A caminhada do "não" até o "sim" | WIlliam Ury | TEDxMidwest
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0:16 - 0:19Bem, o tema da negociação difícil
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0:19 - 0:22me lembra uma de minhas histórias
favoritas do Oriente Médio, -
0:22 - 0:26de um homem que deixou
17 camelos para os 3 filhos. -
0:26 - 0:28Para o primeiro filho, deixou metade;
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0:28 - 0:31para o segundo filho, deixou
um terço dos camelos -
0:31 - 0:33e, para o caçula, deixou a nona parte.
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0:33 - 0:37Os 3 filhos começaram uma negociação,
pois 17 não é divisível por 2, -
0:37 - 0:39não é divisível por três
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0:39 - 0:41e não é divisível por nove.
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0:41 - 0:43O clima começou a ficar
tenso entre os irmãos. -
0:43 - 0:45Por fim, desesperados,
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0:45 - 0:48resolveram pedir ajuda a uma velha sábia.
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0:48 - 0:50A mulher pensou um bom
tempo sobre o problema -
0:50 - 0:53e, finalmente, chegou e disse:
"Bem, não sei se posso ajudá-los, -
0:53 - 0:56mas, se quiserem, podem
ficar com o meu camelo". -
0:56 - 0:58Então, ficaram com 18 camelos.
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0:58 - 1:01O primeiro filho pegou sua metade,
a metade de 18 é 9. -
1:01 - 1:04O segundo pegou sua terça parte,
um terço de 18 é 6. -
1:04 - 1:08O filho mais novo pegou sua nona
parte, e um novo de 18 é 2. -
1:08 - 1:10O total deu 17.
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1:10 - 1:12Eles ficaram com um camelo sobrando.
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1:12 - 1:14Aí, eles o devolveram à velha sábia.
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1:14 - 1:15(Risos)
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1:15 - 1:18Se pensarmos sobre essa história,
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1:18 - 1:21acho que ela lembra muito
as negociações difíceis -
1:21 - 1:23nas quais nos envolvemos.
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1:23 - 1:25Elas começam como 17 camelos,
e sem nenhuma solução. -
1:25 - 1:27Portanto, o que precisamos
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1:27 - 1:30é recuar em situações assim,
como fez a velha sábia, -
1:30 - 1:32ver a situação com um novo olhar,
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1:32 - 1:34e surgir com o 18.º camelo.
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1:35 - 1:38Encontrar esse 18.º camelo
em conflitos mundiais -
1:38 - 1:40tem sido a paixão da minha vida.
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1:40 - 1:44Basicamente, vejo a humanidade
um pouco como esses três irmãos. -
1:44 - 1:46Somos todos uma família.
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1:46 - 1:48Sabemos que, cientificamente,
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1:48 - 1:50graças à revolução das comunicações,
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1:50 - 1:53todas as tribos do planeta,
todas as 15 mil tribos, -
1:53 - 1:55estão conectadas.
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1:56 - 1:58É uma grande reunião de família.
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1:58 - 2:00Mas, como muitas reuniões familiares,
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2:00 - 2:02nem tudo são flores.
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2:02 - 2:04Ocorrem muitos conflitos,
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2:04 - 2:08e a questão é: como lidar
com nossas diferenças? -
2:08 - 2:10Como lidar com nossas
mais profundas diferenças, -
2:10 - 2:12dada a inclinação humana para o conflito
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2:12 - 2:17e a inteligência humana concebendo
armas com enorme poder de destruição? -
2:17 - 2:19Esse é o problema.
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2:19 - 2:23Como tenho passado boa parte
das últimas três décadas, quase quatro, -
2:23 - 2:25viajando pelo mundo,
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2:25 - 2:29trabalhando na solução de conflitos,
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2:29 - 2:32da Iugoslávia ao Oriente Médio,
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2:32 - 2:34da Chechênia à Venezuela,
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2:34 - 2:37alguns dos conflitos
mais difíceis da face do planeta, -
2:37 - 2:39venho me fazendo essa pergunta.
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2:39 - 2:43E penso que encontrei, de certa forma,
o segredo para a paz. -
2:43 - 2:45Na verdade, é surpreendentemente simples.
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2:45 - 2:48Não é fácil, mas é simples.
