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Como a pandemia irá modelar o próximo futuro

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    Chris Anderson: Bem-vindo, Bill Gates.
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    Bill Gates: Obrigado.
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    CA: É um prazer ter-te aqui, Bill.
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    Sabes, há três meses,
    tivemos aqui no TED uma conversa,
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    sobre esta pandemia,
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    e, nessa altura — acho que foi
    em finais de março —
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    nessa altura tinham morrido
    menos de 1000 pessoas nos EUA
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    e menos de 20 000 em todo o mundo.
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    Agora, os números
    são de 128 000 mortos nos EUA
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    e mais de meio milhão em todo o mundo,
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    em três meses.
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    Em três meses.
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    Qual é a tua previsão do que é possível
    para o resto do ano?
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    Analisas muitos modelos.
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    Na tua opinião, quais podem
    ser os melhores e os piores cenários?
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    BG: Bem, o número de cenários,
    infelizmente, é bastante grande,
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    incluindo o facto de,
    ao entrarmos no outono,
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    podermos ter uma taxa de mortalidade
    equivalente ao pior que tivemos em abril.
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    Se houver muitos jovens contaminados,
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    poderão, novamente,
    contagiar pessoas idosas,
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    e assim chegará aos lares,
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    aos refúgios dos sem-abrigo,
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    os locais onde temos tido
    muitas das nossas mortes.
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    No que diz respeito à inovação,
    de que provavelmente falaremos
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    — diagnósticos, terapêuticas, vacinas —
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    tem havido muitos progressos,
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    mas nada que, efetivamente, altere o facto
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    de que este outono nos EUA
    poderá ser bastante mau,
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    e isto é pior do que
    eu esperava há um mês,
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    o nível de mobilidade a que voltámos
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    sem uso de máscaras,
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    e, agora, o vírus chegou a muitas cidades
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    onde ainda não tinha entrado
    de forma significativa,
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    portanto vai ser um problema.
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    Em caso algum conseguiremos baixar muito
    a atual taxa de mortalidade,
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    que é cerca de 500 mortes por dia,
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    mas há um risco significativo de voltarmos
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    às 2000 mortes por dia,
    que já tivemos antes,
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    porque não temos o distanciamento,
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    a alteração de comportamento
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    no mesmo nível que tivemos
    em abril e maio.
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    E sabemos que este vírus
    é de alguma forma sazonal,
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    de modo que o aumento das infeções,
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    devido à temperatura, humidade,
    e maior permanência em casa,
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    será pior à medida que
    entrarmos no outono.
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    CA: Há cenários, em que, nos EUA,
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    se extrapolarmos esses números,
    para o futuro,
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    acabaremos com mais de 250 mil mortes,
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    ainda este ano, se não formos cuidadosos,
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    e a nível mundial, acho que
    as mortes, até ao final do ano,
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    estarão na casa dos milhões.
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    Há provas de que as temperaturas
    mais quentes do verão
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    têm de facto ajudado?
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    BG: Não há uma certeza absoluta,
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    mas de certeza que o modelo IHME
    usou a estação do ano,
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    incluindo temperatura e humidade,
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    para tentar explicar
    por que razão maio não foi ainda pior.
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    E à medida que fomos saindo
    e a mobilidade aumentou,
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    os modelos esperavam mais infeções
    e mortes como consequência,
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    e o modelo continuou a querer dizer:
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    "Mas eu preciso usar esta sazonalidade
  • 3:28 - 3:30
    "para explicar porque é
    que maio não foi pior,
  • 3:30 - 3:34
    "porque é que junho não foi pior."
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    E vemos no hemisfério sul,
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    por exemplo, no Brasil,
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    que está na estação oposta,
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    e agora toda a América do Sul
    está com uma enorme epidemia.
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    A África do Sul está com uma epidemia
    em rápido crescimento.
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    Felizmente, a Austrália e Nova Zelândia,
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    os últimos países do hemisfério sul,
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    estão com números muito baixos,
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    e, apesar de terem de continuar
    a combater o vírus, dizem:
  • 4:04 - 4:06
    "Oh, temos 10 casos,
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    "é um problema, vamos acabar com ele."
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    Portanto, são um desses países incríveis
    que têm números tão baixos
  • 4:14 - 4:18
    que os testes, a quarentena e o rastreio
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    resultam para manter os números
    perto de zero.
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    CA: Ajudados um pouco, talvez,
    pela facilidade de isolamento,
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    e pela menor densidade populacional.
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    Mas apesar disso,
    lá têm políticas inteligentes.
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    BG: Sim, as coisas são tão exponenciais
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    que um pouco de bom trabalho
    tem bons resultados.
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    Não é um jogo linear.
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    O rastreio dos contactos,
    com os números que temos nos EUA,
  • 4:44 - 4:46
    é de extrema importância,
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    mas não baixa até zero.
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    Ajuda a manter os números baixos,
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    mas a situação é demasiado avassaladora.
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    CA: OK, então em maio e junho nos EUA,
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    os números foram ligeiramente melhores
    do que alguns dos modelos previam,
  • 5:00 - 5:03
    e é possível que isso seja,
    em parte, devido ao tempo mais quente.
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    Agora estamos a assistir, digamos,
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    a um aumento bastante alarmante
    de casos nos EUA?
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    BG: Sim, eu diria
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    — por exemplo, na área de Nova Iorque,
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    os casos continuam a descer um pouco,
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    mas noutras regiões do país,
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    principalmente no sul, neste momento,
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    há crescimentos
    que estão a contrabalançar isso,
  • 5:29 - 5:32
    e há taxas de testes positivos em jovens
  • 5:32 - 5:39
    que são realmente superiores ao que vimos
    mesmo nalgumas das regiões mais afetadas.
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    Então, claramente, os jovens
    aumentaram a mobilidade
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    mais do que os mais velhos,
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    portanto, a estrutura etária
    é agora muito jovem,
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    mas por causa dos agregados familiares
    multigeracionais,
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    e das pessoas que trabalham em lares,
  • 5:57 - 6:00
    infelizmente, haverá um retorno
  • 6:01 - 6:03
    tanto do desfasamento de tempo
    como da transmissão
  • 6:03 - 6:05
    para as pessoas mais velhas,
  • 6:05 - 6:08
    o que levará ao aumento
    da taxa de mortalidade,
  • 6:08 - 6:10
    que está baixa...
  • 6:10 - 6:15
    desceu de 2000 para cerca de 500,
    neste momento.
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    CA: E isso deve-se em parte
    ao desfasamento de três semanas
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    entre o número de casos
    e o número de fatalidades?
  • 6:22 - 6:24
    E poderá ser também,
    — talvez, em parte —
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    porque tem havido algumas
    intervenções eficazes,
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    e estamos, realmente,
    a ver a possibilidade
  • 6:29 - 6:32
    de a taxa de mortalidade
    descer, efetivamente, um pouco
  • 6:32 - 6:35
    agora que adquirimos algum
    conhecimento adicional?
  • 6:35 - 6:38
    BG: Sim, certamente, a taxa
    de mortalidade é sempre mais baixa
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    quando não se está sobrecarregado.
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    Por isso, quando Itália
    estava sobrecarregada,
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    Espanha, até mesmo Nova Iorque, no início,
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    e, sem dúvida, a China,
  • 6:49 - 6:54
    ali não foi possível assegurar o básico,
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    tal como o oxigénio e outras coisas.
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    Um estudo que a nossa fundação
    financiou no Reino Unido
  • 7:00 - 7:04
    encontrou a única coisa
    além do Remdesivir,
  • 7:04 - 7:06
    que é uma terapêutica comprovada,
  • 7:06 - 7:08
    a dexametasona,
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    que, em doentes graves,
  • 7:11 - 7:15
    reduz a mortalidade em cerca de 20%,
  • 7:15 - 7:20
    e há ainda vários outros
    medicamentos desses a surgir.
