A marijuana faz mal ao cérebro? — Anees Bahji
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0:07 - 0:13Em 1970, a marijuana foi classificada
na Lista de Drogas tipo 1, nos EUA: -
0:13 - 0:16a designação mais estrita possível,
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0:16 - 0:21ou seja, era totalmente ilegal
e não possuía uso medicinal reconhecido. -
0:21 - 0:24Esta classificação persistiu
durante décadas -
0:24 - 0:28e impediu a investigação
sobre os mecanismos e os efeitos da droga. -
0:29 - 0:32Hoje, os benefícios
terapêuticos da marijuana -
0:32 - 0:34são amplamente reconhecidos
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0:34 - 0:38e alguns países já legalizaram
o uso medicinal ou estão em vias disso. -
0:39 - 0:42Mas o reconhecimento crescente
do seu valor medicinal -
0:42 - 0:44não responde a uma pergunta:
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0:44 - 0:48O uso recreativo da marijuana
é prejudicial para o cérebro? -
0:49 - 0:53A marijuana atua sobre o sistema
canabinoide do corpo -
0:53 - 0:57que tem recetores distribuídos
pelo cérebro e pelo corpo. -
0:57 - 1:01As moléculas nativas no corpo,
chamadas endocanabinoides, -
1:01 - 1:04também atuam sobre esses recetores.
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1:04 - 1:07Não conhecemos bem
o sistema canabinoide, -
1:07 - 1:12mas tem uma característica que fornece
uma boa pista quanto à sua função. -
1:12 - 1:16A maioria dos neurotransmissores
viaja de neurónio em outro -
1:16 - 1:19através duma sinapse
para transmitir uma mensagem. -
1:20 - 1:23Mas os endocanabinoides
viajam na direção oposta. -
1:23 - 1:27Quando uma mensagem
passa de um neurónio para outro, -
1:27 - 1:31o neurónio recetor liberta
endocanabinoides. -
1:31 - 1:36Esses endocanabinoides voltam para trás,
para influenciar o neurónio emissor -
1:36 - 1:40dando-lhe um "feedback"
do neurónio recetor. -
1:41 - 1:45Isso leva os cientistas a crer
que o sistema endocanabinoide -
1:45 - 1:49serve principalmente
para modular outro tipo de sinais -
1:49 - 1:52— amplificando uns e diminuindo outros.
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1:52 - 1:57O "feedback" dos endocanabinoides
abranda o ritmo da sinalização neural. -
1:57 - 2:02Mas isso não significa que abranda
o comportamento ou a perceção. -
2:02 - 2:06Por exemplo, o abrandamento
de um sinal que inibe o olfato, -
2:06 - 2:09pode tornar os cheiros mais intensos.
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2:10 - 2:14A marijuana contém
dois compostos ativos principais, -
2:14 - 2:18o tetra-hidrocanabinol, ou THC
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2:18 - 2:21e o canabidiol, ou CBD.
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2:22 - 2:28Crê-se que o THC é o principal responsável
pelos efeitos psicoativos da marijuana -
2:28 - 2:31no comportamento,
na cognição e na perceção, -
2:31 - 2:35enquanto o CBD é responsável
pelos efeitos não psicoativos. -
2:36 - 2:38Tal como os endocanabinoides,
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2:38 - 2:43o THC abranda a sinalização,
ligando-se aos recetores canabinoides. -
2:43 - 2:49Mas liga-se aos recetores, simultaneamente
por este sistema difuso e disperso, -
2:49 - 2:52enquanto os endocanabinoides
são libertados num local específico -
2:52 - 2:55em resposta a um estímulo específico.
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2:55 - 3:00Esta atividade generalizada, aliada
ao facto de que o sistema canabinoide -
3:00 - 3:03afeta indiretamente
muitos outros sistemas -
3:03 - 3:07significa que a genética, a química
cerebral de cada pessoa em especial, -
3:07 - 3:09e a experiência de vida anterior
-
3:09 - 3:12determina largamente a experiência
que ela terá com essa droga. -
3:12 - 3:16É verdade que, mais com a marijuana
do que com qualquer outra droga, -
3:16 - 3:21isso produz os efeitos através de um
ou de poucos caminhos específicos. -
3:21 - 3:24Assim, os efeitos prejudiciais,
se os houver, -
3:24 - 3:26variam consideravelmente
de pessoa para pessoa. -
3:26 - 3:28Enquanto não soubermos exatamente
-
3:28 - 3:31como a marijuana produz
efeitos prejudiciais específicos, -
3:31 - 3:34há claramente fatores de risco
que podem aumentar -
3:34 - 3:37a probabilidade de as pessoas
os experienciarem. -
3:37 - 3:40O fator de risco mais nítido é a idade.
