O impacto psicológico de separar crianças na fronteira entre EUA e México
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0:01 - 0:04Há mais de 40 anos
que sou assistente social -
0:04 - 0:06e psicólogo de desenvolvimento.
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0:06 - 0:10Parece-me quase natural
ter ido para profissões de ajuda. -
0:10 - 0:14Os meus pais ensinaram-me
a fazer o bem aos outros. -
0:15 - 0:17Assim, dediquei a minha carreira
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0:17 - 0:21a trabalhar com famílias em algumas
das mais duras circunstâncias: -
0:21 - 0:23a pobreza, a doença mental,
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0:23 - 0:26a imigração, os refugiados.
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0:27 - 0:30Durante todos esses anos, eu tenho
trabalhado com esperança e otimismo. -
0:32 - 0:34Contudo, nos últimos cinco anos,
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0:34 - 0:38a minha esperança e o meu otimismo
foram colocados à prova. -
0:38 - 0:43Fiquei profundamente desapontado
com a forma com o governo dos EUA -
0:43 - 0:47está a tratar famílias que estão
a chegar à nossa fronteira do Sul, -
0:47 - 0:49a solicitar asilo
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0:49 - 0:52— pais desesperados com crianças,
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0:52 - 0:55vindos de El Salvador,
da Guatemala e das Honduras -
0:55 - 0:59que apenas querem trazer os seus filhos
para um lugar protegido e seguro. -
1:00 - 1:02Estão a fugir de algumas
das piores violências no mundo. -
1:02 - 1:04Foram atacados por gangues,
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1:05 - 1:08por assaltos, violações,
extorsão, ameaças, -
1:09 - 1:11Enfrentaram a morte.
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1:12 - 1:15Não podem recorrer à polícia
porque a polícia é cúmplice, -
1:15 - 1:17corrupta, ineficiente.
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1:17 - 1:20Então, eles chegam à nossa fronteira,
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1:20 - 1:22e nós colocamo-los
em centros de detenção, -
1:22 - 1:25em prisões, como se eles
fossem criminosos comuns. -
1:28 - 1:32Em 2014, eu conheci algumas
das primeiras crianças -
1:32 - 1:34em centros de detenção.
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1:35 - 1:36E chorei.
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1:37 - 1:40Sentei-me no meu carro
depois de tudo e chorei. -
1:41 - 1:44Eu estava a ver o pior
do sofrimento que já tinha visto, -
1:45 - 1:48que era contra tudo
o que eu acreditava no meu país, -
1:48 - 1:50contra o estado de direito
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1:50 - 1:53e contra tudo o que os meus pais
me haviam ensinado. -
1:55 - 1:59A forma como os EUA
tem lidado com os imigrantes -
1:59 - 2:02que procuram asilo no nosso país
nos últimos cinco anos -
2:02 - 2:05é errado, simplesmente errado.
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2:07 - 2:10Esta noite, quero dizer que as crianças
em detenção de imigração. -
2:10 - 2:12estão a ser traumatizadas.
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2:13 - 2:15E somos nós que estamos
a causar esses traumas. -
2:16 - 2:18Nós, nos Estados Unidos da América
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2:18 - 2:20— os que estamos aqui esta noite —
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2:20 - 2:24não estaremos todo de acordo
em relação à imigração. -
2:25 - 2:28Discordaremos em como
vamos lidar com todas essas pessoas -
2:28 - 2:30que querem vir para o nosso país.
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2:31 - 2:35Francamente, não me interessa
se são Republicanos ou Democratas -
2:35 - 2:37liberais ou conservadores.
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2:39 - 2:41Eu quero fronteiras seguras.
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2:43 - 2:47Também quero manter de fora
as pessoas ruins. -
2:48 - 2:50Quero segurança nacional.