  • 7:21 - 7:24
    A hidroxicloroquina
    nunca demonstrou dados positivos,
  • 7:24 - 7:26
    por isso está praticamente excluída.
  • 7:26 - 7:29
    Ainda há alguns ensaios a decorrer,
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    mas a lista de coisas a serem testadas,
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    incluindo, eventualmente,
    os anticorpos monoclonais,
  • 7:36 - 7:39
    teremos mais algumas
    ferramentas no outono.
  • 7:39 - 7:43
    Por isso, quando se fala
    de taxa de mortalidade,
  • 7:43 - 7:46
    a boa notícia é que já temos
    alguma inovação,
  • 7:46 - 7:50
    e teremos mais, mesmo no outono.
  • 7:50 - 7:53
    Devemos começar a ter
    anticorpos monoclonais,
  • 7:53 - 7:57
    que é a única terapêutica
    com que estou entusiasmado.
  • 7:58 - 8:01
    CA: Na verdade, vou pedir-te que me fales
    um pouco mais sobre isso a seguir,
  • 8:01 - 8:04
    mas, para encerrar o tema
    da taxa de mortalidade:
  • 8:04 - 8:06
    num sistema de saúde que funciona bem.
  • 8:06 - 8:09
    Por exemplo, os EUA,
    quando não estão sobrelotados,
  • 8:09 - 8:11
    o que achas,
  • 8:11 - 8:15
    de os números atuais de fatalidade
    estarem sensivelmente a crescer
  • 8:15 - 8:17
    em percentagem do total de casos?
  • 8:17 - 8:20
    Estamos abaixo de 1%, talvez?
  • 8:20 - 8:23
    BG: Se encontrássemos todos os casos, sim,
  • 8:23 - 8:26
    estamos claramente abaixo de 1%.
  • 8:26 - 8:31
    As pessoas discutem, 0,4% ou 0,5%.
  • 8:31 - 8:35
    Se incluirmos os assintomáticos,
  • 8:35 - 8:37
    está provavelmente abaixo de 0,5%,
  • 8:37 - 8:39
    e isso é uma boa notícia.
  • 8:39 - 8:43
    Esta podia ter sido uma doença de 5%.
  • 8:44 - 8:47
    As dinâmicas de transmissão desta doença
  • 8:47 - 8:53
    são mais difíceis do que
    os especialistas previram.
  • 8:54 - 8:59
    A quantidade de pré-sintomáticos
    e assintomáticos aumenta
  • 8:59 - 9:01
    e o facto de não haver tosse,
  • 9:01 - 9:04
    nesse caso, notava-se:
    "Atenção, estou a tossir."
  • 9:04 - 9:06
    — muitas doenças respiratórias
    provocam tosse.
  • 9:06 - 9:10
    Esta doença, na fase inicial,
    não é tossir.
  • 9:10 - 9:13
    É cantar, rir, conversar,
  • 9:13 - 9:16
    em particular para
    os super-transmissores,
  • 9:16 - 9:18
    com cargas virais muito elevadas,
  • 9:18 - 9:20
    que provocam esse contágio.
  • 9:20 - 9:22
    Isto é uma novidade,
  • 9:22 - 9:24
    e por isso, até os especialistas dizem:
  • 9:24 - 9:26
    "Uau, fomos apanhados de surpresa."
  • 9:26 - 9:28
    A quantidade de transmissão assintomática
  • 9:28 - 9:30
    e o facto de não haver tosse
  • 9:30 - 9:33
    não é uma peça importante
    como na gripe ou tuberculose.
  • 9:34 - 9:37
    CA: Sim, essa é a esperteza
    diabólica do vírus.
  • 9:37 - 9:42
    Qual a parte que essa transmissão
    não-sintomática
  • 9:42 - 9:44
    representa na transmissão total?
  • 9:44 - 9:47
    Tenho ouvido números que indicam
    que metade de todos os contágios
  • 9:47 - 9:50
    são basicamente pré-sintomáticos.
  • 9:50 - 9:53
    BG: Sim, se contarmos
    os pré-sintomáticos,
  • 9:53 - 9:56
    então a maioria dos estudos
    mostram que são cerca de 40%
  • 9:57 - 10:01
    e também há os totalmente assintomáticos.
  • 10:01 - 10:04
    A quantidade de vírus que temos
    no aparelho respiratório superior
  • 10:04 - 10:06
    não tem grande relação.
  • 10:06 - 10:09
    Algumas pessoas terão aí muitos vírus
    e poucos nos pulmões,
  • 10:09 - 10:14
    e o que apanhamos nos pulmões
    provoca sintomas muito maus
  • 10:14 - 10:17
    — e noutros órgãos,
    mas sobretudo nos pulmões —
  • 10:17 - 10:19
    e é quando procuramos tratamento.
  • 10:19 - 10:22
    Por isso, o pior cenário
    em termos de transmissão
  • 10:22 - 10:24
    é alguém que tem muito
    no trato respiratório superior
  • 10:24 - 10:27
    mas quase nada nos pulmões,
  • 10:27 - 10:29
    e que, por isso, não procura tratamento.
  • 10:30 - 10:31
    CA: Certo.
  • 10:31 - 10:34
    E, assim, se juntarmos os assintomáticos
  • 10:34 - 10:37
    aos pré-sintomáticos,
  • 10:37 - 10:39
    teremos mais de 50%
    da transmissão
  • 10:39 - 10:41
    a partir de pessoas assintomáticas?
  • 10:41 - 10:45
    BG: Bem, a transmissão
    é mais difícil de medir.
  • 10:45 - 10:49
    Sabes, vemos alguns pontos críticos
  • 10:49 - 10:52
    mas há uma grande questão com a vacina:
  • 10:52 - 10:56
    será que, para além de evitar a doença,
  • 10:56 - 10:58
    que é o que o ensaio vai verificar,
  • 10:58 - 11:01
    também nos irá impedir
    de sermos transmissores?
  • 11:01 - 11:04
    CA: Essa vacina é uma questão
    muito importante,
  • 11:04 - 11:05
    vamos falar dela.
  • 11:05 - 11:08
    Mas antes disso, há outras surpresas
    nos últimos meses
  • 11:08 - 11:10
    que aprendemos acerca deste vírus
  • 11:10 - 11:14
    que efetivamente influenciam
    a forma como devemos responder?
  • 11:15 - 11:19
    BG: Ainda não conseguimos caracterizar
    quem são os super-transmissores
  • 11:20 - 11:22
    em termos de conhecer o perfil,
  • 11:22 - 11:24
    e podemos nunca vir a saber.
  • 11:24 - 11:26
    Pode ser bastante aleatório.
  • 11:26 - 11:28
    Se os pudéssemos identificar,
  • 11:28 - 11:31
    eles são responsáveis
    pela maioria dos contágios,
  • 11:31 - 11:34
    poucas pessoas com cargas virais elevadas.
  • 11:34 - 11:38
    Mas infelizmente, não descobrimos isso.
  • 11:39 - 11:40
    Neste modo de transmissão,
  • 11:40 - 11:43
    se estivermos numa sala e ninguém falar,
  • 11:43 - 11:45
    há menor transmissão.
  • 11:46 - 11:49
    É em parte por isso que,
    apesar de haver transmissão nos aviões,
  • 11:49 - 11:51
    ela é abaixo do esperado,
  • 11:51 - 11:54
    em termos de medidas
    de proximidade de tempo,
  • 11:54 - 11:57
    porque ao contrário, por exemplo,
    de um coro ou restaurante,
  • 11:57 - 12:03
    não expiramos tanto,
    em conversas em voz alta,
  • 12:03 - 12:06
    como noutros ambientes interiores.
