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Como iremos sobreviver quando a população atingir os 10 mil milhões?

  • 0:01 - 0:02
    Como é que estamos?
  • 0:03 - 0:04
    Não, não, não, o que eu quero dizer
  • 0:04 - 0:06
    é como é que "nós", os Homo sapiens...
  • 0:06 - 0:07
    (Risos)
  • 0:07 - 0:08
    estamos, enquanto espécie?
  • 0:08 - 0:09
    (Risos)
  • 0:09 - 0:12
    A resposta habitual
    a esta pergunta é assim.
  • 0:12 - 0:15
    Escolhemos uma medida qualquer
    do bem-estar físico humano:
  • 0:15 - 0:18
    a esperança média de vida,
    a média de calorias por dia,
  • 0:18 - 0:20
    o salário médio, a população geral,
    esse género de coisas,
  • 0:20 - 0:23
    e criamos um gráfico do seu valor
    ao longo do tempo.
  • 0:23 - 0:26
    Em quase todos os casos,
    obtemos o mesmo resultado.
  • 0:26 - 0:28
    A linha segue num nível baixo
    ao longo de milénios
  • 0:28 - 0:32
    e depois sobe exponencialmente
    nos séculos XIX e XX.
  • 0:33 - 0:35
    Ou então, escolhemos
    uma medida de consumo:
  • 0:35 - 0:38
    o consumo de energia,
    o consumo de água potável,
  • 0:38 - 0:40
    o consumo mundial da fotossíntese,
  • 0:40 - 0:42
    e criamos um gráfico
    do seu valor ao longo do tempo.
  • 0:42 - 0:46
    Da mesma forma, a linha corre
    num nível baixo ao longo de milénios
  • 0:46 - 0:50
    e depois sobe exponencialmente
    nos séculos XIX e XX.
  • 0:51 - 0:53
    Os biólogos têm um termo para isto: surto.
  • 0:54 - 0:56
    Um surto ocorre quando
    uma população ou uma espécie
  • 0:56 - 0:59
    ultrapassa os limites da seleção natural.
  • 0:59 - 1:02
    A seleção natural normalmente
    mantém populações e espécies
  • 1:02 - 1:04
    dentro de limites mais ou menos definidos.
  • 1:04 - 1:06
    As pestes, os parasitas,
    a falta de recursos
  • 1:06 - 1:09
    impedem que elas
    se expandam em demasia.
  • 1:09 - 1:12
    Mas, de vez em quando, uma espécie
    ultrapassa esses limites.
  • 1:12 - 1:15
    A estrela do mar coroa-de-espinhos
    no Oceano Índico,
  • 1:15 - 1:17
    o mexilhão-zebra
    nos Grandes Lagos dos EUA,
  • 1:17 - 1:18
    a Choristoneura aqui no Canadá.
  • 1:18 - 1:21
    As populações explodem,
    multiplicam-se por cem, por mil,
  • 1:21 - 1:23
    por um milhão.
  • 1:23 - 1:26
    Esta é uma importante lição da Biologia:
  • 1:26 - 1:28
    os surtos na Natureza não acabam bem.
  • 1:28 - 1:29
    (Risos)
  • 1:30 - 1:32
    Coloquem dois protozoários
    numa placa de Petri
  • 1:32 - 1:34
    cheia de geleia nutritiva.
  • 1:34 - 1:38
    No seu ambiente natural,
    o solo, a água, o ambiente restringe-os.
  • 1:39 - 1:41
    Numa placa de Petri, têm
    um pequeno almoço abundante,
  • 1:41 - 1:43
    sem inimigos naturais.
  • 1:43 - 1:45
    Alimentam-se e reproduzem-se,
    vezes sem conta,
  • 1:45 - 1:48
    até que, bang, chegam aos limites
    da placa de Petri,
  • 1:48 - 1:50
    e aí, ou se afogam nos seus resíduos,
  • 1:50 - 1:52
    ou morrem à fome por falta de recursos
    ou ambas as coisas.
  • 1:52 - 1:55
    E o surto acaba sempre mal.
  • 1:55 - 1:57
    Do ponto de vista biológico,
  • 1:57 - 2:01
    não somos muito diferentes
    dos protozoários na placa de Petri.
