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A próxima revolução de software: a programação de células biológicas

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    A segunda metade do século passado
    foi completamente definida
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    por uma revolução tecnológica:
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    a revolução do software.
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    A capacidade de programar elétrons
    em um material chamado silício
  • 0:14 - 0:17
    possibilitou tecnologias,
    empresas e indústrias
  • 0:17 - 0:21
    que eram, em algum momento,
    inimagináveis para muitos de nós,
  • 0:21 - 0:25
    mas que, agora, mudaram fundamentalmente
    a maneira como o mundo funciona.
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    Porém a primeira metade deste século
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    será transformada por uma nova
    revolução de software:
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    a revolução do software vivo.
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    Ela será movida pela capacidade
    de programar a bioquímica
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    em um material chamado biologia.
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    Isso nos permitirá aproveitar
    as propriedades da biologia
  • 0:45 - 0:48
    para gerar novos tipos de terapias,
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    reparar tecidos danificados,
  • 0:50 - 0:53
    reprogramar células defeituosas
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    ou até construir sistemas operacionais
    programáveis a partir da bioquímica.
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    Se conseguirmos perceber isso,
    e precisamos perceber,
  • 1:02 - 1:04
    o impacto será tão grande
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    que a primeira revolução do software
    perderá importância na comparação.
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    Isso ocorre porque o software vivo
    transformaria toda a medicina,
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    agricultura e energia,
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    que são setores que diminuem
    aqueles dominados pela TI.
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    Imaginem plantas programáveis que fixam
    o nitrogênio de maneira mais eficaz
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    ou resistem a patógenos
    fúngicos emergentes,
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    ou até mesmo programar as safras
    para serem perenes, em vez de anuais,
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    para que a produção
    seja duplicada a cada ano.
  • 1:32 - 1:34
    Isso transformaria a agricultura
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    e o modo como manteremos alimentada
    nossa crescente população global.
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    Ou imaginem uma imunidade programável,
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    o projeto e o aproveitamento
    de dispositivos moleculares
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    que guiam o sistema imunológico
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    para detectar, erradicar,
    ou até mesmo prevenir doenças.
  • 1:49 - 1:51
    Isso transformaria a medicina
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    e o modo como manteremos saudável
    nossa crescente população de idosos.
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    Já temos muitas das ferramentas
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    que tornarão o software vivo
    uma realidade.
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    Podemos editar genes
    com precisão usando o CRISPR,
  • 2:02 - 2:05
    reescrever o código genético
    uma base por vez
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    e até construir circuitos sintéticos
    funcionais a partir do DNA.
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    Mas descobrir como e quando
    usar essas ferramentas
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    ainda é um processo de tentativa e erro.
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    Requer conhecimento profundo
    e anos de especialização.
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    Protocolos experimentais
    são difíceis de descobrir
  • 2:22 - 2:25
    e frequentemente difíceis de reproduzir.
  • 2:25 - 2:30
    Na biologia, temos a tendência
    de focar muito as partes,
  • 2:30 - 2:32
    mas todos sabemos que algo como voar
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    não seria entendido
    apenas pelo estudo das penas.
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    Programar biologia não é tão simples
    quanto programar um computador.
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    Para piorar a situação,
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    sistemas vivos não têm grande semelhança
    com sistemas de engenharia
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    que programamos todos os dias.
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    Ao contrário de sistemas de engenharia,
    sistemas vivos se autogeram,
  • 2:52 - 2:53
    se auto-organizam,
  • 2:53 - 2:55
    operam em escalas moleculares.
  • 2:55 - 2:57
    Essas interações de nível molecular
  • 2:57 - 3:00
    levam geralmente a resultados
    robustos em macroescala.
  • 3:00 - 3:03
    Esses sistemas conseguem
    até mesmo se autocorrigirem.
  • 3:04 - 3:07
    Considerem, por exemplo,
    a humilde planta doméstica,
  • 3:07 - 3:09
    como aquela de sua casa,
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    que você se esquece de regar.