  • 12:06 - 12:10
    CA: O que achas da ética de alguém
    que entrasse num avião
  • 12:10 - 12:12
    e se recusasse a usar máscara?
  • 12:12 - 12:15
    BG: Se forem os donos do avião,
    não veria problema.
  • 12:15 - 12:18
    Se houver outras pessoas no avião,
  • 12:18 - 12:21
    isso ia colocar em perigo
    essas outras pessoas.
  • 12:21 - 12:23
    CA: No início da pandemia,
  • 12:23 - 12:28
    a OMS não aconselhou o uso de máscaras.
  • 12:28 - 12:30
    Tinham receio de as retirar
  • 12:30 - 12:33
    aos profissionais de saúde
    na linha da frente.
  • 12:33 - 12:37
    Em retrospetiva, isso foi
    um erro terrível?
  • 12:38 - 12:39
    BG: Sim.
  • 12:40 - 12:46
    Todos os especialistas se sentem mal
    quanto ao valor das máscaras
  • 12:46 - 12:49
    — que está de alguma forma relacionado
    com os assintomáticos.
  • 12:49 - 12:52
    Se as pessoas tivessem muitos sintomas,
  • 12:52 - 12:54
    como no Ébola,
  • 12:55 - 12:59
    então saberíamos e elas seriam isoladas,
  • 13:00 - 13:03
    pelo que não haveria
    necessidade de máscara.
  • 13:04 - 13:06
    O valor das máscaras,
  • 13:06 - 13:09
    o facto de as máscaras cirúrgicas
    terem uma distribuição diferente
  • 13:09 - 13:12
    das máscaras normais,
  • 13:12 - 13:15
    o facto de se poder incrementar
    tão bem as máscaras normais,
  • 13:15 - 13:21
    o facto de pararem a transmissão dos
    pré-sintomáticos, nunca sintomáticos,
  • 13:21 - 13:22
    é um erro.
  • 13:22 - 13:25
    Mas não é conspiração.
  • 13:26 - 13:29
    É algo que agora sabemos mais.
  • 13:29 - 13:32
    E mesmo agora, as margens de erro
    sobre os benefícios das máscaras
  • 13:32 - 13:35
    são mais altas
    do que gostaríamos de admitir,
  • 13:35 - 13:37
    mas é um benefício significativo.
  • 13:37 - 13:41
    CA: Certo. Vou começar com
    algumas perguntas da comunidade.
  • 13:43 - 13:45
    Vamos passá-las ali.
  • 13:45 - 13:51
    Jim Pitofsky: "Acha que a reabertura
    nos EUA foi prematura,
  • 13:51 - 13:56
    "e, se sim, como podemos enfrentar
    esta pandemia com responsabilidade?"
  • 13:58 - 14:01
    BG: Bem, a questão sobre
    como alcançamos compromissos
  • 14:01 - 14:06
    entre os benefícios,
    digamos, de ir à escola
  • 14:06 - 14:10
    versus o risco de as pessoas
    adoecerem, porque vão à escola,
  • 14:10 - 14:13
    são questões muito difíceis
  • 14:14 - 14:19
    e acho que ninguém pode afirmar:
  • 14:20 - 14:24
    "Vou dizer como se fazem
    estes compromissos".
  • 14:25 - 14:28
    Compreender onde temos a transmissão,
  • 14:28 - 14:31
    e o facto de os jovens serem infetados
  • 14:31 - 14:36
    e fazerem parte de uma cadeia
    de transmissão multigeracional,
  • 14:36 - 14:38
    isso devia ser explicado.
  • 14:38 - 14:40
    Se olharmos apenas para a saúde,
  • 14:40 - 14:43
    acabámos com o confinamento
    demasiado cedo.
  • 14:43 - 14:47
    Mas, em termos de saúde mental,
  • 14:47 - 14:54
    e procurar coisas normais de saúde
    como vacinas e outros cuidados,
  • 14:54 - 14:56
    traz benefícios.
  • 14:57 - 15:02
    Acho que uma parte do desconfinamento
    criou mais riscos que benefícios.
  • 15:02 - 15:05
    A rapidez com que se abriram os bares,
  • 15:05 - 15:08
    será essencial para a saúde mental?
  • 15:08 - 15:09
    Talvez não.
  • 15:09 - 15:13
    Por isso, acho que não fomos
    sensatos no desconfinamento,
  • 15:14 - 15:19
    porque tenho a certeza de que,
    à medida que o estudamos,
  • 15:19 - 15:25
    vamos perceber que havia coisas
    que não devíamos ter permitido tão cedo.
  • 15:25 - 15:27
    Mas, quando se trata das escolas,
  • 15:28 - 15:30
    mesmo estando aqui hoje,
  • 15:30 - 15:35
    o plano exato, para as escolas
    das cidades, no outono,
  • 15:35 - 15:39
    eu não tenho uma visão preto e branco
  • 15:40 - 15:44
    acerca dos equilíbrios relativos
    envolvidos aqui.
  • 15:44 - 15:49
    Há benefícios enormes
    em deixar as crianças ir à escola,
  • 15:50 - 15:53
    e como avaliamos o risco?
  • 15:54 - 15:57
    Numa cidade com poucos casos,
  • 15:57 - 16:01
    diria que o benefício está lá.
  • 16:01 - 16:04
    Agora, isso significa que
    podíamos ficar surpreendidos.
  • 16:04 - 16:07
    Os casos podiam aumentar
    e então tínhamos de mudar isso
  • 16:07 - 16:08
    o que não é fácil.
  • 16:08 - 16:11
    Mas acho que, nos EUA,
  • 16:11 - 16:16
    haverá locais onde não haverá
    um bom equilíbrio.
  • 16:16 - 16:18
    Portanto, quase todas as desigualdades
  • 16:18 - 16:23
    pioraram com esta doença:
  • 16:23 - 16:27
    o tipo de emprego, a ligação à Internet,
  • 16:28 - 16:31
    a capacidade de a escola ensinar "online".
  • 16:31 - 16:34
    Os trabalhadores de colarinho branco,
  • 16:34 - 16:36
    as pessoas têm receio de reconhecer,
  • 16:36 - 16:38
    mas alguns são mais produtivos,
  • 16:38 - 16:43
    e apreciam a flexibilidade
    que o teletrabalho criou,
  • 16:43 - 16:45
    e sentimos que isso é terrível
  • 16:45 - 16:50
    quando pensamos nas pessoas
    que sofrem de tantas maneiras,
  • 16:50 - 16:53
    incluindo quando
    as suas crianças não vão à escola.
  • 16:53 - 16:55
    CA: De facto. Passemos à próxima pergunta:
  • 16:55 - 16:57
    "Para nós, no Ruanda,
  • 16:57 - 16:59
    "a intervenção política precoce
    fez a diferença.
  • 16:59 - 17:03
    "Nesta altura, que intervenção política
    sugere agora para os EUA?"
  • 17:03 - 17:06
    Bill, sonho com o dia
    em que sejas nomeado
  • 17:06 - 17:08
    o czar do coronavírus
  • 17:08 - 17:10
    com autoridade para falar ao público.
  • 17:10 - 17:12
    O que farias?
  • 17:13 - 17:18
    BG: Bem, as ferramentas de inovação
  • 17:18 - 17:23
    estão onde eu e a Fundação temos
    provavelmente mais conhecimentos.
  • 17:23 - 17:27
    Claramente, algumas das políticas,
    de reabertura foram demasiado generosas,
  • 17:27 - 17:31
    mas acho que todos
  • 17:31 - 17:36
    podiam empenhar-se nisso.