  • 2:02 - 2:04
    Não somos especiais.
  • 2:06 - 2:09
    Tudo aquilo que, na nossa vaidade,
    achamos que nos torna diferentes
  • 2:09 - 2:12
    — a arte, a ciência, a tecnologia —
    não tem importância.
  • 2:12 - 2:14
    A nossa espécie também enfrenta um surto,
  • 2:14 - 2:17
    estamos a caminho dos limites da placa
    de Petri, é tão simples quanto isso.
  • 2:17 - 2:20
    Agora, a pergunta óbvia:
    Isso será mesmo verdade?
  • 2:20 - 2:23
    Estamos condenados a chegar
    aos limites da placa de Petri?
  • 2:23 - 2:25
    Vou pôr de lado esta pergunta
    por instantes
  • 2:25 - 2:26
    e fazer outra pergunta.
  • 2:27 - 2:29
    Se queremos escapar à biologia,
    como é que o vamos fazer?
  • 2:30 - 2:32
    Em 2050,
  • 2:32 - 2:34
    haverá quase 10 mil milhões
    de pessoas no mundo,
  • 2:34 - 2:38
    e todas vão querer aquilo
    que todos nós queremos:
  • 2:38 - 2:41
    bons carros, boas roupas, boas casas,
  • 2:41 - 2:43
    o pedaço eventual de Toblerone.
  • 2:43 - 2:46
    Pensem nisto: Toblerone
    para 10 mil milhões de pessoas.
  • 2:46 - 2:47
    Como é que podemos fazer isso?
  • 2:47 - 2:51
    Como vamos alimentar toda a gente,
    arranjar água e energia para todos,
  • 2:51 - 2:53
    e evitar os piores impactos
    da alteração climática?
  • 2:54 - 2:55
    Eu sou jornalista de ciência,
  • 2:55 - 2:59
    e há anos que faço
    estas perguntas a investigadores.
  • 2:59 - 3:03
    Na minha experiência, as respostas
    encaixam sempre numa de duas categorias,
  • 3:03 - 3:05
    a que eu chamo
    "feiticeiros" e "profetas".
  • 3:05 - 3:07
    Os feiticeiros, os génios da tecnologia,
  • 3:07 - 3:10
    acreditam que a ciência e tecnologia,
    devidamente aplicadas,
  • 3:10 - 3:12
    vão ajudar-nos a resolver
    todos os nossos dilemas.
  • 3:12 - 3:14
    "Sejam inteligentes, façam mais", dizem.
  • 3:15 - 3:16
    "Assim, todos podemos ganhar."
  • 3:17 - 3:19
    Os profetas praticamente
    acreditam no oposto.
  • 3:20 - 3:24
    Veem o mundo como sendo governado
    por processos ecológicos fundamentais
  • 3:24 - 3:27
    que têm limites que transgredimos
    por nossa conta e risco.
  • 3:27 - 3:29
    "Usem menos, conservem", dizem eles.
  • 3:29 - 3:32
    "De outra forma, todos vão perder."
  • 3:32 - 3:36
    Os feiticeiros e os profetas têm
    insistido nisto durante décadas,
  • 3:36 - 3:39
    mas todos acreditam que a tecnologia
    é a chave para um futuro de sucesso.
  • 3:39 - 3:43
    O problema é que ambos anteveem
    diferentes tipos de tecnologia
  • 3:43 - 3:45
    e diferentes tipos de futuro.
  • 3:45 - 3:50
    Os feiticeiros anteveem um mundo
    brilhante, cidades muito eficientes
  • 3:50 - 3:53
    rodeadas por vastas extensões
    de Natureza selvagem,
  • 3:53 - 3:56
    economias que transitaram
    de átomos para "bits",
  • 3:56 - 3:58
    sociedades capitalistas desmaterializadas
  • 3:58 - 4:00
    que já não dependerão
    da exploração da Natureza.
  • 4:01 - 4:04
    Para os feiticeiros, a energia
    virá de centrais nucleares compactas;
  • 4:04 - 4:06
    a comida de quintas ecológicas
  • 4:06 - 4:09
    com culturas ultraprodutivas
    de OGM, tratadas por robôs;
  • 4:09 - 4:12
    a água sairá de instalações
    de dessalinização de alto rendimento,
  • 4:12 - 4:15
    o que significa que deixamos
    de explorar rios e aquíferos.