  • 3:12 - 3:15
    Todos os dias, apesar de sua negligência,
    essa planta precisa acordar
  • 3:15 - 3:18
    e descobrir como alocar seus recursos.
  • 3:18 - 3:22
    Ela crescerá, fará fotossíntese,
    produzirá sementes ou flores?
  • 3:22 - 3:26
    Essa é uma decisão que deve ser tomada
    no nível de todo o organismo.
  • 3:26 - 3:29
    Mas uma planta não tem cérebro
    para tomar decisões.
  • 3:29 - 3:32
    Ela tem que se virar
    com as células de suas folhas,
  • 3:32 - 3:34
    que precisam reagir ao meio ambiente
  • 3:34 - 3:37
    e tomar as decisões
    que afetam toda a planta.
  • 3:37 - 3:41
    De alguma forma, deve haver um programa
    em execução dentro dessas células,
  • 3:41 - 3:43
    que responde às pistas
    e aos sinais de entrada
  • 3:43 - 3:45
    e modela o que essa célula fará.
  • 3:46 - 3:49
    Depois, esses programas
    devem operar de modo distribuído
  • 3:49 - 3:50
    entre células individuais
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    para que possam se coordenar
  • 3:52 - 3:54
    e para que essa planta
    consiga crescer e florescer.
  • 3:56 - 3:59
    Se conseguíssemos entender
    esses programas biológicos
  • 3:59 - 4:02
    e a computação biológica,
  • 4:02 - 4:06
    isso transformaria nossa capacidade
    de entender como e por que
  • 4:06 - 4:08
    as células fazem o que fazem.
  • 4:08 - 4:12
    Porque, se entendêssemos esses programas,
    poderíamos detectar e eliminar erros.
  • 4:12 - 4:17
    Ou poderíamos aprender com eles
    a projetar o tipo de circuitos sintéticos
  • 4:17 - 4:21
    que realmente exploram
    o poder computacional da bioquímica.
  • 4:22 - 4:25
    Minha paixão por essa ideia
    me levou a uma carreira de pesquisa
  • 4:25 - 4:29
    em matemática, biologia
    e ciência da computação.
  • 4:29 - 4:34
    Em meu trabalho, eu me concentro
    no conceito de biologia como computação.
  • 4:34 - 4:37
    Isso significa perguntar
    o que as células computam,
  • 4:38 - 4:41
    e como podemos descobrir
    esses programas biológicos.
  • 4:42 - 4:45
    Comecei a fazer essas perguntas
    com alguns colaboradores geniais
  • 4:45 - 4:48
    da Microsoft Research
    e da Universidade de Cambridge,
  • 4:48 - 4:50
    onde, juntos, queríamos entender
  • 4:50 - 4:55
    o programa biológico em execução
    dentro de um tipo único de célula:
  • 4:55 - 4:57
    uma célula-tronco embrionária.
  • 4:57 - 5:00
    Essas células são únicas
    porque são totalmente simples.
  • 5:00 - 5:02
    Elas conseguem se transformar
    no que quiserem:
  • 5:03 - 5:05
    uma célula cerebral,
    cardíaca, óssea, pulmonar,
  • 5:05 - 5:07
    qualquer tipo de célula adulta.
  • 5:07 - 5:09
    Essa simplicidade as diferencia,
  • 5:09 - 5:12
    mas também estimula a imaginação
    da comunidade científica,
  • 5:12 - 5:15
    que percebeu que, se conseguíssemos
    aproveitar esse potencial,
  • 5:15 - 5:18
    teríamos uma ferramenta poderosa
    para a medicina.
  • 5:18 - 5:21
    Se conseguíssemos descobrir
    como essas células decidem
  • 5:21 - 5:23
    se tornar um tipo de célula ou outra,
  • 5:23 - 5:26
    poderíamos aproveitá-las
    para gerar células necessárias
  • 5:26 - 5:29
    para reparar tecidos
    doentes ou danificados.