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2:48 - 2:50Nem chega a ser uma novidade.
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2:50 - 2:53Deve ser uma das nossas heranças
humanas mais antigas. -
2:53 - 2:56O segredo da paz somos nós.
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2:56 - 3:01Somos nós, a comunidade
ao redor do conflito, -
3:01 - 3:03que podemos ter um papel construtivo.
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3:03 - 3:07Deixem-me ilustrar isso com uma história.
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3:07 - 3:09Cerca de 20 anos atrás,
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3:09 - 3:12estava na África do Sul, trabalhando
com as partes daquele conflito -
3:12 - 3:13e, como tive um mês extra,
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3:13 - 3:18resolvi passar um tempo vivendo
com vários grupos do povo San. -
3:18 - 3:22Estava curioso para saber
como eles resolviam seus conflitos. -
3:22 - 3:26Pois, até onde a memória alcança,
eles sempre foram caçadores-coletores, -
3:26 - 3:31vivendo quase como nossos ancestrais
viveram por 99% da história humana. -
3:31 - 3:34E, lá, todos os homens têm flechas
envenenadas, que usam para caçar, -
3:34 - 3:36absolutamente mortais.
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3:36 - 3:38Então, como lidam com suas diferenças?
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3:38 - 3:43Descobri que, nessas comunidades,
quando os ânimos se exaltam, -
3:43 - 3:46alguém vai e esconde as flechas
envenenadas no meio do mato, -
3:46 - 3:50e aí todo mundo se senta em círculo assim,
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3:50 - 3:53sentam e conversam exaustivamente.
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3:53 - 3:55Isso pode levar dois, três, quatro dias,
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3:55 - 3:58mas eles não descansam
até encontrarem uma solução, -
3:58 - 4:01ou melhor, uma reconciliação.
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4:01 - 4:03E, se os ânimos continuarem exaltados,
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4:03 - 4:05eles, então, mandam alguém
visitar uns parentes, -
4:05 - 4:07um tempo para esfriar a cabeça.
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4:07 - 4:10Acho que, provavelmente,
esse tenha sido o sistema -
4:10 - 4:12que nos manteve vivos até hoje,
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4:12 - 4:14dadas as nossas tendências humanas.
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4:14 - 4:17Chamo esse sistema de "o terceiro lado".
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4:17 - 4:20Porque, normalmente,
quando pensamos num conflito, -
4:20 - 4:22quando o descrevemos,
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4:22 - 4:23há sempre dois lados,
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4:23 - 4:26árabes contra israelenses,
patrões contra empregados, -
4:26 - 4:29marido contra mulher,
republicanos contra democratas. -
4:29 - 4:31Mas o que normalmente não vemos
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4:31 - 4:33é que sempre há um terceiro lado,
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4:33 - 4:37e o terceiro lado do conflito somos nós,
é a comunidade circundante. -
4:37 - 4:38São os amigos, os aliados,
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4:38 - 4:40os membros da família, os vizinhos.
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4:40 - 4:44E podemos ter uma papel
incrivelmente construtivo. -
4:44 - 4:48Talvez a maneira mais determinante
de o terceiro lado ajudar -
4:48 - 4:52seja lembrando às partes
o que está realmente em jogo. -
4:52 - 4:54Pelo bem dos filhos, pelo bem da família,
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4:54 - 4:57pelo bem da comunidade,
pelo bem do futuro, -
4:57 - 5:00vamos parar de brigar por um momento
e começar a conversar. -
5:00 - 5:02Pois a verdade é que,
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5:02 - 5:03ao nos envolvermos num conflito,
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5:03 - 5:06é muito fácil perder a perspectiva.
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5:06 - 5:08É muito fácil reagir.
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5:08 - 5:10Nós, seres humanos,
somos máquinas reativas. -
5:10 - 5:12E, como diz o ditado,
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5:12 - 5:15com raiva, fazemos o melhor discurso
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5:15 - 5:16do qual vamos nos arrepender.
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5:16 - 5:18(Risos)
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5:18 - 5:21E o terceiro lado nos lembra disso.
