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Como os casais mantêm uma forte ligação sexual ao longo da vida

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    Estou sentada num bar
    com um par de amigos
  • 0:03 - 0:05
    literalmente, um par, um casal.
  • 0:05 - 0:07
    São pais de duas crianças,
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    sete cursos académicos em conjunto,
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    grandes "nerds", pessoas fantásticas,
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    mas a precisar de uma boa noite de sono.
  • 0:14 - 0:17
    E eles fizeram-me aquela pergunta
  • 0:17 - 0:19
    que me perguntam mais
    do que qualquer outra.
  • 0:19 - 0:22
    Começam: "Então, Emily,
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    "como é que os casais
  • 0:26 - 0:29
    "mantêm uma forte ligação sexual
    ao longo de décadas?"
  • 0:30 - 0:31
    Eu sou educadora sexual,
  • 0:31 - 0:34
    por isso os meus amigos
    fazem perguntas deste género
  • 0:34 - 0:36
    e também sou uma "nerd",
    tal como os meus amigos.
  • 0:36 - 0:37
    Adoro ciência!
  • 0:37 - 0:40
    Por isso, posso dar-lhes
    algo parecido com uma resposta.
  • 0:40 - 0:43
    Na verdade, a investigação
    feita tem fortes indícios
  • 0:43 - 0:46
    de que os casais capazes de manter
    uma forte ligação sexual,
  • 0:46 - 0:47
    ao longo do tempo,
  • 0:47 - 0:49
    têm duas coisas em comum.
  • 0:49 - 0:52
    Antes de dizer aos meus amigos
    o que são estas duas coisas,
  • 0:52 - 0:54
    tenho de lhes dizer o que não têm.
  • 0:54 - 0:58
    Estes casais não fazem sexo
    com muita frequência.
  • 0:59 - 1:02
    Quase nenhum de nós faz sexo
    com muita frequência.
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    Estamos ocupados.
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    Também não são casais que,
    obrigatoriamente,
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    façam sexo de forma aventureira.
  • 1:08 - 1:10
    Um estudo recente demonstrou
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    que, nos casais que mais evidenciam
  • 1:13 - 1:17
    ter uma ligação sexual
    forte e satisfatória,
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    o factor que mais se evidenciou,
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    não foi que tipo de sexo têm,
  • 1:21 - 1:23
    nem com que frequência,
    nem onde o fazem,
  • 1:23 - 1:26
    mas sim, se se aconchegavam
    depois de fazer sexo.
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    E não são obrigatoriamente casais
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    que estejam sempre desesperados
    por estarem juntos.
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    Alguns deles são.
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    Eles experienciam o que os investigadores
    chamam "desejo espontâneo,"
  • 1:35 - 1:38
    que aparece sem mais nem menos.
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    Erika Moen, a cartunista
    que ilustrou o meu livro,
  • 1:40 - 1:45
    desenha o desejo espontâneo
    com um relâmpago nos genitais.
  • 1:45 - 1:48
    Bum! O desejo aparece vindo do nada.
  • 1:48 - 1:51
    Isso é uma forma absolutamente
    saudável e normal,
  • 1:51 - 1:52
    de experimentar desejo sexual.
  • 1:52 - 1:55
    Mas há outra forma saudável
    de experimentar desejo sexual.
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    É chamado "desejo ractivo".
  • 1:57 - 2:02
    Enquanto o desejo espontâneo surge
    em antecipação ao prazer,
  • 2:02 - 2:06
    o desejo reactivo surge
    como resposta ao prazer.
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    Há uma terapeuta sexual em New Jersey
    chamada Christine Hyde,
  • 2:09 - 2:12
    que me ensinou uma ótima metáfora
    que usa com os seus clientes:
  • 2:12 - 2:16
    Ela diz: "Imagina que a tua melhor amiga
    te convida para uma festa.
  • 2:16 - 2:19
    "Tu dizes que sim,
    porque é a tua melhor amiga e é uma festa.
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    "Depois, à medida que a data se aproxima,
  • 2:22 - 2:25
    "começas a pensar:
    'Ah, ter de enfrentar o trânsito,
  • 2:25 - 2:27
    " 'arranjar uma ama.
  • 2:27 - 2:29
    " 'Será que vou mesmo querer
    arranjar-me para a festa,
  • 2:29 - 2:31
    " 'ao fim de uma longa semana?'
  • 2:31 - 2:34
    "Mas lá vestes a tua roupa de festa
    e apareces na festa.
  • 2:34 - 2:36
    "E o que acontece?
