Return to Video

Migração, imigração, movimentação | Pramila Jayapal | TEDxRainier

  • 0:20 - 0:24
    Migração, imigração, movimentação.
  • 0:24 - 0:27
    Hoje, cerca de mil milhões de pessoas
    no mundo inteiro, estão em movimento
  • 0:27 - 0:30
    e 214 milhões de pessoas
  • 0:30 - 0:33
    vivem num país diferente
    do país em que nasceram.
  • 0:33 - 0:36
    Uma em cada sete pessoas
    do mundo, é um migrante
  • 0:36 - 0:38
    e, aqui, nos EUA,
  • 0:38 - 0:43
    temos a maior parte de migrantes
    internacionais de qualquer país do mundo,
  • 0:43 - 0:45
    33 milhões de pessoas,
  • 0:45 - 0:48
    ou seja, 20% da população migrante
    internacional, do mundo,
  • 0:48 - 0:51
    vive aqui nos EUA.
  • 0:51 - 0:53
    Eu sou uma dessas pessoas.
  • 0:53 - 0:55
    Nasci na Índia,
  • 0:55 - 0:58
    e, em criança, mudei-me
    para a Indonésia com a minha família,
  • 0:58 - 0:59
    Quando tinha 16 anos,
  • 0:59 - 1:02
    os meus pais enviaram-me
    para a faculdade nos EUA,
  • 1:02 - 1:05
    apesar de só terem 5000 dólares
    na conta bancária.
  • 1:06 - 1:08
    Enviaram-me para aqui
    porque pensavam
  • 1:08 - 1:11
    que este era o país
    onde eu receberia a melhor instrução
  • 1:11 - 1:13
    e teria o melhor futuro.
  • 1:14 - 1:17
    A minha amiga Beth é filipino-americana,
  • 1:17 - 1:20
    e gosta de dizer que nós,
    imigrantes, vivemos no hífen.
  • 1:20 - 1:22
    Vivemos no espaço
  • 1:22 - 1:25
    entre os locais de onde vimos
    e os locais para onde vamos.
  • 1:25 - 1:27
    Vivemos no espaço de mudança
  • 1:27 - 1:30
    porque, se há uma coisa
    que é verdade quanto à migração,
  • 1:30 - 1:34
    é que todos aqueles que são
    tocados por ela, mudam.
  • 1:35 - 1:39
    Somos um povo global em movimento,
    sempre fomos
  • 1:39 - 1:42
    e, num mundo de rápida globalização,
    vamos continuar a ser.
  • 1:42 - 1:46
    De facto, são quase sempre
    as decisões da nossa política externa
  • 1:46 - 1:47
    e da política comercial
  • 1:47 - 1:49
    que alimentam a migração.
  • 1:49 - 1:52
    Contudo, ao mesmo tempo
    que o mundo adotou
  • 1:52 - 1:56
    o livre fluxo de bens,
    de capital e de ideias,
  • 1:56 - 2:00
    temos restringido
    o livre fluxo das pessoas.
  • 2:00 - 2:03
    Pensem o que pensarem
    sobre a globalização
  • 2:03 - 2:07
    a realidade é que há
    uma contradição inerente
  • 2:07 - 2:11
    na nossa relutância de pensar
    de forma criativa, sã e humana
  • 2:11 - 2:16
    como seria um fluxo de mão de obra
    controlado, se não for um fluxo livre.
  • 2:17 - 2:21
    Em vez de lutar contra a migração,
    temos de a adotar.
  • 2:21 - 2:26
    Precisamos de pensar nela como essencial
    e precisamos de a gerir de uma forma
  • 2:26 - 2:29
    que não alimente e satisfaça apenas
    as nossas necessidades económicas,
  • 2:29 - 2:31
    mas também as nossas almas,
  • 2:31 - 2:34
    enquanto seres humanos,
    interligados num mundo global,
  • 2:34 - 2:36
    quer vivamos numa aldeia na Índia,
  • 2:36 - 2:40
    ou numa cidade na África do Sul,
    ou numa vila nos EUA.
  • 2:41 - 2:45
    Infelizmente, há um grupo crescente
    de pessoas anti-imigrantes,
  • 2:45 - 2:47
    aqui nos EUA, e em todo o mundo,
  • 2:47 - 2:52
    que estão a usar a migração e a imigração
    como cunhas para seu proveito político.
