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Como ajudo os adolescentes transexuais a serem o que querem ser | Norman Spack | TEDxBeaconStreet

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    É um praze estar aqui convosco.
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    Parece que já falei
    em frente de quase todas as audiências
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    exceto na minha cidade natal.
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    Penso que não deve haver aqui muita gente
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    que possa dizer que nasceu em Brookline.
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    Mas é o que consta
    na minha certidão de nascimento
  • 0:34 - 0:38
    porque antigamente havia maternidades
    em Pill Hill, que já não existem
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    e eu nasci no Allerton, há muito tempo.
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    Eu queria gradecer
    a quem me convidou para falar hoje aqui.
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    Gostava que todos aqui pensassem
  • 0:53 - 0:59
    na terceira palavra
    que primeiro foi dita sobre vocês
  • 1:00 - 1:03
    ou, no caso de estarem a dar à luz,
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    sobre o ser que está a nascer.
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    Todos vocês a têm na ponta da língua,
    se quiserem, podem dizê-la em voz alta.
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    As duas primeiras foram: "É um(a)..."
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    Audiência: Rapaz! Rapariga!
  • 1:20 - 1:21
    (Risos)
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    Isso mostra-nos bem...
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    Eu também trato de problemas
    em que não há tanta certeza
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    se é uma rapariga ou um rapaz,
  • 1:28 - 1:31
    por isso, a vossa resposta misturada
    foi muito apropriada.
  • 1:31 - 1:35
    Claro que, atualmente, a resposta
    não aparece no nascimento,
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    mas nos ultrassons,
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    a não ser que os futuros pais
    prefiram ser surpreendidos,
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    como antigamente todos eram.
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    Mas gostava que pensassem
    a que é que conduz esta afirmação
  • 1:50 - 1:52
    da terceira palavra,
  • 1:52 - 1:54
    porque a terceira palavra
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    é uma descrição do nosso sexo.
  • 2:02 - 2:04
    Ou seja,
  • 2:04 - 2:08
    uma descrição dos nossos genitais.
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    Enquanto endocrinologista pediátrico,
  • 2:12 - 2:17
    costumava envolver-me muito,
    e ainda me envolvo um pouco,
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    nos casos em que há discrepâncias
    nas partes exteriores
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    ou entre as partes exteriores
    e as partes interiores,
  • 2:28 - 2:32
    e temos de imaginar, literalmente,
  • 2:33 - 2:36
    qual é a descrição do sexo.
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    Não há nada que seja definível
    na altura do nascimento
  • 2:43 - 2:46
    que nos possa definir.
  • 2:47 - 2:49
    Quando falo de definição,
  • 2:49 - 2:54
    estou a falar da nossa orientação sexual.
  • 2:55 - 2:59
    Não dizemos: "É um... rapaz 'gay'!"
  • 3:00 - 3:03
    "É uma rapariga lésbica!"
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    Essas situações, geralmente,
    só se definem depois dos 10 anos.
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    Mas não definem qual o nosso género,
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    que, ao contrário do sexo anatómico,
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    descreve o nosso autoconceito.
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    Consideramo-nos homem ou mulher
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    ou algures no meio desse espetro?
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    Isso, por vezes, aparece
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    nos primeiros 10 anos de vida,
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    mas pode ser muito confuso para os pais,
  • 3:45 - 3:50
    porque é muito comum que as crianças
  • 3:50 - 3:54
    se envolvam em brincadeiras
    de trocas de géneros.
  • 3:54 - 3:57
    Na verdade, há estudos que mostram
  • 3:57 - 4:02
    que 80% das crianças
    que agem dessa forma
  • 4:03 - 4:09
    não vão continuar a querer ser
    do sexo oposto
  • 4:10 - 4:13
    na altura em que começa a puberdade.