  • 5:30 - 5:33
    Mas perceber que essa visão
    não está isenta de desafios,
  • 5:33 - 5:36
    principalmente porque
    essas células específicas
  • 5:36 - 5:39
    surgem apenas seis dias após a concepção
  • 5:39 - 5:41
    e, cerca de um dia depois, elas se foram.
  • 5:41 - 5:43
    Seguiram os diferentes caminhos
  • 5:43 - 5:46
    que formam todas as estruturas
    e órgãos do corpo adulto.
  • 5:48 - 5:51
    Mas acontece que o destino das células
    é muito mais plástico
  • 5:51 - 5:52
    do que poderíamos imaginar.
  • 5:52 - 5:57
    Cerca de 13 anos atrás, alguns cientistas
    mostraram algo realmente revolucionário.
  • 5:57 - 6:02
    Ao introduzir apenas um punhado de genes
    em uma célula adulta,
  • 6:02 - 6:04
    como uma das células da pele,
  • 6:04 - 6:07
    podemos transformar essa célula
    de volta ao estado simples.
  • 6:08 - 6:11
    É um processo conhecido
    como "reprogramação",
  • 6:11 - 6:14
    que nos permite imaginar
    um tipo de utopia de células-tronco:
  • 6:14 - 6:18
    a capacidade de coletar uma amostra
    das células de um paciente,
  • 6:18 - 6:20
    transformá-las de volta ao estado simples
  • 6:20 - 6:23
    e usá-las para fazer
    o que o paciente precisar,
  • 6:23 - 6:25
    sejam células cerebrais ou cardíacas.
  • 6:27 - 6:28
    Mas, ao longo da última década,
  • 6:28 - 6:31
    descobrir como mudar o destino das células
  • 6:31 - 6:34
    ainda é um processo de tentativa e erro.
  • 6:34 - 6:38
    Mesmo nos casos em que descobrimos
    protocolos experimentais bem-sucedidos,
  • 6:38 - 6:40
    eles ainda são ineficientes,
  • 6:40 - 6:44
    e nos falta um entendimento fundamental
    de como e por que eles funcionam.
  • 6:45 - 6:47
    Descobrir como transformar
    uma célula-tronco em uma cardíaca
  • 6:47 - 6:51
    não dirá como transformar
    uma célula-tronco
  • 6:51 - 6:52
    em uma célula cerebral.
  • 6:53 - 6:54
    Queríamos entender
  • 6:54 - 6:58
    o programa biológico em execução
    dentro de uma célula-tronco embrionária.
  • 6:58 - 7:02
    O entendimento da computação
    realizada por um sistema vivo
  • 7:02 - 7:05
    começa por uma pergunta
    incrivelmente simples:
  • 7:06 - 7:09
    "O que esse sistema
    realmente precisa fazer?"
  • 7:10 - 7:13
    A ciência da computação
    tem um conjunto de estratégias
  • 7:13 - 7:17
    para lidar com o que o software
    e o hardware estão destinados a fazer.
  • 7:17 - 7:19
    Ao escrever um programa,
    você codifica um software,
  • 7:19 - 7:21
    e quer que ele seja
    executado corretamente.
  • 7:21 - 7:23
    Você quer desempenho, funcionalidade.
  • 7:23 - 7:24
    Quer evitar erros,
  • 7:24 - 7:26
    que podem lhe custar muito.
  • 7:26 - 7:28
    Quando um desenvolvedor programa,
  • 7:28 - 7:30
    ele poderia anotar
    uma série de especificações
  • 7:30 - 7:32
    que o programa deveria fazer.
  • 7:32 - 7:34
    Talvez deveria comparar
    o tamanho de dois números
  • 7:34 - 7:36
    ou ordená-los de forma crescente.
