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Como a humanidade pode alcançar as estrelas

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    Estamos aqui na Universidade
    da Califórnia, em Santa Bárbara,
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    para discutir um sonho da humanidade:
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    a capacidade de sair
    de nosso Sistema Solar
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    e entrar em outro.
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    A solução está literalmente
    diante de nossos olhos.
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    Tenho duas coisas que você tem: um relógio
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    e uma lanterna,
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    que, se você não tiver,
    está em seu celular.
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    O relógio marca o tempo,
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    e minha lanterna só ilumina meu ambiente.
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    Como a arte, para mim,
    a ciência é esclarecedora.
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    Quero ver a realidade
    de um modo diferente.
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    Quando acendo a lanterna,
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    de repente, tudo se ilumina,
    e consigo enxergar.
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    A lanterna e a luz que sai dela...
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    a luz não só ilumina minha mão,
    mas também aplica pressão sobre ela.
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    A luz carrega energia e impulso.
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    A resposta não é criar uma espaçonave
    a partir de uma lanterna,
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    com o gás de escape saindo por um lado
    e a espaçonave seguindo por outro.
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    É o que fazemos hoje com a química.
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    Eis a resposta:
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    pegue a lanterna e coloque-a
    em algum lugar da Terra,
  • 0:59 - 1:00
    em órbita ou na Lua,
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    e depois a acenda contra um refletor,
  • 1:03 - 1:05
    o que impulsiona o refletor a velocidades
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    que podem se aproximar
    da velocidade da luz.
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    Como fabricar uma lanterna
    grande o suficiente?
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    Não funciona; minha mão
    não parece ir a lugar algum,
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    porque a força é extremamente baixa.
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    O modo de resolver esse problema
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    é pegar muitas lanternas,
    que são, na verdade, laser,
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    sincronizar todas elas
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    e, quando as agruparmos
    em uma matriz gigantesca,
  • 1:25 - 1:27
    que chamamos de matriz faseada,
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    teremos um sistema
    suficientemente poderoso,
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    que, se o criarmos do tamanho
    aproximado de uma cidade,
  • 1:33 - 1:37
    poderá empurrar uma espaçonave,
    que tem o tamanho aproximado da mão,
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    a velocidades que são
    cerca de 25% da velocidade da luz.
  • 1:41 - 1:45
    Isso nos permitiria chegar à estrela
    mais próxima, Proxima Centauri,
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    que está a pouco mais
    de 4 anos-luz de distância,
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    em menos de 20 anos.
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    As sondas iniciais teriam
    o tamanho aproximado da mão,
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    e o refletor usado teria o tamanho
    aproximado de um ser humano.
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    Portanto, não seria muito maior do que eu,
    mas teria alguns metros de extensão.
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    Ele usa apenas o reflexo da luz
    dessa enorme matriz de laser
  • 2:08 - 2:09
    para impulsionar a espaçonave.
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    Vamos falar sobre isso.
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    Parece muito com velejar pelo oceano.
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    Ao velejar pelo oceano,
    somos empurrados pelo vento.
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    Então, o vento conduz a vela
    para a frente pelas águas.
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    Em nosso caso, estamos criando
    um vento artificial no espaço
  • 2:24 - 2:26
    dessa matriz de laser,
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    sendo que o vento é, na verdade,
    os fótons do próprio laser.
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    A luz do laser torna-se o vento
    por meio do qual velejamos.
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    É uma luz muito direcionada,
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    muitas vezes chamada
    de energia direcionada.
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    Por que isso é possível hoje?
  • 2:39 - 2:41
    Por que podemos falar
    em ir às estrelas hoje,
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    quando há 60 anos,
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    quando o programa espacial
    começou de fato,
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    as pessoas diziam: "Isso não é possível"?
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    O motivo pelo qual é possível hoje
    tem muito a ver com o consumidor,
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    e o simples fato de você estar me vendo.
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    Você me vê por internet
    de alta velocidade,
  • 2:57 - 3:02
    dominada pela fotônica
    do envio de dados por fibra óptica.
  • 3:03 - 3:07
    Basicamente, a fotônica
    permite que a internet exista
  • 3:07 - 3:08
    do modo que existe hoje.
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    A capacidade de enviar rapidamente
    enormes quantidades de dados
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    é a mesma tecnologia que usaremos
  • 3:14 - 3:17
    para lançar espaçonaves
    muito rapidamente às estrelas.
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    Na realidade, há um suprimento
    infinito de propelente
  • 3:19 - 3:21
    que pode ser usado conforme necessário.
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    Não se deixa ligada
    a matriz de laser que produz a luz
  • 3:27 - 3:28
    durante toda a viagem.
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    Para espaçonaves pequenas,
    fica ligada por alguns minutos,
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    e depois é como disparar uma arma.
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    Há um projétil que se move balisticamente.
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    Mesmo que nós, como seres humanos,
    não estejamos na espaçonave,
  • 3:42 - 3:45
    temos, pelo menos,
    a capacidade de lançá-la.
  • 3:45 - 3:47
    Você deseja visualizar remotamente
  • 3:47 - 3:51
    ou ter imagens e percepções remotas
  • 3:51 - 3:52
    de um objeto.
  • 3:52 - 3:55
    Quando formos a Júpiter, por exemplo,
  • 3:55 - 3:57
    com uma missão de sobrevoo,
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    tiraremos fotos de Júpiter,
  • 3:59 - 4:01
    mediremos o campo magnético,
    a densidade das partículas
  • 4:01 - 4:04
    e exploraremos, basicamente,
