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Por que países em desenvolvimento não conseguem escapar da pobreza?| Alyssa Chow | TEDxAshburyCollege

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    É a temporada de festas de fim de ano
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    e, no clima de fazer doações,
    você abre o seu guarda-roupa
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    e acha algumas roupas
    velhas que não usa mais.
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    Então decide doá-las
    a alguma instituição de caridade.
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    Estas, por sua vez,
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    vão ajudar famílias de países
    em desenvolvimento com suas roupas.
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    Dessa forma, pelo resto do dia
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    você se sente bem sabendo
    que ajudou alguém,
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    colocando-os mais perto
    de uma vida financeira melhor.
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    Será mesmo?
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    O que você não sabia
    é que, nos países sem desenvolvimento,
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    existem pessoas que também estão tentando
    fabricar e vender roupas localmente.
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    E agora, por causa da sua doação,
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    esses comerciantes locais terão
    de competir com o seu ato de bondade
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    e, infelizmente, isso vai deixá-los
    a um passo da falência.
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    Olá, estudantes, pais,
    professores e convidados.
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    Meu nome é Alyssa Chow
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    e hoje vou falar sobre os efeitos
    negativos de suas ações caridosas
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    e os impactos que elas causam
    na economia de países emergentes.
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    Embora tenhamos boas intenções,
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    é um erro comum do mundo ocidental
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    pensar que países em desenvolvimento
    são dependentes da nossa generosidade,
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    quando, na verdade, se parássemos de doar
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    e começássemos a dar suporte
    ao desenvolvimento das indústrias locais,
  • 1:32 - 1:37
    esses países se tornariam prósperos
    e financeiramente independentes.
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    Atualmente, devido às nossas ações,
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    os cidadãos mais pobres
    das nações em desenvolvimento
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    são dependentes da ação externa
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    de organizações não governamentais,
    conhecidas como ONGs.
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    Incapazes de se autossustentar,
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    isso leva a uma abundância de problemas
    e a uma geração de pessoas que sofrem
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    com um senso de dependência e impotência.
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    Hoje, eu vou começar
    explicando os efeitos nocivos
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    da ajuda externa na indústria têxtil,
    alimentícia e de vestuário,
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    e como países emergentes
  • 2:10 - 2:14
    estão perdendo empregos
    para multinacionais e outros países.
  • 2:14 - 2:19
    Então, explicarei minha solução
    para tal crise, em três passos.
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    Com milhares de ONGs doando
    recursos para os mais pobres,
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    acredita-se que o país e o seu povo
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    estejam tendo algum desenvolvimento
    sustentável para sua qualidade de vida.
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    Contudo, apesar do trabalho duro
    e da bondade de muitos indivíduos,
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    essas doações, na verdade,
    têm feito mais mal do que bem,
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    e isso precisa ser mudado.
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    De acordo com pesquisa de uma companhia
    de roupa chamada "Not just a label",
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    cerca de 45% das roupas usadas
    doadas para organizações de caridade
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    são exportadas para gerar lucros,
    por recicladores, para países emergentes.
  • 3:00 - 3:05
    As roupas são vendidas por preços
    muito baixos ou simplesmente dadas,
  • 3:05 - 3:10
    fazendo com que as pessoas
    parem de comprar localmente.
  • 3:10 - 3:14
    Isso traz aos comerciantes, às fábricas,
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    e a todas as indústrias
    têxteis locais, a falência,
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    reduzindo o número de empregos
    e disparando os níveis de desemprego.
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    Dr. Andrew Brooks discute
    esse problema devastador
  • 3:25 - 3:28
    em seu livro "Clothing Poverty",
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    no qual ele argumenta como isso
    afeta a economia e as pessoas.
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    Dr. Brooks explica como essa prática
    envolvendo as roupas mudou Uganda.
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    No país, o mercado de roupas usadas
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    agora se tornou 81% das vendas de roupas.
