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Enfrentando o medo | David Nihill | TEDxManchester

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    Quando criança, na Irlanda,
  • 0:09 - 0:12
    tínhamos praticamente 0% de imigração.
  • 0:12 - 0:15
    Eu era o mais moreninho
    num raio de quilômetros.
  • 0:15 - 0:17
    (Risos)
  • 0:17 - 0:18
    Só um vestígio de bronzeado,
  • 0:18 - 0:21
    e as pessoas diziam:
    "Olhem pra ele... suspeito".
  • 0:21 - 0:22
    (Risos)
  • 0:23 - 0:26
    Agora temos 17% de imigrantes
  • 0:26 - 0:29
    e somos um dos únicos países do mundo
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    a não ter um único partido político
    no parlamento se opondo à imigração.
  • 0:33 - 0:35
    Um dos únicos.
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    Nem podemos, pois invadimos
    as árvores genealógicas transando.
  • 0:41 - 0:44
    (Risos)
  • 0:49 - 0:51
    Muitos de vocês nem sabem disso...
  • 0:51 - 0:52
    (Risos)
  • 0:52 - 0:56
    até o dia em que chega
    o resultado do teste de DNA.
  • 0:56 - 1:00
    Você vira e diz:
    "Olha só! Sou 23% irlandês!"
  • 1:00 - 1:01
    (Risos)
  • 1:01 - 1:04
    E o tempo todo
    eu achando que era filipino.
  • 1:04 - 1:06
    (Risos)
  • 1:07 - 1:10
    Três anos atrás, nos tornamos
    o primeiro país do mundo,
  • 1:10 - 1:13
    a legalizar, pelo voto popular,
    o casamento gay.
  • 1:13 - 1:17
    Um dos países mais católicos do mundo
  • 1:17 - 1:21
    vira e pergunta pro povo:
    "Casamento gay, o que você acha?"
  • 1:21 - 1:24
    E em coro respondemos:
    "Sim, dane-se, por que não? Vai lá!"
  • 1:24 - 1:26
    (Risos)
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    Para colocar em perspectiva,
  • 1:29 - 1:33
    em 1993 a homossexualidade
    era ilegal na Irlanda.
  • 1:33 - 1:35
    E, ano retrasado,
  • 1:35 - 1:38
    encontramos um cara gay e meio indiano
  • 1:38 - 1:40
    e o transformamos em primeiro-ministro.
  • 1:40 - 1:42
    (Risos)
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    Em lugares como os EUA,
    onde moro atualmente,
  • 1:45 - 1:49
    ainda estão debatendo
    sobre ter a primeira mulher presidente.
  • 1:49 - 1:52
    Na Irlanda, tivemos 21 anos
    de mulheres presidentes.
  • 1:52 - 1:56
    Fomos o primeiro país do mundo a ter
    uma sequência de mulheres presidentes.
  • 1:56 - 1:58
    E seguimos em frente
    com pessoas gay e metade indianas.
  • 1:58 - 2:00
    (Risos)
  • 2:01 - 2:02
    Lá nós sabemos das coisas.
  • 2:02 - 2:05
    (Risos)
  • 2:06 - 2:09
    Nem sequer temos Chinatown na Irlanda.
  • 2:10 - 2:12
    Nós os deixamos viver conosco.
  • 2:12 - 2:14
    (Risos)
  • 2:15 - 2:18
    (Aplausos)
  • 2:20 - 2:23
    Todas essas coisas aconteceram
    numa fração da minha vida.
  • 2:23 - 2:28
    Nossas vidas estão
    cheias de grandes mudanças,
  • 2:28 - 2:30
    o tempo todo, tudo ao nosso redor.
  • 2:30 - 2:34
    Mas, por alguma razão, quando se trata
    de uma determinada coisa,
  • 2:34 - 2:36
    de um sentimento em particular,
  • 2:36 - 2:38
    achamos que não pode ser mudado:
  • 2:38 - 2:40
    o medo.
  • 2:41 - 2:45
    Então, fiz uma experiência um tempo atrás:
  • 2:45 - 2:51
    fazer a coisa que eu mais temia
    todos os dias, durante um ano.
  • 2:51 - 2:53
    Foi um plano horrível.
