Consertando o fluxo de capital humano | Andrew Yang | TEDxGeorgetown

Do palco do TEDxGeorgetown, o fundador de Venture for America, Andrew Yang, apresenta um argumento convincente de como o melhor sistema universitário afeta a distribuição de empregos e o fluxo de habilidades profissionais nas cidade, e como a redescoberta de um espírito de empreendedorismo, alimentado por um treinamento estruturado, pode resolver isso.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Tento adaptar minha fala

às pessoas que estão
me escutando naquele momento,

então, em que ano vocês estão?

Quantos aqui são universitários?
Levantem as mãos.

Meu Deus, aparentemente todo mundo.
Vamos fazer de novo.

Quantos são formandos?

Veteranos? (Vivas)

Segundanistas? (Vivas)

E calouros?

Certo. Que bom.

Vou falar com vocês
como se fossem do terceiro ano.

Vou ficar no meio termo. Está tudo certo.

O tema vai ser o fluxo do talento.

O gráfico para iniciar...
se eu conseguir que funcione...

Oi, Mike, para onde aponto
essa coisa? Desculpe.

Obrigado.

Ou tenho de clicar nessa coisa?

Este é o gráfico que vamos usar
pra começar a discussão.

Para aqueles que são formandos,

isso pode soar mais familiar
do que para quem é calouro.

Então o que esse gráfico representa

é que é muito mais fácil agora
para uma pessoa jovem, inteligente,

se tornar banqueiro, consultor ou advogado
do que qualquer outra coisa.

Me identifico com isso.

Me formei pela Brown em 1996
e não sabia o que queria fazer.

Então fui fazer direito, o que não
esclarece absolutamente nada.

Para aqueles que estão
pensando em fazer direito,

deveriam saber o que os aguarda.

(Risos)

Então, me formei em direito
e, não sabendo ainda o que queria,

me tornei um advogado
de empresas e bancos em Nova York,

pois isso é o que se fazia fora
da Columbia, se não soubesse o que fazer.

Fiquei lá cerca de cinco meses,

e, num dia de Ação de Graças
com meus pais, cheguei lá desanimado.

Eu disse: "Sabem, pai e mãe,

quando eu era novo,
não sonhava em ser o escriba,

sonhava em ir pra floresta e matar algo".

Eles, claro, não sabiam
do que eu estava falando.

Então, de volta ao trabalho, eu disse:

"Sabe de uma coisa?
Gostaria de tentar construir algo,

mas não sei se tenho recursos".

Então tirei uma semana de folga
e tentei começar uma empresa.

Fiz progresso o suficiente
para me demitir do meu emprego

e começar uma "ponto com" em 2000.

Ela teve uma pequena ascensão
e uma queda retumbante.

Conseguimos cerca de US$ 250 mil,
alguma mídia, mas a bolha estourou.

Quantos anos vocês tinham em 2001
quando a bolha da internet estourou?

Oito, nove...

(Risos)

Mas vocês têm alguma
lembrança daquela época?

Talvez seus pais assistindo
à CNBC, muito tristes,

ou algo parecido?

Tem adultos entre vocês
que se lembram disso.

Quando estourou, foi como uma mão gigante
passando pelas ruas de Nova York

e varrendo qualquer empresa que não
estivesse arrasando, incluindo meu traje.

Naquele ponto, aos 25 anos,
tinha acabado de perder US$ 250 mil,

e devia US$ 100 mil de crédito
educativo do curso de direito,

e meus pais tipo: "O que aconteceu?
Você era tão inteligente".

(Risos)

Nessa altura, eu já tinha sido fisgado
e disse: "É isso o que quero fazer.

Quero aprender como construir um negócio".

Agora lhes pergunto: o que o jovem Andrew
deveria fazer, aos 25 anos,

deitado no chão, olhando para o teto?

Qual o próximo passo?

Tentar de novo? Mas como,
após ter levantado e perdido dinheiro?

E era tipo 2001, 2002,
quando ninguém queria investir em nada.

(Plateia) Fazer eles acreditarem em você.

Andrew Yang: Uau,
não sei o que isso significa.

(Risos)

Tá, vou perguntar outra coisa então.

Digamos que você queira muito
ser um chef. O que deve fazer?

Escola de chef? Outra possibilidade?

Conseguir um emprego? Onde?