  • 2:36 - 2:38
    "Divertes-te imenso na festa.
  • 2:38 - 2:40
    "Se estás a divertir-te na festa,
  • 2:40 - 2:42
    "estás a fazer as coisas bem.
  • 2:42 - 2:45
    "No que respeita à ligação sexual,
    é a mesma coisa.
  • 2:45 - 2:47
    "Vestes a tua roupa de festa,
  • 2:47 - 2:48
    "tratas de contratar uma ama,
  • 2:48 - 2:50
    "deitas o teu corpo na cama,
  • 2:50 - 2:53
    "deixas a tua pele tocar
    na do teu companheiro
  • 2:53 - 2:55
    "e deixas o teu corpo
    acordar e relembrar.
  • 2:55 - 2:58
    " 'Ah, certo! Eu gosto disto.
  • 2:58 - 3:00
    " 'Eu gosto desta pessoa!' "
  • 3:00 - 3:02
    Isto é desejo reactivo.
  • 3:02 - 3:06
    E é chave para entender casais que mantêm
    uma longa e forte ligação sexual,
  • 3:06 - 3:08
    ao longo do tempo.
  • 3:08 - 3:11
    Porque — e esta é a parte
    em que digo aos meus amigos
  • 3:11 - 3:15
    as duas características dos casais
    que mantêm uma forte ligação sexual —
  • 3:15 - 3:20
    primeiro, eles têm uma forte relação
    de amizade na base da sua relação.
  • 3:20 - 3:22
    Especificamente, têm uma forte confiança.
  • 3:22 - 3:25
    A investigadora de relacionamento
    e terapeuta, Sue Johnson,
  • 3:25 - 3:28
    que desenvolve uma terapia
    focada nas emoções,
  • 3:28 - 3:30
    vai ao âmago da questão
    com esta pergunta:
  • 3:30 - 3:32
    "Estás aí para mim?"
  • 3:33 - 3:34
    Especialmente:
  • 3:34 - 3:37
    "Estás presente e disponível
    emocionalmente para mim?"
  • 3:37 - 3:39
    Os amigos estão ali um para o outro.
  • 3:39 - 3:40
    Uma característica.
  • 3:40 - 3:45
    A segunda característica,
    é que eles dão prioridade ao sexo.
  • 3:46 - 3:49
    Eles decidem que é importante
    para a sua relação.
  • 3:50 - 3:53
    Eles escolhem pôr de lado
    todas as outras coisas,
  • 3:53 - 3:55
    que podiam estar a fazer.
  • 3:55 - 3:57
    Cuidar das crianças
    que deviam estar a educar
  • 3:57 - 3:58
    cuidar dos empregos,
  • 3:58 - 4:00
    dar atenção a outros membros da família,
  • 4:00 - 4:03
    a outros amigos com quem gostam
    de passar algum tempo.
  • 4:03 - 4:06
    Deus os livre de quererem
    ver televisão ou ir dormir.
  • 4:06 - 4:09
    Deixar de fazer tudo isso
    e criar um espaço protegido,
  • 4:09 - 4:13
    onde tudo o que fazem
    é deitar o corpo na cama
  • 4:13 - 4:16
    e deixar a pele tocar
    na pele do companheiro.
  • 4:16 - 4:17
    Então é isso:
  • 4:17 - 4:19
    Os melhores amigos,
  • 4:19 - 4:21
    dão prioridade ao sexo.
  • 4:21 - 4:23
    Então, eu disse aos meus amigos no bar:
  • 4:23 - 4:25
    "Os melhores amigos
    dão prioridade ao sexo".
  • 4:25 - 4:26
    Falei-lhes da festa,
  • 4:26 - 4:29
    Disse-lhes para porem a pele
    junto da pele do companheiro.
  • 4:29 - 4:32
    E um deles começa:
  • 4:32 - 4:34
    "Aaah!"
  • 4:34 - 4:36
    (Risos)
  • 4:36 - 4:38
    E eu disse: "Ok,
    então esse é o teu problema."
  • 4:38 - 4:39
    (Risos)
  • 4:39 - 4:43
    A dificuldade dela não era não querer
    ir à festa, necessariamente.
  • 4:43 - 4:46
    Se a dificuldade é a falta
    de desejo espontâneo para a festa,
  • 4:46 - 4:47
    sabemos o que fazer:
  • 4:47 - 4:50
    Vestimos a roupa de festa
    e aparecemos na festa.
  • 4:50 - 4:52
    Se nos divertimos na festa,
    estamos a fazê-lo bem.