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    Ele também discute
    a triste situação de Gana,
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    onde a indústria têxtil
    e de vestuário desabou
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    com a redução de 80%
    dos empregos entre 1975 e 2000.
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    Além disso, na África Subsaariana,
    o constante fluxo de roupas usadas
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    agora faz parte da vida dessas pessoas,
    e inclusive se incorporando ao idioma.
  • 4:09 - 4:13
    Dr. Brooks explica que a tradução
    da expressão coloquial ganense
  • 4:13 - 4:15
    "obroni wawu"
  • 4:15 - 4:19
    é "roupas dos homens brancos mortos".
  • 4:20 - 4:23
    Algodão é essencial
    para a indústria têxtil.
  • 4:23 - 4:27
    Segundo a Deutsche Welle,
    uma empresa internacional de radiofusão,
  • 4:27 - 4:31
    cerca de 10% da produção
    global de algodão é africana.
  • 4:31 - 4:36
    No entanto, uma parte mínima
    disso fica na África de fato.
  • 4:36 - 4:42
    Tar, um fazendeiro desesperado
    africano, cultiva algodão em Burkina Faso.
  • 4:42 - 4:46
    Tar disse: "Através do algodão
    que produzimos,
  • 4:46 - 4:50
    estamos criando trabalho
    para as pessoas de outros países,
  • 4:50 - 4:54
    e essas pessoas vendem as mercadorias
    manufaturadas de volta para nós.
  • 4:54 - 4:57
    É por isso que a África
    está sendo destruída".
  • 4:58 - 5:01
    Os países Africanos estão sendo
    forçados a comprar produtos
  • 5:01 - 5:02
    de outros países
  • 5:02 - 5:06
    que foram feitos com o algodão
    cultivado na África.
  • 5:06 - 5:09
    Os países africanos
    estão sendo explorados,
  • 5:09 - 5:12
    e os empregos das pessoas
    estão sendo tomados.
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    Isso é moralmente repreensível.
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    As indústrias têxtil e de vestuário
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    não são as únicas prejudicadas
    pela interferência externa.
  • 5:23 - 5:27
    Fazendeiros da indústria alimentícia
    também são afetados negativamente,
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    resultando na falência
    de muitos negócios da agricultura local.
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    Um padrão similar pode ser
    observado na indústria de arroz.
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    A África se tornou
    grande consumidora de arroz
  • 5:40 - 5:45
    e, mesmo os países africanos sendo
    grandes produtores desse alimento,
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    importar arroz custa para eles
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    cerca de US$ 3,5 bilhões anualmente.
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    Você deve se perguntar:
  • 5:55 - 5:57
    "Quem está se beneficiando com isso?"
  • 5:57 - 6:00
    Quando a África gasta
    essa quantidade de dinheiro
  • 6:00 - 6:04
    em um produto que é cultivado
    dentro de suas próprias fronteiras.
  • 6:05 - 6:11
    Outro problema é a filosofia do governo
    e as regras dos países emergentes
  • 6:11 - 6:16
    Para qualquer país ter sucesso
    e ser economicamente estável,
  • 6:16 - 6:19
    deve existir um governo
    que almeja apoiar a sua população
  • 6:19 - 6:22
    e o desenvolvimento das indústrias
    existentes no território.
  • 6:23 - 6:27
    O problema é que os governantes dos países
    emergentes são, muitas vezes, corruptos.
  • 6:28 - 6:33
    E infelizmente se beneficiam quando o povo
    não obtém sucesso financeiro.
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    Para superar a pobreza,
  • 6:35 - 6:41
    é preciso suprir as necessidades básicas,
    a chamada "a escada da prosperidade".
  • 6:41 - 6:45
    Essa escada inclui proteção legal
    contra roubos e violência,
  • 6:45 - 6:50
    justiça nos tribunais,
    escrituras para as terras,
  • 6:50 - 6:53
    liberdade para começar
    e registrar negócios
  • 6:53 - 6:57
    e conexão para um ciclo maior de trocas.
