Supere a ansiedade em sete minutos | Mel Schwartz | TEDxBeaconStreet

A ansiedade alcançou um grau epidêmico na sociedade ocidental. A maioria dos profissionais tentam lidar com ela, essencialmente com medicação. O psicoterapeuta e autor Mel Schwartz compartilha sua perspectiva tanto da causa e da solução para essa inquietação em massa. Ele propõe que a ansiedade geralmente é causada pelo nosso relacionamento com nossos pensamentos. Esses são os pensamentos que sempre procuram certezas. Quanto mais tentamos saber o futuro - que claramente é desconhecido - mais medrosos e ansiosos nos sentimos. Mel demonstra como mudar nosso relacionamento com a incerteza e como abraçar o desconhecido, nos libertando assim do sentimento de ansiedade.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Em um ano qualquer, 40 milhões
de americanos sofrerão com ansiedade.

Durante a sua vida,

há 25% de chance de você
sofrer com ansiedade.

É uma taxa impressionante.

Sugere que entramos em uma nova esfera.

Nos acostumamos a uma nova norma,

uma de inquietação em massa.

Ansiedade existe numa proporção
epidêmica em nossa cultura.

Se 40 milhões de pessoas ficassem
fisicamente doentes misteriosamente,

o Centro de Controle de Doenças

estaria pesquisando a causa
e tentando achar uma solução.

Como psicoterapeuta,

nunca fez sentido para mim
que o máximo que podemos fazer

é administrar a doença,
geralmente com medicação.

Tenho tentado entender o motivo
pelo qual sofremos com isso.

Não estou falando sobre níveis normais
de estresse, o que é normal para nós.

Estou estressado só de estar aqui em cima.

Esse é o estresse do compromisso,

de ser produtivo e criar,
de caminhar para frente.

Mas quando o estresse
vira sofrimento, ele impede,

bloqueia nossa habilidade
de viver bem, feliz,

e de estar presente
em nossos relacionamentos.

Tenho tentado entender o motivo
de estarmos tão presos

nessa epidemia de ansiedade.

O que percebi foi:

acho que antes de tudo

o que causa tanta ansiedade é nosso
relacionamento com nossos pensamentos.

Quando nossos pensamentos estão
constantemente procurando certezas,

querendo saber do futuro antes do tempo,

ficamos ansiosos, medrosos.

Não podemos saber do futuro antes,
ele é desconhecido,

mas continuamos nossa procura por ele.

Aí se cria a dificuldade de viver
o que está acontecendo agora.

Em vez de experimentar a vida,
estamos tentando impedir o desconhecido.

Isso traz medo à nossa vida.

Se pergunte, pense,

o que causa estresse, medo
e ansiedade em minha vida?

Tem algo a ver com a minha necessidade
de saber sobre o futuro?

Há alguns anos, eu estava
trabalhando com uma mulher

que me consultou sobre o relacionamento,
casamento e transtorno de ansiedade dela.

Ela me contou estar infeliz num casamento
que não tinha mais amor.

Seu marido recusou terapia de casal,

e ela disse que eles estavam
desconectados e confusos.

Ambos eram independentes financeiramente
e eles não tinham filhos.

Eu a perguntei: "Por que você
continua casada?"

Ela disse que era sobre a dúvida:
"Quem eu seria se me divorciasse?

Como seria minha vida
se eu não fosse casada?"

Eu fiquei incrédulo no começo,
pois o que ela sabia da vida

estava trazendo desespero e angústia,

muita depressão e ansiedade a ela.

Aí que está, a necessidade dela
de saber quem ela seria no futuro

fazia com que ela não fosse para frente
e continuasse com a vida estagnada

e presa em como ela era.

A necessidade de saber: "Quem eu seria?"

a deixou atolada num relacionamento
infeliz, quem sabe até deprimente.

Vejo este fenômeno acontecer
muito em nossa vida.

Mas então como ficamos assim?

Como ficamos tão presos
na necessidade de certezas?

Afinal, procuramos a incerteza
no esporte, nos filmes, nos livros,

mas na nossa vida pessoal,
a queremos impedir e afastar.

Achei a causa no incrível cientista
do século 17 Sir Isaac Newton.

Newton propôs que se tivéssemos
informação suficiente,

o que hoje chamaríamos de dados,

poderíamos prever razoavelmente
um evento futuro.

Isso ficou conhecido como determinismo,
mas o levamos ao extremo.