  • 2:52 - 2:55
    Só têm uma história para contar
  • 2:55 - 2:58
    é a história de "nós contra eles"
    que é mais ou menos assim.
  • 2:59 - 3:01
    "Há milhares de milhões
    de pessoas no mundo
  • 3:01 - 3:03
    "que passam de países
    pobres para países ricos.
  • 3:03 - 3:06
    "Estão a sobrelotar-nos,
    estão a tirar-nos trabalho,
  • 3:06 - 3:09
    "estão a esgotar os nossos recursos.
  • 3:10 - 3:14
    "Não são como nós,
    querem prejudicar-nos".
  • 3:14 - 3:16
    Penso que já ouvimos esta história.
  • 3:17 - 3:19
    Com esta história, só há uma solução.
  • 3:19 - 3:22
    Essa solução é uma política de restrição
  • 3:22 - 3:25
    que bloqueia o fluxo da mão de obra.
  • 3:25 - 3:29
    Mas a investigação e a história
    contam-nos um conto diferente.
  • 3:30 - 3:34
    A investigação e a história contam-nos
    que a migração não só é inevitável,
  • 3:34 - 3:37
    mas é também essencial,
    e é boa para todos.
  • 3:37 - 3:39
    Na maioria dos países desenvolvidos,
  • 3:39 - 3:43
    vemos uma mão de obra
    envelhecida e reformada.
  • 3:43 - 3:47
    E a maior parte do crescimento
    no mercado do trabalho
  • 3:47 - 3:50
    reside nos imigrantes nesses países.
  • 3:51 - 3:54
    A realidade é que os imigrantes
    são empresários
  • 3:54 - 3:58
    e consomem, tal como todos nós,
    consomem todos os dias,
  • 3:58 - 4:01
    contribuindo para a economia quotidiana.
  • 4:01 - 4:04
    O Centro para o Progresso Americano
    publicou há pouco um relatório
  • 4:04 - 4:06
    que diz que, se o Congresso
    dos EUA aprovasse
  • 4:06 - 4:08
    uma reforma abrangente da imigração,
  • 4:08 - 4:13
    que regularizasse os fluxos
    de imigrantes para os EUA,
  • 4:13 - 4:17
    entraria 1,5 biliões de dólares
    na economia dos EUA
  • 4:18 - 4:20
    nos 10 anos seguintes.
  • 4:21 - 4:24
    Mas penso que os políticos
    não leem esses relatórios
  • 4:24 - 4:26
    porque a realidade é que
  • 4:26 - 4:29
    a legislação para a reforma
    abrangente da imigração
  • 4:29 - 4:32
    tem estado parada
    há quase 20 anos, neste país.
  • 4:32 - 4:36
    Neste momento, nos EUA, temos
    12 milhões de imigrantes sem documentos
  • 4:36 - 4:39
    que vivem na sombra,
    ameaçados de deportação todos os dias,
  • 4:39 - 4:42
    apesar de fazerem o trabalho
    que precisamos que eles façam.
  • 4:42 - 4:46
    Temos 4 a 5 milhões de residentes
    legais que se candidataram legalmente
  • 4:46 - 4:49
    e aos membros mais próximos
    das suas famílias
  • 4:49 - 4:50
    para entrarem nos EUA
  • 4:50 - 4:54
    e, por vezes, esperam 20 anos
    para as famílias irem ter com eles.
  • 4:55 - 4:57
    A fruta apodrece nos pomares
  • 4:57 - 4:59
    porque não temos mãos que cheguem
    para apanhar os frutos
  • 4:59 - 5:03
    e os investigadores e cientistas
    espantosos que querem vir para os EUA
  • 5:03 - 5:06
    e contribuir com os seus conhecimentos
    não o podem fazer,
  • 5:06 - 5:10
    porque não obtêm vistos
    para eles e para as suas famílias.
  • 5:10 - 5:14
    Aqui nos EUA, tal como
    no resto do mundo,
  • 5:14 - 5:17
    em Espanha, na Suécia,
    na Alemanha, em França,
  • 5:17 - 5:20
    os políticos, em vez de encontrarem
    soluções reais
  • 5:20 - 5:22
    para gerirem a migração,
  • 5:22 - 5:27
    adotaram políticas de restrição
    que não são só dispendiosas e ineficazes
  • 5:27 - 5:29
    mas também são contraproducentes.