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5:21 - 5:23O terceiro lado nos ajuda
a ir para o camarote, -
5:23 - 5:26que é uma metáfora
para um lugar de perspectiva, -
5:26 - 5:28onde podemos manter
nossos olhos na recompensa. -
5:28 - 5:32Quero contar uma história
da minha experiência com negociação. -
5:32 - 5:37Alguns anos atrás, fui o mediador
em conversas muito difíceis -
5:37 - 5:41entre líderes da Rússia e da Chechênia.
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5:41 - 5:44Como sabem, havia uma guerra em curso.
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5:44 - 5:47O encontro se deu em Haia,
no Palácio da Paz, -
5:47 - 5:51na mesma sala onde o tribunal dos crimes
de guerra iugoslavos acontecia. -
5:51 - 5:54E as conversas começaram bem espinhosas
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5:54 - 5:58quando o vice-presidente da Chechênia
começou a apontar para os russos -
5:58 - 6:00e falar: "Vocês deviam ficar nesta sala,
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6:00 - 6:03pois vão ser julgados
por crimes de guerra". -
6:03 - 6:05Daí, ele se virou para mim e falou:
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6:05 - 6:07"Você é americano.
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6:07 - 6:10Veja só o que vocês, americanos,
estão fazendo em Porto Rico". -
6:10 - 6:13E minha mente começou a girar:
"Porto Rico? O que sei sobre Porto Rico?" -
6:13 - 6:15Comecei a reagir.
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6:15 - 6:16(Risos)
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6:16 - 6:18Mas aí tentei me lembrar
de ir para o camarote. -
6:18 - 6:22Quando ele parou de falar, todos
olharam para mim à espera da resposta. -
6:22 - 6:25Consegui, da perspectiva do camarote,
agradecer os comentários -
6:25 - 6:28e dizer: "Agradeço sua crítica ao meu país
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6:28 - 6:32e a considero um sinal de amizade,
de que podemos falar francamente". -
6:32 - 6:33(Risos)
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6:33 - 6:37"E não estamos aqui para falar
sobre Porto Rico ou o passado. -
6:37 - 6:39Estamos aqui porque queremos
encontrar uma forma -
6:39 - 6:42de pôr um fim ao sofrimento
e ao banho de sangue na Chechênia." -
6:42 - 6:45Aí, a conversa voltou para os trilhos.
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6:45 - 6:49Esse é o papel do terceiro lado:
ajudar as partes a irem para o camarote. -
6:49 - 6:52Gostaria, agora, de abordar
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6:52 - 6:55o conflito considerado,
de longe, o mais difícil do mundo, -
6:55 - 6:57ou o conflito mais impossível,
o Oriente Médio. -
6:57 - 7:01A questão é: onde está o terceiro lado aí?
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7:01 - 7:03Qual a possibilidade de irmos
para o camarote? -
7:03 - 7:07Não vou fingir que tenho resposta
para o conflito do Oriente Médio, -
7:07 - 7:11mas acho que tenho um primeiro passo,
literalmente, um primeiro passo, -
7:11 - 7:14algo que qualquer um de nós
poderia fazer como terceiro lado. -
7:14 - 7:16Deixem-me perguntar uma coisa primeiro.
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7:16 - 7:20Quantos aqui, nos últimos anos,
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7:20 - 7:23já se pegaram se preocupando
com o Oriente Médio -
7:23 - 7:25e imaginando o que poderia ser feito?
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7:25 - 7:27Só de curiosidade, quantos de vocês?
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7:27 - 7:30OK, então, a grande maioria de nós.
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7:30 - 7:32E aqui é muito longe de lá.
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7:32 - 7:35Por que prestamos tanta
atenção nesse conflito? -
7:35 - 7:37Seria pelo número de mortos?
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7:37 - 7:40Há centenas de vezes mais gente
morrendo em conflitos na África -
7:40 - 7:41do que no Oriente Médio.
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7:41 - 7:43Não, é por causa da história,
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7:43 - 7:47por nos sentirmos pessoalmente
envolvidos nessa história. -
7:47 - 7:51Sejamos cristãos, muçulmanos
ou judeus, religiosos ou não, -
7:51 - 7:53sentimos um interesse pessoal naquilo.
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7:53 - 7:54As histórias importam;
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7:54 - 7:56como antropólogo, sei disso.
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7:56 - 7:59As histórias são o que usamos
para transmitir conhecimento. -
7:59 - 8:01Dão significado a nossa vida.
