Como recuperar do esgotamento por ativismo
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0:01 - 0:04No verão de 2017,
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0:04 - 0:08uma mulher foi assassinada
pelo seu companheiro em Sófia. -
0:09 - 0:12A mulher, vamos chamá-la de "V,"
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0:12 - 0:15foi espancada durante mais de 50 minutos
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0:15 - 0:17antes de morrer.
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0:17 - 0:19Na manhã seguinte,
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0:19 - 0:23os vizinhos contaram à imprensa
que tinham ouvido os gritos dela, -
0:23 - 0:25mas não intervieram.
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0:26 - 0:30Estão a ver, na Bulgária
e em muitas outras sociedades, -
0:30 - 0:33a violência doméstica é vista
como um assunto privado. -
0:34 - 0:39Os vizinhos, no entanto, reagem depressa
quando há qualquer outro tipo de barulho. -
0:40 - 0:44Nós queríamos denunciar
o absurdo que isto é. -
0:45 - 0:47Então, concebemos uma experiência.
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0:48 - 0:52Alugámos por uma noite o apartamento
no andar por baixo de V. -
0:53 - 0:55E às 10 horas da noite,
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0:55 - 0:57Maksim, o artista do nosso grupo,
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0:57 - 1:01sentou-se a uma bateria
que colocámos na sala de estar -
1:02 - 1:04e começou a tocar.
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1:05 - 1:07Dez segundos.
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1:08 - 1:09Trinta segundos.
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1:10 - 1:12Cinquenta segundos.
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1:13 - 1:14Um minuto.
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1:15 - 1:17Acendeu-se uma luz no corredor.
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1:18 - 1:20Um minuto e 20 segundos.
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1:21 - 1:25Um homem estava à porta,
hesitando em tocar à campainha. -
1:26 - 1:29Um minuto e 52 segundos.
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1:29 - 1:31A campainha tocou,
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1:32 - 1:35um toque que poderia ter salvo uma vida.
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1:36 - 1:40"Beat" é o nosso projeto
para explorar o silêncio sinistro -
1:40 - 1:42que envolve a violência doméstica.
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1:42 - 1:46Filmámos a experiência
que se tornou viral instantaneamente. -
1:46 - 1:48A nossa campanha amplificou
as vozes de sobreviventes -
1:48 - 1:50que partilhavam histórias
similares na Internet. -
1:51 - 1:53Serviu de aviso específico
para vizinhos -
1:53 - 1:55e muitos deles comprometeram-se a agir.
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1:56 - 1:58Num país onde todas as semanas
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1:58 - 2:01o chão aceita silenciosamente
o corpo de uma mulher, -
2:01 - 2:04assassinada pelo seu parceiro ou parente,
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2:04 - 2:06nós fizemos barulho,
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2:06 - 2:08e fomos ouvidos.
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2:11 - 2:13Eu sou uma ativista,
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2:13 - 2:15apaixonada pela inovação
nos direitos humanos. -
2:16 - 2:18Lidero uma organização mundial
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2:18 - 2:20para soluções criativas
empenhadas socialmente -
2:20 - 2:25No meu trabalho, penso em como levar
as pessoas a preocuparem-se e agirem. -
2:26 - 2:31Venho aqui para vos dizer que as ações
criativas podem salvar o mundo, -
2:31 - 2:34ações criativas e brincadeiras.
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2:35 - 2:39Eu sei que é estranho falar de brincadeira
e direitos humanos na mesma frase, -
2:40 - 2:42mas aqui está a razão
por que é importante. -
2:43 - 2:47Cada vez mais, tememos
não poder vencer isto. -
2:47 - 2:49As campanhas parecem aborrecidas,
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2:49 - 2:51as mensagens afogam-se,
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2:51 - 2:53as pessoas cedem.
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2:54 - 2:58Inúmeros estudos, incluindo um recente
publicado pela Universidade da Colúmbia, -
2:58 - 3:02mostram que o esgotamento e a depressão
são comuns entre ativistas. -
3:02 - 3:05Há anos, eu mesma sentia-me esgotada.
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3:05 - 3:08Num mundo de infinitas possibilidades
para avançar, -
3:08 - 3:10eu sentia-me na última paragem.
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3:11 - 3:15Então, como acabar com o medo,
o aborrecimento ou o pessimismo? -
3:16 - 3:17Brincar.
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3:17 - 3:22Neste mesmo palco, o Dr. Stuart Brown,
psiquiatra e estudioso de brincadeiras, -
3:22 - 3:25disse que nada alegra tão bem
o cérebro quanto brincar -
3:26 - 3:28e que o oposto de brincar
não é trabalhar, -
3:28 - 3:29é a depressão.
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3:30 - 3:32Então, para sair do meu esgotamento,
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3:32 - 3:38decidi transformar o meu ativismo
no que eu chamo de "brinca-tivismo." -
3:38 - 3:40(Risos)
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3:40 - 3:44Quando brincamos,
os outros querem participar. -
3:44 - 3:47Hoje, o meu parque de brincar
está cheio de artistas, -
3:47 - 3:49de técnicos e de cientistas.
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3:49 - 3:52Misturamos disciplinas
numa colaboração radical. -
3:53 - 3:56Juntos, procuramos novas maneiras
de dar poder ao ativismo. -
3:56 - 3:59Os nossos resultados
não precisam de ser divertidos, -
3:59 - 4:01mas o processo é.