  • 5:30 - 5:36
    Considerem isso, na mesma geração
    que viu o colapso do muro de Berlim.
  • 5:36 - 5:38
    Vimos a criação
  • 5:38 - 5:41
    de uma das maiores zonas
    militarizadas do mundo
  • 5:41 - 5:45
    aqui mesmo na fronteira sul dos EUA.
  • 5:45 - 5:48
    O muro de Berlim
    tinha 150 km de comprimento,
  • 5:49 - 5:54
    o muro na fronteira EUA-México
    tem 1000 km de comprimento
  • 5:55 - 5:59
    e os EUA colocaram
    17 000 tropas fronteiriças ativas
  • 5:59 - 6:02
    na fronteira sul dos EUA.
  • 6:02 - 6:05
    Isto é o equivalente
    às tropas militares ativas
  • 6:05 - 6:09
    de 20 países juntos em todo o mundo.
  • 6:11 - 6:15
    Quando olho para todos esses muros,
    para as fronteiras, para as vedações
  • 6:15 - 6:18
    que estão a ser construídas
    à nossa volta, nos EUA,
  • 6:18 - 6:23
    lembro-me de uma coisa que Alicia Fox,
    a fantástica romancista, disse.
  • 6:23 - 6:26
    Numa palestra TED,
    falava da sua avó
  • 6:26 - 6:29
    que era uma pessoa
    um tanto mística na sua aldeia
  • 6:29 - 6:33
    e a avó dela via-se livre
    das verrugas das pessoas
  • 6:33 - 6:35
    desenhando um círculo à volta delas.
  • 6:36 - 6:39
    "O poder do círculo", dizia Alicia Fox,
  • 6:39 - 6:42
    "é que, quando rodeamos alguém totalmente,
  • 6:42 - 6:45
    "a bloqueamos de tudo
    o que está à roda delas
  • 6:45 - 6:47
    "e impede que qualquer coisa lá entre.
  • 6:47 - 6:51
    "O que acontecia é que o que
    estava lá dentro secava e morria"
  • 6:51 - 6:53
    Aqui, nos EUA,
  • 6:53 - 6:56
    se nos rodearmos com muros
    cada vez mais grossos,
  • 6:56 - 7:00
    isso impede a entrada de pessoas
    e de ideias no nosso país
  • 7:00 - 7:03
    e também secaremos e morreremos.
  • 7:03 - 7:06
    (Aplausos)
  • 7:12 - 7:15
    A polarização e a oposição
    é prejudicial de muitas formas,
  • 7:15 - 7:18
    mas a pior de todas,
    é que destrói as nossas almas.
  • 7:18 - 7:22
    Diminui-nos enquanto seres humanos
  • 7:22 - 7:25
    que acreditam que todas as pessoas,
    sejam quem forem,
  • 7:25 - 7:28
    venham de onde vierem,
    acreditem no que acreditem,
  • 7:28 - 7:31
    todos os indivíduos merecem
    o direito à dignidade e ao respeito.
  • 7:31 - 7:34
    Diminuem-nos enquanto seres humanos,
  • 7:34 - 7:38
    porque, em vez de pensarem
    num local de possibilidades e abundância
  • 7:38 - 7:41
    que é de onde provêm
    todos os bons pensamentos criativos,
  • 7:41 - 7:44
    pensamos num local
    de escassez e de medo.
  • 7:45 - 7:49
    Para os imigrantes que apanham
    os alimentos que comemos todos os dias,
  • 7:49 - 7:52
    que cuidam dos nossos filhos
    todos os dias,
  • 7:52 - 7:55
    que limpam o quarto onde dormimos
    e a sala em que vivemos todos os dias,
  • 7:55 - 7:57
    o sofrimento é insuportável.
  • 7:58 - 8:01
    É insuportável o sofrimento
    de nos chamarem ilegais,
  • 8:01 - 8:03
    de nos dizerem que passamos
    a fronteira às escondidas
  • 8:03 - 8:06
    para roubar os vossos empregos
    e roubar os vossos recursos,
  • 8:06 - 8:09
    não contribuir em nada e ter filhos,
    só para ficarmos nos EUA.
  • 8:10 - 8:14
    Como já ouviram há bocado,
    o sentimento anti-islâmico é forte
  • 8:14 - 8:19
    contra o imigrante que é classificado
    como terrorista só porque é muçulmano.
  • 8:19 - 8:21
    porque pertence a uma comunidade especial.