  • 2:54 - 2:56
    Especialmente porque, na universidade,
  • 2:56 - 2:58
    meu apelido era "Shakin' Stevens",
    ou "treme-treme",
  • 2:59 - 3:04
    por causa do ícone musical, suponho,
    para quem gostava dele na época.
  • 3:04 - 3:06
    E não era pela habilidade musical.
  • 3:06 - 3:08
    Não sei se já lhe aconteceu
  • 3:08 - 3:11
    de estar na frente de um grupo
    de pessoas e ter de falar,
  • 3:11 - 3:13
    ou de segurar um papel
    na mão enquanto falava
  • 3:13 - 3:16
    e pensar: "Por que esse pedaço
    de papel está tremendo?
  • 3:16 - 3:19
    Por que estou tremendo enquanto falo?"
  • 3:19 - 3:22
    Isso sempre acontecia
    comigo, mas só que bem pior.
  • 3:22 - 3:24
    Meio que passava pro meu corpo.
  • 3:24 - 3:26
    Então, o tremor ia pros ombros
  • 3:26 - 3:27
    através dos meus quadris,
  • 3:27 - 3:29
    e eu involuntariamente ia...
  • 3:29 - 3:30
    (Risos)
  • 3:30 - 3:33
    tornando-me uma espécie
    de dançarino de salsa irlandês.
  • 3:33 - 3:35
    Mas... (Risos)
  • 3:35 - 3:39
    E era tão ruim que as pessoas
    vinham assistir.
  • 3:39 - 3:41
    (Risos)
  • 3:42 - 3:43
    Isso é uma coisa bem irlandesa:
  • 3:43 - 3:47
    "Olhem esse cara se acabando.
    Vamos la assistir".
  • 3:47 - 3:48
    (Risos)
  • 3:48 - 3:49
    Eu devia saber,
  • 3:49 - 3:52
    eu devia ter me lembrado
    de que era possível mudar isso,
  • 3:52 - 3:54
    mas, por algum motivo, para muitos de nós,
  • 3:54 - 3:56
    quando se trata do medo,
  • 3:56 - 4:00
    nos esquecemos de que temos
    o poder de mudar isso de alguma forma.
  • 4:01 - 4:06
    Às vezes só precisamos de um catalisador
    para impulsionar a mudança.
  • 4:06 - 4:09
    Para mim, infelizmente,
    veio da pior maneira possível.
  • 4:10 - 4:11
    Um amigo meu, Arash,
  • 4:11 - 4:14
    que era o cara mais "vida ao ar livre"
    e atlético que já conheci,
  • 4:14 - 4:16
    em 96 horas,
  • 4:16 - 4:20
    foi de caminhar na trilha
    John Muir, na Califórnia,
  • 4:20 - 4:23
    a uma maca no hospital John Muir,
  • 4:23 - 4:27
    cercado por médicos dizendo
    a ele que nunca andaria de novo
  • 4:27 - 4:29
    depois de sofrer uma lesão medular grave.
  • 4:30 - 4:32
    Ele não queria aceitar esse prognóstico.
  • 4:32 - 4:34
    Nenhum dos amigos
    queria aceitar esse prognóstico,
  • 4:34 - 4:37
    então todos se reuniram
    para arrecadar fundos pra ele,
  • 4:37 - 4:40
    e levá-lo a seu objetivo
    de voltar a ficar de pé de novo.
  • 4:40 - 4:41
    E isso mexeu comigo.
  • 4:41 - 4:44
    Pensei: "Bem, talvez eu possa
    fazer algo pra ajudar".
  • 4:44 - 4:45
    Então, organizei...
  • 4:45 - 4:48
    Coincidentemente,
    eu tinha um vizinho comediante,
  • 4:48 - 4:52
    e disse a ele: "Se eu fizesse uma comédia
    beneficente, você participaria?"
  • 4:52 - 4:53
    E ele topou.
  • 4:53 - 4:56
    Então, falei pro Arash: "Vamos fazer
    um show pra arrecadar fundos".
  • 4:56 - 4:59
    E ele: "Que ótima ideia, cara.
    Você vai apresentar?"
  • 4:59 - 5:01
    E respondi: "Ah, não".
