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Title:
"A vida não tem sentido?" e outras perguntas absurdas - Nina Medvinskaya
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Description:
Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/is-life-meaningless-and-other-absurd-questions-nina-medvinskaya
Albert Camus cresceu rodeado por violência. A Argélia, sua terra natal, estava envolta em conflitos. Ele perdeu o pai na Primeira Guerra Mundial. Ao ver a devastação da Segunda Guerra, Camus se sentiu desencorajado. Qual era o sentido por trás da carnificina e do sofrimento infindáveis? E se o mundo não tinha sentido, a vida de cada um de nós ainda poderia ter valor? Nina Medvinskaya explora a "filosofia do absurdo" de Camus.
Lição de Nina Medvinskaya , dirigido por Avi Ofer.
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Speaker:
Nina Medvinskaya
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Albert Camus cresceu
cercado por violência.
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A Argélia, sua terra natal,
estava envolta em conflitos
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entre os argelinos
e os colonizadores franceses.
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Ele perdeu o pai
na Primeira Guerra Mundial
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e foi considerado inapto
para lutar na Segunda.
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A batalha contra a tuberculose na França
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e o enfrentamento da devastação da guerra
como jornalista da Resistência
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desencorajaram Camus.
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Ele não conseguia
depreender nenhum sentido
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por trás da carnificina
e do sofrimento incessantes.
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Ele indagava:
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"Se o mundo não tem sentido,
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a vida de cada um de nós
ainda poderia ter valor?"
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Muitos dos contemporâneos de Camus
exploravam perguntas parecidas
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sob a bandeira de uma filosofia
chamada "existencialismo".
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Os existencialistas acreditavam
que nascemos como uma folha em branco:
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cada um é responsável por criar o sentido
da vida em meio aos caos do mundo.
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Mas Camus rejeitava
essa escola de pensamento.
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Ele alegava que todas as pessoas nasciam
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com uma natureza humana partilhada
que as unia em prol de metas comuns.
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Uma dessas metas era a busca de sentido
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a despeito da crueldade
arbitrária do mundo.
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Camus via o anseio
da humanidade por sentido
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e a indiferença silenciosa do universo
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como duas peças
de quebra-cabeça incompatíveis,
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e achava que tentar uni-las
era fundamentalmente absurdo.
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Essa tensão se tornou o centro
da "filosofia do absurdo" de Camus,
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que afirmava que a vida
era essencialmente fútil.
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Explorar como viver sem significado
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se tornou a pergunta norteadora
da primeira obra de Camus,
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a qual ele chamou de "ciclo do absurdo".
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O ponto central deste ciclo e primeiro
romance publicado de Camus
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oferece uma resposta um tanto sombria.
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Em "O Estrangeiro", Meursault,
um jovem emocionalmente indiferente,
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não atribui muito sentido a nada.
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Ele não chora no funeral da mãe,
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apoia o plano de um vizinho
para humilhar uma mulher
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e até comete um crime violento,
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mas não sente nenhum remorso.
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Para ele, o mundo é insensato
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e não há lugar para o julgamento moral.
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Tal atitude gera hostilidade
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entre Merusault e a sociedade
metódica em que vive,
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o que aos poucos alimenta sua alienação
até o clímax do romance.
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Ao contrário do protagonista execrado,
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Camus foi celebrado
por sua filosofia honesta.
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O Estrangeiro o lançou à fama,
e Camus continuou a produzir obras
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que exploravam o valor da vida
em meio ao absurdo,
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muitas das quais giravam em torno
da mesma pergunta filosófica:
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"Se a vida realmente não tem sentido,
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a única resposta racional
é cometer suicídio?"
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A resposta de Camus é um enfático "não".
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Talvez não exista explicação
para o nosso mundo injusto,
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mas ainda assim escolher viver
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é a mais profunda expressão
da nossa liberdade genuína.
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Camus explica isso em um de seus
ensaios mais famosos,
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baseado no mito grego de Sísifo.
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Sísifo foi um rei que enganou os deuses
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e foi condenado a empurrar uma pedra
montanha acima eternamente.
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A crueldade da punição reside
em sua futilidade singular,
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mas Camus afirma que toda
a humanidade está na mesma posição.
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E somente quando aceitarmos
a falta de sentido de nossa vida,
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poderemos enfrentar
o absurdo de cabeça erguida.
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Como Camus diz quando o rei decide
começar a incessante tarefa mais uma vez:
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"É preciso imaginar Sísifo feliz".
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Os contemporâneos de Camus
não aceitavam a futilidade muito bem.
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Muitos existencialistas defendiam
a revolução violenta
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para subverter sistemas que privavam
as pessoas da iniciativa e do propósito.
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Camus respondeu com o segundo
conjunto de seu trabalho:
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o "ciclo da revolta".
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Em "O Homem Revoltado",
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ele explorou a revolta como
um ato criativo ao invés de destrutivo.
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Camus acreditava
que a inversão da dinâmica do poder
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apenas levava a um ciclo
infinito de violência.
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Ao contrário, o modo de evitar
a carnificina desnecessária
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é estabelecer um entendimento público
da nossa natureza humana partilhada
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Ironicamente, foi esse ciclo
de ideias relativamente pacíficas
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que lhe gerou desavenças
entre muitos escritores e filósofos.
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Apesar da controvérsia,
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Camus começou a escrever
seu romance mais longo e pessoal:
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uma obra autobiográfica
intitulada "O Primeiro Homem".
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Esperava-se que o romance
fosse a primeira parte
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de uma nova direção esperançosa:
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o "ciclo do amor".
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Mas, em 1960, Camus faleceu
de repente em um acidente de carro,
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que pode apenas ser descrito
como "sem sentido e absurdo".
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Embora o mundo nunca
tenha conhecido o ciclo do amor,
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os ciclos da revolta e do absurdo
continuam a influenciar os leitores hoje.
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Seu conceito do absurdo se tornou
uma parte da literatura mundial,
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da filosofia do século 20
e até da cultura popular.
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Hoje, Camus continua a ser
um guia confiável
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para os momentos de incerteza.
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Suas ideias audaciosamente
enchem esse mundo insensato
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de inspiração em vez de derrota.