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2:50 - 2:53E claro, vocês também terão
as vossas ideias sobre estes tópicos. -
2:55 - 2:57Mas acho que podemos concordar
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2:57 - 3:01que os EUA não deviam
estar a causar danos. -
3:01 - 3:06O governo, o estado,
não devia estar a magoar crianças, -
3:07 - 3:09devia estar a protegê-las,
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3:10 - 3:12quaisquer que sejam essas crianças:
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3:12 - 3:15os vossos filhos, os meus netos
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3:16 - 3:21e as crianças de famílias que
estão apenas a procurar asilo. -
3:22 - 3:25Eu podia contar-vos
história atrás de história -
3:25 - 3:28de crianças que assistiram
a algumas das piores violências do mundo -
3:28 - 3:30e agora estão detidas.
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3:31 - 3:35Mas há dois rapazinhos que não saem
da minha cabeça nos últimos cinco anos. -
3:37 - 3:38Um deles é o Danny.
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3:39 - 3:42Danny tinha sete anos e meio quando
eu o conheci no centro de detenção -
3:43 - 3:45na cidade de Karnes, Texas, em 2014.
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3:45 - 3:47Estava ali com a mãe e o irmão.
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3:47 - 3:49Tinham fugido das Honduras.
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3:50 - 3:53Danny é um desses miúdos
que amamos instantaneamente. -
3:54 - 3:56É engraçado, é inocente,
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3:56 - 3:59é encantador e muito expressivo.
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4:00 - 4:03Estava a fazer desenhos para mim,
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4:03 - 4:06e um dos quadros que desenhou
para mim foram os Revos Locos. -
4:06 - 4:09Os Revos Locos: este é o nome
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4:09 - 4:12que eles deram ao gangue
na cidade onde ele morava. -
4:13 - 4:15Eu disse ao Danny:
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4:15 - 4:18"Danny, porque é que eles são maus?"
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4:18 - 4:21Danny olhou para mim com perplexidade.
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4:22 - 4:24Quero dizer, o olhar era mais como:
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4:24 - 4:27"Tu és ignorante ou és só estúpido?"
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4:27 - 4:28(Risos)
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4:29 - 4:30Ele inclinou-se e suspirou:
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4:30 - 4:32"Não vês?
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4:32 - 4:34"Eles fumam cigarros."
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4:34 - 4:35(Risos)
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4:36 - 4:38"E bebem cerveja."
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4:39 - 4:42Danny tinha aprendido, claro,
os males de beber e fumar. -
4:43 - 4:46Depois disse:
"E têm armas." -
4:46 - 4:49Num dos desenhos,
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4:49 - 4:53os bonecos desenhados dos Revos Locos
estão a atirar a pássaros e a pessoas. -
4:54 - 4:58Danny contou-me o dia em que o tio dele
foi morto por um daqueles Revos Locos -
4:59 - 5:02e como ele correu da casa dele
para a quinta do tio, -
5:02 - 5:04apenas para ver o cadáver do tio,
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5:04 - 5:08com o rosto desfigurado pelas balas.
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5:09 - 5:12Danny contou-me que viu os dentes
do tio a sair por detrás da cabeça. -
5:14 - 5:16Tinha só seis anos nessa altura.
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5:16 - 5:17Algum tempo depois disso,
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5:17 - 5:22um daqueles Revos Locos espancou
o pequeno Danny gravemente -
5:22 - 5:24e foi aí que os pais dele disseram:
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5:24 - 5:27"Temos de fugir senão eles matam-nos."
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5:29 - 5:31Então, organizaram tudo.
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5:31 - 5:34Mas o pai de Danny era amputado
de uma perna e usava uma muleta, -
5:34 - 5:37e não podia caminhar
por terreno acidentado. -
5:37 - 5:39Então, ele disse à mulher:
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5:40 - 5:42"Vai sem mim. Leva os rapazes.
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5:43 - 5:45"Salva os nossos rapazes."
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5:45 - 5:47Então, a mãe e os rapazes partiram.
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5:47 - 5:50Danny contou que olhou para trás,
disse adeus ao pai, -
5:50 - 5:53olhou para trás algumas vezes
até perder o pai de vista. -
5:53 - 5:56Na detenção, não tinha notícias do pai.
