discutir,
  • 8:08 - 8:11
    que quando falo: "Eu sou pontual",
    o outro diz: "Ah, mas isso não é legal!"
  • 8:11 - 8:13
    Como se só houvesse uma verdade.
  • 8:13 - 8:16
    Então eu acho que a gente discute demais.
  • 8:16 - 8:19
    A gente precisa aprender a usar
    a conversa certa na hora certa.
  • 8:20 - 8:23
    O debate, por exemplo.
    É outra conversa importante.
  • 8:23 - 8:27
    Debate é aquilo que a gente
    vê acontecendo na televisão,
  • 8:27 - 8:32
    quando existem os políticos,
    que vão lá pra ganhar o seu voto.
  • 8:32 - 8:35
    Então, como se entra num debate?
  • 8:35 - 8:36
    A gente entra pra ganhar.
  • 8:36 - 8:39
    Eu não entro lá pra dizer
    que o programa político do meu concorrente
  • 8:39 - 8:41
    é melhor do que o meu.
  • 8:41 - 8:42
    Eu entro pra ganhar.
  • 8:42 - 8:45
    Mesmo isso tem um lugar.
  • 8:45 - 8:47
    Então, se eu estou armado e vem alguém,
  • 8:47 - 8:50
    bom, muito bem, se essa pessoa
    me desarma, está bem.
  • 8:50 - 8:54
    Então eu uso o debate, que é uma conversa
    de destruição, pra desarmar.
  • 8:54 - 8:57
    Aikidô, por exemplo. Tudo tem seu lugar.
  • 8:57 - 9:00
    Então eu não quero dizer pra vocês
    que o diálogo é tudo,
  • 9:00 - 9:02
    mas o que eu quero dizer é isto aqui.
  • 9:04 - 9:09
    Existem três pilares de conversação
    na nossa civilização:
  • 9:09 - 9:13
    o debate, onde eu entro pra vencer;
  • 9:13 - 9:16
    a discussão, onde eu entro pra analisar;
  • 9:16 - 9:21
    e o diálogo, onde eu entro
    pra estabelecer a conexão pras pessoas.
  • 9:21 - 9:22
    O que acontece na nossa sociedade
  • 9:22 - 9:26
    é que, se esses três pés
    fossem os pés de uma mesa,
  • 9:26 - 9:29
    essa mesa estaria completamente torta.
  • 9:29 - 9:33
    Nós fazemos muito mais debate,
    muito mais discussão,
  • 9:33 - 9:39
    do que o diálogo, que é a conversa
    que nos conecta uns com os outros.
  • 9:39 - 9:41
    Estamos muito desconectados.
  • 9:41 - 9:43
    A gente acha que a gente está conectado,
  • 9:43 - 9:45
    mas a gente nunca esteve tão desconectado.
  • 9:45 - 9:49
    Basta você, que frequenta,
    talvez, o Facebook,
  • 9:49 - 9:54
    ver o que acontece quando as pessoas
    postam alguma coisa a respeito de política
  • 9:54 - 9:56
    ou alguma coisa a respeito de religião,
  • 9:56 - 9:58
    sejam quais forem
    esses assuntos polêmicos.
  • 9:58 - 10:03
    Então, essa desconexão, a conversa
    que resolve essa desconexão é o diálogo.
  • 10:03 - 10:08
    E, pra mim, as pernas desta mesa
    estão completamente tortas,
  • 10:08 - 10:10
    assim, desequilibradas.
  • 10:10 - 10:12
    Então você quer fazer um bom diálogo?
  • 10:12 - 10:15
    O que você precisa pra recompor
    a conexão com as pessoas?
  • 10:15 - 10:16
    Três condições.
  • 10:17 - 10:19
    A primeira condição é igualdade.
  • 10:20 - 10:24
    Bom, pais e filhos, professores e alunos,
    chefes e funcionários...
  • 10:25 - 10:28
    Se a gente parte pro diálogo já desigual,
  • 10:28 - 10:31
    achando que um sabe mais do que o outro,
    ou que pode falar mais do que o outro,
  • 10:31 - 10:33
    não vai ter diálogo.
  • 10:33 - 10:36
    Agora, a igualdade que eu
    estou falando é esta aqui, ó.
  • 10:38 - 10:40
    Tem duas concepções.
  • 10:40 - 10:42
    Uma é aqui do lado esquerdo.
  • 10:42 - 10:47
    Tem um jogo lá de futebol, o Tinga está lá
    jogando, e todo mundo querendo olhar,
  • 10:47 - 10:49
    mas tem um grandão,
    um médio e um pequenininho.
  • 10:49 - 10:51