  • 4:15 - 4:17
    Os feiticeiros imaginam os 10 mil milhões
  • 4:17 - 4:20
    apinhados em megacidades densas,
    onde podemos caminhar,
  • 4:20 - 4:22
    um mundo urbanizado
    inspirado no ser humano
  • 4:22 - 4:24
    e na máxima liberdade humana.
  • 4:26 - 4:28
    Os profetas contestam tudo isto.
  • 4:28 - 4:31
    "Não é possível desmaterializar
    a comida e a água", afirmam.
  • 4:32 - 4:34
    Dizem que não podemos comer "bits"
  • 4:34 - 4:37
    e a agricultura industrial já provocou
    uma enorme erosão do solo,
  • 4:37 - 4:40
    vastas zonas costeiras mortas
    e destruiu microbiomas do solo,
  • 4:40 - 4:42
    "E, vocês, feiticeiros,
    querem mais ainda?
  • 4:42 - 4:45
    "E essas gigantescas instalações
    de dessalinização?
  • 4:45 - 4:48
    "Vocês sabem que elas geram
    montanhas de sal tóxico
  • 4:48 - 4:50
    "que são praticamente
    impossíveis de eliminar.
  • 4:50 - 4:53
    "E essas megacidades
    de que vocês gostam?
  • 4:53 - 4:56
    "Podem indicar-me
    uma megacidade que já exista,
  • 4:56 - 4:59
    "que exista no mundo atual
    — exceto talvez Tóquio —
  • 4:59 - 5:03
    "que não seja uma fossa
    de corrupção e desigualdade?"
  • 5:03 - 5:06
    Em vez disso, os profetas aspiram
  • 5:06 - 5:10
    a um mundo de comunidades
    mais pequenas, mais interligadas,
  • 5:10 - 5:12
    mais viradas para a terra,
  • 5:12 - 5:15
    um mundo mais agrário
    de máxima interligação humana
  • 5:15 - 5:17
    e de reduzido controlo empresarial.
  • 5:18 - 5:21
    Nesta visão, há mais pessoas
    a viver no campo,
  • 5:21 - 5:25
    a eletricidade provém de instalações
    solares e eólicas à escala dos bairros
  • 5:25 - 5:27
    e que se integram na paisagem.
  • 5:27 - 5:31
    Os profetas não produzem água
    em gigantescas fábricas de dessalinização.
  • 5:32 - 5:34
    Captam a água da chuva,
  • 5:35 - 5:37
    reutilizam-na e reciclam-na
    permanentemente.
  • 5:37 - 5:41
    Os alimentos provêm de redes
    de pequenas explorações
  • 5:42 - 5:44
    que se concentram
    nas árvores e nos tubérculos
  • 5:44 - 5:48
    em vez dos cereais menos produtivos,
    como o trigo e o arroz.
  • 5:49 - 5:53
    Mas, acima de tudo, os profetas
    imaginam as pessoas a mudar de hábitos.
  • 5:53 - 5:56
    Vão para o trabalho de comboio,
    movido a energia renovável.
  • 5:56 - 5:59
    Não tomam duches quentes
    de meia hora, todas as manhãs.
  • 5:59 - 6:01
    Comem, como Michael Pollan diz,
  • 6:01 - 6:05
    comida real, sobretudo plantas,
    e em quantidade suficiente.
  • 6:06 - 6:07
    Sobretudo, os profetas dizem
  • 6:07 - 6:10
    que, se nos submetermos
    aos condicionalismos da Natureza,
  • 6:10 - 6:14
    teremos uma forma de vida mais livre,
    mais democrática, mais saudável.
  • 6:15 - 6:18
    Os feiticeiros acham
    que tudo isto é uma treta,
  • 6:18 - 6:22
    é uma receita para a mediocridade,
    a regressão e a pobreza global.
  • 6:22 - 6:26
    Para eles, a agricultura dos profetas
    só prolonga a pegada humana
  • 6:26 - 6:29
    e desviam mais pessoas para o trabalho
    agrícola de baixos salários.