  • 4:52 - 4:55
    A dificuldade dela
    é que tratava-se duma festa
  • 4:55 - 4:58
    em que ela não gostava
    do que havia para comer.
  • 4:59 - 5:00
    A música não era a sua favorita,
  • 5:00 - 5:03
    e ela não estava segura
    de que se sentia bem,
  • 5:03 - 5:06
    na sua relação com as pessoas
    que estavam na festa.
  • 5:06 - 5:08
    Isto acontece frequentemente:
  • 5:08 - 5:13
    Boas pessoas que se amam
    chegam a detestar o sexo.
  • 5:13 - 5:15
    Se esses casais procurarem
    terapia sexual,
  • 5:15 - 5:18
    o terapeuta provavelmente
    vai pedir-lhes que se levantem
  • 5:18 - 5:21
    e se afastem o mais possível
    um do outro,
  • 5:21 - 5:22
    até se sentirem confortáveis.
  • 5:22 - 5:27
    O membro do casal menos interessado
    afastar-se-á uns seis metros.
  • 5:28 - 5:32
    E a verdadeira dificuldade
    é que o espaço não está vazio!
  • 5:32 - 5:36
    Está cheio de semanas,
    ou meses, ou mais,
  • 5:36 - 5:38
    com: "Não me estás a ouvir,"
  • 5:38 - 5:40
    "Eu não sei o que se passa comigo,
  • 5:40 - 5:42
    "mas as tuas críticas não estão a ajudar,"
  • 5:42 - 5:45
    "Se me amasses, tu podias..."
    "Tu não me dás atenção."
  • 5:45 - 5:49
    Anos, talvez, destes sentimentos difíceis.
  • 5:49 - 5:51
    No meu livro, usei uma metáfora patética
  • 5:51 - 5:54
    descrevendo sentimentos difíceis
    como ouriços sonolentos,
  • 5:54 - 5:58
    que alimentamos até encontrarmos
    uma forma de os podermos libertar,
  • 5:58 - 6:02
    voltando-nos para eles
    com compaixão e carinho.
  • 6:02 - 6:05
    Nos casais que têm dificuldades
    em manter uma ligação sexual,
  • 6:05 - 6:10
    a distância entre eles está povoada
    destes ouriços sonolentos.
  • 6:10 - 6:12
    Acontece em todas as relações
    que duram tempo suficiente.
  • 6:13 - 6:16
    Todos nós alimentamos um grupo
    de ouriços sonolentos,
  • 6:16 - 6:19
    entre nós e o nosso mais que tudo.
  • 6:19 - 6:22
    A diferença entre casais que mantêm
    uma forte ligação sexual
  • 6:22 - 6:23
    e os que não a mantêm,
  • 6:23 - 6:27
    não é que eles não vivam esses
    sentimentos difíceis e dolorosos.
  • 6:27 - 6:30
    É que eles lidam
    com esses sentimentos difíceis,
  • 6:30 - 6:32
    com gentileza e compaixão,
  • 6:32 - 6:34
    para poderem libertá-los
  • 6:34 - 6:37
    e encontrar o caminho
    de volta um para o outro.
  • 6:37 - 6:39
    Os meus amigos no bar
  • 6:39 - 6:42
    são confrontados com a pergunta
    por detrás da pergunta.
  • 6:42 - 6:44
    Não é "Como mantemos uma forte ligação?"
  • 6:44 - 6:47
    mas "Como encontramos
    o nosso caminho de volta?"
  • 6:48 - 6:50
    E, sim, a ciência responde
    a essa pergunta,
  • 6:50 - 6:52
    mas em 25 anos, como educadora sexual,
  • 6:52 - 6:54
    aprendi uma coisa:
  • 6:54 - 6:55
    é que, às vezes, Emily,
  • 6:56 - 6:58
    menos ciência e mais ouriços.
  • 6:59 - 7:01
    Então falei-lhes de mim.
  • 7:01 - 7:03
    Passei muitos meses a escrever um livro
  • 7:03 - 7:06
    sobre o bem-estar sexual da mulher.
  • 7:06 - 7:09
    Eu pensava em sexo,
    todo o dia, todos os dias.
  • 7:09 - 7:14
    Mas estava tão ansiosa com o projecto
    que tinha zero — zero! — interesse
  • 7:14 - 7:16
    em fazer sexo.
  • 7:16 - 7:19
    Depois, passei meses
    a viajar por todo lado,
  • 7:19 - 7:21
    a falar com alguém que me ouvisse
  • 7:21 - 7:23
    sobre o bem-estar sexual da mulher.