  • 17:36 - 17:38
    Precisamos de liderança
  • 17:38 - 17:43
    para reconhecer que ainda temos
    um grande problema,
  • 17:43 - 17:47
    e não tornar isso
    numa coisa quase política, tipo:
  • 17:48 - 17:52
    "Oh, não é brilhante o que fizemos?"
  • 17:52 - 17:54
    Não, não é brilhante,
  • 17:54 - 17:58
    mas há muitas pessoas,
    incluindo os especialistas,
  • 17:58 - 18:01
    há muitos que não perceberam
  • 18:01 - 18:05
    e todos desejam que,
    qualquer que seja a ação que tomem,
  • 18:05 - 18:08
    terem-na tomado na semana anterior.
  • 18:08 - 18:10
    As ferramentas de inovação,
  • 18:10 - 18:14
    é nisso que a Fundação trabalha:
  • 18:16 - 18:19
    nos anticorpos, vacinas.
  • 18:19 - 18:21
    Temos uma profunda especialização,
  • 18:21 - 18:24
    e está fora do sector privado,
  • 18:24 - 18:28
    e temos uma espécie de capacidade neutra
    para trabalhar com todos os governos
  • 18:28 - 18:30
    e empresas para escolher.
  • 18:30 - 18:33
    Sobretudo quando
    produzimos sem lucro,
  • 18:33 - 18:35
    qual deles deve receber os recursos?
  • 18:35 - 18:38
    Não há nenhum sinal de mercado para isso.
  • 18:39 - 18:42
    Os peritos têm de dizer:
    "OK, este anticorpo merece ser produzido.
  • 18:42 - 18:45
    "Esta vacina merece ser produzida",
  • 18:45 - 18:50
    porque temos uma produção limitada
    para ambas as coisas,
  • 18:50 - 18:54
    e será entre empresas,
    o que nunca acontece num caso normal,
  • 18:54 - 18:56
    em que uma empresa inventa
  • 18:56 - 19:00
    e depois usamos
    as fábricas de muitas companhias
  • 19:00 - 19:03
    para obter a quantidade máxima
    da melhor escolha.
  • 19:04 - 19:07
    Então, eu estaria
    a coordenar essas coisas,
  • 19:07 - 19:12
    mas precisamos de um líder
    que nos mantenha atualizados,
  • 19:12 - 19:14
    seja realista,
  • 19:14 - 19:17
    e nos mostre o comportamento certo,
  • 19:17 - 19:19
    e conduza a linha da inovação.
  • 19:20 - 19:23
    CA: Quero dizer,
    és um mestre em diplomacia
  • 19:23 - 19:24
    pelo modo como falas do assunto.
  • 19:24 - 19:27
    Por isso valorizo esse desconforto.
  • 19:27 - 19:30
    Mas, digamos, falas regularmente
    com o Anthony Fauci,
  • 19:30 - 19:35
    que é uma voz sensata nesta questão,
    na opinião da maioria.
  • 19:35 - 19:37
    Mas até que ponto está ele bloqueado?
  • 19:37 - 19:40
    Ele não pode desempenhar plenamente
  • 19:40 - 19:43
    o papel que teria nestas circunstâncias.
  • 19:43 - 19:48
    BG: O Dr. Fauci apareceu onde lhe foi
    permitido ter algum tempo de antena,
  • 19:49 - 19:53
    e apesar de fazer afirmações realistas,
  • 19:53 - 19:55
    o prestígio dele ficou intacto.
  • 19:55 - 19:57
    Ele pode falar daquela maneira.
  • 19:57 - 20:01
    Tipicamente, o CDC
    seria aqui a principal voz.
  • 20:03 - 20:05
    Não é absolutamente necessário,
  • 20:05 - 20:07
    mas em crises sanitárias anteriores,
  • 20:08 - 20:12
    deixavam os peritos
    dentro do CDC ser essa voz.
  • 20:12 - 20:14
    Eles são treinados para fazer isso,
  • 20:14 - 20:20
    e, por isso, é um pouco estranho agora,
    o quanto temos de nos apoiar no Fauci
  • 20:20 - 20:22
    e não no CDC.
  • 20:22 - 20:26
    Devia ser o Fauci, que é
    um investigador brilhante,
  • 20:26 - 20:28
    muito experiente,
    particularmente em vacinas.
  • 20:29 - 20:33
    De certo modo, ele tornou-se,
    considerando o conselho alargado,
  • 20:33 - 20:36
    que é o conselho epidemiológico
  • 20:37 - 20:39
    e explicando-o na forma correta,
  • 20:39 - 20:41
    em que ele reconhecerá;
  • 20:41 - 20:44
    "OK, podemos ter aqui um novo recuo,
  • 20:44 - 20:47
    "e é por isso que precisamos
    de nos comportar desse modo."
  • 20:47 - 20:53
    Mas é fantástico poder ouvir a voz dele.
  • 20:54 - 20:55
    CA: Às vezes.
  • 20:55 - 20:58
    Passemos à próxima pergunta.
  • 21:01 - 21:04
    Nina Gregory:
    "Como está o Bill e a Fundação
  • 21:04 - 21:08
    "a lidar com a questão ética relativa
    aos países que recebem a vacina primeiro,
  • 21:08 - 21:10
    "assumindo que descobrem uma?"
  • 21:10 - 21:12
    Bill, aproveita este momento
  • 21:12 - 21:16
    para falar sobre onde estamos
    na procura da vacina
  • 21:16 - 21:19
    e quais são os aspetos chave
    que devemos considerar,
  • 21:19 - 21:22
    quando seguimos notícias sobre este tema.
  • 21:23 - 21:27
    BG: Há três vacinas
    que estão mais avançadas,
  • 21:27 - 21:28
    se funcionarem:
  • 21:28 - 21:34
    a da Moderna que, infelizmente, não será
    produzida facilmente em grande escala
  • 21:34 - 21:38
    e, por isso, se funcionar,
    será sobretudo destinada aos EUA;
  • 21:39 - 21:42
    depois temos a da AstraZeneca
    que vem de Oxford;
  • 21:42 - 21:43
    e a da Johnson & Johnson.
  • 21:43 - 21:45
    Estas são as três mais avançadas.
  • 21:45 - 21:48
    E temos dados de animais
  • 21:48 - 21:54
    que parecem potencialmente bons
    mas não são definitivos,
  • 21:54 - 21:57
    em particular se funcionarão nos idosos,
  • 21:57 - 22:00
    e teremos dados de seres humanos
    nos próximos meses.
  • 22:00 - 22:06
    Estas três serão balizadas pelos
    testes de segurança e eficácia.
  • 22:06 - 22:08
    Isto é, poderemos produzir essas vacinas
  • 22:08 - 22:10
    mas em menor quantidade do que queremos.
  • 22:10 - 22:13
    Poderemos produzi-las antes do fim do ano.
  • 22:13 - 22:15
    Quanto aos testes da Fase 3 resultarem
  • 22:15 - 22:18
    e ficarem concluídos
    antes do fim do ano,
  • 22:18 - 22:21
    eu não estaria muito otimista.
  • 22:22 - 22:27
    É na Fase 3 que temos mesmo de olhar
    para o perfil de segurança e de eficácia,
  • 22:28 - 22:29
    mas os testes vão começar.
  • 22:29 - 22:34
    Depois há quatro ou cinco vacinas
    que usam abordagens diferentes
  • 22:34 - 22:36
    que podem estar três ou quatro meses
    mais atrasadas:
  • 22:37 - 22:40
    Novavax, Sanofi, Merck.