  • 8:21 - 8:24
    A vergonha e a ofensa ferem profundamente.
  • 8:25 - 8:27
    A nível muito pessoal, posso dizer que,
  • 8:27 - 8:29
    ao fim de nove anos a fazer este trabalho,
  • 8:29 - 8:32
    tenho recebido milhares
    de mensagens de ódio,
  • 8:32 - 8:35
    cartas e "emails" e telefonemas.
  • 8:35 - 8:39
    Têm-me dito — mesmo aqui,
    nesta Seattle progressista —
  • 8:39 - 8:41
    têm-me dito para ir para casa,
  • 8:42 - 8:45
    apesar de eu viver nos EUA
    há 29 anos da minha vida,
  • 8:45 - 8:47
    uns bons dois terços da minha vida,.
  • 8:47 - 8:50
    Mas pior ainda, fui ameaçada
    de linchamento,
  • 8:50 - 8:53
    e já me disseram que, se eu não deixar
    de fazer o que faço,
  • 8:53 - 8:55
    acabo pendurada.
  • 8:57 - 8:59
    Na minha organização "One America",
  • 8:59 - 9:01
    não contamos apenas
    as histórias dolorosas,
  • 9:01 - 9:05
    mas aproveitamos a resistência
    e a energia e a criatividade
  • 9:05 - 9:09
    que acreditamos provêm
    do movimento de migração
  • 9:09 - 9:13
    e transformamos isso
    no movimento para justiça social.
  • 9:13 - 9:16
    Trabalhamos com indivíduos
    aparentemente vulgares
  • 9:16 - 9:20
    e criamos o espaço para
    eles surgirem como extraordinários
  • 9:20 - 9:22
    numa ação coletiva para a mudança
  • 9:23 - 9:24
    e abandonamos essa história simplória
  • 9:24 - 9:27
    do imigrante terrorista
    que consome recursos.
  • 9:27 - 9:29
    Em vez disso, lançamos a luz
  • 9:29 - 9:32
    sobre as qualidades que nos tornam
    orgulhosos dos imigrantes,
  • 9:32 - 9:34
    que nos tornam orgulhosos de nós mesmos:
  • 9:34 - 9:36
    trabalho duro, criatividade, diversidade,
  • 9:36 - 9:40
    amor pelas nossas famílias
    e esperança no futuro.
  • 9:41 - 9:42
    Imaginem isto,
  • 9:43 - 9:47
    imaginem se, por todo o mundo
    e aqui nos EUA,
  • 9:47 - 9:50
    disséssemos a todos os imigrantes
    que entram no nosso país:
  • 9:50 - 9:53
    "Acreditamos em vocês.
    Acreditamos no vosso direito a existir.
  • 9:53 - 9:55
    "Acreditamos no vosso direito a migrar.
  • 9:55 - 9:58
    "Acreditamos no vosso direito
    a contribuir.
  • 9:58 - 10:02
    "Tudo o que têm a dar para melhorar
    o novo país para onde vieram".
  • 10:03 - 10:06
    Imaginem se, aqui nos EUA,
    e em todo o mundo,
  • 10:06 - 10:10
    todos se erguessem e protestassem
    contra o racismo e o medo
  • 10:10 - 10:12
    e a polarização e o retrocesso,
  • 10:12 - 10:16
    porque sabem que ficar em silêncio
    é ser cúmplice.
  • 10:17 - 10:22
    Imaginem se adotássemos a migração
    como essencial e boa
  • 10:22 - 10:25
    e nos movêssemos para os EUA
    e para um mundo.
  • 10:25 - 10:30
    Imaginem se adotássemos
    um movimento real de todos os tipos,
  • 10:30 - 10:32
    um movimento de pessoas,
    um movimento de ideias,
  • 10:32 - 10:37
    um movimento a favor da justiça
    um movimento para uma democracia real.
  • 10:37 - 10:39
    Juntem-se a nós. Obrigada.
  • 10:39 - 10:42
    (Aplausos)
Title:
Migração, imigração, movimentação | Pramila Jayapal | TEDxRainier
Description:

Pramila Jayapal, ativista e escritora, dá-nos novas forma de pensar na imigração, na migração e na movimentação. Contesta a xenofobia e a discriminação, apresentando poderosos argumentos para adotarmos a migração.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
11:02

Portuguese subtitles

Revisions