  • 4:14 - 4:18
    Mas, quando começa a puberdade,
  • 4:19 - 4:24
    — entre os 10 a 12 anos nas raparigas,
    e os 12 a 14 nos rapazes —
  • 4:26 - 4:28
    com o crescimento dos seios
  • 4:28 - 4:32
    ou o aumento das gónadas,
    para o dobro ou o triplo,
  • 4:32 - 4:34
    no caso dos geneticamente masculinos,
  • 4:35 - 4:36
    nessa altura,
  • 4:36 - 4:41
    se a criança diz que está
    num corpo totalmente errado,
  • 4:42 - 4:45
    é quase certo que é transexual
  • 4:46 - 4:53
    e é extremamente improvável
    que altere esse sentimento,
  • 4:53 - 4:58
    por mais que se tente
    qualquer terapia reparadora
  • 4:58 - 5:00
    ou qualquer outra coisa prejudicial.
  • 5:02 - 5:04
    É uma situação muito rara,
  • 5:05 - 5:08
    portanto, tive muito pouca
    experiência pessoal com isto.
  • 5:09 - 5:11
    A minha experiência foi mais típica,
  • 5:11 - 5:13
    porque eu tive uma prática
    em adolescente.
  • 5:14 - 5:16
    Conheci uma pessoa de 24 anos,
    geneticamente feminina,
  • 5:16 - 5:20
    que fez Harvard com três
    colegas de quarto masculinos
  • 5:20 - 5:21
    que conheciam a história toda,
  • 5:21 - 5:26
    e um funcionário que registava sempre
    o nome dele nas listas do curso
  • 5:26 - 5:28
    com um nome masculino.
  • 5:28 - 5:32
    Veio ter comigo,
    depois de se formar, dizendo:
  • 5:32 - 5:35
    "Ajuda-me, eu sei que sabes muito
    de endocrinologia".
  • 5:35 - 5:38
    Com efeito, tratei muitas pessoas
    que nasceram sem gónadas.
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    Não era ciência de ponta.
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    Mas fiz um contrato com ele:
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    "Trato de ti, se me ensinares".
  • 5:45 - 5:47
    Foi o que ele fez.
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    E que aprendizagem tive
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    ao cuidar de todos os membros
    do seu grupo de apoio.
  • 5:54 - 5:57
    Depois, fiquei muito confuso
  • 5:57 - 6:00
    porque pensava que era
    relativamente fácil, naquela idade,
  • 6:00 - 6:01
    dar hormonas às pessoas
  • 6:01 - 6:05
    do género com que elas se afirmavam.
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    Mas, depois, o meu paciente casou-se.
  • 6:09 - 6:13
    Casou-se com uma mulher
    que tinha nascido como homem,
  • 6:13 - 6:17
    que se tinha casado e,
    enquanto homem, tivera dois filhos
  • 6:17 - 6:23
    e depois fizera a transição para mulher.
  • 6:25 - 6:28
    Agora, aquela mulher encantadora
  • 6:29 - 6:35
    estava ligada ao meu paciente masculino
    — estavam legalmente casados —
  • 6:35 - 6:38
    porque apareciam como homem
    e mulher e, quem é que sabia?
  • 6:38 - 6:40
    (Risos)
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    O meu paciente demonstrou
    que um homem transexual
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    tem o mesmo direito a ser machista,
    porque me enviou, da sua lua de mel
  • 6:54 - 6:57
    na sala de espelhos em Versailles:
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    "Foram precisos 50 polícias
    para fazer sair a minha mulher da sala".
  • 7:10 - 7:11
    Fiquei confuso.
  • 7:11 - 7:13
    "Aquele fulano seria 'gay'?
  • 7:13 - 7:14
    "Seria heterossexual?"
  • 7:14 - 7:19
    Eu estava a confundir orientação sexual
    com identidade de género.
  • 7:21 - 7:22
    O meu paciente disse-me:
  • 7:22 - 7:24
    "Olha, olha, olha,
  • 7:24 - 7:27
    "Se pensares no seguinte,
    vais perceber:
  • 7:27 - 7:30
    "A orientação sexual
    é com quem vamos para a cama.
  • 7:30 - 7:34
    "A identidade sexual
    é o que somos na cama".