  • 22:41 - 22:47
    Portanto, estamos a criar capacidade
    de produção para muitas destas
  • 22:47 - 22:53
    — neste preciso momento, estão a decorrer
    algumas negociações complexas —
  • 22:53 - 22:59
    para conseguir fábricas que estarão
    dedicadas aos países mais pobres,
  • 22:59 - 23:01
    chamados de rendimentos
    médios e baixos.
  • 23:01 - 23:04
    E é n os projetos mais fáceis
    de produzir em maior escala
  • 23:04 - 23:08
    — que incluem a AstraZeneca
    e a Johnson & Johnson —
  • 23:08 - 23:10
    que nos vamos focar,
  • 23:10 - 23:12
    nos que são baratos,
  • 23:12 - 23:15
    e podemos construir uma única fábrica
    para produzir 600 milhões de doses.
  • 23:16 - 23:21
    Portanto, há vários projetos
    de vacinas com potencial.
  • 23:22 - 23:25
    Não prevejo nada antes do fim do ano,
  • 23:25 - 23:27
    na melhor das hipóteses.
  • 23:27 - 23:31
    Neste momento, não passam de projetos,
  • 23:31 - 23:35
    que normalmente têm
    taxas de insucesso elevadas
  • 23:36 - 23:38
    CA: Bill, a verdade é que,
  • 23:38 - 23:40
    se tu e a tua Fundação
    não estivessem envolvidos
  • 23:41 - 23:44
    a dinâmica de mercado levaria
    provavelmente a uma situação
  • 23:44 - 23:47
    em que, logo que surgisse
    um candidato promissor a vacina,
  • 23:47 - 23:50
    os países mais ricos
    iriam simplesmente agarrar,
  • 23:50 - 23:53
    devorar toda a produção inicial disponível
  • 23:53 - 23:55
    — demora algum tempo a produzi-las —
  • 23:55 - 23:58
    e não restaria nada
    para os países pobres.
  • 23:59 - 24:02
    O que estás efetivamente a fazer
  • 24:02 - 24:05
    ao dar garantias de produção e capacidade
  • 24:05 - 24:07
    a alguns destes candidatos,
  • 24:07 - 24:13
    estás a tornar possível que, pelo menos
    uma parte das primeiras vacinas,
  • 24:13 - 24:16
    chegue aos países mais pobres.
  • 24:16 - 24:17
    Está correto?
  • 24:17 - 24:19
    BG: Bem, não somos só nós, mas sim,
  • 24:19 - 24:22
    temos aqui um papel central,
  • 24:22 - 24:24
    juntamente com um grupo que criámos,
  • 24:24 - 24:28
    o CEPI — Coalition
    for Epidemic Preparedness,
  • 24:28 - 24:32
    e os líderes europeus concordam com isto.
  • 24:32 - 24:36
    Nós temos os conhecimentos para olhar
    para cada um dos projetos e dizer:
  • 24:36 - 24:38
    "OK, onde é que há uma fábrica no mundo
  • 24:38 - 24:40
    "que tenha a capacidade para a produzir?
  • 24:40 - 24:42
    "Onde devemos colocar o dinheiro inicial?
  • 24:42 - 24:44
    "Quais serão os critérios
  • 24:44 - 24:47
    "que nos levarão a colocar
    o dinheiro noutra?"
  • 24:47 - 24:51
    Porque há pessoas do setor privado
  • 24:51 - 24:54
    que realmente percebem deste assunto,
  • 24:54 - 24:56
    e algumas delas trabalham para nós.
  • 24:57 - 25:00
    Nós somos um parceiro
    de confiança nestas coisas,
  • 25:00 - 25:04
    coordenamos muito,
    sobretudo na parte da produção.
  • 25:06 - 25:10
    Normalmente, esperaríamos que os EUA
    pensassem nisto como um problema global,
  • 25:10 - 25:12
    e se envolvessem.
  • 25:12 - 25:18
    Até agora, não foi tomada
    nenhuma iniciativa nesta frente.
  • 25:18 - 25:22
    Tenho falado com pessoas
    no Congresso e na Administração
  • 25:22 - 25:25
    sobre quando chegará
    a próxima lei de ajuda
  • 25:25 - 25:30
    em que, talvez, 1% possa ser
    para as ferramentas
  • 25:30 - 25:32
    para ajudar o mundo inteiro.
  • 25:32 - 25:35
    E, por isso, é possível,
  • 25:35 - 25:37
    mas infelizmente,
  • 25:38 - 25:40
    há aqui um vazio,
  • 25:40 - 25:42
    o mundo já não é o que era,
  • 25:42 - 25:46
    e muitas pessoas estão a intervir
    incluindo a nossa Fundação,
  • 25:46 - 25:49
    a tentar ter uma estratégia,
  • 25:49 - 25:51
    incluindo para os países mais pobres,
  • 25:51 - 25:57
    que irão sofrer uma alta percentagem
    de mortes e efeitos negativos,
  • 25:57 - 26:00
    incluindo a sobrecarga
    dos seus sistemas de saúde.
  • 26:00 - 26:03
    A maioria das mortes será
    nos países em desenvolvimento,
  • 26:03 - 26:07
    apesar do grande número de mortes
    que temos visto na Europa e EUA.
  • 26:07 - 26:09
    CA: Gostava de ser mosca
  • 26:09 - 26:12
    e ouvir-te a ti e à Melinda
    falar sobre isto,
  • 26:12 - 26:16
    porque muitos dos, digamos...
    "crimes" éticos,
  • 26:17 - 26:21
    executados por líderes
    que deviam ter mais juízo,
  • 26:21 - 26:25
    uma coisa é não ser um bom exemplo
    na utilização da máscara,
  • 26:25 - 26:32
    mas não ter um papel
    na ajuda ao mundo
  • 26:32 - 26:34
    quando se enfrenta um inimigo comum,
  • 26:34 - 26:36
    responder como uma só Humanidade,
  • 26:36 - 26:38
    e em vez disso....
  • 26:38 - 26:43
    catalisar uma confusão
    inconveniente entre nações
  • 26:43 - 26:46
    lutar pelas vacinas, por exemplo.
  • 26:46 - 26:51
    Certamente que a História
    irá fazer um julgamento duro.
  • 26:51 - 26:54
    Isto é revoltante.
  • 26:55 - 26:57
    Não achas? Escapa-me alguma coisa?
  • 26:57 - 27:02
    BG: Bem, não é tão linear como isso.
  • 27:02 - 27:05
    Os EUA já contribuíram com mais dinheiro
  • 27:05 - 27:08
    para financiar a pesquisa básica
    destas vacinas
  • 27:08 - 27:11
    do que qualquer outro país,
  • 27:11 - 27:14
    e essa pesquisa não é restrita.
  • 27:14 - 27:17
    Não é como uma "realeza" que estipula:
    "Se aceitares o nosso dinheiro,
  • 27:17 - 27:20
    "tens de pagar 'royalties' aos EUA."
  • 27:20 - 27:22
    O financiamento da investigação
  • 27:22 - 27:24
    é feito para toda a gente.
  • 27:24 - 27:26
    O financiamento das fábricas
    é apenas para os EUA.
  • 27:27 - 27:31
    O que torna isto difícil é que, em todos
    os outros problemas globais de saúde,
  • 27:31 - 27:34
    os EUA lideram totalmente
    a erradicação da varíola,
  • 27:34 - 27:39
    os EUA são os líderes
    na erradicação da poliomielite,
  • 27:39 - 27:45
    com parceiros chave — CDC, OMS,
    Rotary, UNICEF e a nossa Fundação.
  • 27:45 - 27:48
    Portanto, o mundo — e no VIH, —
  • 27:48 - 27:53
    sob a liderança do presidente Bush,
    que era muito bipartidário,
  • 27:53 - 27:56
    o PEPFAR era inacreditável.
  • 27:56 - 27:59
    Salvou dezenas de milhões de vidas.