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8:01 - 8:03É isso o que fazemos aqui
no TED, contamos histórias. -
8:03 - 8:05As histórias são o segredo.
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8:05 - 8:08Então, minha questão é:
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8:08 - 8:12sim, vamos tentar resolver
a política lá no Oriente Médio, -
8:12 - 8:15mas também vamos dar
uma olhada na história. -
8:15 - 8:17Vamos tentar chegar à raiz do problema,
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8:17 - 8:19se é possível aplicar o terceiro lado aí.
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8:19 - 8:22O que isso significa?
Qual é a história aí? -
8:22 - 8:26Como antropólogos, sabemos que toda
cultura tem uma história da origem. -
8:27 - 8:29Qual a história da origem
do Oriente Médio? -
8:29 - 8:31Numa frase, é:
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8:31 - 8:32há 4 mil anos,
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8:32 - 8:36um homem e sua família
atravessaram o Oriente Médio, -
8:36 - 8:39e o mundo nunca foi o mesmo desde então.
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8:39 - 8:42Aquele homem, é claro, era Abraão.
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8:43 - 8:46E ele lutou pela unidade,
a unidade da família; -
8:46 - 8:48ele é o pai de todos nós.
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8:48 - 8:52Mas não foi apenas sua luta,
mas a mensagem que deixou. -
8:52 - 8:54Sua mensagem básica foi de união também,
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8:54 - 8:57a interconectividade de tudo,
a unidade disso tudo. -
8:57 - 9:00E seu valor básico era o respeito,
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9:00 - 9:02era a bondade com os estranhos.
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9:02 - 9:05Ele ficou conhecido por isso,
por sua hospitalidade. -
9:05 - 9:07Assim, nesse sentido,
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9:07 - 9:11ele é o terceiro lado simbólico
do Oriente Médio. -
9:11 - 9:16Ele é quem nos lembra que somos
todos parte de um todo maior. -
9:16 - 9:19Agora, pensem nisso por um momento.
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9:19 - 9:23Enfrentamos hoje o tormento do terrorismo.
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9:23 - 9:24O que é o terrorismo?
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9:24 - 9:28O terrorismo é basicamente
pegar um estranho inocente -
9:28 - 9:33e tratá-lo como um inimigo,
que se mata para se criar o medo. -
9:33 - 9:35Qual é o oposto do terrorismo?
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9:35 - 9:37É pegar um estranho inocente
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9:37 - 9:41e tratá-lo como um amigo
que você acolhe em sua casa, -
9:41 - 9:44para semear e criar entendimento,
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9:44 - 9:47ou respeito, ou amor.
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9:47 - 9:52Portanto, e se pegássemos
a história de Abraão, -
9:52 - 9:53que é uma história do terceiro lado,
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9:53 - 9:56e isso pudesse na verdade ser,
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9:56 - 9:58já que Abraão defende a hospitalidade,
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9:58 - 10:02e se isso pudesse ser
um antídoto contra o terrorismo? -
10:02 - 10:06E se isso pudesse ser uma vacina
contra a intolerância religiosa? -
10:06 - 10:08Como transformar essa história
em realidade? -
10:08 - 10:11Bem, não basta apenas contar a história.
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10:11 - 10:15Isso é importante, mas as pessoas
precisam experimentar a história. -
10:15 - 10:17Elas precisam viver a história.
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10:17 - 10:18Como se daria isso?
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10:18 - 10:21E essa foi a minha ideia
de como fazer isso. -
10:21 - 10:23Isso aqui é o primeiro passo.
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10:23 - 10:25Porque o jeito mais simples
de se fazer isso é: -
10:25 - 10:27sair para uma caminhada.
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10:27 - 10:31Fazer uma caminhada nos passos de Abraão.
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10:31 - 10:34Refazer os passos de Abraão.
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10:34 - 10:37Pois andar tem um poder real.
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10:37 - 10:40Antropologicamente, caminhar
foi o que nos tornou humanos. -
10:40 - 10:44É engraçado que, ao andar,
andamos lado a lado, -
10:44 - 10:46indo numa mesma direção,
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10:47 - 10:49Se eu me aproximasse face a face
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10:49 - 10:51e chegasse perto de vocês assim,
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10:51 - 10:54vocês se sentiriam ameaçados.