  • 6:57 - 7:00
    O problema é que os governos
    de países em desenvolvimento
  • 7:00 - 7:05
    estão negando aos seus cidadãos
    o direito de buscar a prosperidade.
  • 7:06 - 7:07
    Uma das maiores razões para isso
  • 7:07 - 7:12
    são os investimentos externos
    de multinacionais recebidos pelos governos
  • 7:12 - 7:16
    para financiar um setor específico.
  • 7:17 - 7:19
    Nas letras miúdas desses contratos,
  • 7:19 - 7:23
    é acordado que os governos
    são obrigados a comprar os produtos
  • 7:23 - 7:28
    para aquele setor das mesmas
    corporações que as financiaram.
  • 7:29 - 7:32
    Portanto, as companhias aumentam as vendas
  • 7:32 - 7:35
    enquanto o governo recebe parte
    do dinheiro para comprar os produtos.
  • 7:35 - 7:42
    As únicas pessoas que não se beneficiam
    são as que estão sofrendo mais.
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    Empreendedores e donos de negócios locais
  • 7:45 - 7:49
    estão experimentando
    uma grande queda nas demandas,
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    e sem nenhum suporte financeiro,
  • 7:52 - 7:57
    eles são incapazes de sair da pobreza.
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    Claramente, esses fatores
    explicam os motivos
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    para milhares de pessoas ao redor
    do mundo estarem vivendo em conflito.
  • 8:05 - 8:09
    Parece praticamente impossível
    reverter os problemas
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    enfrentados pelas indústrias
    têxteis e alimentícias locais.
  • 8:13 - 8:17
    No entanto, essa situação pode melhorar.
  • 8:17 - 8:20
    A solução seria resolver
    a crise alimentícia e têxtil,
  • 8:20 - 8:23
    e convencer governos a permitirem
    os negócios em seus países
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    a terem sucesso e prosperidade.
  • 8:26 - 8:29
    Isso vai construir uma economia estável
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    e melhorar a qualidade de vida
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    para milhares de pessoas
    nos países em desenvolvimento
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    O primeiro passo é minimizar o número
    de roupas usadas doadas a esses locais.
  • 8:44 - 8:45
    Em vez disso,
  • 8:45 - 8:48
    companhias de vestuário deveriam
    ter um modelo diferente de negócio
  • 8:48 - 8:54
    no qual eles pegarão essas roupas
    novamente e tentarão reciclar o material.
  • 8:54 - 8:56
    Sendo assim, a quantidade
    de desperdício será reduzida
  • 8:56 - 9:01
    e as ONGs não vão mais tirar o mercado
    dos varejistas de roupas locais.
  • 9:01 - 9:04
    A H&M já adotou essa possibilidade.
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    Eles encorajam seus clientes
    a trazerem suas roupas velhas
  • 9:07 - 9:10
    em troca de descontos.
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    O segundo passo seria permitir aos países
  • 9:14 - 9:17
    viverem de maneira sustentável
    com a comida produzida por eles
  • 9:17 - 9:20
    e dependerem menos das importações.
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    Com a abundância de terras
    aráveis no território africano,
  • 9:23 - 9:26
    eles deveriam ficar com a própria
    produção de arroz e algodão
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    e apenas exportar o excedente.
  • 9:29 - 9:31
    Não é financeiramente sustentável
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    para os países africanos exportarem
    seu algodão para outros países
  • 9:36 - 9:40
    para se tornarem itens de valor.
  • 9:40 - 9:45
    As manufaturas africanas devem
    reivindicar e capitalizar suas indústrias,
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    porque isso vai empoderar o seu povo
    e gerar centenas de empregos.
  • 9:49 - 9:53
    Makhtar Diop, vice-presidente
    do banco mundial para a região africana,
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    considerou a possibilidade
    de a indústria alimentícia africana
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    ajudar países em desenvolvimento.
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    Diop disse: "Chegou o tempo de fazer
    a agricultura e o agronegócio africanos
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    catalisadores para acabar com a pobreza".