  • 27:59 - 28:03
    E isso é o que o mundo
    sempre esperou dos EUA,
  • 28:03 - 28:05
    que, pelo menos, estivesse na liderança,
  • 28:05 - 28:07
    financeira, estrategicamente,
  • 28:07 - 28:11
    como se conseguem
    estas fábricas para o mundo,
  • 28:11 - 28:15
    nem que seja só para evitar
    que a infeção regresse aos EUA
  • 28:15 - 28:17
    ou para manter
    a economia global a funcionar,
  • 28:17 - 28:19
    o que é bom para o emprego nos EUA
  • 28:19 - 28:22
    ter procura fora dos EUA.
  • 28:22 - 28:24
    O mundo também está numa espécie de
  • 28:24 - 28:27
    — digamos, há toda esta incerteza
    sobre qual irá resultar,
  • 28:27 - 28:31
    e ainda a questão
    "OK, quem manda aqui?"
  • 28:32 - 28:35
    Por isso a pior coisa, a saída da OMS,
  • 28:36 - 28:39
    é uma dificuldade
    que esperamos seja remediada
  • 28:42 - 28:44
    mais tarde ou mais cedo,
  • 28:44 - 28:47
    porque precisamos dessa coordenação
  • 28:47 - 28:49
    através da OMS.
  • 28:49 - 28:52
    CA: Passemos a outra pergunta.
  • 28:56 - 28:59
    Ali Kashani: "Há algum modelo,
    com especial sucesso,
  • 28:59 - 29:02
    para lidar com a pandemia
    que tenha visto pelo mundo fora?"
  • 29:04 - 29:08
    BG: Bem, é fascinante que,
    além da resposta antecipada,
  • 29:08 - 29:12
    há efetivamente medidas,
    nas pessoas que testaram positivo,
  • 29:12 - 29:15
    monitorizamos a oximetria do pulso,
  • 29:15 - 29:18
    que é o nível de saturação
    de oxigénio no sangue,
  • 29:18 - 29:20
    e que é um detetor muito barato.
  • 29:20 - 29:23
    Assim, sabemos que devemos
    levá-los para o hospital bastante cedo.
  • 29:24 - 29:29
    Estranhamente, os doentes não sabem
    quando o seu estado se está a agravar.
  • 29:30 - 29:35
    É uma razão fisiológica interessante
    que não vou abordar.
  • 29:35 - 29:40
    A Alemanha tem uma taxa
    de mortalidade bastante baixa,
  • 29:40 - 29:43
    que têm conseguido graças
    a esse tipo de monitorização.
  • 29:43 - 29:46
    E depois, claro,
    quando chegamos aos hospitais,
  • 29:46 - 29:50
    aprendemos que o ventilador,
    ainda que muito bem intencionado,
  • 29:50 - 29:55
    foi usado em demasia
    e da forma errada
  • 29:55 - 29:57
    naqueles primeiros tempos.
  • 29:57 - 30:03
    Portanto, a saúde — os médicos
    sabem muito mais sobre o tratamento agora.
  • 30:03 - 30:05
    A maior parte disto, eu diria, é global.
  • 30:05 - 30:08
    Usar o oxímetro de pulso como
    indicador precoce,
  • 30:08 - 30:10
    poderá vir a tornar-se habitual,
  • 30:10 - 30:12
    mas a Alemanha foi pioneira.
  • 30:12 - 30:18
    E agora, claro, a dexametasona —
    felizmente é barata e é oral,
  • 30:18 - 30:20
    e podemos aumentar a produção.
  • 30:20 - 30:22
    Também é global.
  • 30:25 - 30:28
    CA: Bill, quero perguntar-te uma coisa:
  • 30:29 - 30:32
    como tem sido este processo todo
    para ti pessoalmente.
  • 30:32 - 30:38
    Porque, estranhamente, apesar
    de a tua paixão e boas intenções,
  • 30:38 - 30:43
    parece óbvio para quem
    tenha estado um momento consigo,
  • 30:44 - 30:48
    há estas teorias de conspiração
    loucas sobre ti.
  • 30:48 - 30:51
    Eu confirmei com
    uma empresa chamada Zignal
  • 30:51 - 30:53
    que monitoriza os espaços
    na comunicação social.
  • 30:53 - 30:57
    Eles dizem que, até agora,
    acho que apenas no Facebook,
  • 30:57 - 31:01
    houve mais de quatro milhões
    de publicações
  • 31:01 - 31:07
    que te associam a uma espécie de teoria
    de conspiração acerca do vírus.
  • 31:07 - 31:13
    Eu li que houve uma sondagem
    em que 40% dos Republicanos
  • 31:13 - 31:17
    acreditam que a vacina que irás lançar
  • 31:17 - 31:22
    vai implantar um "microchip" nas pessoas
    para detetar a sua localização.
  • 31:22 - 31:26
    Eu nem consigo acreditar
    nos números desta sondagem.
  • 31:27 - 31:30
    E algumas pessoas estão
    a levar isto muito a sério,
  • 31:30 - 31:35
    e algumas delas têm circulado
    na Fox News e não só,
  • 31:35 - 31:38
    algumas pessoas
    levam isto tão a sério
  • 31:38 - 31:41
    que fazem ameaças bastante horríveis.
  • 31:42 - 31:46
    Parece que estás a fazer um bom trabalho,
    a relativizar isto, até certo ponto
  • 31:46 - 31:49
    mas, de facto, quem mais
    esteve alguma vez nesta posição?
  • 31:49 - 31:51
    Como estás a gerir isto?
  • 31:51 - 31:54
    Em que tipo de mundo estamos a viver
  • 31:54 - 31:56
    que deixa esta desinformação
    andar por aí?
  • 31:56 - 31:59
    Como podemos ajudar a corrigi-la?
  • 32:00 - 32:02
    BG: Não tenho a certeza.
  • 32:05 - 32:06
    É uma coisa nova,
  • 32:08 - 32:11
    e há teorias de conspiração.
  • 32:12 - 32:14
    A Microsoft teve
    a sua parte de controvérsia,
  • 32:14 - 32:17
    mas, pelo menos, estava relacionada
    com o mundo real.
  • 32:17 - 32:20
    O Windows teve
    mais problemas do que devia?
  • 32:20 - 32:23
    Sim, tivemos problemas de concorrência
  • 32:23 - 32:25
    mas, pelo menos, eu sabia o que era.
  • 32:25 - 32:28
    Devo dizer que, quando isso apareceu,
  • 32:28 - 32:31
    o meu instinto foi brincar com isso.
  • 32:31 - 32:34
    As pessoas têm dito
    que não foi apropriado,
  • 32:34 - 32:37
    porque é um assunto muito sério.
  • 32:38 - 32:42
    As pessoas vão estar
    menos dispostas a levar a vacina.
  • 32:42 - 32:45
    E, claro, quando tivermos a vacina,
  • 32:45 - 32:47
    será como as máscaras.
  • 32:47 - 32:49
    Interessa abranger muitas pessoas,
  • 32:50 - 32:53
    em particular se for uma vacina
    que impeça a transmissão.
  • 32:53 - 32:56
    Haverá um grande benefício
    para a comunidade
  • 32:56 - 33:00
    numa adoção alargada da vacina.
  • 33:01 - 33:05
    Por isso, estou um pouco indeciso,
  • 33:05 - 33:07
    sem saber o que dizer ou fazer,
  • 33:07 - 33:10
    porque a conspiração é algo novo para mim.
  • 33:13 - 33:15
    O que é que podemos dizer
  • 33:15 - 33:19
    que não dê credibilidade a isto?