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10:55 - 10:57Mas, se andarmos ombro a ombro,
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10:57 - 10:59até encostando os ombros,
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10:59 - 11:01não tem problema.
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11:01 - 11:03Quem luta enquanto anda?
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11:03 - 11:06É por isso que, geralmente
quando a negociação fica difícil, -
11:06 - 11:08as pessoas vão caminhar na natureza.
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11:08 - 11:13Então me veio a ideia
de inspirar um caminho, -
11:13 - 11:17uma rota – pensem na Rota da Seda,
na Trilha dos Apalaches – -
11:17 - 11:21que seguisse os passos de Abraão.
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11:21 - 11:23As pessoas falaram: "Que loucura! Não dá.
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11:23 - 11:26Não dá para refazer o caminho
de Abraão, é perigoso demais, -
11:26 - 11:30ter de cruzar todas essas fronteiras,
cruzar dez países no Oriente Médio, -
11:30 - 11:33pois o caminho une todos eles".
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11:33 - 11:36Daí, estudamos a ideia em Harvard.
Fizemos as devidas diligências. -
11:36 - 11:39E, há alguns anos, um grupo
de umas 25 pessoas de 10 países -
11:39 - 11:42decidimos tentar refazer
os passos de Abraão, -
11:42 - 11:45saindo do local de seu nascimento,
a cidade de Urfa, -
11:45 - 11:48no sul da Turquia, norte da Mesopotâmia.
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11:48 - 11:51E, então, pegamos um ônibus,
fizemos algumas caminhadas -
11:51 - 11:55e fomos para Harran, de onde,
na Bíblia, ele saiu para sua jornada. -
11:55 - 11:58Depois cruzamos a fronteira
para a Síria, fomos para Alepo, -
11:58 - 12:00que recebeu seu nome por causa de Abraão.
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12:00 - 12:04Passamos por Damasco, que tem
uma longa história associada a Abraão. -
12:04 - 12:07Dali, fomos para o norte da Jordânia,
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12:07 - 12:12para Jerusalém, que tem tudo
a ver com Abraão, para Belém -
12:12 - 12:15e, finalmente, para o lugar onde
ele foi enterrado, em Hebron. -
12:15 - 12:18Assim, efetivamente,
fomos do útero ao sepulcro. -
12:18 - 12:21Mostramos que era possível.
Foi uma jornada incrível. -
12:21 - 12:22Deixem-me perguntar uma coisa:
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12:22 - 12:27quantos de vocês tiveram a experiência
de estar num bairro estranho, -
12:27 - 12:29ou numa terra estranha,
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12:29 - 12:32e um completo, perfeito estranho,
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12:32 - 12:35chegar para você e demonstrar
um pouco de bondade, -
12:35 - 12:39talvez o convidando para ir a sua casa,
lhe dando uma bebida, café, comida? -
12:39 - 12:42Quantos aqui já tiveram essa experiência?
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12:42 - 12:45Essa é a essência do Caminho de Abraão.
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12:45 - 12:48É o que se descobre indo
a essas vilas no Oriente Médio, -
12:48 - 12:49onde esperamos hostilidade,
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12:49 - 12:52e recebemos a mais incrível hospitalidade,
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12:52 - 12:53tudo associado a Abraão:
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12:53 - 12:57"Em nome do Pai Ibrahim, deixe-me
lhe oferecer um pouco de comida". -
12:57 - 12:59Então, o que descobrimos
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12:59 - 13:02foi que Abraão não é um personagem
de livro para essas pessoas; -
13:02 - 13:05ele está vivo, ele é uma presença viva.
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13:05 - 13:07E, para encurtar a história,
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13:07 - 13:09agora, nos últimos anos,
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13:09 - 13:13milhares de pessoas começaram
a andar partes do Caminho de Abraão -
13:13 - 13:15no Oriente Médio,
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13:15 - 13:18desfrutando a hospitalidade
das pessoas de lá. -
13:18 - 13:21Elas começaram a andar
em Israel e na Palestina, -
13:21 - 13:24na Jordânia, na Turquia, na Síria.
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13:24 - 13:26É uma experiência incrível.