  • 7:34 - 7:36
    (Risos)
  • 7:36 - 7:39
    A partir daí, aprendi com muitos adultos
  • 7:39 - 7:41
    — cuidei de cerca de 200 adultos —
  • 7:41 - 7:43
    aprendi com eles
  • 7:43 - 7:45
    que, se eu não soubesse
  • 7:45 - 7:47
    quem era o parceiro dele
    na sala de espera,
  • 7:48 - 7:51
    nunca podia adivinhar,
    senão por acaso,
  • 7:51 - 7:55
    se eles eram "gays", hetero,
    bissexuais ou assexuados,
  • 7:55 - 7:58
    na afirmação do seu género.
  • 7:58 - 7:59
    Por outras palavras,
  • 7:59 - 8:03
    uma coisa não tem absolutamente
    nada a ver com a outra.
  • 8:04 - 8:06
    Os dados mostram-no bem.
  • 8:08 - 8:11
    Enquanto tratava dos 200 adultos,
  • 8:11 - 8:13
    achei aquilo muito penoso.
  • 8:13 - 8:16
    Aquelas pessoas — muitas delas —
  • 8:16 - 8:20
    tinham abdicado de tanta coisa na vida.
  • 8:20 - 8:23
    Por vezes, os pais rejeitavam-nos,
  • 8:23 - 8:25
    os irmãos, os próprios filhos,
  • 8:25 - 8:27
    e depois, as mulheres
    de quem se divorciavam
  • 8:27 - 8:31
    proibiam-nos de verem os filhos.
  • 8:31 - 8:33
    Era terrível,
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    mas porque é que o faziam
    aos 40 e aos 50 anos?
  • 8:36 - 8:40
    Porque sentiam que tinham de se afirmar,
  • 8:41 - 8:43
    antes de se suicidarem.
  • 8:43 - 8:50
    Com efeito, a taxa de suicídio
    entre pessoas trans, sem tratamento,
  • 8:51 - 8:54
    está entre as mais altas do mundo.
  • 8:54 - 8:56
    Então, o que fazer?
  • 8:56 - 9:00
    Estava intrigado, quando fui
    a uma conferência na Holanda,
  • 9:00 - 9:03
    onde são especialistas nisto
  • 9:03 - 9:06
    e vi a coisa mais espantosa.
  • 9:06 - 9:09
    Estavam a tratar jovens adolescentes,
  • 9:09 - 9:15
    depois de lhes fazerem um intenso teste
    psicométrico de género.
  • 9:15 - 9:19
    Tratavam-nos, bloqueando
    a puberdade que eles não queriam.
  • 9:20 - 9:23
    Porque, basicamente,
    as crianças parecem-se todas,
  • 9:23 - 9:25
    até chegarem à puberdade,
  • 9:25 - 9:28
    altura em que, se sentem
    que têm o sexo errado,
  • 9:28 - 9:31
    sentem-se como o Pinóquio
    a transformar-se em burro.
  • 9:31 - 9:34
    A ilusão que tinham
    de que o corpo podia mudar
  • 9:34 - 9:36
    para ser o que queriam ser,
    com a puberdade,
  • 9:37 - 9:40
    é desfeita pela puberdade que recebem.
  • 9:41 - 9:44
    E vão-se abaixo.
  • 9:45 - 9:48
    Assim, suspendem a puberdade,
    mas porque é que a suspendem?
  • 9:48 - 9:51
    Não podemos dar as hormonas
    opostas àqueles jovens.
  • 9:51 - 9:53
    Vão ser prejudicados no seu crescimento.
  • 9:53 - 9:56
    Acham que podemos
    ter uma conversa significativa
  • 9:56 - 9:58
    sobre os efeitos da fertilidade
    de tal tratamento,
  • 9:58 - 10:02
    com uma rapariga de 10 anos
    ou um rapaz de 12 anos?
  • 10:02 - 10:05
    Assim, ganha-se tempo
    no processo de diagnóstico
  • 10:05 - 10:07
    durante quatro ou cinco anos,
  • 10:07 - 10:09
    para eles poderem perceber.
  • 10:09 - 10:13
    Podem continuar a fazer mais testes,
  • 10:13 - 10:16
    podem viver sem sentirem o corpo
    a escapar-se deles.
