Avanços tecnológicos e a Identidade da pessoa com a deficiência

Este vídeo explora as perspectivas de pessoas com deficiência enquanto elas discutem tecnologias emergentes que podem melhorar o corpo e a mente. Só por que a tecnologia existe, é motivo suficiente para adotá-la? Diferentes perspectivas dos participantes do DO-IT são compartilhadas. Também disponível com audiodescrição: https://youtu.be/ilao-uS0HAI

Somos todos diferentes.
Não podemos ser iguais.

Somos todos imperfeitos.

O conceito de tentar usar a tecnologia

para criar uma sociedade utópica
é interessante, para dizer o mínimo.

Uma coisa que sempre me perguntam
é sobre as Olimpíadas e as Paralimpíadas.

Acredito que dentro de 10 ou 20 anos,
um atleta paralímpico será mais rápido

do que um humano,
uma pessoa sem deficiências.

Por que você mudaria
a sua habilidade natural?

Avanços tecnológicos
e Identidade da pessoa com deficiência

Meu nome é Sheryl Burgstahler.

Sou diretora
de Serviços Tecnológicos de Acessibilidade

na Universidade de Washington.

As ciências e a tecnologia
progrediram até um ponto

em que podemos eliminar
certas deficiências.

Mas devemos fazer isso só porque podemos?

Conversamos com alguns
alunos com deficiência

e pedimos a eles
que respondessem a essa pergunta.

Gosto da ideia de usar a tecnologia
para ajudar as pessoas,

para beneficiar a raça humana,

mas ao mesmo tempo, isso cria um dilema:

até que ponto isso se torna exagerado?

Pessoalmente, posso dizer
que a tecnologia me ajudou muito

para ter acesso a coisas
que eu não poderia de outra forma

e acho que o progresso da tecnologia

é realmente benéfico
para pessoas com deficiência.

Mas acho que existe uma linha entre algo

como uma cadeira de rodas aprimorada
e um exoesqueleto

para que alguém em uma cadeira de rodas
possa andar.

E acho que a diferença
entre essas duas coisas

é que uma procura melhorar a vida
da pessoa com deficiência

ou facilitar o acesso.

A outra busca eliminar a deficiência.

E acho que é a principal diferença
que muitas pessoas fisicamente capazes

que não têm experiência com deficiências
não percebem.

Sei que tudo deve ter alguma desvantagem,

mas se algo vai ajudar você
a realizar uma tarefa

e você ainda usa sua capacidade cerebral
e entende o que precisa acontecer,

acho que é ótimo.

Acho que se é algo
que você realmente deseja,

você quer ser melhor,
quer ser esse humano extraordinário,

isso deve ser uma opção.

Mas não deveria ser uma exigência.

Eu mesma sou muito feliz
do jeito do que sou.

Não mudaria absolutamente nada em mim.

Se me dessem a opção de andar amanhã,
eu recusaria.

Adoro a minha vida.

Em vez de tentar usar a tecnologia
para criar o ser humano "perfeito",

deveríamos nos concentrar mais

em apenas tentar lidar
com os problemas atuais,

como criar uma sociedade
igualmente acessível

para as pessoas que, no momento, não têm
as mesmas oportunidades que as outras.

Para alguns dos meus amigos
que têm deficiências

que estão encurtando a vida deles,

e existe uma tecnologia

que está trazendo novos estudos,
novos medicamentos

que vão ajudá-los a ficar mais fortes
e viver por mais tempo,

eu acho que é ótimo.

Mas também vejo que é problemático

tentar forçar as pessoas
a se tornarem mais "normais"

quando não é o que elas querem.

Por que temos que consertar tudo e todos?

Acho que cabe a própria pessoa,

e se ela quer
que certas partes da deficiência

não façam parte da vida dela,
ela tem essa opção,

então é ótimo para ela.

Mas acho
que ninguém deveria ser forçado

e que a pressão da sociedade
não deveria ser um fator.

"Você tem que fazer
porque está disponível".

Não podemos ser perfeitos.

Acho que a diferença é entre nós,

seja por uma deficiência ou não.

É o que nos torna especiais e nos destaca,

então acho que devemos nos orgulhar.

Se eu pudesse falar com os cientistas

que estão desenvolvendo
a próxima geração de tecnologia,

a primeira coisa que diria a eles seria:

"Vocês têm uma pessoa com deficiência
na equipe?"

Porque a melhor forma
de tornar as coisas mais acessíveis

é incluir pessoas com deficiência
no processo de criação.

O objetivo da tecnologia
é facilitar a vida das pessoas

e não acho que fazer uma pessoa
que perdeu as pernas

conseguir andar novamente é algo negativo.

Talvez daqui a 200 anos,

quando a robótica melhore
e domine o mundo,

possa haver uma discussão diferente.

Existe uma linha muito tênue

onde essa tecnologia
está disponível para as pessoas,

para que elas possam viver
melhor nesse mundo,

mas precisamos ter certeza
de que não estamos presumindo

que elas querem essa tecnologia
porque ela vai "curá-las".

Ou torná-las mais capazes fisicamente.

Deveríamos estar perguntando:

"Você quer essa tecnologia,

não porque ela vai tornar você
mais capaz fisicamente,

mas porque ela vai melhorar sua vida
como uma pessoa com deficiência,

para se locomover
e ajudar a fazer algumas coisas?"

Em vez de tentar fazer as pessoas

se fundirem com essa versão padronizada
do que o corpo deveria ser capaz de fazer.

Talvez, uma das ferramentas seria uma mão

ou algum tipo de dispositivo
que pudesse ajudá-las a se levantar.

Acho que seria incrível.

Mas o principal é que elas queiram isso.

Ter uma deficiência
e viver a vida vale muito a pena.

O que torna isso difícil

é que os sistemas não foram construídos
considerando as pessoas com deficiência.

E a mudança que precisa acontecer,

mais do que consertar
as pessoas com deficiência,

é mudar a sociedade para torná-la
acessível a pessoas com deficiência,

dar acesso a todas as coisas
que todo mundo têm.

Por que você não iria querer
ser você mesmo?

Acho que isso mudaria quem você é.

Há tantas pequenas coisas
que definem você como pessoa,

porque você deveria se importar
com pequenos defeitos?

Contanto que você seja
uma ótima pessoa como um todo.

O ser humano
sempre terá alguma deficiência.

Está escrito na nossa existência física
que, à medida que envelhecemos,

é quase certo que desenvolveremos
algum tipo de deficiência.

Ter alguma deficiência
é completamente natural.

Só acontece mais cedo
para algumas pessoas.

Os alunos apresentados neste vídeo
participam do programa DO-IT Scholars

onde jovens com deficiência
se preparam para a faculdade e carreiras.

Para mais informações, consulte o site

Deficiências, Oportunidades,
Internetworking e Tecnologia.

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