(Plateia) Num café.

AY: Certo, você pegaria sua faca de chef,

se ajoelharia, iria até alguém
e diria: "Seja meu mestre", certo?

Você acharia alguém
que fosse um chef melhor.

Então foi o que fiz: encontrei
um empreendedor experiente

e me tornei seu assistente,
seu vice, uma coisa assim.

E então, por quatro anos, eu o ajudei

enquanto a empresa ganhava cerca
de US$ 7 milhões e lucrava US$ 3 milhões.

Aí me tornei o CEO da empresa
Manhattan GMAT; já ouviram falar?

Alunos do penúltimo
ano, do último, talvez?

A Manhattan GMAT passou
de uma empresa relativamente pequena

para a número um nos EUA
nos cinco ou seis anos seguintes,

até sermos comprados
pelo "The Washington Post" em 2009,

porque éramos a número um nos EUA.

O Washington Post era dono da Kaplan,
na qual estávamos dando uma surra.

A Kaplan se cansou, então o CEO
me liga e diz: "OK, vamos conversar".

Houve um processo de licitação,
e a empresa foi adquirida.

Essa é uma das razões
por esta imagem me ser familiar:

muitos dos clientes da Manhattan GMAT
hoje são banqueiros e consultores

que não estavam achando exatamente
o que procuravam aos 20 e poucos anos,

daí faziam o GMAT e tentavam
cursar uma faculdade de administração.

Então, continuando.
Vamos olhar os números reais.

Peguemos a turma de Harvard de 2011.

Qual a coisa mais comum de se fazer
ao sair de Harvard um ano atrás?

Podem falar!

(Burburinhos)

Sim, finanças.

(Plateia) Médico. AY: Consultoria.

Direito. Não contabilidade.

(Risos)

E a quarta é medicina.

A pergunta é: qual a proporção dos alunos
de Harvard que faz uma dessas quatro?

(Plateia responde)

Tudo bem, então temos entre 40% e 90%.

E como diz a sabedoria popular,
a verdade está exatamente no meio.

Então é 65%.

Depois temos a categoria pot-pourri,
que é um pouco de tudo:

pós-graduação, ONGs,
indústria, governo, TI, área militar.

Aqui, uma categoria própria: Teach
for America, para que 18% se candidatam.

Na verdade, 4% se tornam
membros do Teach for America.

Depois, os indecisos: 10% foram
para a Europa e se tornaram consultores.

(Risos)

Então esta é a imagem
de Harvard um ano atrás.

Deixem-me ouvir opiniões.
Isso é surpreendente ou não?

Não.

Agora, jogo a pergunta normativa.

Isso é uma coisa boa,
uma coisa ruim, ou neutra?

(Plateia) Ruim. Neutro.

AY: Uau, isso é preocupante,
certo? Vamos continuar.

Se olharmos outras escolas
de elite, a imagem é a mesma.

É a mesma aqui em Georgetown.

Não puxei as estatísticas de Georgetown,
mas são bem similares.

Dá pra ver que não é
uma coisa só de Harvard.

É na verdade uma coisa
de "qualquer escola de elite".

Falei em 40 universidades em todo o país,
e todas elas falam a mesma coisa.

Mas o que significa isso
regionalmente para nosso país?

Se metade dos jovens inteligentes viram
banqueiros, consultores e advogados,

onde vão morar?

(Plateia responde)

AY: Nova York, Washington, DC,
talvez Chicago, Boston...

São Francisco, LA,
essas são as seis principais.

Nós acabamos de listar
as quatro principais.

Então temos o restante do país lutando
com empregos e desenvolvimento econômico.

E uma das coisas que achamos
que esse gráfico representa

é que, se você é um jovem inteligente
da Flórida, e vem para Georgetown,

as chances de se tornar
banqueiro, consultor ou advogado

em Nova York, Boston e DC são muito altas.

E as chances de voltar pra Flórida, abrir
uma empresa e criar empregos são baixas.

Termina-se com uma drenagem
sistemática de talento na maioria do país

se eles forem identificados
por uma universidade nacional.

E acabamos com essa imagem.

O que vocês acham,
é empiricamente verdade?

(Plateia) Sim.

AY: Absolutamente. Tudo certo.
Estamos começando a pegar algo.

Coisa boa. Por que isso?