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4:02 - 4:05Para nós, brincar é um ato de resistência.
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4:06 - 4:10Por exemplo, "Beat",
o projeto que já referi, -
4:11 - 4:12é um conceito desenvolvido
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4:12 - 4:15por um baterista
e um engenheiro de "software" -
4:15 - 4:18que não se conheciam, dois dias
antes de organizarem a ideia. -
4:19 - 4:22"Beat" é o primeiro vencedor
na nossa série de laboratório -
4:22 - 4:24em que juntamos artistas e técnicos
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4:24 - 4:27para trabalharem em questões
de direitos humanos. -
4:27 - 4:30Outros conceitos vencedores
incluem uma padaria "pop-up" -
4:30 - 4:32que fala de notícias falsas
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4:32 - 4:35através de bolinhos bonitos,
mas de sabor horrível. -
4:35 - 4:37(Risos)
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4:37 - 4:41Ou um jogo de tabuleiro que nos coloca
no papel de um ditador -
4:41 - 4:46de modo a entendermos a gama
de ferramentas e táticas de opressão. -
4:47 - 4:51Fizemos o nosso primeiro laboratório
só para testar a ideia, -
4:51 - 4:53para ver se há falhas
e se podemos melhorar. -
4:53 - 4:57Hoje, estamos apaixonados
pelo formato que partilhamos "online" -
4:57 - 4:59para toda a gente implementar.
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4:59 - 5:03Não posso exagerar o valor
da experimentação no ativismo. -
5:03 - 5:07Nós só podemos ganhar
se não tivermos medo de perder. -
5:08 - 5:11Quando brincamos, aprendemos.
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5:12 - 5:15Um estudo recente publicado
pela Universidade de Stanford -
5:15 - 5:17sobre o que é importante para as pessoas
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5:17 - 5:20confirma o que nós ouvimos
durante muitos anos: -
5:20 - 5:23as opiniões mudam,
não por mais informações, -
5:23 - 5:26mas através de experiências
que promovem a empatia. -
5:26 - 5:29Aprendendo com a ciência e a arte,
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5:29 - 5:32vimos que podemos falar
de conflitos armados mundiais, -
5:32 - 5:34através de lâmpadas,
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5:34 - 5:37ou abordar a desigualdade racial nos EUA
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5:37 - 5:39através de bilhetes postais,
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5:39 - 5:44ou solucionar a falta de um
monumento a uma mulher em Sófia, -
5:44 - 5:46enchendo a cidade com eles.
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5:47 - 5:49E, com todas estas ações,
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5:49 - 5:52provocar o diálogo,
a compreensão e a ação direta. -
5:55 - 5:59Às vezes, quando falo de
correr riscos, de tentar e falhar, -
5:59 - 6:01no contexto dos direitos humanos,
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6:01 - 6:03encontro sobrolhos franzidos,
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6:04 - 6:07sobrolhos que dizem:
"Que irresponsável" -
6:07 - 6:09ou "Que insensato".
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6:10 - 6:13As pessoas geralmente confundem
brincadeiras com negligência. -
6:13 - 6:15Não é.
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6:16 - 6:21Brincar torna os nossos exércitos
mais fortes ou dá-nos melhores ideias. -
6:22 - 6:24Em tempos duma injustiça dolorosa,
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6:24 - 6:27brincar traz a leveza
de que precisamos para respirar. -
6:28 - 6:30Quando brincamos, vivemos.
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6:34 - 6:36Eu cresci numa época
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6:36 - 6:39em que todas as brincadeiras
eram proibidas. -
6:39 - 6:43A vida da minha família foi destruída
por uma ditadura comunista. -
6:44 - 6:48Para a minha tia, o meu avô e o meu pai,
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6:48 - 6:50sempre fizemos dois funerais:
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6:50 - 6:52um para o corpo,
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6:52 - 6:53mas, anos antes disso,
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6:53 - 6:55outro para os seus sonhos.
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6:56 - 6:59Alguns dos meus maiores
sonhos são pesadelos. -
7:01 - 7:05Eu tenho um pesadelo de que, um dia,
todo o passado será esquecido -
7:05 - 7:08e novas roupas estarão a pingar
o sangue de erros do passado. -
7:10 - 7:12Eu tenho um pesadelo
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7:12 - 7:15de que um dia os faróis da nossa
humanidade se desmoronarão, -
7:15 - 7:18corroídos pelo ácido das ondas de ódio.
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7:18 - 7:21Mas, muito mais do que isso,
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7:21 - 7:22tenho esperança.
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7:23 - 7:26Nas nossas lutas pela justiça
e pela liberdade, -
7:26 - 7:28eu tenho a esperança
de que brinquemos, -
7:28 - 7:33e que vejamos a alegria
e a beleza de brincarmos juntos, -
7:34 - 7:35É assim que venceremos.
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7:36 - 7:37Obrigada.
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7:37 - 7:40(Aplausos)
- Title:
- Como recuperar do esgotamento por ativismo
- Speaker:
- Yana Buhrer Tavanier
- Description:
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Quando estamos a sentir-nos esgotados enquanto ativistas, qual é a melhor maneira de recuperar? Yana Buhrer Tavanier, bolseira da TED, explora o poder do "brinca-tivismo" — a incorporação da brincadeira e da criatividade nos movimentos para mudança social. Vejam como esta abordagem versátil pode desencadear novas ideias, impulsionar a ação e derreter o medo.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 07:56
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