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Title:
Poderemos aproveitar o poder de um buraco negro? — Fabio Pacucci
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Description:
Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/could-we-harness-the-power-of-a-black-hole-fabio-pacucci
Imaginem um futuro distante em que os seres humanos passem para além da Terra, construam cidades em planetas a milhares de anos-luz de distância e mantenham uma rede galáctica de comércio e transporte. O que será necessário para dar este salto? E onde obteremos energia suficiente para alimentar essa civilização? Fabio Pacucci explora a possibilidade de utilizar a energia de um buraco negro para alimentar uma civilização galáctica.
Lição de Fabio Pacucci, realização de TOTEM Studio.
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Speaker:
Fabio Pacucci
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Imaginem um futuro distante
quando os seres humanos
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passarem para além do nosso
pálido ponto azul,
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criarem cidades em planetas
a milhares de anos-luz de distância
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e mantiverem uma rede galáctica
de comércio e transporte.
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O que será preciso
para a nossa civilização dar esse salto?
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Há muitas coisas a ter em conta
— como comunicaremos?
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Como será um governo galáctico?
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E uma das coisas mais importantes:
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Onde obteremos energia suficiente
para alimentar essa civilização
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— a indústria, as operações
de transformação e as naves espaciais?
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Um astrónomo chamado Nikolai Kardashev
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propôs uma escala para quantificar
a crescente necessidade de energia
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duma civilização em evolução.
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Na primeira fase evolucionária,
em que estamos atualmente,
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as fontes de combustível
no nosso planeta,
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como os combustíveis fósseis,
os painéis solares e as centrais nucleares
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provavelmente são suficientes para povoar
outros planetas do nosso sistema solar,
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mas pouco mais para além disso.
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Para uma civilização
na terceira e última fase,
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a expansão à escala galáctica
exigirá cerca de 100 mil milhões de vezes
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mais energia do que os 385 yota joules
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que o nosso Sol liberta por segundo.
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E a menos que haja um avanço
na Física exótica,
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só há uma fonte de energia
que poderá ser suficiente:
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um buraco negro super maciço.
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É contraintuitivo pensar em buracos negros
como fontes de energia,
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mas é exatamente isso que eles são,
graças aos seus discos de acreção:
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estruturas circulares, planas,
formadas por matéria
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que vai caindo no horizonte de eventos.
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Graças à conservação do ímpeto angular,
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as partículas não caem
diretamente no buraco negro.
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Em vez disso, caem lentamente em espiral.
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Devido ao intenso campo
gravitacional do buraco negro,
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essas partículas convertem a sua energia
potencial em energia cinética
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à medida que se vão aproximando
do horizonte de eventos.
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A interação das partículas permite
que esta energia cinética
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seja irradiada para o espaço
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com uma eficácia espantosa
de matéria-para-energia:
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6% para buracos negros não-rotativos
e mais de 32% para os buracos rotativos.
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Isto ultrapassa extraordinariamente
a fissão nuclear,
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atualmente o mecanismo mais eficaz
e abundantemente disponível
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para extrair energia da massa.
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A fissão converte em energia
apenas 0,08% de um átomo de urânio.
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O segredo para aproveitar esta energia
pode residir numa estrutura
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idealizada pelo físico Freeman Dyson,
conhecida por esfera de Dyson.
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Nos anos 60, Dyson sugeriu
que uma civilização planetária avançada
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podia construir uma esfera artificial
em volta da sua estrela principal,
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captando toda a sua energia irradiada
para satisfazer as suas necessidades.
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Uma conceção semelhante,
embora muito mais complicada
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poderá ser aplicada, em teoria,
aos buracos negros.
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Para produzirem energia, os buracos negros
precisam de ser alimentados continuamente
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— por isso, não podemos cobri-los
inteiramente com uma esfera.
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Mesmo que o fizéssemos,
os jatos de plasma que saem dos polos
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de muitos buracos negros
extremamente maciços,
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despedaçariam qualquer estrutura
no seu caminho.
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Em vez disso, podemos idealizar
uma espécie de anel de Dyson
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feito de coletores enormes,
controlados à distância,
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numa órbita compacta
em volta de um buraco negro,
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talvez no plano do disco de acreção,
mas bastante afastados dele.
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Estes aparelhos poderão usar
painéis espelhados
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para transmitirem a energia recolhida
a uma central energética
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ou a uma bateria de armazenagem.
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Precisaremos de garantir
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que estes coletores
são colocados no raio correto:
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demasiado perto e derreter-se-ão
graças à energia irradiada;
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longe demais e só recolherão
uma fração minúscula da energia disponível
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e poderão ser despedaçados por estrelas
na órbita do buraco negro.
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Provavelmente, precisaremos
de material altamente refletor
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tal como a hematite,
para construir todo esse sistema
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mais uns quantos planetas desmantelados
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para fazer uma legião
de robôs de construção.
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Depois de construído, o anel de Dyson
será uma obra-prima da tecnologia
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alimentando uma civilização
espalhada por cada braço duma galáxia.
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Tudo isto pode parecer especulação,
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mas, já hoje, na nossa atual
crise de energia,
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somos confrontados com os recursos
limitados do nosso planeta.
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Serão sempre necessárias novas formas
de produção sustentável de energia,
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especialmente, à medida
que a Humanidade luta pela sobrevivência
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e pelo progresso tecnológico
da nossa espécie.
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Talvez já haja algures uma civilização
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que tenha conquistado
esses gigantes astronómicos.
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Até talvez possamos dizer,
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ao ver a luz do buraco negro dela
a escurecer, periodicamente,
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à medida que partes do anel de Dyson
passam entre eles e nós.
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Ou talvez essas superestruturas estejam
fadadas a manter-se no reino da teoria.
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Só o tempo — e o nosso engenho
científico — o dirão.