    E três caixotes.
  • 10:51 - 10:53
    O grandão não precisa do caixote,
  • 10:53 - 10:55
    o médio, mais ou menos,
  • 10:55 - 10:57
    e o pequenininho, não adianta
    um caixote pra ele.
  • 10:57 - 11:01
    Mas a gente vai ser rígido
    e vai dar igualdade pra todos, OK?
  • 11:01 - 11:03
    Um caixote pra cada um. Não resolve.
  • 11:03 - 11:07
    Mas olha que outra distribuição
    criativa que existe aqui.
  • 11:07 - 11:10
    A gente tem o grandão,
    que não precisa do caixote,
  • 11:10 - 11:11
    o médio que precisa de um
  • 11:11 - 11:13
    e o pequenininho que precisa de dois.
  • 11:13 - 11:14
    Então na hora de fazer o diálogo,
  • 11:14 - 11:17
    a gente precisa colocar as pessoas
    em posição de igualdade.
  • 11:17 - 11:19
    É dessa igualdade que eu estou falando.
  • 11:20 - 11:25
    A segunda condição
    pra falar do diálogo é ouvir.
  • 11:25 - 11:28
    Ouvir com empatia.
  • 11:28 - 11:33
    Ouvir é muito interessante, todo mundo diz
    que falar é ativo e ouvir é passivo.
  • 11:34 - 11:35
    Eu pergunto pra vocês:
  • 11:35 - 11:39
    vocês já tentaram falar alguma coisa
    pra alguém que não está a fim de escutar?
  • 11:40 - 11:44
    Então, essa que é a força do ouvir.
  • 11:44 - 11:46
    Ouvir dá força pro falar.
  • 11:46 - 11:50
    Aquilo que eu estou falando está sendo
    alimentado por vocês estarem ouvindo.
  • 11:50 - 11:51
    A gente diz no diálogo
  • 11:51 - 11:54
    que a pessoa que ouve é muito
    mais importante do que a pessoa que fala.
  • 11:54 - 11:56
    Porque a energia está lá.
  • 11:56 - 11:58
    E a empatia?
  • 11:58 - 12:00
    Empatia é assim: eu vou
    me colocar no lugar do outro.
  • 12:00 - 12:02
    Puxa, parece fácil.
  • 12:02 - 12:07
    Pra fazer isso, eu preciso me esvaziar
    das coisas que eu tenho no meu mundo,
  • 12:07 - 12:09
    dos meus julgamentos, minhas experiências,
  • 12:09 - 12:11
    pra poder entrar no mundo do outro
  • 12:11 - 12:14
    pra entender ele do jeito dele,
  • 12:14 - 12:17
    não do jeito que eu sou.
  • 12:17 - 12:20
    Cada um é um, cada mundo
    é um mundo diferente.
  • 12:20 - 12:23
    Então, se eu entendo o outro
    nos termos dele,
  • 12:23 - 12:25
    eu vou, compreendo,
    vejo um monte de coisas,
  • 12:25 - 12:29
    às vezes nem preciso falar
    pra ele ou ela certas coisas,
  • 12:29 - 12:32
    as coisas que eu vejo,
    porque talvez sejam ameaçadoras.
  • 12:32 - 12:34
    Mas eu volto pro meu mundo.
  • 12:34 - 12:37
    Bom, se eu vou pra lá,
    estou inseguro no meu mundo,
  • 12:37 - 12:40
    não consigo ver a verdade dele
    porque ameaça a minha,
  • 12:40 - 12:41
    não tem empatia.
  • 12:41 - 12:45
    Pessoas inseguras
    não conseguem ter empatia.
  • 12:45 - 12:47
    Elas não conseguem ver a verdade do outro,
  • 12:47 - 12:51
    então, em vez de empáticas,
    elas se tornam fanáticas.
  • 12:51 - 12:53
    Elas se tornam fundamentalistas.
  • 12:53 - 12:56
    Quanto mais diferença você vê no outro,
  • 12:56 - 13:00
    mais você precisa afirmar
    que a única verdade é a sua.
  • 13:00 - 13:06
    Então, perceba como é importante
    saber a empatia, praticar a empatia.
  • 13:06 - 13:10
    E a terceira coisa é falar
    dos pressupostos.
  • 13:10 - 13:11
    Pressupostos é assim:
  • 13:11 - 13:15
    quando eu falei da pontualidade,
  • 13:15 - 13:16
    eu falei dos meus pressupostos.
  • 13:16 - 13:19
    São as minhas crenças,
    as minhas experiências
  • 13:19 - 13:22
    que fazem com que eu acredite
    naquilo que eu acredito.