  • 6:29 - 6:32
    "Essas instalações solares de bairro
    parecem excelentes,
  • 6:32 - 6:35
    "mas dependem duma tecnologia
    que ainda não existe.
  • 6:35 - 6:37
    "São uma fantasia.
  • 6:37 - 6:40
    "A água reciclada? É um travão
    ao crescimento e desenvolvimento."
  • 6:40 - 6:43
    Mas, acima de tudo, os feiticeiros
    contestam a ênfase dos profetas
  • 6:43 - 6:45
    na engenharia social de grande escala
  • 6:46 - 6:48
    que consideram
    profundamente antidemocrática.
  • 6:49 - 6:53
    Se a história dos últimos 200 anos
    foi de crescimento desenfreado,
  • 6:53 - 6:56
    a história dos próximos 100 anos
    pode ser a escolha que fazemos
  • 6:56 - 6:59
    enquanto espécie, entre estas duas vias.
  • 6:59 - 7:03
    Há argumentos que serão
    resolvidos, duma maneira ou de outra,
  • 7:03 - 7:05
    pela geração dos nossos filhos,
  • 7:05 - 7:07
    a geração que viverá
    no mundo dos 10 mil milhões.
  • 7:07 - 7:11
    Mas, esperem, nesta altura
    os biólogos devem estar a bradar tão alto
  • 7:11 - 7:13
    que vocês quase não conseguem ouvir-me.
  • 7:13 - 7:16
    Devem estar a dizer que tudo isto,
    feiticeiros, profetas,
  • 7:16 - 7:18
    é uma quimera.
  • 7:18 - 7:22
    Pouco importa qual a via ilusória
    que vocês pensam que vão tomar.
  • 7:23 - 7:25
    Os surtos na Natureza não acabam bem.
  • 7:25 - 7:29
    "Acham que os protozoários, ao verem
    os limites da placa de Petri, dizem:
  • 7:29 - 7:31
    " 'Pessoal, chegou a altura
    para mudar a sociedade'?
  • 7:31 - 7:33
    "Não. Eles deixam que ela se destrua.
  • 7:33 - 7:36
    "A vida é assim
    e nós fazemos parte da vida.
  • 7:36 - 7:39
    "Nós faremos o mesmo. Assumam."
  • 7:40 - 7:44
    Se forem seguidores de Darwin,
    têm de ter isso em consideração.
  • 7:44 - 7:48
    O contra-argumento básico
    resume-se a: "Nós somos especiais."
  • 7:49 - 7:50
    Não é muito tosco?
  • 7:50 - 7:52
    (Risos)
  • 7:52 - 7:54
    Podemos acumular
    e partilhar conhecimentos
  • 7:54 - 7:56
    e usá-los para orientar o nosso futuro.
  • 7:56 - 7:57
    Mas estamos a fazer isso?
  • 7:58 - 8:01
    Há algum indício
    de estarmos a usar e a partilhar
  • 8:01 - 8:03
    os nossos conhecimentos acumulados
  • 8:04 - 8:06
    para garantirmos
    a nossa prosperidade a longo prazo?
  • 8:06 - 8:08
    É fácil dizer que não.
  • 8:08 - 8:10
    Se vocês são feiticeiros,
  • 8:10 - 8:13
    e acreditam que as culturas
    de OGM altamente produtivas
  • 8:13 - 8:15
    são a chave para alimentar
    toda a gente no mundo de amanhã,
  • 8:15 - 8:19
    devem preocupar-se por saber
    que 20 anos de provas científicas
  • 8:19 - 8:21
    que mostram que os OGM
    são seguros para consumo
  • 8:21 - 8:24
    não conseguiram convencer
    o público a adotar esta tecnologia.
  • 8:24 - 8:25
    Se vocês são profetas,
  • 8:25 - 8:29
    e acreditam que a chave para resolver
    a atual escassez crescente de água potável
  • 8:30 - 8:31
    é deixar de a desperdiçar,
  • 8:31 - 8:35
    devem ficar preocupados por saber
    que as cidades em todo o mundo
  • 8:35 - 8:37
    tanto em sítios ricos como pobres,
  • 8:37 - 8:39
    perdem rotineiramente
    um quarto ou mais da sua água
  • 8:39 - 8:41
    em canalizações contaminadas
    ou com fugas.