  • 5:01 - 5:04
    Ele não sabia sobre a coisa
    toda do treme-treme.
  • 5:04 - 5:06
    (Risos)
  • 5:06 - 5:11
    Até aquele momento, eu teria descrito
    falar em público como meu maior medo,
  • 5:11 - 5:14
    e um medo incapacitante,
  • 5:14 - 5:15
    mas, quando você está ali,
  • 5:15 - 5:19
    e seu amigo está numa cadeira
    de rodas na sua frente,
  • 5:19 - 5:23
    esse não é o tipo de coisa
    que você acha certo falar...
  • 5:23 - 5:24
    (Risos)
  • 5:24 - 5:25
    por medo.
  • 5:26 - 5:28
    Isso só fazia o medo parecer ridículo.
  • 5:28 - 5:31
    Eu, e o povo irlandês em geral,
  • 5:31 - 5:34
    odiamos falar em público.
  • 5:34 - 5:38
    Mas nós, os irlandeses
    em geral, adoramos falar.
  • 5:38 - 5:40
    (Risos)
  • 5:40 - 5:41
    Nós adoramos falar.
  • 5:41 - 5:43
    É tipo: "Você fala com as pessoas?"
  • 5:43 - 5:44
    "Claro, o tempo todo."
  • 5:44 - 5:46
    "Em público?" "Ah, claro que sim".
  • 5:46 - 5:48
    "Falar em público?" "Ah, nem pensar!
  • 5:48 - 5:50
    (Risos)
  • 5:50 - 5:51
    Isso não".
  • 5:51 - 5:54
    De repente, pareceu meio absurdo.
  • 5:54 - 5:59
    Então era hora de pelo menos
    tentar superar esse medo sem sentido.
  • 5:59 - 6:01
    Mas a quem você pede ajuda?
  • 6:01 - 6:04
    Ou quem eram os mestres
    no assunto, ou aonde você vai?
  • 6:04 - 6:08
    Eu era um grande fã da teoria
    popularizada por Malcolm Gladwell,
  • 6:08 - 6:12
    que, para se tornar mestre em algo,
    é preciso praticar por 10 mil horas.
  • 6:12 - 6:15
    Então pensei: "Quem são
    os mestres em falar em público?"
  • 6:15 - 6:19
    E a resposta parecia
    inconvencional... mas óbvia.
  • 6:19 - 6:24
    Certamente os comediantes de "stand-up"
    fazem isso melhor do que ninguém.
  • 6:25 - 6:27
    Certamente eles conhecem muito do assunto.
  • 6:27 - 6:29
    Ocorre que o comediante de stand-up médio,
  • 6:29 - 6:32
    para conseguir ganhar dinheiro
    com comédia de stand-up, se for bom,
  • 6:32 - 6:37
    leva em média sete anos para ter lucro.
  • 6:37 - 6:40
    Os que são dedicados calculam
    passar cerca de quatro horas por dia
  • 6:40 - 6:43
    trabalhando de alguma forma em seu ofício.
  • 6:44 - 6:48
    E 4 horas por dia, por esses 7 anos,
    são aproximadamente as 10 mil horas.
  • 6:49 - 6:52
    E eles fazem isso nas piores
    condições possíveis.
  • 6:53 - 6:56
    Moro nos Estados Unidos,
    e um dia difícil pra eles lá é assim:
  • 6:56 - 6:59
    "Estou tendo um dia difícil hoje,
    cheio de ansiedade.
  • 6:59 - 7:02
    Fui ao supermercado,
    e não tinha abacate... foi horrível.
  • 7:02 - 7:03
    (Risos)
  • 7:03 - 7:05
    Estava na Bikram Yoga,
    e um cara soltou pum.
  • 7:05 - 7:07
    Aí foi simplesmente demais pra mim.
  • 7:07 - 7:11
    Postei quatro fotos no Instagram,
    ninguém curtiu, nem minha mãe...
  • 7:11 - 7:13
    Então, vou a um show de comédia,
  • 7:13 - 7:15
    para melhorar, beber algo,
    sentar, cruzar os braços,
  • 7:15 - 7:17
    encarar uma pessoa
    e dizer: 'Me faça rir'."