  • 10:10 - 10:15
    Por último, nós devemos
    mudar os objetivos das ONGs.
  • 10:15 - 10:20
    Elas devem nutrir o desenvolvimento
    dos pequenos e médios negócios
  • 10:20 - 10:22
    para que eles sejam
    capazes de desenvolver-se.
  • 10:22 - 10:26
    Elas conseguem isso por meio
    da promoção de conexões e recursos
  • 10:26 - 10:29
    com o objetivo de assegurar
    o sucesso dos negócios.
  • 10:29 - 10:32
    As ONGs devem focar a promoção
    de inovações para as pessoas
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    começarem os próprios negócios
    e entrarem para o mercado local.
  • 10:36 - 10:39
    Elas podem prover
    a tecnologia e o treinamento
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    que permitirão aos negócios
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    se conectarem com outros
    negócios ao redor do mundo.
  • 10:44 - 10:48
    No entanto, antes disso, governos
    de países em desenvolvimento
  • 10:49 - 10:52
    devem parar de fazer acordos
    antiéticos com as grandes corporações
  • 10:52 - 10:56
    e começar a dar suporte
    aos empreendedores locais.
  • 10:56 - 10:59
    Governos podem impor tarifas
    a produtos internacionais competitivos
  • 10:59 - 11:03
    para dar aos negócios locais uma vantagem.
  • 11:03 - 11:05
    Com o sucesso desses empreendimentos,
  • 11:05 - 11:09
    serão criados centenas de empregos
    e outros mercados terão apoio,
  • 11:09 - 11:13
    os quais levarão à prosperidade .
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    Embora a indústria têxtil e a alimentícia
  • 11:16 - 11:19
    ultrapassaram as perdas extremas,
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    podemos reverter nossas ações
    e tornar os países emergentes
  • 11:24 - 11:27
    cada vez mais próximos
    de serem autossustentáveis
  • 11:27 - 11:28
    Durante as festas de fim de ano,
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    quando você estiver
    no espírito de fazer doações,
  • 11:31 - 11:34
    pense naqueles que estão sofrendo
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    e, em vez de doar suas roupas velhas,
  • 11:36 - 11:40
    doe dinheiro a uma organização
    que compartilhe conhecimento
  • 11:40 - 11:45
    e ensine as pessoas
    a se tornarem empreendedores.
  • 11:45 - 11:49
    Algumas das suas melhores intenções
    estão causando um mal terrível.
  • 11:49 - 11:53
    Mas nunca é tarde demais para mudar.
Title:
Por que países em desenvolvimento não conseguem escapar da pobreza?| Alyssa Chow | TEDxAshburyCollege
Description:

Os impactos negativos da interferência externa na indústria têxtil, alimentícia e de vestuário são explorados nesta palestra, a qual enfatiza que, embora as intenções sejam boas, nem sempre as ações resultam como deveriam. Nesse caso, soluções alternativas são necessárias.

Alyssa chow é uma aluna excelente do colégio de Ashbury. Ela acredita na defesa social e é muito ativa em sua comunidade. Ela foi premiada, recentemente, com o Ottawa's s 2016 Youth Philanthropy Award pelo trabalho dela com o YMCA, dando suporte à campanha Strong kids. Alyssa também é membro do Youth Service Bureau’s Youth Cabinet, no qual ela ajuda a planejar e organizar eventos como o SleepOut for Youth. Estando envolvida nas duas organizações, Alyssa consegue ajudar crianças vulneráveis na sua comunidade, enquanto administra Charitable Wishlist, um website com o intuito de conectar voluntários, doadores e instituições de caridade. Você pode visitar o site www.charitablewishlist.com. Além de ser voluntária, Alyssa é uma liderança importante em Ashbury, estando em uma variedade de comitês e times. Ela frequentemente compete em concursos de oratória e recentemente participou da International Independent School Public Speaking Competition, uma competição Internacional de oratória de escolas públicas. Alyssa também gosta de praticar Hóquei.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
11:53

Portuguese, Brazilian subtitles

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