Nos levou a separar
e dividir nossas opções,

nos deixando presos à nossa vida.

Criou medo, o medo de decidir errado.

É quase como se vivêssemos
como se estivéssemos jogando xadrez:

olhando e deliberando,
mas com medo de errar.

Se você tem dificuldade em se decidir,

se não consegue seguir em frente,

provavelmente tenha algum problema
com o medo da incerteza.

A boa notícia é:

estamos vivendo com o plano errado.

Nos últimos 100 anos,

descobertas extraordinárias
do campo de física quântica

mostraram que o universo, a realidade,
não é nada do que imaginamos ser.

Não é a realidade de Newton.

A realidade não é fixa, determinista
ou previsível. Nada é inerte.

É um movimentado mar de possibilidades
com potencial infinito.

Nós também podemos pular
nesse plano e viver assim,

quando conseguirmos acertar nosso
relacionamento com a incerteza.

Pense sobre isso.

Abraçar a incerteza

te permite começar a navegar e criar
suas próprias decisões de vida.

Usei este conceito com a mulher
presa no casamento ruim.

Pedi que ela fechasse os olhos

e imaginasse que estava parada
na margem de um rio.

Expliquei que o rio, metaforicamente,

faria o papel da fluidez de sua vida,
a correnteza da vida,

particularmente o meio do rio,
onde a correnteza fica mais forte.

Ela fechou os olhos e deixei
alguns segundos passarem,

então a perguntei o que ela viu.

Ela disse que viu ela mesma

no meio do rio onde a correnteza é forte,

mas havia uma grande pedra,
vamos chamá-la de rocha,

e ela se agarrou nesta rocha,

e eu a perguntei o motivo:

"Por que está se agarrando à rocha?"

Ela disse: "Bem, o rio está indo
para a direita ali na frente,

e eu preciso saber
para onde vai me levar".

Vamos pensar que essa será a vida dela

como uma mulher divorciada ou solteira.

Ela precisava saber.

Eu expliquei a ela

que precisava soltar aquela rocha
e deixar a vida fluir.

E assim que ela o fizesse,
seria livre para navegar pelo caminho,

mas ela precisava soltar a rocha.

Como conseguimos isso?

Como temos essa mudança de pensamento

que nos permite fazer
essas mudanças na nossa vida?

Primeiro temos que mudar
nosso relacionamento com a incerteza.

Geralmente o que tememos, nós resistimos.

Fazemos isso, nos distanciamos.

E ao fazer isso, encorajamos a incerteza,
a deixamos mais forte.

Ela nos deixa mais ansiosos.

De forma paradoxal, devemos
convidar o medo para entrar.

Quando você o convida,
neste caso a incerteza,

o medo começa a se dissipar, a ir embora.

Pense assim: se a realidade é incerta,

e ficarmos procurando incertezas,
vamos ser disfuncionais.

Precisamos mudar nosso plano
de como levamos a vida.

Depois, pense sobre seu relacionamento
com seus pensamentos.

Se ainda achar que seus pensamentos
estão procurando certezas,

você precisará se conscientizar,
tentar libertá-los.

Essencialmente, veja o pensamento
mas não se transforme nele.

Se você não se transformar nele,
pode libertá-lo.

Porque no momento em que pensar,

o pensamento trará com ele uma emoção.

Eles trabalham em conjunto.

Se seu pensamento procurar certezas,
você sentirá medo e ansiedade.

No nanosegundo entre os pensamentos,
existimos num estado puro de potencial.

Esta é a realidade universal.

Mas se continuar tendo pensamentos
que estão procurando certezas,

colecionando medo,

você nunca irá ultrapassar a ansiedade.

A relação mais importante da sua vida

não será a com seus pais.

Não será a com seus filhos.

Não será a com seu cônjuge.

A relação que te impactará

mais que qualquer outra
é a com seus pensamentos.

Você deve aprender
a escolhê-los com cuidado.

Ter seus pensamentos como aliados.

Quando fizer isso, pode começar
a escrever a história da sua vida.

Pense assim:

a incerteza pode ser o vento
do veleiro da sua vida

que cria sua habilidade de ir adiante

e experimentar sua vida sem medo,

sem ansiedade, com felicidade
e a habilidade de estar presente.

Abrace a incerteza,
ela pode ser sua melhor amiga.

(Aplausos)

Obrigado.

(Aplausos)