  • 33:20 - 33:24
    O facto de uma comentadora
    da Fox News, Laura Ingraham,
  • 33:24 - 33:27
    dizer que eu coloco
    "microchips" nas pessoas
  • 33:27 - 33:32
    não é assim tão surpreendente
    porque é o que ouviram na televisão.
  • 33:33 - 33:35
    É uma loucura.
  • 33:35 - 33:39
    As pessoas estão claramente
    à procura de explicações mais simples
  • 33:39 - 33:42
    do que ir estudar virologia.
  • 33:43 - 33:47
    CA: Quero dizer, o TED é apolítico,
  • 33:47 - 33:49
    mas acreditamos na verdade.
  • 33:50 - 33:52
    Eu diria o seguinte:
  • 33:52 - 33:56
    Laura Ingraham, deves ao Bill Gates
    um pedido de desculpas e um desmentido.
  • 33:56 - 33:57
    Deves mesmo.
  • 33:57 - 33:59
    E quem estiver a ver isto
  • 33:59 - 34:01
    e pense, nem que seja por um minuto,
  • 34:01 - 34:04
    que este homem está envolvido
    numa conspiração,
  • 34:04 - 34:05
    precisa de um exame à cabeça.
  • 34:05 - 34:07
    Estás louca.
  • 34:07 - 34:09
    Muitos de nós conhecemos o Bill há anos
  • 34:09 - 34:12
    e temos visto a sua paixão e empenho,
  • 34:12 - 34:14
    para saber que tu estás louca.
  • 34:14 - 34:16
    Esqueçamos isto
  • 34:16 - 34:19
    e olhemos para o problema atual
    que é resolver a pandemia.
  • 34:19 - 34:21
    Francamente,
  • 34:21 - 34:23
    se alguém aqui na conversa
    tiver uma sugestão,
  • 34:23 - 34:25
    uma sugestão positiva
  • 34:25 - 34:27
    para como podemos
    livrar-nos de conspirações,
  • 34:27 - 34:30
    porque umas alimentam outras.
  • 34:30 - 34:33
    Agora "Oh, bem, eu diria isso,
    porque faço parte da conspiração,"
  • 34:33 - 34:35
    ou o que seja.
  • 34:35 - 34:37
    Como regressamos a um mundo
  • 34:38 - 34:41
    onde podemos confiar na informação?
  • 34:41 - 34:43
    Temos de ser melhores nisso.
  • 34:43 - 34:46
    Há outras perguntas da comunidade?
  • 34:51 - 34:53
    Aria Bendix de Nova Iorque:
  • 34:53 - 34:56
    "Qual é a sua recomendação pessoal
    para quem quer reduzir
  • 34:56 - 34:59
    "o risco de infeção
    com o aumento de casos?"
  • 35:00 - 35:03
    BG: Bem, é excelente se tiver um trabalho
  • 35:03 - 35:10
    em que possa ficar em casa
    e fazê-lo através de reuniões virtuais,
  • 35:10 - 35:14
    e mesmo uma parte da sua vida social,
  • 35:15 - 35:18
    por exemplo, eu faço
    videochamadas com muitos amigos.
  • 35:19 - 35:22
    Tenho amigos na Europa que
    não sei quando poderei ver,
  • 35:22 - 35:26
    e marcamos chamadas regulares para falar.
  • 35:27 - 35:32
    Se ficar bastante isolada,
  • 35:32 - 35:35
    não corre grande risco.
  • 35:38 - 35:41
    É quando nos juntamos
    a muitas outras pessoas,
  • 35:41 - 35:43
    tanto no trabalho como na socialização,
  • 35:43 - 35:46
    que criamos esse risco
  • 35:46 - 35:50
    em particular, nas comunidades
    com um aumento de casos,
  • 35:52 - 35:54
    mesmo que não venha a ser obrigatório,
  • 35:54 - 35:59
    espero que os números da mobildiade
    mostrem as pessoas a corresponder
  • 35:59 - 36:05
    e a minimizar esses contactos
    fora de casa.
  • 36:05 - 36:07
    CA: Bill, será que te posso pedir
  • 36:07 - 36:09
    que fales um pouco de filantropia.
  • 36:09 - 36:12
    Obviamente, a tua fundação
    tem tido um papel enorme nisto,
  • 36:12 - 36:16
    mas a filantropia em termos mais gerais.
  • 36:16 - 36:19
    Começou o movimento Giving Pledge,
  • 36:19 - 36:22
    recrutou todos esses multimilionários
  • 36:22 - 36:27
    que se comprometeram
    a dar metade da sua fortuna
  • 36:27 - 36:29
    antes ou depois da morte.
  • 36:29 - 36:31
    Mas é mesmo difícil.
  • 36:31 - 36:33
    É difícil dar tanto dinheiro.
  • 36:33 - 36:34
    Tu próprio, creio,
  • 36:35 - 36:36
    desde que o Giving Pledge começou
  • 36:36 - 36:40
    — quando? Há 10 anos ou assim,
    não sei bem quando —
  • 36:40 - 36:43
    mas creio que a tua fortuna
    duplicou desde essa altura
  • 36:43 - 36:47
    apesar de seres o maior filantropo
    a nível mundial.
  • 36:47 - 36:52
    Será que é de facto difícil dar dinheiro
  • 36:52 - 36:55
    para tornar o mundo melhor?
  • 36:55 - 36:59
    Ou os doadores mundiais,
  • 36:59 - 37:01
    em especial os doadores
    realmente ricos,
  • 37:01 - 37:03
    deviam comprometer-se
    com um calendário,
  • 37:03 - 37:07
    como, "aqui está uma percentagem
    da minha fortuna, em cada ano,
  • 37:07 - 37:09
    "e à medida que envelheço,
  • 37:09 - 37:10
    "pode aumentar.
  • 37:10 - 37:13
    "Se eu levar isto a sério,
  • 37:13 - 37:16
    "tenho de dar — de algum modo,
    tenho de encontrar uma forma
  • 37:16 - 37:17
    "de o fazer de forma eficaz."
  • 37:17 - 37:19
    Esta é uma pergunta louca e injusta?
  • 37:20 - 37:23
    BG: Bem, seria ótimo subir a percentagem,
  • 37:23 - 37:28
    e o nosso objetivo,
    na Fundação Gates e na Giving Pledge,
  • 37:28 - 37:32
    é ajudar as pessoas a encontrar
    causas com que tenham ligação.
  • 37:32 - 37:34
    As pessoas dão por paixão.
  • 37:35 - 37:36
    Sim, os números são importantes,
  • 37:36 - 37:39
    mas há por aí tantas causas.
  • 37:39 - 37:43
    A forma como vais escolher é,
    se vires alguém doente,
  • 37:43 - 37:46
    vês alguém
    que não tem apoio social,
  • 37:46 - 37:48
    vês algo que ajuda a reduzir o racismo.
  • 37:49 - 37:52
    Ficas muito entusiasmado e,
    por isso, doas para essas causas.
  • 37:52 - 37:53
    E, claro,
  • 37:53 - 37:55
    algumas ofertas filantrópicas
    não resultam.
  • 37:55 - 38:00
    Precisamos de aumentar
    a ambição dos filantropos.
  • 38:01 - 38:02
    Agora, a filantropia colaborativa
  • 38:02 - 38:06
    que estamos a tentar facilitar
    através do projeto Audacious
  • 38:06 - 38:10
    — há mais quatro ou cinco grupos,
    que estão a juntar filantropos —
  • 38:10 - 38:11
    é fantástica,
  • 38:11 - 38:14
    porque eles aprendem uns com os outros,
  • 38:14 - 38:17
    ganham confiança com os outros
    e dizem:
  • 38:17 - 38:21
    "Eu dou x, e há mais quatro
    que contribuem
  • 38:21 - 38:24
    "por isso conseguimos maior impacto"
  • 38:24 - 38:29
    e felizmente, podem ter prazer
    mesmo quando descobrem,
  • 38:29 - 38:32
    "OK, aquela doação particular
    não resultou muito bem,
  • 38:32 - 38:34
    "mas continuemos."