    de modo remoto,
  • 4:04 - 4:05
    do mesmo modo que você olha para mim.
  • 4:05 - 4:09
    E todas as missões atuais
    que estão além da Lua
  • 4:09 - 4:10
    são de sensoriamento remoto.
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    O que esperaríamos encontrar
    se visitássemos um exoplaneta?
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    Talvez haja vida em um exoplaneta,
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    e conseguiríamos ver evidências de vida.
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    Seja por bioassinaturas atmosféricas
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    ou por imagens impressionantes,
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    conseguiríamos ver algo na superfície.
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    Não sabemos se existe vida
    em outro lugar do Universo.
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    Talvez nas missões que enviarmos,
    encontraremos evidências de vida,
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    talvez não.
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    Embora possa parecer inadequado
    falar sobre os aspectos econômicos
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    da capacidade interestelar,
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    é um dos assuntos dirigidos
    a alcançar essa capacidade.
  • 4:46 - 4:51
    É preciso que as coisas cheguem ao ponto
    em que sejam economicamente acessíveis
  • 4:51 - 4:52
    para fazer o que queremos.
  • 4:52 - 4:53
    Atualmente,
  • 4:53 - 4:55
    temos sistemas no laboratório
  • 4:55 - 5:00
    que alcançaram a capacidade de sincronia
    em escalas muito grandes,
  • 5:00 - 5:04
    de cerca de dez quilômetros
    ou aproximadamente seis milhas.
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    Conseguimos sincronizar sistemas de laser,
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    e funcionou perfeitamente.
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    Sabemos como construir laser
    há muitas décadas,
  • 5:13 - 5:19
    mas só agora a tecnologia se tornou
    barata e madura o suficiente
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    para que possamos imaginar
    enormes matrizes, literalmente,
  • 5:24 - 5:27
    matrizes em escala de quilômetros,
    muito parecidas com fazendas solares,
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    mas, em vez de receberem luz,
    elas a transmitem.
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    A beleza desse tipo de tecnologia
    é que ela permite muitas aplicações,
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    não apenas o voo relativístico
    para espaçonaves pequenas,
  • 5:40 - 5:43
    mas permite espaçonaves
    de alta velocidade,
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    voo de alta velocidade
    em nosso Sistema Solar,
  • 5:46 - 5:47
    permite defesa planetária,
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    remoção de detritos espaciais,
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    permite acionar recursos distantes
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    para os quais podemos
    querer enviar energia,
  • 5:56 - 5:59
    como espaçonaves ou bases
    na Lua ou em outros lugares.
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    É uma tecnologia extremamente versátil,
  • 6:02 - 6:04
    algo que a humanidade
    gostaria de desenvolver
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    mesmo que não quisesse
    lançar espaçonaves às estrelas,
  • 6:07 - 6:10
    porque essa tecnologia
    permite muitas aplicações
  • 6:10 - 6:12
    que atualmente não são viáveis.
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    Portanto, sinto que é
    uma tecnologia inevitável,
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    porque temos a capacidade.
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    Só precisamos ajustar a tecnologia
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    e, de certa forma, esperar
    que os aspectos econômicos nos acompanhem
  • 6:23 - 6:27
    para que se torne barato o suficiente
    construir os sistemas grandes.
  • 6:27 - 6:29
    Os sistemas menores
    estão acessíveis agora.
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    Já começamos a construir sistemas
    de protótipo em nosso laboratório.
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    Embora isso não aconteça amanhã,
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    já começamos o processo
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    e, até agora, parece bom.
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    Esse é um programa revolucionário,
  • 6:43 - 6:46
    em termos de ser
    uma tecnologia transformadora,
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    mas também evolutivo.
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    Pessoalmente, espero não estar por perto
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    quando o primeiro voo
    relativístico acontecer.
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    Acho que ainda faltam mais de 30 anos
    para chegarmos a esse ponto,
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    e talvez mais.
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    Mas o que me inspira
  • 7:03 - 7:06
    é analisar a capacidade
    de alcançar o objetivo final.
  • 7:06 - 7:09
    Mesmo que não aconteça
    durante a minha existência,
  • 7:09 - 7:12
    pode acontecer durante a existência
    da geração seguinte
  • 7:12 - 7:13
    ou da geração posterior.
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    As consequências são tão transformadoras
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    que, literalmente, em minha opinião,
    devemos seguir esse caminho,
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    explorar quais são as limitações
  • 7:22 - 7:24
    e como superá-las.
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    A busca por vida em outros planetas
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    seria uma das explorações
    mais importantes da humanidade.
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    Se conseguirmos fazer isso
  • 7:32 - 7:35
    e, de fato, encontrarmos vida
    em outro planeta,
  • 7:35 - 7:36
    isso mudaria a humanidade para sempre.
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    Tudo é profundo na vida.
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    Se olharmos bem fundo,
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    encontrarermos algo incrivelmente
    complexo, interessante e belo na vida.
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    O mesmo acontece com o fóton inferior
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    que usamos para ver todos os dias.
  • 7:51 - 7:56
    Mas, quando olhamos para fora
    e imaginamos algo muito maior,
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    uma matriz de lasers sincronizados,
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    podemos imaginar coisas que são
    simplesmente extraordinárias na vida.
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    E a capacidade de ir para outra estrela
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    é uma dessas capacidades extraordinárias.
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    (Gorjeio de aves)
Title:
Como a humanidade pode alcançar as estrelas
Speaker:
Philip Lubin
Description:

Podemos sair de nosso sistema solar e entrar em outro? O astrofísico Philip Lubin discute o incrível potencial do uso de laser para impulsionar espaçonaves pequenas, possibilitando as primeiras missões interestelares da humanidade. Aprenda como essa tecnologia transformadora pode nos ajudar a chegar a Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol, alterando profundamente nosso entendimento do Universo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:31

Portuguese, Brazilian subtitles

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