  • 7:17 - 7:19
    (Risos)
  • 7:19 - 7:23
    Soa como o pior ambiente possível
    para se fazer isso.
  • 7:23 - 7:26
    Então meu plano
    estava ficando cada vez pior.
  • 7:26 - 7:29
    Eu não só ia tentar falar
    em público durante um ano,
  • 7:29 - 7:31
    mas ia fazer comédia stand-up por um ano.
  • 7:31 - 7:35
    E, por esse plano terrível,
    culpo os norte-americanos.
  • 7:35 - 7:38
    Eles são muito mais positivos
    do que os irlandeses...
  • 7:38 - 7:41
    desnecessariamente às vezes.
  • 7:41 - 7:44
    Eles te apoiam em qualquer coisa.
  • 7:44 - 7:46
    Você pode falar:
    "Estou largando meu emprego.
  • 7:46 - 7:50
    É um emprego bom, mas decidi
    vender pinguins infláveis na internet".
  • 7:50 - 7:52
    E eles vão dizer: "Meu Deus,
    que plano ótimo, cara!
  • 7:52 - 7:54
    (Risos)
  • 7:54 - 7:57
    Tenta mesmo. Vai em frente. Toca aqui".
  • 7:57 - 7:59
    (Risos)
  • 7:59 - 8:03
    Às vezes estereotipamos os irlandeses
    por coisas como: "Toma jeito.
  • 8:03 - 8:07
    Tire esses pinguins da internet,
    você está envergonhando a família".
  • 8:07 - 8:09
    (Risos)
  • 8:12 - 8:14
    E lembrei disso um pouco
    por causa das mídias sociais.
  • 8:14 - 8:18
    Postei um vídeo meu praticando
    kitesurf sob a ponte Golden Gate.
  • 8:18 - 8:20
    E pensei: "Vai ter muitas curtidas".
  • 8:20 - 8:23
    Postei, e os comentários americanos eram:
  • 8:23 - 8:25
    "Cara, que incrível. Demais!".
  • 8:26 - 8:27
    Próximo comentário:
  • 8:27 - 8:29
    "Ai, meu Deus. Parece
    que você teve um dia perfeito.
  • 8:29 - 8:31
    Espero que você
    tenha se divertido demais".
  • 8:31 - 8:32
    Comentário irlandês:
  • 8:32 - 8:35
    "Espero que um tubarão
    arranque suas bolas".
  • 8:35 - 8:37
    (Risos)
  • 8:39 - 8:40
    E esse aí foi da minha mãe.
  • 8:40 - 8:42
    (Risos)
  • 8:44 - 8:46
    Então, pode-se dizer
    que eu não estava pronto
  • 8:46 - 8:49
    pra contar aos irlandeses o meu plano.
  • 8:49 - 8:51
    Eu precisava de uma maneira
    de esconder isso deles.
  • 8:51 - 8:54
    E ocorre que é bem difícil
    acelerar o tempo de palco necessário
  • 8:54 - 8:58
    para obter experiência como comediante
    se você não tem nenhuma.
  • 8:58 - 9:01
    Então tive de fazer parecer
    que já fazia aquilo havia um tempo.
  • 9:01 - 9:04
    Os americanos nunca conseguiram
    pronunciar meu sobrenome,
  • 9:04 - 9:07
    que era estranho mesmo
    pros padrões irlandeses: Nihill.
  • 9:07 - 9:09
    Por isso me chamavam de Dave Irlandês.
  • 9:09 - 9:10
    Então eu estava tipo:
  • 9:10 - 9:13
    "Bem, há um nome artístico
    que soa horrível".
  • 9:13 - 9:16
    A ideia era que eu já estava bem
    fazendo comédia na Irlanda,
  • 9:16 - 9:18
    mas aconteceu de eu passar
    um tempo nos EUA.
  • 9:18 - 9:21
    Precisava parecer
    que eu já fazia há um tempo.
  • 9:21 - 9:25
    Então, bola pra frente, Dave Irlandês:
    fiz um site em que fiquei bem na fita.
  • 9:25 - 9:26
    Página do Facebook,
  • 9:26 - 9:30
    fãs do Facebook, os quais,
    controversamente na época,
  • 9:30 - 9:32
    podia-se simplesmente
    comprar na Internet.
