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Um novo tipo de medicina, customizado com proteínas minúsculas

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    Sou designer de proteínas,
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    e gostaria de apresentar
    um novo tipo de medicamento.
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    Ele é feito de uma molécula
    chamada "peptídeo restrito".
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    Há apenas alguns medicamentos
    com essa molécula disponíveis hoje,
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    mas muitos outros entrarão
    no mercado na próxima década.
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    Vou explicar como são feitos,
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    seu diferencial e a causa desta onda
    de medicamentos novos e incríveis.
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    Peptídeos restritos
    são proteínas minúsculas.
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    Eles têm ligações químicas extras
    que restringem o formato da molécula,
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    e isso os torna incrivelmente estáveis,
    bem como altamente potentes.
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    Nosso corpo produz alguns deles,
    nos ajudando a combater
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    infecções bacterianas, fúngicas e virais.
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    E animais como cobras e escorpiões
    usam peptídeos restritos em seu veneno.
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    Medicamentos feitos de proteína
    são considerados biológicos.
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    Portanto, isso inclui peptídeos restritos,
    assim como medicamentos como a insulina
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    ou drogas de anticorpos,
    como Humira ou Enbrel.
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    E, em geral, medicamentos
    biológicos são ótimos,
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    pois evitam efeitos colaterais
    que as drogas podem causar.
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    Primeiro, proteína.
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    É um material totalmente natural
    e não tóxico em nosso corpo.
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    Nossas células produzem dezenas
    de milhares de diferentes proteínas,
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    e, basicamente, toda
    a nossa comida tem proteína.
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    E segundo,
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    às vezes medicamentos têm interações
    indesejáveis com moléculas no nosso corpo.
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    Comparados aos medicamentos
    de moléculas minúsculas,
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    ou seja, os regulares, como a aspirina,
    os biológicos são bem grandes.
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    Moléculas interagem quando adotam
    formatos que se encaixam perfeitamente,
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    como uma fechadura e a chave.
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    Uma chave maior tem mais ranhuras,
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    então é mais provável que caiba
    numa única fechadura.
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    Mas a maioria dos biológicos
    também tem uma falha.
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    São frágeis e, geralmente, injetáveis,
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    pois nosso ácido estomacal
    destruiria o medicamento
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    se fosse administrado por via oral.
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    Peptídeos restritos são o oposto.
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    São bem duráveis, como drogas comuns.
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    Então, é possível administrá-los
    usando pílulas, inaladores ou pomadas.
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    É o que os torna tão desejáveis
    para o desenvolvimento de drogas:
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    combinam algumas das melhores
    características de molécula minúscula
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    e medicamentos biológicos em uma só.
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    Mas infelizmente,
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    a reengenharia dos peptídeos restritos
    encontrados na natureza é muito difícil
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    para que se transformem
    em novos medicamentos.
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    É aqui que eu entro.
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    Criar um novo medicamento se assemelha
    muito à elaboração de uma chave
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    para encaixar numa fechadura específica.
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    Precisamos obter o formato correto.
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    Se o formato de um peptídeo restrito
    for muito alterado,
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    as ligações químicas extras não se formam
    e a molécula se desfaz por inteiro.
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    Então, precisávamos descobrir
    como obter controle sobre seu formato.
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    Fiz parte de um esforço
    científico colaborativo
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    que incluiu uma dúzia de instituições
    por três continentes,
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    que se uniram para resolver esse problema.
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    Adotamos uma abordagem radicalmente
    diferente dos esforços anteriores.
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    Em vez de alterar os peptídeos restritos
    que encontramos na natureza,
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    descobrimos como construir novos
    partindo do zero.
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    Então desenvolvemos software de design
    de peptídeos de código aberto e gratuito,
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    que qualquer um pode usar e fazer o mesmo.
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    Para testar nosso método,
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    geramos uma série de peptídeos restritos
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    com uma grande variedade
    de formatos diferentes.
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    Muitos deles nunca vistos
    na natureza antes.
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    Produzimos esses peptídeos no laboratório.
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    Em seguida, com experimentos,
    determinamos suas estruturas moleculares.
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    Ao comparamos nossos modelos projetados
    com as estruturas moleculares reais,
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    descobrimos que nosso software
    pode posicionar átomos individuais
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    com uma precisão que atinge
    o limite do que é possível medir.
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    Há três anos, isso não podia ser feito.
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    Mas hoje, temos a capacidade
    de criar peptídeos exclusivos,
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    com formatos personalizados
    para o desenvolvimento de drogas.
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    Aonde essa tecnologia está nos levando?
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    Recentemente, meus colegas e eu
    projetamos peptídeos restritos
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    que neutralizam o vírus da gripe,
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    protege contra
    o envenenamento por botulismo
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    e bloqueia o crescimento
    de células cancerígenas.
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    Alguns desses medicamentos
    foram testados em ensaios pré-clínicos
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    com animais de laboratório
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    e, até agora, todos são seguros
    e altamente eficazes.
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    O design de peptídeo restrito
    é uma tecnologia de ponta,
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    e o processo de desenvolvimento
    de drogas é lento e cauteloso.
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    Precisamos de três a cinco anos
    para testá-los em humanos.
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    Mas durante esse tempo,
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    mais dessas drogas entrarão
    no pipeline de desenvolvimento.
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    E, finalmente, acredito
    que as drogas peptídicas projetadas
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    vão permitir que nos libertemos
    das restrições de nossas doenças.
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    Obrigado.
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    (Aplausos)
Title:
Um novo tipo de medicina, customizado com proteínas minúsculas
Speaker:
Christopher Bahl
Description:

Alguns medicamentos comuns que salvam vidas, como a insulina, são feitos de proteínas tão grandes e frágeis que elas precisam ser injetadas em vez de ingeridas como pílulas. Mas uma nova geração de medicamentos, feita a partir de proteínas menores e mais duráveis, conhecidas como peptídeos, está a caminho. Numa palestra rápida e informativa, o engenheiro molecular e bolsista TED, Christopher Bahl, explica como ele está usando o design computacional para criar peptídeos poderosos que podem, um dia, neutralizar a gripe, proteger contra o envenenamento por botulismo e até impedir o crescimento de células cancerígenas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
04:41

Portuguese, Brazilian subtitles

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