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13:26 - 13:28Homens, mulheres, jovens, velhos,
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13:28 - 13:31mais mulheres do que homens, curiosamente.
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13:31 - 13:33Para quem não consegue andar,
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13:33 - 13:35quem não consegue ir até lá,
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13:35 - 13:38estão sendo organizadas caminhadas
nas cidades, nas próprias comunidades. -
13:38 - 13:43Como em Cincinnati, onde foram de uma
igreja a uma mesquita, a uma sinagoga, -
13:43 - 13:45e comeram juntos uma refeição abraâmica.
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13:45 - 13:47Foi o Dia do Caminho de Abraão.
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13:47 - 13:49Em São Paulo, no Brasil,
tornou-se um evento anual, -
13:49 - 13:53com milhares de pessoas
correndo o Caminho da Paz, -
13:53 - 13:55unindo as diferentes comunidades.
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13:55 - 13:58A mídia adora isso, realmente adora.
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13:58 - 14:03Dão atenção especial a isso,
porque é visual e dissemina a ideia, -
14:03 - 14:07essa ideia da hospitalidade abraâmica
da bondade com estranhos. -
14:07 - 14:12Há algumas semanas, a rádio NPR
fez uma reportagem sobre o Caminho. -
14:12 - 14:13Mês passado,
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14:13 - 14:18houve um artigo no "Manchester Guardian",
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14:19 - 14:21quase duas páginas inteiras.
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14:22 - 14:25E eles citaram um habitante de uma vila
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14:25 - 14:28que disse: "Essa caminhada
nos conecta com o mundo". -
14:28 - 14:31Ele falou: "Foi como
uma luz em nossas vidas, -
14:31 - 14:33ela nos trouxe esperança".
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14:33 - 14:35Então, é sobre isso.
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14:35 - 14:37Mas não é apenas psicológico;
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14:37 - 14:39tem a ver com a economia.
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14:39 - 14:42Porque, enquanto caminham,
as pessoas gastam dinheiro. -
14:42 - 14:45E esta mulher aqui, Um Ahmad,
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14:45 - 14:48vive no Caminho no norte da Jordânia.
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14:48 - 14:50Ela é tremendamente pobre.
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14:50 - 14:53Ela é parcialmente cega, o marido
não consegue trabalhar, -
14:53 - 14:56e tem sete filhos.
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14:56 - 14:58Mas uma coisa ela consegue: cozinhar.
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14:58 - 15:01E começou a cozinhar
para grupos de caminhantes -
15:01 - 15:04que passam pela vila
e fazem uma refeição em sua casa. -
15:04 - 15:08Eles se sentam no chão;
ela não tem nem toalha de mesa. -
15:08 - 15:10Ela faz uma comida deliciosa,
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15:10 - 15:13fresca, com ervas colhidas no campo.
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15:13 - 15:15E, com cada vez mais caminhantes vindo,
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15:15 - 15:19ela começou a ter, recentemente,
uma renda para sustentar a família. -
15:19 - 15:21Então, ela falou para a nossa equipe lá:
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15:21 - 15:24"Vocês me deram visibilidade
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15:24 - 15:29numa vila onde as pessoas antes
tinham vergonha de olhar para mim". -
15:29 - 15:31Esse é o potencial do Caminho de Abraão.
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15:31 - 15:34Existem literalmente centenas
desse tipo de comunidades -
15:34 - 15:37no Oriente Médio, no Caminho.
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15:38 - 15:41Basicamente o potencial é de mudar o jogo.
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15:41 - 15:45Para tanto, temos de mudar a perspectiva,
a forma como vemos as coisas, -
15:45 - 15:50passar da perspectiva da hostilidade
para a da hospitalidade, -
15:50 - 15:53do terrorismo para o turismo.
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15:53 - 15:55E, nesse sentido, o Caminho de Abraão
-
15:55 - 15:57é um agente de mudança.
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15:57 - 15:59Deixem-me lhes mostrar uma coisa.
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15:59 - 16:01Tenho uma semente aqui
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16:01 - 16:05que peguei enquanto andava
no caminho no início do ano. -
16:05 - 16:08Essa semente está associada
ao carvalho, é claro, -
16:08 - 16:11dá num carvalho,
que está associado com Abraão. -
16:11 - 16:15O caminho agora é como uma semente;
ainda está na fase inicial. -
16:15 - 16:17Como vai ser a árvore de carvalho?