Aqueles de vocês que são calouros
levantem as mãos de novo.

Quantos de vocês que estão
com as mãos levantadas, continuem,

sabem o que é consultoria de gestão?

(Risos)

Então como é que o mundo vai disso

para, digamos, 20% da turma pelo menos
se candidatando a empregos de consultoria

e talvez até mudando?
Como isso acontece?

Veteranos, participem, por favor.

(Plateia) Salário.

AY: Dinheiro está lá.
O que mais? Continuem.

(Plateia) Criando novas vagas.

AY: Como?

(Plateia) Segurança.

AY: Segurança, medo.

(Risos)

Continuem. Continuem.

(Plateia) Recrutamento cuidadoso.

AY: Sim, recursos. Isso não é um acidente.

Pessoas gastam dinheiro e tempo

educando o mercado, ou seja,
vocês, ao longo dos seus quatro anos.

Quando forem veteranos, saberão os nomes:

McKinsey, Bain, BCG, Deloitte, etc.

Vamos dar uma olhada nesta lista.

Prestígio, fácil de achar, progresso,
buscar o próximo nível, abrir portas.

Dinheiro está na lista,
ganhar habilidades, comunidade;

e aí tem essa última,
que é algo pró-social, tipo mudar o mundo.

Isso também se aplica no caso
de virar banqueiro ou consultor,

porque a teoria é: você deve ficar rico
antes de voltar e mudar o mundo, certo?

(Risos)

Então você pode voltar
para as pessoas com muitos pães.

(Risos)

Vocês que são veteranos
concordam com isso?

(Plateia) Sim.

AY: Está certo, obrigado.

Normalmente falo com pessoas
que estão interessadas em startups,

então isso é um pouco amplo.

Mas digamos que você esteja
interessado em startups.

Levantem as mãos: quantos de vocês
estão interessados em startups?

Um subconjunto significante.

Veteranos, por que é improvável

que vocês irão trabalhar
para uma startup quando se graduarem?

Arriscado. Dinheiro.

(Plateia) Crédito educativo.
AY: Crédito educativo.

(Plateia) É assustador.

AY: É bem o oposto do último slide, certo?

É como se você não fosse recrutado.

É difícil de achar.
Não tem um caminho estruturado.

Não tem comunidade
ou grupo de colegas.

Perspectivas pouco claras
para treinamento, avanço ou sucesso.

Sem rede, ideia, dinheiro,
competência tecnológica.

Mas muitos de vocês realmente querem,
e aí falam sobre fazer,

mas, primeiro, você quer "aprender
sobre negócio" e depois voltar.

Isso está certo? Estou certo?

(Plateia responde)

AY: É como se eu tivesse sido um de vocês.

(Risos)

Então aqui está a grande pergunta
que Venture for America tenta responder:

o que aconteceria
se a mesma porção de talento

que está fluindo atualmente
pra banco, consultoria e direito

fluísse, em vez disso,
para startups pelo país?

Quanto tempo se levaria

para impactar o crescimento
de empregos e a inovação no país?

Quantos anos? Podem chutar?

(Plateia) Cinco.

AY: Cinco.

(Plateia) Um.

AY: Um, uau.

(Risos)

Isso é fé. Isso é autoconfiança.
Você deve se tornar um empreendedor.

Então entre um e cinco anos.

E então nós vemos,
"nós" como certas pessoas,

(Risos)

que existem forças estruturais

que fazem que seja difícil
alcançar essa realidade,

porque, se você pensar
quem pode vir te pegar

aqui nesse grupo de capital intelectual,

são organizações de altos recursos
ou indústrias de altos recursos.

E as startups na realidade
não são nenhuma dessas coisas.

As startups geralmente
têm poucos recursos.

E elas também não têm horizonte temporal.

Não conseguem recrutar
com oito meses de antecedência.

Não precisam de 20 de vocês.
É tudo em tempo real.

E, se elas viessem,
teriam dificuldade em competir.

Então como corrigir esse problema

se você decidir que isso vale a pena?

Se dissesse: "Sabe de uma coisa,

essa é potencialmente
uma imagem mais cor-de-rosa".

E, pessoalmente, acredito ser algo
ainda mais cor-de-rosa pro indivíduo,

porque aquilo que você faz

acaba te definindo
ao longo de um período de anos.