  • 38:34 - 38:36
    Portanto, filantropia, sim,
  • 38:36 - 38:39
    gostava de ver a taxa subir,
  • 38:39 - 38:42
    e as pessoas que continuam,
  • 38:42 - 38:43
    é engraçado,
  • 38:43 - 38:45
    é gratificante,
  • 38:45 - 38:50
    escolhemos que membros
    da família participam.
  • 38:50 - 38:53
    No meu caso, a Melinda e eu
    adoramos fazer isto juntos,
  • 38:53 - 38:54
    aprender juntos.
  • 38:54 - 38:59
    Algumas famílias vão até envolver
    as crianças nas atividades,
  • 38:59 - 39:01
    por vezes as crianças pressionam.
  • 39:01 - 39:03
    Quando se tem muito dinheiro,
  • 39:03 - 39:07
    ainda se pensa num milhão de dólares
    como muito dinheiro,
  • 39:07 - 39:09
    mas se tivermos milhares de milhões,
  • 39:09 - 39:11
    devíamos dar centenas de milhões.
  • 39:11 - 39:15
    Por isso, é de certa forma encantador,
    em termos do gasto pessoal,
  • 39:15 - 39:17
    ficamos no nível onde estávamos antes.
  • 39:18 - 39:20
    Socialmente é muito conveniente.
  • 39:20 - 39:23
    Mas quando doamos,
    precisamos de aumentar a escala
  • 39:23 - 39:27
    ou será o nosso testamento
  • 39:29 - 39:33
    e não poderemos modelá-lo
    e apreciá-lo da mesma forma.
  • 39:33 - 39:34
    Por isso, sem...
  • 39:34 - 39:36
    — não o queremos obrigar —
  • 39:36 - 39:41
    mas sim, tu e eu
    queremos inspirar filantropos
  • 39:41 - 39:44
    para ver essa paixão,
    para ver essas oportunidades
  • 39:45 - 39:48
    bastante mais rapidamente
    do que no passado,
  • 39:48 - 39:53
    porque quer seja uma raça ou uma doença,
    ou todos os outros problemas sociais,
  • 39:53 - 39:57
    a inovação onde a filantropia
    pode chegar e fazer depressa,
  • 39:57 - 40:00
    se resultar, o governo
    pode vir atrás e ampliar.
  • 40:01 - 40:03
    Deus sabe que precisamos de soluções,
  • 40:03 - 40:05
    precisamos de esperança e progresso
  • 40:08 - 40:11
    as expetativas são altas,
  • 40:11 - 40:14
    que irão resolver problemas
    muito difíceis.
  • 40:14 - 40:18
    CA: A maioria dos filantropos,
    mesmo os melhores,
  • 40:18 - 40:22
    acham difícil dar mais do que
    uma percentagem da fortuna todos os anos,
  • 40:22 - 40:25
    e, contudo, os mais ricos do mundo
    têm muitas vezes acesso
  • 40:25 - 40:28
    a grandes oportunidades de investimento.
  • 40:28 - 40:31
    Muitos estão a ganhar riqueza
    7 a 10% mais em cada ano.
  • 40:32 - 40:34
    Não será que, para
    ter uma oportunidade real,
  • 40:34 - 40:36
    de dar metade da fortuna,
  • 40:36 - 40:40
    chega-se a um ponto, em que
    é necessário planear dar 5, 6, 7, 8,
  • 40:40 - 40:42
    10% da fortuna anualmente?
  • 40:42 - 40:47
    E não é essa a lógica
    do que devia estar a acontecer?
  • 40:47 - 40:49
    BG: Sim, há pessoas como
    Chuck Feeney,
  • 40:49 - 40:55
    que deu um bom exemplo
    e deu todo o seu dinheiro.
  • 40:57 - 41:02
    Até a Melinda e eu debatemos
    se devíamos aumentar a taxa que damos.
  • 41:02 - 41:06
    Como dizes, temos tido muita sorte
    do lado do investimento,
  • 41:06 - 41:08
    através de várias coisas.
  • 41:08 - 41:12
    As fortunas de tecnologia
    têm-se saído bem,
  • 41:12 - 41:14
    mesmo este ano,
  • 41:14 - 41:18
    que é um daqueles grandes contrastes
  • 41:19 - 41:21
    do que se passa no mundo.
  • 41:22 - 41:26
    E acho mesmo que há uma expetativa
    que devíamos acelerar,
  • 41:26 - 41:29
    e há uma razão para acelerar.
  • 41:29 - 41:33
    O governo vai falhar
    numa série de necessidades.
  • 41:33 - 41:36
    Sim, há toneladas de
    dinheiro do governo por aí,
  • 41:36 - 41:38
    mas ajudar a que seja bem gasto,
  • 41:38 - 41:41
    ajudar a encontrar lugares,
    não é interferir
  • 41:41 - 41:45
    e se as pessoas estão dispostas a dar
    aos países em desenvolvimento,
  • 41:45 - 41:47
    eles não têm governos
  • 41:47 - 41:52
    que possam imprimir cheques
    de 15% do PIB,
  • 41:52 - 41:56
    e, por isso, o sofrimento genericamente,
    a questão económica por si só,
  • 41:56 - 41:58
    pondo a pandemia de lado,
  • 41:58 - 42:00
    é trágico.
  • 42:00 - 42:03
    É um retrocesso de cerca de cinco anos
  • 42:03 - 42:05
    em termos do avanço
    destes países,
  • 42:06 - 42:10
    e em poucos casos, é tão duro
    que a própria estabilidade do país
  • 42:10 - 42:12
    está em causa.
  • 42:12 - 42:14
    CA: Bom, Bill,
  • 42:14 - 42:19
    Tenho grande admiração pelo que
    tu e a Melinda fizeram.
  • 42:19 - 42:22
    Percorres este caminho apertado
  • 42:22 - 42:27
    de tentar gerir tantas coisas diferentes,
  • 42:27 - 42:32
    e o tempo que dedicas
    à melhoria do mundo em geral,
  • 42:33 - 42:34
    e sem dúvida, o dinheiro
  • 42:34 - 42:36
    e a paixão que aí colocas
  • 42:36 - 42:38
    — é fantástico.
  • 42:38 - 42:42
    Estou-te muito grato
    por teres estado este tempo connosco.
  • 42:42 - 42:44
    Muito obrigado,
  • 42:44 - 42:46
    e honestamente, o resto do ano,
  • 42:46 - 42:49
    as tuas capacidades e recursos
    vão ser mais necessários do que nunca,
  • 42:49 - 42:51
    por isso, boa sorte.
  • 42:51 - 42:52
    BG: Obrigado.
  • 42:52 - 42:55
    O trabalho é divertido e estou otimista.
    Obrigado, Chris.
Title:
Como a pandemia irá modelar o próximo futuro
Speaker:
Bill Gates
Description:

Bill Gates fala sobre os melhores (e piores) cenários da pandemia do coronavírus nos próximos meses, explicando os problemas para reduzir a transmissão do vírus, atualizando os dados mais recentes sobre potenciais vacinas e expondo as suas ideias a respeito da reabertura. Comenta ainda as teorias de conspiração a circular sobre ele. Acompanhem o apelo que ele faz aos seus parceiros filantropos para aumentarem a sua iniciativa, a sua ambição e consciência para criar um mundo melhor.
(Esta conversa virtual, apresentada pelo líder do TED, Chris Anderson, foi gravada no dia 29 de junho de 2020.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
43:07

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