  • 10:16 - 10:20
    Depois, num programa
    a que chamam 12-16-18,
  • 10:21 - 10:25
    por volta dos 12 anos, quando
    lhes dão as hormonas de bloqueio,
  • 10:26 - 10:28
    e depois, aos 16 anos,
    quando voltam a testar,
  • 10:28 - 10:31
    qualificam-se de novo para receber.
  • 10:31 - 10:33
    Lembrem-se que o bloqueio
    de hormonas é reversível,
  • 10:33 - 10:36
    mas, quando damos hormonas
    do sexo oposto,
  • 10:36 - 10:40
    começam a aumentar os seios,
    a aparecer pelos faciais e mudança de voz,
  • 10:40 - 10:41
    consoante as que forem usadas
  • 10:41 - 10:43
    e esses efeitos são permanentes
  • 10:43 - 10:45
    ou exigem uma cirurgia
    para serem removidos,
  • 10:45 - 10:47
    ou eletrólise.
  • 10:47 - 10:49
    Mas nunca podem alterar a voz.
  • 10:49 - 10:53
    Isso é grave, acontece aos 15-16 anos.
  • 10:53 - 10:56
    Depois, aos 18, já podem ser operados.
  • 10:57 - 10:59
    Embora não haja uma boa cirurgia
  • 10:59 - 11:01
    para as mulheres ficarem
    com genitais masculinos,
  • 11:01 - 11:04
    a cirurgia de homem para mulher
    já enganou ginecologistas.
  • 11:05 - 11:07
    É mesmo boa.
  • 11:09 - 11:12
    Eu observei como os pacientes
    se estão a comportar
  • 11:12 - 11:15
    e observei pacientes
    que se pareciam com toda a gente,
  • 11:15 - 11:18
    exceto que estavam atrasados
    na puberdade.
  • 11:18 - 11:20
    Mas, depois de lhes darem as hormonas
  • 11:20 - 11:22
    consistentes com o género que afirmam,
  • 11:22 - 11:24
    ficam ótimos.
  • 11:24 - 11:26
    Parecem normais.
  • 11:26 - 11:28
    Têm uma altura normal.
  • 11:28 - 11:31
    Nunca os distinguiríamos
    no meio da multidão.
  • 11:33 - 11:35
    Nessa altura, decidi
    que ia fazer o mesmo.
  • 11:35 - 11:39
    É aqui que entra o reino
    da endocrinologia pediátrica
  • 11:40 - 11:44
    porque, se vamos lidar
    com miúdos com 10 a 14 anos,
  • 11:44 - 11:47
    isso é endocrinologia pediátrica.
  • 11:47 - 11:51
    Por isso, trouxe alguns miúdos,
  • 11:52 - 11:54
    isso agora tornou-se o padrão dos cuidados
  • 11:54 - 11:57
    e o Hospital Infantil de Boston
    está por detrás disto.
  • 11:57 - 12:01
    Quando lhes mostrei
    os miúdos antes e depois,
  • 12:01 - 12:05
    pessoas que nunca foram tratadas
    e pessoas que queriam ser tratadas
  • 12:05 - 12:07
    e fotografias dos holandeses,
  • 12:08 - 12:10
    vieram ter comigo e disseram:
  • 12:10 - 12:12
    "Tem de fazer qualquer coisa
    por estes miúdos".
  • 12:12 - 12:15
    Onde estavam estes miúdos antes?
  • 12:15 - 12:18
    Estavam a sofrer
    era onde eles estavam.
  • 12:21 - 12:24
    Por isso, começámos um programa em 2007.
  • 12:24 - 12:27
    Foi o primeiro programa do género
  • 12:27 - 12:29
    — mas é o tipo holandês —
  • 12:29 - 12:31
    na América do Norte.
  • 12:31 - 12:36
    Desde então, já temos 160 pacientes.
  • 12:37 - 12:40
    Vieram do Afeganistão? Não.
  • 12:42 - 12:47
    Uns 75% vieram de um raio
    de 240 km de Boston,
  • 12:50 - 12:52
    e outros vieram de Inglaterra.