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3:40 - 3:44Em pessoas com menos de 25 anos,
os recetores canabinoides -
3:44 - 3:49estão mais concentrados na matéria branca
do que nas pessoas com mais de 25 anos. -
3:49 - 3:52A matéria branca está envolvida
na comunicação, -
3:52 - 3:55na aprendizagem, na memória
e nas emoções. -
3:55 - 3:57O uso frequente da marijuana
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3:57 - 4:00pode prejudicar o desenvolvimento
dos tratos da matéria branca -
4:00 - 4:04e também afeta a capacidade do cérebro
de criar novas conexões. -
4:04 - 4:07Isso pode prejudicar a capacidade
de aprendizagem a longo termo -
4:07 - 4:08e a resolução de problemas.
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4:09 - 4:12Para já, não é claro qual a gravidade
que esse prejuízo pode ter -
4:12 - 4:13ou se é reversível.
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4:13 - 4:18Mesmo entre os jovens, o risco
é tanto maior quanto mais novo se for -
4:18 - 4:22— é muito maior para um jovem de 15 anos
do que para um de 22, por exemplo. -
4:23 - 4:27A marijuana também pode causar
alucinações ou ilusões paranoides. -
4:27 - 4:30Conhecida como psicose
induzida por marijuana, -
4:30 - 4:34esses sintomas habitualmente desaparecem
quando a pessoa deixa de usar marijuana. -
4:34 - 4:37Mas, em casos raros,
a psicose não desaparece, -
4:37 - 4:41mas revela uma perturbação
psicótica persistente. -
4:42 - 4:44Uma história familiar
de perturbações psicóticas, -
4:44 - 4:47como a esquizofrenia, é a mais nítida,
-
4:47 - 4:50embora não seja o único
fator de risco para este efeito. -
4:50 - 4:54A psicose induzida pela marijuana
também é mais comum entre jovens adultos, -
4:54 - 4:57embora seja de notar
que as perturbações psicóticas -
4:57 - 5:00aparecem habitualmente
à superfície, nestas idades. -
5:00 - 5:03O que não é claro nestes casos
é se a perturbação psicótica -
5:03 - 5:06teria aparecido
sem a utilização da marijuana -
5:06 - 5:08ou se é o uso da marijuana
que a revela mais cedo, -
5:08 - 5:13um catalisador para um ponto de rotura
que não seria detetado de outra forma, -
5:13 - 5:16ou se a reação à marijuana
é apenas uma indicação -
5:16 - 5:18duma perturbação subjacente.
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5:18 - 5:20Muito provavelmente,
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5:20 - 5:23o papel da marijuana
varia de pessoa para pessoa. -
5:24 - 5:26Em qualquer idade, como
com muitas outras drogas, -
5:26 - 5:30o cérebro e o corpo
tornam-se menos sensíveis à marijuana, -
5:30 - 5:31depois de usos repetidos,
-
5:31 - 5:35significando que é preciso consumir
mais para atingir os mesmos efeitos. -
5:35 - 5:38Felizmente, contrariamente
a muitas outras drogas, -
5:38 - 5:41não há risco de "overdose" fatal
com a marijuana, -
5:41 - 5:45e mesmo um uso excessico
não leva à debilitação -
5:45 - 5:48nem a sintomas de privação
perigosos, no caso de abandono. -
5:48 - 5:52Mas há efeitos mais subtis
do abandono da marijuana, -
5:52 - 5:57incluindo perturbações do sono,
irritabilidade e comportamento deprimido, -
5:57 - 6:00que passam ao fim de poucas semanas
do abandono do uso. -
6:01 - 6:03Então, a marijuana é má
para o cérebro? -
6:03 - 6:06Depende de quem vocês são.
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6:06 - 6:09Mas embora alguns fatores de risco
sejam fáceis de identificar, -
6:09 - 6:12há outros que não são bem conhecidos,
-
6:12 - 6:16o que significa que ainda há possibilidade
de sofrerem efeitos negativos, -
6:16 - 6:20mesmo que não tenham nenhum
dos fatores de risco conhecidos.
- Title:
- A marijuana faz mal ao cérebro? — Anees Bahji
- Speaker:
- Anees Bahji
- Description:
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Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/is-marijuana-bad-for-your-brain-anees-bahji
Em 1970, a marijuana foi classificada como uma droga tipo 1, nos EUA: a designação mais estrita possível, o que significava que era totalmente ilegal e não possuía utilização medicinal reconhecida. Hoje, os benefícios terapêuticos da medicina são amplamente reconhecidos, mas esse reconhecimento crescente quanto ao seu valor medicinal não responde a uma pergunta: o uso da marijuana recreativa é prejudicial para o cérebro? Anees Bahji investiga.
Lição de Anees Bahji, realização de Anton Bogaty.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 06:21
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