  • 9:32 - 9:33
    (Risos)
  • 9:33 - 9:35
    Então, fui famoso lá por um tempo...
  • 9:36 - 9:37
    (Risos)
  • 9:37 - 9:39
    especialmente na Índia.
  • 9:39 - 9:41
    (Risos)
  • 9:41 - 9:44
    O primeiro show planejado
    que fiz teve cinco senhoras e eu.
  • 9:44 - 9:48
    O nome era: "Aperitivo de estrogênio,
    com acompanhamento de bolas".
  • 9:49 - 9:51
    Eu era o acompanhamento.
  • 9:51 - 9:52
    (Risos)
  • 9:52 - 9:55
    Um momento de muito orgulho,
    como podem imaginar.
  • 9:55 - 9:57
    Mas, felizmente, cresceu daí
  • 9:57 - 10:00
    e comecei a me apresentar em clubes
    de comédia, shows e festivais.
  • 10:00 - 10:05
    No final daquele ano, encontrei-me
    no palco, na frente de 1,4 mil pessoas,
  • 10:05 - 10:08
    na maior competição
    de contação de histórias dos EUA.
  • 10:08 - 10:10
    E eu me preparando para um fiasco,
  • 10:10 - 10:12
    porque, depois da sua história,
  • 10:12 - 10:15
    eles te julgam na frente
    de todas as outras pessoas.
  • 10:15 - 10:17
    É como nas Olimpíadas.
  • 10:17 - 10:21
    Eles mostravam um cartaz com notas
    de zero a dez sobre o seu desempenho.
  • 10:21 - 10:23
    Era horrível.
  • 10:23 - 10:25
    É como se, ao perder sua virgindade,
  • 10:25 - 10:28
    alguém aparecesse
    na beirada da sua cama...
  • 10:28 - 10:29
    com uma placa: dois!
  • 10:29 - 10:31
    (Risos)
  • 10:31 - 10:33
    Você pode fazer melhor.
  • 10:33 - 10:34
    (Risos)
  • 10:35 - 10:37
    O engraçado é que, no final dessa época,
  • 10:37 - 10:40
    tinha aprendido o que comediantes
    aprendem do jeito mais difícil.
  • 10:40 - 10:42
    Fizemos o evento para o Arash.
  • 10:42 - 10:44
    E foi tudo muito bem.
  • 10:44 - 10:46
    Ninguém notou Shakin 'Stevens.
  • 10:46 - 10:49
    O que eu estava aprendendo,
    com o tempo, e através de repetição
  • 10:49 - 10:53
    e conhecimento desse grupo de pessoas,
    não era como superar um medo,
  • 10:53 - 10:57
    mas como administrar um medo
    e, no meu caso, como esconder um medo.
  • 10:57 - 11:00
    Acho que nos vendem
    muito esta ideia na vida:
  • 11:00 - 11:02
    "Eis o jeito fácil de superar seu medo".
  • 11:02 - 11:06
    Pode ser que nunca supere,
    mas quero saber como administrá-lo,
  • 11:06 - 11:08
    como parar a tremedeira.
  • 11:08 - 11:12
    E parte fundamental disso é dizer
    a si mesmo que você não está nervoso,
  • 11:12 - 11:13
    mas é óbvio que está,
  • 11:13 - 11:16
    pois você está suando em bicas
    e a dança de salsa está voltando.
  • 11:16 - 11:19
    Mas eles dizem: "Diga a si mesmo
    que você está animado.
  • 11:19 - 11:21
    Como se houvesse
    2 mil pessoas na plateia.",
  • 11:21 - 11:24
    e eu: "Nossa, estou tão animado".
  • 11:24 - 11:26
    (Risos)
  • 11:27 - 11:30
    Então, me encontrei literalmente
    no palco, 1,4 mil pessoas,
  • 11:30 - 11:35
    e, nessa competição, três em dez
    participantes eram comediantes.
  • 11:35 - 11:39
    E eu achava que eles, os verdadeiros
    mestres, ficariam em 1.º, 2.º e 3.º lugar.
  • 11:39 - 11:42
    E Arash descobriu que eu estava
    participando com o nome de Dave Irlandês,
  • 11:42 - 11:45
    e ele veio ver, e todo mundo
    estava na plateia.