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5:56 - 6:00E é bem provável que o pai dele
tenha sido morto pelos Revos Locos, -
6:00 - 6:02porque tentou fugir.
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6:02 - 6:05Eu não consigo esquecer o Danny.
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6:08 - 6:10O outro rapazinho chamava-se Fernando.
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6:10 - 6:13Fernando estava
no mesmo centro de detenção. -
6:13 - 6:16Era aproximadamente
da mesma idade do Danny. -
6:16 - 6:20Fernando contou-me as 24 horas
que passara em isolamento com a mãe -
6:20 - 6:22no centro de detenção.
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6:22 - 6:25Foi lá colocado porque a mãe
tinha liderado uma greve da fome -
6:25 - 6:27entre as mães no centro de detenção,
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6:27 - 6:29e agora ela estava a sofrer
a pressão dos guardas -
6:29 - 6:33que a estavam a ameaçar e a ser
muito abusivos com ela e com o Fernando. -
6:34 - 6:37Enquanto o Fernando e eu conversávamos
no pequeno escritório, -
6:37 - 6:40a mãe dele entrou de rompante e disse:
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6:40 - 6:43"Eles estão a ouvir-te!
Estão a escutar-te." -
6:43 - 6:46Pôs-se de gatas no chão
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6:47 - 6:51e começou a espreitar por baixo da mesa,
a apalpar por baixo das cadeiras. -
6:51 - 6:53Verificou as tomadas elétricas
-
6:54 - 6:56os cantos da sala,
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6:56 - 6:58o chão, os cantos do teto,
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6:58 - 7:02o candeeiro, as saídas de ar, à procura
de microfones e de câmaras escondidas. -
7:03 - 7:08Eu observei o Fernando
enquanto ele observava a mãe -
7:08 - 7:10naquela espiral de estado de paranoia.
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7:10 - 7:13Olhei-o nos olhos e vi um total terror.
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7:14 - 7:17Afinal, quem tomaria
conta dele, se ela não pudesse? -
7:17 - 7:21Eram só os dois.
Só se tinham um ao outro. -
7:21 - 7:24Eu podia contar-vos
história atrás de história, -
7:26 - 7:28mas não esqueço o Fernando.
-
7:30 - 7:34E eu sei algo sobre o que
este tipo de trauma, de "stress", -
7:34 - 7:36de adversidade, faz às crianças.
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7:37 - 7:40Vou ser clínico convosco por um momento,
-
7:40 - 7:42e vou ser o professor que sou.
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7:43 - 7:47Sob um "stress" prolongado e intenso,
-
7:47 - 7:51traumas, dificuldades, adversidade,
condições extremas, -
7:52 - 7:56o cérebro em desenvolvimento
é prejudicado, -
7:56 - 7:58pura e simplesmente.
-
7:58 - 8:01As suas conexões e a sua arquitetura
são danificadas. -
8:01 - 8:05O sistema de resposta natural
ao "stress" da criança é afetado. -
8:06 - 8:08Os seus fatores protetores enfraquecem.
-
8:08 - 8:13As regiões do cérebro que estão
associadas à cognição, -
8:13 - 8:15às capacidades intelectuais,
-
8:15 - 8:19ao julgamento, à confiança,
à autorregulação, à interação social -
8:19 - 8:22são enfraquecidas,
às vezes permanentemente. -
8:23 - 8:25Isso prejudica o futuro da criança.
-
8:25 - 8:27Também sabemos que sob "stress",
-
8:27 - 8:30o sistema imunitário
da criança é suprimido -
8:30 - 8:33tornando-a suscetível a infeções.
-
8:33 - 8:39Doenças crónicas, como diabetes,
asma, doenças cardiovasculares, -
8:39 - 8:45acompanharão as crianças até à fase adulta
e, possivelmente, encurtarão a vida delas. -
8:45 - 8:49Problemas de doenças mentais
estão ligadas ao colapso do corpo. -
8:50 - 8:52Tenho visto crianças em detenção
-
8:53 - 8:56que têm pesadelos
recorrentes e perturbadores, -
8:56 - 8:58terrores noturnos,
-
8:58 - 9:01depressão e ansiedade,
-
9:01 - 9:03reações dissociativas,
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9:03 - 9:06desespero, pensamentos suicidas
-
9:06 - 9:09e transtorno pós-traumático.
