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O mundo invisível oculto por baixo do gelo da Antártida

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    Sabem o que é isto?
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    E se eu disser que há um lugar
    onde as criaturas são feitas de vidro?
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    Ou que há formas de vida
    que são invisíveis para nós
  • 0:12 - 0:14
    mas que os astronautas veem o tempo todo?
  • 0:14 - 0:16
    Essas criaturas de vidro invisíveis
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    não são alienígenas
    de um exoplaneta distante.
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    São diatomáceas:
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    algas unicelulares e fotossintéticas
    que produzem oxigénio,
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    e ajudam à formação de chuvas
    a uma escala planetária
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    com os seus exoesqueletos
    complexos e geométricos, feitos de...
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    sim, de vidro.
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    Podemos vê-las em redemoinhos coloridos
    sobre o oceano visto do espaço.
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    Quando morrem,
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    afundam-se nas profundezas dos oceanos,
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    retirando carbono do ar
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    e levando-o para o túmulo,
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    contribuindo para boa parte
    da absorção de carbono dos oceanos.
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    Vivemos num planeta alienígena.
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    Há muitos seres estranhos
    para estudar na Terra
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    e muitos deles vivem
    afastados do nosso mundo
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    fora da nossa visão
    e do nosso conhecimento.
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    Um desses locais afastados é a Antártida.
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    Em geral, quando pensamos na Antártida,
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    imaginamos um lugar estéril e sem vida...
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    exceto quanto a alguns pinguins.
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    Mas a Antártida devia ser conhecida
    como um oásis de vida polar,
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    o lar de inúmeras criaturas
    incrivelmente fascinantes.
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    Então porque é que não vemos
    isso nos documentários?
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    É que eles espreitam sob a neve e o gelo,
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    virtualmente invisíveis para nós.
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    São micróbios:
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    pequenas plantas e animais
    que vivem dentro de glaciares,
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    sob o gelo do mar
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    e nadam em lagoas subglaciais.
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    E não são menos carismáticos
    que os grandes animais
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    que estamos acostumados
    a ver nos documentários.
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    Mas como incentivar as pessoas
    a explorar o que não podem ver?
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    Liderei uma expedição recente
    de cinco semanas à Antártida
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    para me tornar realizadora
    da Natureza à escala microbiana.
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    Com 85 quilos de equipamento,
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    embarquei num avião militar
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    e levei microscópios para o terreno
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    para filmar e investigar
    estes extremófilos microscópicos,
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    para podermos conhecer melhor
    um ecossistema quase desconhecido
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    com que vivemos aqui na Terra.
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    Para filmar essas criaturas invisíveis
    em ação,
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    tive de visitar o seu "lar",
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    precisei de me aventurar
    por baixo do gelo.
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    Todos os anos, o gelo do mar
    quase duplica o tamanho da Antártida.
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    Para dar uma olhadela por baixo
    do gelo com três metros de espessura,
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    desci por um longo tubo de metal
    introduzido no gelo do mar
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    para testemunhar um ecossistema
    oculto, mas cheio de vida,
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    suspensa entre o leito do mar
    e o iluminado teto de gelo.
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    Esta era o aspeto visto pelo lado de fora.
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    Era absolutamente mágico.
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    Alguns dos bichos que encontrei
    eram coisinhas lindas como ostracodes
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    e muitas mais diatomáceas
    belas e geométricas.
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    Depois fui ainda mais longe,
    acampar nos Vales da Morte
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    durante umas semanas.
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    A Antártida está 98% coberta de gelo
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    e os Vales da Morte são a maior área
    da Antártida em que podemos ver
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    o aspeto do continente
    por baixo de todo esse gelo.
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    Fiz colheitas de amostras
    nas Cachoeiras de Sangue,
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    um fenómeno natural de um lago subglacial
    de onde jorra óxido de ferro,
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    considerado sem qualquer tipo de vida
    até há pouco mais de 10 anos.
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    Escalei um glaciar para perfurá-lo,
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    revelando inúmeros bichos resistentes
    que vivem confortavelmente
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    inseridos nas camadas de gelo.
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    Conhecidos por buracos de crioconita
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    formam-se quando pedaços minúsculos
    de poeiras escuras
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    são atirados pelos ventos
    para os glaciares
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    e começam a derreter-se nos buracos
    cheios de água que depois congelam,
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    preservando centenas de discos de poeira
    no interior do glaciar,
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    como pequenos universos em ilhas
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    cada um com o seu próprio ecossistema.
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    Talvez reconheçam
    alguns dos bichos que encontrei,
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    como este encantador tardígrado
    — adoro-os.
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    São como ursinhos de gelatina com garras.
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    Também conhecidos como ursos-d'água,
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    são famosos por possuírem superpoderes
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    que lhes permitem sobreviver
    em condições extremas,
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    incluindo o vácuo do espaço.
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    Mas não é preciso viajar pelo espaço
    ou ir à Antártida para os encontrar.
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    Eles vivem em musgos por todo o planeta,
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    em frestas nos passeios, em parques.
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    Provavelmente passamos por toneladas
    destes bichinhos invisíveis todos os dias.
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    Outros podem parecer familiares,
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    mas são ainda mais estranhos,
    como os nematódeos.
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    Não são cobras nem minhocas
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    os nematódeos são criaturas à parte.
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    Não se regeneram como uma minhoca
    nem rastejam como as cobras,
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    mas têm minúsculas agulhas
    afiadas como adagas, na boca
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    que utilizam para caçar a presa
    e sugar as suas entranhas.
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    Para cada pessoa no planeta,
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    há 57 000 milhões de nematódeos.
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    Talvez não reconheçam alguns dos bichos
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    que também têm vidas fascinantes,
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    como os rotíferos com coroas incríveis
    que parecem bocas robóticas,
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    ciliados com corpos tão transparentes
    que é quase informação demais,
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    e cianobactérias que parecem "confettis"
    espalhados numa placa de Petri.
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    Muitas vezes o que vemos
    nos "media" populares
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    são imagens de microscópio eletrónico
    de microrganismos
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    que parecem monstros assustadores.
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    Como não os vemos a moverem-se,
    não damos pela existência deles
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    apesar de eles viverem
    em quase todos os locais que pisamos.
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    Como é a vida quotidiana deles?
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    Como é que interagem com o seu ambiente?
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    Se só víssemos uma foto
    de um pinguim num jardim zoológico,
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    e nunca o víssemos a bambolear-se
    e depois a deslizar pelo gelo,
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    não entenderíamos
    totalmente os pinguins.
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    Ao vermos os micróbios em movimento,
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    temos uma visão melhor da vida
    do que era invisível para nós.
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    Sem documentar a vida invisível
    na Antártida e no nosso quintal,
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    não sabemos bem com quantas criaturas
    dividimos o nosso planeta.
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    Isso significa que ainda
    não temos uma visão completa
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    do nosso estranho e caprichoso planeta.
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    Obrigada.
Title:
O mundo invisível oculto por baixo do gelo da Antártida
Speaker:
Ariel Waldman
Description:

Nesta visita ao mundo microscópico, a exploradora Ariel Waldman apresenta as carismáticas criaturas que vivem escondidas por baixo da camada de gelo da Antártida, a maior do mundo. Dos ursos-d'água "fofinhos" às algas geométricas feitas de vidro, Waldman mostra como este continente aparentemente estéril é na verdade um oásis polar de vida — se soubermos onde procurar.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
05:56

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