Você vai se tornar uma pessoa diferente.

Se tem uma coisa que vamos nos lembrar

é que, como jovens,
achamos que temos um eu estático.

Tipo, eu sou o Andrew jovem, e eu falo:

"Vou fazer tal coisa
e vou continuar a ser o Andrew,

só que com a coisa feita".

A verdade é que o Andrew muda

se botar ele em uma faculdade
de direito ou um escritório de advocacia,

olhar contratos o dia todo, ou sei lá.

Somos todos muito adaptáveis.

E assim,

na minha visão, as atividades
que te guiam pela estrada da startup

na realidade acabam formando
um eu diferente

que, vou arriscar, seria mais atraente
para alguns de vocês.

Se vocês quisessem tentar
afetar essa mudança,

o que fariam?

(Plateia) Pensar nisso
como uma escola para startups.

AY: Talvez você conserte
o sistema educacional.

(Plateia) [Inaudível]
... como fizeram

para conseguir que psicólogos
fossem praticar em áreas rurais,

AY: Sim.

Se estivessem no meu lugar,
levantariam US$ 1 milhão

e começariam uma organização
que fizesse isso.

(Risos)

Assim, comecei uma organização
chamada "Venture for America".

E isso é particularmente relevante
para os veteranos entre vocês.

Recrutamos os melhores
graduados do país

e os levamos para um campo de treinamento

com, digamos, outros 80 competidores
que querem muito ser empreendedores.

Nós vamos te treinar. MCKinsey vem.

IDEO e Cambridge Leadership Academy vêm.

David Tisch vem de Techstars.

Todo mundo vem, te treina,

e aí você vai em grupos de 10 ou mais
para uma cidade que precisa de talento,

e trabalha numa startup lá
com um empreendedor existente.

O que estamos fazendo aqui...

e vou fazer algo que não deveria,
mas vou fazer assim mesmo...

Portanto, o que vamos fazer é

te dar todas as coisas que você quer,

já que é de prestígio, é ultrasseletivo...

tudo isso, progresso, abrir portas...

você recebe uma comunidade, a coisa toda.

Porque somos adultos
e, se queremos que você faça algo,

não devemos esperar que você tenha
de nadar contra a corrente para fazer.

Nós devemos na verdade
pavimentar a estrada.

E é isto o que Venture for America faz:
te dá todas essas coisas que você quer,

que sabemos que você quer,

a fim de te mostrar o que quer fazer
e o que o país quer que faça.

E isso é construir um negócio em Detroit,
Nova Orleans, New Haven, Baltimore,

Cleveland, Providence, etc., etc.

Venture for America
está no processo de fazer isso.

Se você entrar no programa,

concordar em trabalhar
para uma startup por dois anos

com um empreendedor existente

para ganhar cerca de US$ 35
a US$ 38 mil por ano,

o que não parece muito dinheiro,

mas os caras em Detroit,
que vou visitar semana que vem,

estão morando em um prédio
chique com piscina e academia,

por US$ 400 por mês.

Então você pode viver superbem.

Além disso, eles têm 11 amigos em volta,
viajam juntos e se divertem.

E aí, ao longo dos dois anos,
oferecemos programação e suporte.

No final dos dois anos,
damos US$100 mil em financiamento

para quem fez um bom trabalho
nesse período.

É como uma combinação de tudo
que vocês cresceram assistindo:

"Real World", "Survivor", "Road Rules".

(Risos)

Então é este o plano:

vamos criar 100 mil novos
empregos estadunidenses até 2025.

Eu só quero voltar no tema.

Tudo o que vocês fazem é importante.

Capital intelectual atrai
capital financeiro,

e vice-versa.

Se houvesse pessoas talentosas
indo nessa direção,

aí veríamos o impacto
do que estamos falando,

em termos de criação
de empregos e inovação.

Então essa é nossa meta como organização:

revitalizar cidades e comunidades nos EUA
com o empreendedorismo,

de modo que vocês, mentes brilhantes,

criem oportunidades
para si mesmos e outros,

e restaurem a cultura de realizações,
com criação de valor, risco, recompensa

e o bem comum.

Acho que acabei antes do meu tempo,
mas está tudo bem.

Era isso que eu tinha para dizer.

Obrigado a todos.

(Aplausos)