  • 8:42 - 8:45
    A Cidade do Cabo, há bem pouco tempo,
    quase ficou sem água.
  • 8:45 - 8:48
    A Cidade do Cabo perde um terço
    da água em fugas nas canalizações.
  • 8:48 - 8:50
    Este problema tem vindo
    a piorar há décadas
  • 8:50 - 8:52
    e pouco tem sido feito
    para o resolver.
  • 8:52 - 8:55
    Se são feiticeiros,
    e pensam que a energia nuclear
  • 8:55 - 8:57
    limpa e abundante isenta de carbono
  • 8:57 - 8:59
    é a chave para combater
    a alteração climática,
  • 8:59 - 9:00
    devem preocupar-se por saber
  • 9:01 - 9:03
    que o público não tem vontade
    de construir centrais nucleares.
  • 9:04 - 9:07
    Se são profetas, e pensam que
    a solução para o mesmo problema
  • 9:07 - 9:10
    são as instalações solares
    de bairro onde a energia é instável,
  • 9:10 - 9:13
    devem preocupar-se por saber
    que nenhuma nação no mundo
  • 9:13 - 9:17
    dedicou os recursos necessários
    ao desenvolvimento desta tecnologia
  • 9:17 - 9:20
    e a instalou na altura
    em que precisamos dela.
  • 9:20 - 9:22
    E, quer sejam feiticeiros ou profetas,
  • 9:22 - 9:25
    devem preocupar-se porque,
    apesar do enorme alarme
  • 9:25 - 9:27
    quanto à alteração climática,
  • 9:27 - 9:30
    a quantidade de energia gerada por ano
    a partir dos combustíveis fósseis
  • 9:30 - 9:34
    aumentou em 30% desde o início do século.
  • 9:36 - 9:38
    Ainda acham que somos diferentes
    dos protozoários?
  • 9:38 - 9:42
    Ainda pensam que somos especiais?
  • 9:42 - 9:45
    Na verdade, ainda é pior do que isso.
  • 9:45 - 9:47
    (Risos)
  • 9:48 - 9:49
    Nós não vamos para a rua.
  • 9:49 - 9:52
    A sério, se há uma diferença
    entre nós e os protozoários,
  • 9:52 - 9:54
    uma diferença importante,
  • 9:54 - 9:56
    não é a nossa arte e ciência,
    e a nossa tecnologia, etc.
  • 9:56 - 9:59
    É que podemos manifestar-nos,
    podemos ir para a rua,
  • 9:59 - 10:02
    e, com o tempo, mudar a forma
    como funciona a sociedade.
  • 10:02 - 10:04
    Mas não estamos a fazê-lo.
  • 10:04 - 10:06
    Os feiticeiros têm andado
    a defender há décadas
  • 10:06 - 10:10
    que a energia nuclear é a chave
    para resolver a alteração climática.
  • 10:12 - 10:15
    Mas a primeira manifestação
    na História a favor do nuclear
  • 10:15 - 10:17
    ocorreu há menos de dois anos,
  • 10:17 - 10:20
    e não chegou aos calcanhares
    das marchas antinucleares do passado.
  • 10:20 - 10:23
    Os profetas têm defendido,
    também há décadas,
  • 10:23 - 10:27
    que a conservação é a chave
    para manter as reservas de água doce
  • 10:27 - 10:30
    sem destruir os ecossistemas
    que geram essas reservas de água doce.
  • 10:31 - 10:32
    Mas, na História da Humanidade,
  • 10:32 - 10:35
    nunca houve uma rua
    cheia de manifestantes em fúria
  • 10:35 - 10:37
    a acenar com cartazes
    contra as fugas nas canalizações.
  • 10:37 - 10:41
    Na verdade, a maior parte
    da atividade política nesta esfera
  • 10:41 - 10:44
    tem sido de feiticeiros e profetas
    a manifestarem-se uns contra os outros,
  • 10:44 - 10:48
    em vez de reconhecerem
    que estão do mesmo lado, no essencial.