-
9:09 - 9:11Regridem no seu comportamento,
-
9:11 - 9:14como um rapaz de 11 anos
-
9:15 - 9:18que começou a urinar na cama
depois de anos de continência. -
9:19 - 9:22E uma rapariga de nove anos
que estava a sucumbir à pressão -
9:22 - 9:24e insistia para que a mãe a amamentasse.
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9:25 - 9:28É isto que a detenção faz às crianças.
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9:30 - 9:32Vocês podem perguntar:
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9:34 - 9:36O que é que havemos de fazer?
-
9:36 - 9:38O que é que o nosso governo devia fazer?
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9:38 - 9:41Eu sou apenas um profissional
de saúde mental, -
9:41 - 9:45Conheço bastante bem
a saúde e o desenvolvimento das crianças. -
9:45 - 9:46Mas tenho algumas ideias.
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9:47 - 9:50Primeiro, precisamos de reformular
as nossas práticas. -
9:51 - 9:54Precisamos de substituir
o medo e a hostilidade -
9:54 - 9:56por segurança e compaixão.
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9:58 - 10:01Precisamos de derrubar
as paredes das prisões, -
10:01 - 10:03o arame farpado, retirar as grades.
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10:04 - 10:07Em vez de prisão ou prisões,
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10:08 - 10:13devíamos criar, ordenadamente,
centros de processamento de asilo, -
10:13 - 10:16comunidades como acampamentos
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10:16 - 10:18onde crianças e famílias
possam viver juntas. -
10:19 - 10:22Podemos usar velhos motéis,
quartéis antigos de militares, -
10:22 - 10:26reequipá-los para as crianças e os pais
poderem viver como unidades familiares -
10:26 - 10:28com alguma segurança e normalidade.
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10:28 - 10:30em que as crianças possam correr.
-
10:30 - 10:32Nesses centros de processamento,
-
10:32 - 10:35pediatras, médicos de família,
-
10:35 - 10:37dentistas e enfermeiras,
-
10:37 - 10:39fariam triagens, examinariam,
-
10:39 - 10:41tratariam e vacinariam as crianças,
-
10:41 - 10:46criando registos que as acompanhassem
aos seus futuros médicos. -
10:46 - 10:50Assistentes sociais realizariam
avaliações de saúde mental -
10:51 - 10:54e proveriam o tratamento
aos que precisassem. -
10:54 - 10:57Esses assistentes sociais
ligariam as famílias -
10:57 - 11:00aos serviços de que viessem a precisar,
em qualquer lugar para onde fossem. -
11:00 - 11:03E professores estariam a ensinar
e a avaliar as crianças -
11:04 - 11:07e a documentar a sua aprendizagem,
-
11:07 - 11:10de modo que os professores
nas suas futuras escolas -
11:10 - 11:12pudessem continuar
o ensino dessas crianças. -
11:12 - 11:16Podemos fazer muito mais
nos centros de processamento. -
11:17 - 11:19Muito mais.
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11:19 - 11:21Provavelmente, vocês estão a pensar:
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11:21 - 11:23"Isso é uma utopia".
-
11:25 - 11:27Não posso culpar-vos.
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11:27 - 11:30Mas deixem que vos diga
que, no mundo inteiro, -
11:30 - 11:32há campos de refugiados
que contêm famílias -
11:32 - 11:35como as que temos
nos nossos centros de detenção, -
11:35 - 11:39e alguns desses campos de refugiados
estão a funcionar bem, -
11:39 - 11:41muito melhor do que os nossos.