  • 7:23 - 7:25
    E assim que cheguei a casa,
  • 7:25 - 7:28
    apareci na festa,
    deitei o meu corpo na cama,
  • 7:28 - 7:30
    deixei a minha pele tocar
    na pele do meu companheiro.
  • 7:30 - 7:34
    Mas estava tão exausta e sobrecarregada
    que só chorei e adormeci.
  • 7:35 - 7:40
    Os meses de isolamento
    alimentaram medos, solidão
  • 7:40 - 7:42
    e frustração.
  • 7:43 - 7:45
    Tantos ouriços.
  • 7:45 - 7:49
    O meu melhor amigo,
    a pessoa que amo e admiro,
  • 7:49 - 7:52
    parecia-me distante de mim
    um milhão de quilómetros.
  • 7:53 - 7:54
    Mas...
  • 7:55 - 7:57
    ele continuava ali para mim.
  • 7:57 - 8:00
    Fossem quais fossem os sentimentos
    difíceis que existissem,
  • 8:00 - 8:03
    ele tratou-os com carinho e compaixão.
  • 8:03 - 8:05
    Nunca virou as costas.
  • 8:06 - 8:08
    E qual era a segunda característica,
  • 8:08 - 8:10
    dos casais que mantêm
    uma sólida ligação sexual?
  • 8:11 - 8:13
    Eles incluem o sexo
    nas suas prioridades.
  • 8:13 - 8:16
    Decidem que é importante
    para a sua relação,
  • 8:16 - 8:17
    que farão o que for preciso
  • 8:17 - 8:19
    para encontrar o caminho
    de volta a essa ligação.
  • 8:19 - 8:21
    Eu disse aos meus amigos
  • 8:21 - 8:24
    o que a terapeuta sexual e investigadora,
    Peggy Kleinplatz pergunta:
  • 8:24 - 8:27
    "Que tipo de sexo vale a pena desejar?"
  • 8:28 - 8:31
    O meu companheiro e eu olhámos
    para a qualidade da nossa relação
  • 8:31 - 8:33
    e o que ela trouxe para a nossa vida.
  • 8:33 - 8:36
    Olhámos para a família
    de ouriços sonolentos
  • 8:36 - 8:40
    que eu introduzi na nossa casa.
  • 8:41 - 8:43
    E decidimos que valia a pena.
  • 8:43 - 8:47
    Nós decidimos, escolhemos fazer
    o que fosse preciso
  • 8:47 - 8:48
    para encontrar o nosso caminho.
  • 8:48 - 8:51
    Virámo-nos para esses ouriços
    sonolentos,
  • 8:51 - 8:52
    para esses sentimentos difíceis,
  • 8:52 - 8:54
    com gentileza e compaixão
  • 8:54 - 8:55
    e libertámo-los,
  • 8:55 - 8:57
    para podermos encontrar
    o nosso caminho de volta
  • 8:58 - 9:00
    para o que é importante
    na nossa relação.
  • 9:01 - 9:03
    Esta não é a história
    que habitualmente nos contam
  • 9:03 - 9:06
    sobre como funciona o desejo sexual,
    numa relação longa.
  • 9:07 - 9:10
    Mas eu não consigo pensar
    em nada mais romântico,
  • 9:11 - 9:13
    nada mais sensual,
  • 9:13 - 9:17
    do que ser escolhida como uma prioridade,
  • 9:17 - 9:20
    porque essa ligação
    é importante o suficiente.
  • 9:21 - 9:23
    Mesmo depois de eu ter introduzido
  • 9:23 - 9:26
    todos esses sentimentos difíceis
    na nossa relação.
  • 9:27 - 9:31
    Como manter uma forte relação sexual
    ao longo do tempo?
  • 9:32 - 9:35
    Olhamos nos olhos do nosso melhor amigo,
  • 9:35 - 9:39
    e continuamos a escolher
    encontrar o nosso caminho de volta.
  • 9:40 - 9:41
    Obrigada.
  • 9:41 - 9:44
    (Aplausos)
Title:
Como os casais mantêm uma forte ligação sexual ao longo da vida
Speaker:
Emily Nagoski
Description:

Como educadora sexual, Emily Nagoski ouve muitas vezes a pergunta: "Como é que os casais mantêm uma forte ligação sexual ao longo da vida?" Nesta palestra leve e descontraída, ela partilha as suas visões e respostas — revelando (de forma algo surpreendente) a sua investigação sobre: Porque é que alguns casais deixam de praticar sexo, enquanto outros mantêm uma conexão sexual para a vida?

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
09:57

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