  • 7:37 - 7:42
    A tecnologia nos permite
    verificar automaticamente
  • 7:42 - 7:44
    se nossas especificações são atendidas,
  • 7:44 - 7:47
    se o programa faz o que deveria fazer.
  • 7:47 - 7:50
    Então, nossa ideia era que, do mesmo modo,
  • 7:50 - 7:53
    as observações experimentais,
    que avaliamos no laboratório,
  • 7:53 - 7:58
    correspondam às especificações
    do que o programa biológico deveria fazer.
  • 7:59 - 8:01
    Só precisávamos descobrir uma forma
  • 8:01 - 8:04
    de codificar esse novo tipo
    de especificação.
  • 8:05 - 8:08
    Digamos que você estivesse ocupado
    no laboratório avaliando seus genes
  • 8:08 - 8:11
    e descobrisse que, se o gene A está ativo,
  • 8:11 - 8:14
    então o gene B ou C parece estar ativo.
  • 8:15 - 8:18
    Podemos anotar essa observação
    como uma expressão matemática
  • 8:18 - 8:21
    se pudermos usar a linguagem da lógica:
  • 8:21 - 8:24
    se A, então B ou C.
  • 8:24 - 8:27
    Esse é um exemplo muito simples,
  • 8:27 - 8:28
    apenas para exemplificar a questão.
  • 8:28 - 8:31
    Podemos codificar expressões muito ricas
  • 8:31 - 8:36
    que capturam o comportamento de múltiplos
    genes ou proteínas ao longo do tempo
  • 8:36 - 8:38
    através de vários experimentos diferentes.
  • 8:38 - 8:41
    Assim, ao traduzir nossas observações
  • 8:41 - 8:43
    em expressão matemática dessa forma,
  • 8:43 - 8:48
    é possível testar se essas observações
    podem ou não surgir
  • 8:48 - 8:51
    de um programa de interações genéticas.
  • 8:52 - 8:55
    Desenvolvemos uma ferramenta
    para fazer exatamente isso.
  • 8:55 - 8:58
    Conseguimos utilizá-la
    para codificar observações
  • 8:58 - 8:59
    como expressões matemáticas,
  • 8:59 - 9:03
    e essa ferramenta nos permitia
    descobrir o programa genético
  • 9:03 - 9:04
    que poderia explicar todas elas.
  • 9:05 - 9:09
    Em seguida, aplicamos
    essa abordagem para descobrir
  • 9:09 - 9:12
    o programa genético em execução
    dentro das células-tronco embrionárias
  • 9:12 - 9:16
    para ver se conseguíamos entender
    como induzir aquele estado simples.
  • 9:16 - 9:18
    Essa ferramenta,
    na verdade, foi construída
  • 9:18 - 9:21
    num solucionador implantado
    frequentemente no mundo todo
  • 9:21 - 9:23
    para verificação de software convencional.
  • 9:24 - 9:27
    Começamos com um conjunto
    de quase 50 especificações diferentes
  • 9:27 - 9:30
    que geramos a partir
    de observações experimentais
  • 9:30 - 9:32
    de células-tronco embrionárias.
  • 9:32 - 9:34
    Ao codificar essas observações
    nessa ferramenta,
  • 9:34 - 9:38
    conseguimos descobrir
    o primeiro programa molecular
  • 9:38 - 9:40
    que poderia explicar todas elas.
  • 9:40 - 9:42
    Isso por si só é uma façanha.
  • 9:42 - 9:46
    Conseguir conciliar
    todas essas observações diferentes
  • 9:46 - 9:49
    não é o tipo de coisa que se pode fazer
    no verso de um envelope,
  • 9:49 - 9:51
    mesmo que ele seja muito grande.
  • 9:52 - 9:55
    Com esse tipo de entendimento,
    poderíamos dar um passo adiante
  • 9:55 - 9:59
    e usar esse programa para prever
    o que essa célula podia fazer
  • 9:59 - 10:01
    em condições que ainda
    não havíamos testado.