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11:41 - 11:46Os EUA têm emitido relatórios
a descrever campos de refugiados -
11:46 - 11:49que protegem a saúde
e o desenvolvimento das crianças. -
11:49 - 11:53As crianças e os pais
vivem em unidades familiares -
11:53 - 11:56e os agregados familiares
são alojados juntos. -
11:56 - 12:00Os pais recebem permissão para trabalhar
e assim podem ganhar dinheiro, -
12:00 - 12:04recebem vales para ir às lojas locais
e comprar comida. -
12:05 - 12:08As mães agrupam-se para cozinhar
refeições saudáveis para as crianças, -
12:09 - 12:12e as crianças vão para a escola
todos os dias e são ensinadas. -
12:13 - 12:16Depois da escola, vão para casa
e andam de bicicleta, -
12:16 - 12:18passam tempo com os amigos,
fazem os trabalhos de casa -
12:18 - 12:20e exploram o mundo
-
12:20 - 12:23— todas as coisas essenciais
para o desenvolvimento das crianças. -
12:24 - 12:28Nós podemos fazer o que está certo.
Temos os recursos para o fazer. -
12:29 - 12:34Do que nós precisamos é a vontade
e a insistência dos americanos -
12:36 - 12:39para tratarmos as crianças humanamente.
-
12:41 - 12:46Eu não consigo esquecer
o Danny e o Fernando. -
12:46 - 12:48Pergunto-me onde eles estarão hoje,
-
12:48 - 12:51e rezo para que eles estejam
saudáveis e felizes. -
12:52 - 12:54Eles são só duas das muitas
crianças que conheci -
12:54 - 12:57e dos milhares que sabemos
que estão em detenção. -
12:59 - 13:01Posso estar entristecido
-
13:01 - 13:04por causa do que está
a acontecer com as crianças, -
13:04 - 13:06mas sou inspirado por elas,
-
13:06 - 13:09Posso chorar, como chorei,
-
13:11 - 13:13mas admiro a força daquelas crianças.
-
13:14 - 13:18Elas mantêm viva a minha esperança
e o meu otimismo no meu trabalho. -
13:19 - 13:23Mesmo que discordemos
quanto à abordagem à imigração, -
13:23 - 13:26devíamos estar a tratar as crianças
com dignidade e respeito. -
13:27 - 13:30Devíamos fazer
o que está certo por causa delas. -
13:30 - 13:32Se o fizermos,
-
13:32 - 13:36podemos preparar as crianças
que permanecerem nos EUA, -
13:36 - 13:41para se tornarem produtivas,
membros empenhados na nossa sociedade. -
13:42 - 13:45E aquelas que regressarem ao seu país,
voluntariamente ou não, -
13:46 - 13:49estarão preparadas para se tornarem
professores, comerciantes, líderes -
13:49 - 13:51nos seus países.
-
13:51 - 13:55Eu espero que, em conjunto,
todas essas crianças e pais -
13:55 - 13:59possam dar testemunho ao mundo
sobre a bondade do nosso país. -
13:59 - 14:01e dos nossos valores.
-
14:01 - 14:03Mas temos de fazer o que está certo.
-
14:04 - 14:08Podemos concordar
em discordar sobre a imigração, -
14:08 - 14:10mas espero que concordemos numa coisa:
-
14:10 - 14:15que nenhum de nós quer olhar
para este momento da nossa história, -
14:16 - 14:21quando soubemos que infligimos traumas,
para a vida toda, nestas crianças, -
14:21 - 14:23e que nos sentámos e não fizemos nada.
-
14:25 - 14:29Esta seria a maior tragédia de todas.
-
14:31 - 14:32Obrigado.
-
14:32 - 14:35(Aplausos)
- Title:
- O impacto psicológico de separar crianças na fronteira entre EUA e México
- Speaker:
- Luis H. Zayas
- Description:
-
Como é que os traumas psicológicos afetam o desenvolvimento do cérebro das crianças? Nesta poderosa palestra, o assistente social Luis H. Zayas discute o seu trabalho com refugiados e famílias que procuram asilo na fronteira entre os EUA e o México. O que resulta é uma impressionante análise do impacto a longo prazo da controversa política americana de detenção e separação das crianças — e os passos práticos de como o país poderá fazer melhor.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 14:49
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The psychological impact of child separation at the US-Mexico border | ||
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