  • 13:23 - 13:27
    Então, tem situações em que não dá
    pra falar dos pressupostos.
  • 13:27 - 13:28
    Por exemplo,
  • 13:28 - 13:31
    o chefe que quer que o empregado
    faça a coisa do jeito que ele quer
  • 13:31 - 13:32
    sem nem dizer por quê.
  • 13:32 - 13:35
    Então, se não tem possibilidade
    de falar dos pressupostos,
  • 13:35 - 13:37
    não tem diálogo.
  • 13:37 - 13:39
    Detalhe, ou coisa muito importante:
  • 13:39 - 13:42
    antes de ficar criticando
    os pressupostos do outro,
  • 13:42 - 13:45
    deixa eu olhar primeiro pros meus.
  • 13:45 - 13:47
    Isso é uma lição de humildade.
  • 13:48 - 13:53
    Então... o diálogo é essa conversa
    que consegue recompor a conexão social.
  • 13:53 - 13:57
    Compartilhar o significado,
    não o fato, não a informação,
  • 13:57 - 14:02
    é aquilo que faz a gente ser uma sociedade
    unida, um grupo unido, uma escola unida.
  • 14:02 - 14:04
    É o significado, não são os fatos,
  • 14:04 - 14:07
    a gente compartilhar esses significados.
  • 14:07 - 14:11
    Vocês, jovens, têm a oportunidade
  • 14:11 - 14:15
    de estarem com uma conexão
    como nunca existiu na história.
  • 14:15 - 14:21
    Então, é a grande oportunidade de vocês
    fazerem uma conversação que una as pessoas
  • 14:21 - 14:25
    e que revele a conexão
    que acontece entre vocês.
  • 14:25 - 14:28
    O diálogo não cria conexão.
  • 14:28 - 14:29
    O diálogo revela.
  • 14:29 - 14:32
    Nós já estamos conectados,
    só que a gente não sabe.
  • 14:32 - 14:34
    A gente fica pensando
    em coisas exteriores,
  • 14:34 - 14:37
    então poder, status, seja lá o que for,
  • 14:37 - 14:42
    e não olha pra conexão que acontece
    espontaneamente dentro de nós.
  • 14:42 - 14:46
    Essa conversa que libera
    a conexão espontânea é o diálogo.
  • 14:46 - 14:50
    Então pratiquem o diálogo,
    até nas redes sociais, em todo lugar.
  • 14:50 - 14:53
    Procurem compreender o outro,
    entrar no mundo do outro.
  • 14:53 - 14:56
    Não tem certo e errado no diálogo.
  • 14:56 - 15:00
    No diálogo tem "eu compreendo"
    ou "eu não compreendo".
  • 15:00 - 15:02
    E eu vou me despedir de vocês
  • 15:02 - 15:07
    com esta fala de um poeta persa
    do século 13, o Rumi:
  • 15:11 - 15:14
    "Para além das ideias
    sobre o certo e o errado,
  • 15:14 - 15:16
    tem um território.
  • 15:16 - 15:19
    Eu me encontro com você lá".
  • 15:19 - 15:21
    Obrigado.
  • 15:21 - 15:23
    (Aplausos)
Title:
Diálogo | Arnaldo Bassoli | TEDxLaçadorSalon
Description:

Sabe o que é diálogo?
Sabe o que é preciso para dialogar?

Arnaldo Bassoli é psicólogo e psicoterapeuta de indivíduos, grupos, casais e famílias. Fundador, facilitador e professor da Escola de Diálogo de São Paulo. Facilitador de grupos de Diálogo, World Café e Jogos Cooperativos. Realiza programas de implantação da cultura do Diálogo e de Grupos de Diálogo em diversas organizações. Mediador em sociedades, grupos e organizações de todos os setores. Atua ainda como Você.

Professor de Diálogo do Curso de Pós-Graduação em Pedagogia da Cooperação, criado e organizado pelo Projeto Cooperação. Professor de programas de Diálogo para professores e alunos na Escola de Administração da FGV. Tem especializações nas áreas clínica – em Cinesiologia Psicológica e Gestalt-terapia – e organizacional – em Cooperação e Jogos Cooperativos.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:30

Portuguese, Brazilian subtitles

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