  • 10:01 - 10:04
    Poderíamos examinar o programa
    por meio de simulações.
  • 10:05 - 10:06
    Foi o que fizemos:
  • 10:06 - 10:09
    geramos previsões,
    que testamos no laboratório,
  • 10:09 - 10:12
    e descobrimos que esse programa
    era altamente preditivo.
  • 10:12 - 10:15
    Ele informava como poderíamos
    acelerar o progresso
  • 10:15 - 10:18
    de volta ao estado simples
    de maneira rápida e eficiente,
  • 10:18 - 10:21
    quais genes selecionar para fazer isso
  • 10:21 - 10:23
    e quais deles até podem
    dificultar esse processo.
  • 10:23 - 10:28
    Até descobrimos que o programa previa
    a ordem na qual os genes seriam ativados.
  • 10:29 - 10:32
    Essa abordagem nos permitiu
    descobrir a dinâmica
  • 10:32 - 10:35
    do que as células estão fazendo.
  • 10:36 - 10:39
    Não desenvolvemos um método específico
    para a biologia de células-tronco.
  • 10:39 - 10:44
    Em vez disso, esse método permite entender
    a computação realizada pela célula
  • 10:44 - 10:47
    no contexto de interações genéticas.
  • 10:47 - 10:49
    É apenas um componente básico.
  • 10:49 - 10:52
    A área precisa desenvolver,
    com urgência, novas abordagens
  • 10:52 - 10:56
    para entender a computação biológica
    de modo mais amplo e em níveis diferentes,
  • 10:56 - 11:00
    desde o DNA até o fluxo
    de informações entre as células.
  • 11:00 - 11:03
    Somente esse tipo
    de entendimento transformador
  • 11:03 - 11:08
    nos permitirá aproveitar a biologia
    de maneiras previsíveis e confiáveis.
  • 11:09 - 11:11
    Mas, para programar a biologia,
  • 11:11 - 11:14
    também precisaremos desenvolver
    os tipos de ferramentas e linguagens
  • 11:14 - 11:18
    que permitam aos experimentalistas
    e aos cientistas da computação
  • 11:18 - 11:20
    projetar funções biológicas,
  • 11:20 - 11:23
    e que esses projetos sejam compilados
    até o código de máquina da célula,
  • 11:23 - 11:25
    sua bioquímica,
  • 11:25 - 11:27
    para que possamos, então,
    construir essas estruturas.
  • 11:27 - 11:31
    Isso é algo semelhante
    a um compilador de software vivo,
  • 11:31 - 11:32
    e me orgulho de fazer parte
  • 11:32 - 11:35
    de uma equipe da Microsoft
    que trabalha para desenvolver um.
  • 11:35 - 11:38
    Embora seja um eufemismo
    dizer que é um grande desafio,
  • 11:38 - 11:40
    a sua realização
  • 11:40 - 11:44
    seria a ponte final entre o software
    e o cérebro humano.
  • 11:45 - 11:48
    Mais amplamente, porém, a programação
    da biologia só será possível
  • 11:48 - 11:53
    se pudermos transformar a área
    em algo verdadeiramente interdisciplinar.
  • 11:53 - 11:56
    Precisamos relacionar
    as ciências físicas e a vida,
  • 11:56 - 11:58
    e os cientistas de cada uma
    dessas disciplinas
  • 11:58 - 12:01
    precisam conseguir trabalhar juntos
    com linguagens comuns
  • 12:01 - 12:03
    e compartilhar questões científicas.
  • 12:05 - 12:08
    A longo prazo, vale lembrar que muitas
    das empresas gigantes de software
  • 12:08 - 12:11
    e a tecnologia com a qual
    trabalhamos todos os dias
  • 12:11 - 12:13
    dificilmente poderiam ser imaginadas
  • 12:13 - 12:16
    quando começamos a programar
    em microchips de silício.