  • 10:48 - 10:51
    Afinal, estas pessoas estão preocupadas
    com a mesma coisa:
  • 10:51 - 10:55
    Como vamos conseguir sobreviver
    no mundo de 10 mil milhões?
  • 10:55 - 10:58
    O primeiro passo para gerar
    esse movimento social necessário
  • 10:58 - 11:01
    criando essa massa crítica
    e provocando essas manifestações
  • 11:01 - 11:04
    é óbvio: feiticeiros e profetas
    devem unir-se.
  • 11:04 - 11:07
    Mas como vamos fazer isso,
    após décadas de hostilidade?
  • 11:07 - 11:09
    Uma das formas pode ser esta:
  • 11:09 - 11:13
    Cada lado concorda em aceitar
    as premissas fundamentais do outro lado.
  • 11:14 - 11:16
    Aceitar que é uma ideia terrível
  • 11:16 - 11:19
    considerar que a energia nuclear
    é segura e isenta de carbono,
  • 11:19 - 11:22
    que as minas de urânio
    são terrivelmente poluentes
  • 11:22 - 11:24
    e colocar grandes volumes
    de desperdícios tóxicos
  • 11:24 - 11:27
    em comboios raquíticos
    que atravessam os campos,
  • 11:28 - 11:32
    Para mim, isso leva-me à visão
    de pequenas centrais nucleares,
  • 11:32 - 11:34
    temporárias, à escala de bairros.
  • 11:34 - 11:38
    A energia nuclear como solução temporária
    enquanto desenvolvemos as renováveis.
  • 11:38 - 11:42
    Ou aceitar que as culturas
    de OGM são seguras
  • 11:42 - 11:46
    e que a agricultura industrial tem causado
    graves problemas ambientais.
  • 11:46 - 11:50
    Para mim, isso leva rapidamente
    a uma visão de cientistas de plantas
  • 11:50 - 11:53
    a dedicar toda a sua atenção
    ao cultivo de árvores e tubérculos,
  • 11:53 - 11:56
    que podem ser muito
    mais produtivos que os cereais,
  • 11:56 - 11:58
    usam muito menos água do que os cereais
  • 11:58 - 12:00
    e causam muito menos erosão dos solos.
  • 12:00 - 12:02
    Estas são apenas ideias
    de um jornalista qualquer.
  • 12:02 - 12:05
    Certamente há cem melhores
    do que eu, aqui nesta sala.
  • 12:05 - 12:07
    A questão principal é esta.
  • 12:07 - 12:10
    Feiticeiros e profetas a trabalhar juntos
    têm muitas vias para o êxito.
  • 12:10 - 12:13
    O êxito significará muito mais
    do que a simples sobrevivência,
  • 12:13 - 12:15
    por mais importante que ela seja.
  • 12:15 - 12:17
    Se a Humanidade
    conseguir sobreviver ao seu surto,
  • 12:17 - 12:21
    se arranjarmos comida para todos,
    água para todos, energia para todos,
  • 12:21 - 12:25
    se evitarmos os piores efeitos
    da alteração climática,
  • 12:25 - 12:27
    se conseguirmos salvaguardar o bioma,
  • 12:27 - 12:29
    será uma coisa fantástica.
  • 12:29 - 12:31
    Significaria, creio,
  • 12:31 - 12:33
    que, mesmo para um cínico
    empedernido como eu,
  • 12:33 - 12:36
    talvez sejamos realmente especiais.
  • 12:36 - 12:37
    Obrigado.
  • 12:37 - 12:40
    (Aplausos)
Title:
Como iremos sobreviver quando a população atingir os 10 mil milhões?
Speaker:
Charles C. Mann
Description:

Em 2050, estima-se que haverá 10 mil milhões de pessoas na Terra. Como iremos assegurar as necessidades básicas de todos e, ao mesmo tempo, evitar os terríveis impactos das alterações climáticas? Nesta palestra repleta de humor e sabedoria, o jornalista de ciência Charles C. Mann analisa as possíveis soluções e descobre que as respostas se dividem em dois campos — feiticeiros e profetas — enquanto apresenta a sua visão relativamente ao melhor caminho para a sobrevivência.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
12:58

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