  • 11:45 - 11:49
    Eu me preparei para um fiasco - não tinha
    borboletas no estômago, tinha pombos.
  • 11:49 - 11:51
    Se tocassem minha mão
    antes de subir ao palco,
  • 11:51 - 11:54
    parecia um peixe.
  • 11:54 - 11:55
    (Risos)
  • 11:55 - 11:56
    Se alguém me abraçasse,
  • 11:56 - 11:59
    parecia que eu tinha saído do banho.
  • 11:59 - 12:01
    Afinal, o que estava acontecendo?
  • 12:01 - 12:03
    Mas bastava esconder o medo, certo?
  • 12:03 - 12:04
    Então lá estava eu na competição,
  • 12:04 - 12:08
    e a essa altura eu mesmo tinha publicado
    um livro sobre a minha experiência,
  • 12:08 - 12:10
    que depois vendi para uma editora.
  • 12:10 - 12:13
    E eles disseram: "Vamos precisar
    de um final diferente pra ele".
  • 12:13 - 12:17
    Daí pensei: "Se eu ganhar
    a competição, taí um bom final".
  • 12:17 - 12:19
    Então, no final da competição -
  • 12:19 - 12:22
    como previ, os comediantes
    ficaram nos primeiros lugares -,
  • 12:22 - 12:24
    eu estava ganhando, e havia
    sobrado só mais uma pessoa.
  • 12:24 - 12:27
    E uma senhora, sem formação
    ou treinamento em comédia,
  • 12:27 - 12:30
    entra no palco e simplesmente arrasa.
  • 12:30 - 12:32
    Todo mundo se acabando de rir,
  • 12:32 - 12:33
    e ela vence.
  • 12:33 - 12:37
    Pensei: "Parece que é o fim pra mim aqui".
  • 12:38 - 12:41
    E perguntei curioso: "Como você fez isso?
  • 12:41 - 12:45
    Fiquei fascinado; estudei isso por anos,
    mas você deu um baile em todo mundo".
  • 12:45 - 12:47
    E ela: "Tenho estudado
    muito os comediantes.
  • 12:47 - 12:49
    Tenho lido muito sobre o assunto".
  • 12:49 - 12:51
    E perguntei: "O que você leu? Me conta.
  • 12:51 - 12:54
    Alguma coisa legal?
    Vou publicar um livro sobre isso".
  • 12:54 - 12:55
    E ela: "É este aqui".
  • 12:55 - 12:58
    Pegando suas anotações,
    ela falou: "Este livro foi muito útil:
  • 12:58 - 13:01
    'Do you talk funny?',
    de um cara chamado David Nihill".
  • 13:02 - 13:04
    (Risos)
  • 13:05 - 13:08
    E falei: "Você me venceu
    usando meu próprio livro".
  • 13:08 - 13:10
    (Risos)
  • 13:11 - 13:14
    Ai... pensei, é o fim!
  • 13:14 - 13:17
    Contei a história e, uma semana depois,
    um cara entra em contato:
  • 13:17 - 13:21
    "Você gostaria de dar uma palestra no TED?
    Gostei da sua história.
  • 13:21 - 13:22
    Gostaria de compartilhar?"
  • 13:22 - 13:24
    E eu virei: "Opa!
    Esse seria um bom final".
  • 13:24 - 13:27
    E aí falei: "Espere aí;
    tenho um amigo chamado Arash,
  • 13:27 - 13:30
    que é a razão de eu ter entrado
    nessa bagunça toda,
  • 13:30 - 13:32
    e de essa loucura ter começado.
  • 13:32 - 13:35
    Sua história é melhor e mais poderosa
    do que qualquer uma que já ouvi.
  • 13:35 - 13:37
    Posso te enviar um vídeo dele?
  • 13:37 - 13:40
    Ele ensaiou com uma plateia
    usando técnicas de comediantes.
  • 13:40 - 13:43
    Posso te enviar o vídeo?
    Talvez você queira convidá-lo".
  • 13:43 - 13:45
    E Arash foi em meu lugar.