  • 12:16 - 12:18
    Se começarmos agora a pensar
  • 12:18 - 12:22
    no potencial da tecnologia
    possibilitada pela biologia computacional,
  • 12:22 - 12:25
    veremos alguns dos passos
    que precisamos seguir pelo caminho
  • 12:25 - 12:26
    para torná-la realidade.
  • 12:27 - 12:30
    É desanimador pensar
    que esse tipo de tecnologia
  • 12:30 - 12:32
    pode estar aberto ao uso indevido.
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    Se quisermos falar sobre o potencial
    de programar células imunológicas,
  • 12:36 - 12:41
    também devemos pensar no potencial
    de bactérias projetadas para evitá-las.
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    Pode haver pessoas dispostas a fazer isso.
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    Um pensamento animador a respeito,
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    menos para os cientistas,
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    é a fragilidade do trabalho
    com a biologia.
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    Programar biologia não será algo
    que você fará no galpão do quintal.
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    Mas, como estamos no início,
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    podemos avançar com os olhos bem abertos.
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    Podemos fazer as perguntas
    difíceis com antecedência,
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    pôr em prática as proteções necessárias
  • 13:06 - 13:09
    e, como parte disso,
    teremos que pensar em nossa ética.
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    Teremos que pensar em colocar limites
    na implementação da função biológica.
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    Como parte disso, a pesquisa em bioética
    terá que ser uma prioridade.
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    Não pode ser relegada ao segundo plano
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    na empolgação da inovação científica.
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    Mas o prêmio final,
    o destino final dessa jornada,
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    seriam aplicações e indústrias inovadoras
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    em áreas como agricultura,
    medicina, energia e materiais
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    e até a própria computação.
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    Imaginem, um dia, podermos alimentar
    o planeta de modo sustentável
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    com a energia verde final,
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    se pudéssemos imitar algo
    que as plantas descobriram há milênios:
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    como aproveitar a energia do Sol
    com uma eficiência sem paralelo
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    por nossas células solares atuais.
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    Se entendêssemos esse programa
    de interações quânticas
  • 13:54 - 13:58
    que permitem que as plantas absorvam
    a luz do Sol com tanta eficiência,
  • 13:58 - 14:02
    poderíamos traduzir isso na construção
    de circuitos de DNA sintético
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    que oferecessem o material
    para células solares melhores.
  • 14:05 - 14:09
    Há equipes e cientistas trabalhando
    nos fundamentos disso neste momento.
  • 14:09 - 14:12
    Se talvez recebessem a atenção
    e o investimento adequados,
  • 14:12 - 14:14
    isso poderia ocorrer em 10 ou 15 anos.
  • 14:15 - 14:19
    Estamos no início
    de uma revolução tecnológica.
  • 14:19 - 14:22
    Compreender esse tipo antigo
    de computação biológica
  • 14:22 - 14:24
    é o primeiro passo decisivo.
  • 14:24 - 14:26
    Se pudermos perceber isso,
  • 14:26 - 14:29
    entraremos na era
    de um sistema operacional
  • 14:29 - 14:31
    que executa software vivo.
  • 14:31 - 14:32
    Muito obrigada.
  • 14:32 - 14:34
    (Aplausos)
Title:
A próxima revolução de software: a programação de células biológicas
Speaker:
Sara-Jane Dunn
Description:

As células do corpo são como software de computador: elas são "programadas" para realizar funções específicas em momentos específicos. Se pudermos entender melhor esse processo, poderemos ter acesso à capacidade de reprogramar células, diz a bióloga computacional Sara-Jane Dunn. Em uma palestra da vanguarda da ciência, ela explica como sua equipe estuda células-tronco embrionárias para adquirir um novo conhecimento dos programas biológicos que alimentam a vida e desenvolver um "software vivo" que poderia transformar a medicina, a agricultura e a energia.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:47

Portuguese, Brazilian subtitles

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