-
Title:
Como podemos ensinar o nosso corpo a sarar mais depressa
-
Description:
E se pudéssemos ajudar o nosso corpo a sarar mais depressa e sem cicatrizes, como o Wolverine no "X-Men"? A oradora TED Kaitlyn Sadtler trabalha para tornar este sonho realidade, desenvolvendo biomateriais novos que poderão mudar a forma como o nosso sistema imunitário responde aos ferimentos. Nesta breve conversa, ela mostra as diferentes formas como estes produtos poderão ajudar o nosso corpo a regenerar.
-
Speaker:
Kaitlyn Sadtler
-
E se pudessem tomar
um comprimido ou uma vacina
-
e curar uma constipação?
-
Pudessem curar as feridas
mais rapidamente?
-
Hoje, se formos operados
ou tivermos um acidente,
-
vamos estar num hospital durante semanas,
-
e muitas vezes ficamos com cicatrizes
e efeitos colaterais dolorosos
-
da nossa incapacidade para regenerar
ou fazer crescer órgãos saudáveis.
-
O meu trabalho é criar materiais
-
que instruam o sistema imunitário a dar
sinais para que cresçam novos tecidos.
-
Tal como as vacinas instruem o nosso corpo
para combater uma doença,
-
nós poderíamos instruir o nosso
sistema imunitário
-
para desenvolver tecidos
rapidamente cicatrizar feridas.
-
fazer crescer partes do corpo do nada,
pode parecer magia
¶
-
mas há vários organismos
que conseguem atingir esta proeza.
-
Alguns lagartos conseguem
regenerar as suas caudas,
-
a humilde salamandra consegue
regenerar completamente o seu braço,
-
e até nós meros humanos conseguimos
regenerar o nosso fígado
-
depois de perder mais de metade
da sua massa original.
-
Para fazer com que esta magia
fique mais perto da realidade,
¶
-
investigo a forma como o nosso corpo
pode curar feridas e criar tecido
-
através de instruções
do sistema imunitário.
-
Desde um arranhão no joelho até àquela
infecção respiratória irritante,
-
o sistema imunitário defende
o nosso corpo do perigo.
-
Sou imunologista,
-
e usando o que sei acerca do sistema
de defesa do nosso corpo,
-
identifiquei peças chave
-
na nossa luta para regenerar
cortes e ferimentos.
-
Quando olhamos para os materiais
que estão a ser testados actualmente
¶
-
pela sua capacidade de ajudar
a renovar músculos,
-
a nossa equipa notou que, depois de tratar
um músculo danificado com estes materiais,
-
havia um elevado número de células imunes
-
nesse material e em redor do músculo.
-
Neste caso,
-
em vez de as células irem em direcção
à infecção para combater bactérias,
-
correm para o ferimento.
-
Descobri que um tipo específico
de células imunes
-
— a célula T auxiliar —
-
estava presente
dentro do material que implantei
-
e foi absolutamente essencial
para a cicatrização do ferimento.
-
Tal como quando eram crianças
e partiam um lápis
¶
-
e usavam fita para o colar de novo,
-
nós podemos curar,
-
mas pode não ser da forma mais funcional,
-
e ficamos com uma cicatriz.
-
Se não tivermos as células T auxiliares,
-
em vez de músculo saudável,
-
o nosso músculo desenvolve
células gordas dentro dele,
-
e se houver gordura no músculo,
este não é tão forte.
-
Usando o nosso sistema imunológico,
-
o nosso corpo pode regenerar
sem estas cicatrizes
-
e parecer tal como era antes do ferimento.
-
Trabalho para criar materiais
¶
-
que nos dêem sinais
para regenerar novo tecido
-
através da mudança
da resposta imunitária.
-
Sabemos que, cada vez que um material
é implantado no nosso corpo,
-
o sistema imunitário vai reagir.
-
Isto varia desde os "pacemakers"
até às bombas de insulina,
-
até aos materiais que os engenheiros
usam para construir novos tecidos.
-
Por isso, quando eu coloco esse material
ou andaime, no corpo,
-
o sistema imunitário cria um pequeno
ambiente de células e proteínas
-
que podem mudar a forma como as nossas
células estaminais se comportam.
-
Tal como o tempo afecta
as nossas actividades diárias,
-
como, por exemplo, ir fazer uma corrida,
-
ou ficar em casa e ver toda uma série
de televisão no Netflix,
-
o ambiente imunitário do andaime
-
afecta a forma como as células estaminais
crescem e se desenvolvem.
-
Se tivermos os sinais errados,
-
digamos que os sinais da Netflix,
-
teremos células gordas em vez de músculo.
-
Estes andaimes são feitos
das mais diferentes coisas,
-
de plásticos a materiais de origem natural,
-
nanofibras de vários graus de espessura,
-
esponjas que são mais ou menos porosas,
-
géis de diferentes níveis de firmeza.
-
Os investigadores conseguem fazer
com que os materiais
-
emitam sinais diferentes
ao longo do tempo.
-
Noutras palavras, podemos orquestrar
este espectáculo Broadway de células,
-
dando-lhes um palco,
indicações e adereços correctos
-
podendo ser alterados para outros tecidos,
-
tal como um produtor altera o cenário
-
para "Os Miseráveis" versus
"Pequena Loja de Horrores".
-
Estou a combinar
tipos específicos de sinais
-
que imitam a forma como o corpo reage
ao ferimento para ajudar à regeneração.
-
No futuro poderemos ver
pensos à prova de cicatrizes,
-
um enchimento moldável muscular
ou até uma vacina cicatrizante.
-
Agora, não vamos acordar amanhã
e regenerar como o Wolverine.
¶
-
Provavelmente, nem na próxima terça-feira.
-
Mas com estes avanços,
-
e trabalhando com o sistema imunitário
para ajudar a regenerar e curar feridas
-
poderemos começar a ver
produtos no mercado
-
que trabalham com o sistema de defesa
do nosso corpo, ajudando-o a regenerar,
-
e talvez um dia consigamos alcançar
o mesmo que uma salamandra.
-
-