  • 13:45 - 13:46
    Fiquei nos bastidores assistindo
  • 13:46 - 13:50
    ele receber uma ovação
    de pé por 51 segundos,
  • 13:50 - 13:54
    quando contou a todos como treinou
    durante um ano inteiro, em segredo,
  • 13:54 - 13:57
    com o objetivo único
    de ficar em pé novamente sozinho,
  • 13:57 - 14:00
    pra poder pedir sua linda namorada
    em casamento, olhos no olhos.
  • 14:00 - 14:03
    Ele não queria fazer isso da cadeira
    de rodas; e ela, claro, disse sim.
  • 14:03 - 14:06
    Então, no final, ele se levantou
    da cadeira de rodas, no palco,
  • 14:06 - 14:09
    e fez o que os médicos disseram
    que ele não faria de novo.
  • 14:09 - 14:12
    Ela veio e se juntou a ele,
    e todo mundo foi à loucura.
  • 14:13 - 14:16
    Fico todo arrepiado só de contar.
  • 14:17 - 14:20
    A comédia que fizemos
    tornou-se um evento permanente
  • 14:20 - 14:21
    chamado "Comedy for a Spinal Cause".
  • 14:21 - 14:24
    Hoje, arrecadamos para as pessoas
    com lesões na medula
  • 14:24 - 14:26
    pouco mais de US$ 45 mil.
  • 14:27 - 14:28
    Arash escreveu um livro...
  • 14:28 - 14:30
    (Aplausos) Muito obrigado.
  • 14:36 - 14:39
    Arash escreveu um livro
    sobre suas experiências, criou uma ONG,
  • 14:39 - 14:41
    está se recuperando
  • 14:41 - 14:44
    e continua a ser uma inspiração
    para todos a seu redor.
  • 14:44 - 14:47
    Seis semanas a partir de hoje,
    neste mesmo salão em Manchester,
  • 14:47 - 14:49
    haverá uma apresentação musical,
  • 14:49 - 14:52
    ironicamente do Shakin 'Stevens.
  • 14:52 - 14:53
    (Risos)
  • 14:54 - 14:55
    Quem diria!?
  • 14:55 - 14:58
    O mínimo que se pode tirar dessa loucura
  • 14:58 - 15:00
    é que nossa vida é cheia de mudanças
  • 15:00 - 15:04
    e, no mais das vezes, podemos controlar
    essas mudanças mais do que imaginamos,
  • 15:04 - 15:07
    sejam elas apenas movimentos
    de dança involuntários,
  • 15:07 - 15:10
    seja um sentimento que temos,
    ou um país inteiro.
  • 15:10 - 15:13
    Podemos não superar um medo,
    mas, com a ajuda das pessoas certas,
  • 15:13 - 15:16
    acredito que possamos
    aprender a administrá-lo.
  • 15:16 - 15:19
    Se falar em público for
    um dos seus maiores medos,
  • 15:19 - 15:22
    como era o meu e o de tantas pessoas,
  • 15:22 - 15:24
    tente dizer a si mesmo que está animado,
  • 15:24 - 15:26
    não importa quantas pessoas
    estejam te olhando.
  • 15:26 - 15:30
    Afinal, lembre-se de que você
    está apenas compartilhando sua história.
  • 15:30 - 15:32
    Você a conhece melhor do que ninguém,
  • 15:32 - 15:34
    e nunca se sabe o que vai acontecer
    quando você contar.
  • 15:34 - 15:36
    Se precisar de ajuda,
    peça a um comediante.
  • 15:36 - 15:39
    Acredito que eles sejam
    os verdadeiros mestres do mundo.
  • 15:39 - 15:40
    Muito obrigado.
  • 15:40 - 15:42
    (Aplausos)
Title:
Enfrentando o medo | David Nihill | TEDxManchester
Description:

Qual é o maior medo das pessoas no mundo? Não é a morte, mas falar em público. Ironicamente, ao tentar superar seus próprios medos usando uma sabedoria pouco convencional em face da tragédia, David Nihill, bastante relutante, tornou-se um dos maiores especialistas do mundo no assunto, apesar de odiá-lo. David mostra nesta palestra inspiradora e hilária que, embora nem todos possam superar o medo, todos podem aprender a controlá-lo.

Siga David em @FunnyBizzSF Involuntary Authority

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:50

Portuguese, Brazilian subtitles

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