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16:17 - 16:19Quando penso em minha infância,
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16:19 - 16:22passei boa parte da vida,
após nascer aqui em Chicago, -
16:22 - 16:23na Europa.
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16:23 - 16:29Se alguém que estava, digamos, nas ruínas
de Londres, em 1945, ou de Berlim, -
16:29 - 16:31tivesse dito:
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16:31 - 16:33"Daqui a 60 anos,
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16:33 - 16:36esta vai ser a parte mais pacífica
e próspera do planeta", -
16:36 - 16:39essa pessoa certamente
teria sido considerada louca. -
16:39 - 16:43Mas eles conseguiram isso, graças
a uma identidade comum, a Europa, -
16:43 - 16:45e a uma economia comum.
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16:45 - 16:49Então, minha pergunta é:
se isso pôde ser feito na Europa, -
16:49 - 16:50por que não no Oriente Médio?
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16:50 - 16:55Por que não, graças a uma identidade
comum, que é a história de Abraão, -
16:55 - 17:00e a uma economia comum, que poderia
se basear, em boa parte, no turismo? -
17:01 - 17:03Então, deixem-me concluir,
-
17:03 - 17:06dizendo que, nos últimos 35 anos,
-
17:06 - 17:09trabalhando em alguns dos conflitos
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17:09 - 17:12mais perigosos e espinhosos pelo mundo,
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17:12 - 17:17eu ainda não vi um conflito
que não possa ser transformado. -
17:18 - 17:20Não é fácil, é claro.
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17:20 - 17:22Mas é possível.
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17:22 - 17:24Foi feito na África do Sul.
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17:24 - 17:26Foi feito na Irlanda do Norte.
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17:26 - 17:27Pode ser feito em qualquer lugar.
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17:27 - 17:30Depende simplesmente de nós.
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17:30 - 17:33Depende de assumirmos o terceiro lado.
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17:33 - 17:37Então, queria convidá-los
a assumir o terceiro lado, -
17:37 - 17:39mesmo com um passo pequeno.
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17:39 - 17:41Em breve vamos fazer uma pausa.
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17:41 - 17:43Simplesmente vá até alguém
-
17:43 - 17:46que seja de uma cultura
diferente, um país diferente, -
17:46 - 17:48de uma etnia diferente, alguma diferença,
-
17:48 - 17:50e inicie uma conversa.
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17:50 - 17:51Ouça essa pessoa.
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17:51 - 17:53Essa é uma atitude terceiro lado.
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17:53 - 17:55Isso é caminhar no Caminho de Abraão.
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17:55 - 17:56Depois de uma palestra TED,
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17:56 - 17:58por que não uma caminhada TED?
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17:58 - 17:59(Risos)
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17:59 - 18:03Então, vou deixá-los com três coisas.
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18:03 - 18:08A primeira, o segredo da paz
é o terceiro lado. -
18:09 - 18:11O terceiro lado somos nós.
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18:11 - 18:14Cada um de nós, com um único passo,
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18:15 - 18:17pode levar o mundo, pode trazer o mundo
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18:17 - 18:20um passo mais próximo da paz.
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18:21 - 18:23Há um antigo provérbio africano que diz:
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18:23 - 18:25"Quando as teias de aranha se unem,
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18:25 - 18:28elas podem deter até o leão".
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18:28 - 18:32Se conseguirmos unir
nossas teias da paz do terceiro lado, -
18:32 - 18:35podemos deter até mesmo o leão da guerra.
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18:35 - 18:37Muito obrigado.
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18:37 - 18:39(Aplausos)
- Title:
- A caminhada do "não" até o "sim" | WIlliam Ury | TEDxMidwest
- Description:
-
William Ury, autor do livro "Como chegar ao sim", nos oferece uma solução elegante e simples (mas que não é fácil) para se chegar a um acordo, mesmo nas situações mais difíceis, desde um conflito familiar até, talvez, o conflito no Oriente Médio.
Esta palestra foi dada num evento TEDx local, produzido independentemente das Conferências TED.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:46
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest | ||
Maricene Crus accepted Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The walk from "no" to "yes" | WIlliam Ury | TEDxMidwest |