  • 12:52 - 12:56
    Jackie foi maltratada
    nos Midlands, em Inglaterra.
  • 12:56 - 12:58
    Aqui, tem 12 anos,
  • 12:58 - 12:59
    estava a viver como uma rapariga,
  • 12:59 - 13:01
    mas estava a ser espancada,
  • 13:02 - 13:04
    era um espetáculo de terror,
    tiveram de a tirar da escola.
  • 13:04 - 13:08
    A razão por que os britânicos apareceram
  • 13:08 - 13:13
    foi porque não tratavam ninguém
    com menos de 16 anos,
  • 13:13 - 13:17
    o que significa que já os condenavam
    a um corpo de adulto,
  • 13:17 - 13:19
    acontecesse o que acontecesse,
  • 13:19 - 13:21
    mesmo testando-os bem.
  • 13:21 - 13:25
    Ainda por cima, Jackie,
    dadas as características do seu esqueleto,
  • 13:26 - 13:28
    estava destinada a medir 1,90 m de altura.
  • 13:30 - 13:33
    Mas ela estava ainda
    no início da puberdade masculina.
  • 13:34 - 13:37
    Fiz uma coisa um pouco inovadora
  • 13:37 - 13:39
    porque eu conheço as hormonas
  • 13:39 - 13:42
    e o estrogénio é muito mais potente
    do que a testosterona.
  • 13:42 - 13:46
    a fechar as epífises,
    as placas de crescimento
  • 13:46 - 13:48
    e a impedir o crescimento.
  • 13:49 - 13:53
    Bloqueámos a testosterona
    com uma hormona de bloqueio,
  • 13:53 - 13:57
    mas adicionámos o estrogénio
    aos 13 anos, não foi aos 16.
  • 13:58 - 14:01
    Aqui está ela, aos 16 anos, à esquerda.
  • 14:03 - 14:06
    Quando fez 16 anos, ela foi à Tailândia,
  • 14:06 - 14:08
    onde faziam cirurgia plástica genital.
  • 14:08 - 14:10
    Agora fazem a cirurgia aos 18 anos.
  • 14:10 - 14:12
    E ela acabou por ter 1,80 m de altura.
  • 14:14 - 14:17
    Para além disso, ela tem
    seios de tamanho normal,
  • 14:17 - 14:19
    porque, com o bloqueio de testosterona,
  • 14:19 - 14:23
    todas as nossas pacientes
    têm seios de tamanho normal
  • 14:23 - 14:26
    se vêm ter connosco na idade adequada,
  • 14:26 - 14:27
    e não tarde demais.
  • 14:29 - 14:31
    Está ali, do lado direito.
  • 14:31 - 14:35
    Exibiu-se em público — foi semifinalista
    no concurso para Miss Inglaterra.
  • 14:37 - 14:40
    Os juízes discutiram
    se podiam fazer isso.
  • 14:42 - 14:44
    Disseram-me que um deles gracejou:
  • 14:44 - 14:48
    "Ela tem um porte mais natural
    do que metade das outras candidatas".
  • 14:48 - 14:51
    (Risos)
  • 14:52 - 14:55
    Algumas delas foram industriadas um pouco
  • 14:55 - 14:57
    mas está tudo no ADN.
  • 14:58 - 15:02
    Ela tornou-se numa porta-voz espantosa.
  • 15:03 - 15:06
    Ofereceram-lhe contratos
    como modelo,
  • 15:06 - 15:08
    altura em que ela me provocou
  • 15:08 - 15:11
    no Skype, para a BBC, quando disse:
  • 15:11 - 15:13
    "Sabem, eu podia ter tido
    mais hipóteses enquanto modelo
  • 15:13 - 15:16
    "se me tivesse dado 1,90 m".
  • 15:16 - 15:17
    (Risos)
  • 15:18 - 15:20
    Imaginem.
  • 15:24 - 15:27
    Penso que esta foto diz tudo.
  • 15:28 - 15:29
    Diz tudo, realmente.
  • 15:30 - 15:33
    Estes são Nicole e o irmão Jonas
  • 15:33 - 15:38
    que apareceram no Boston Sunday Globe
    em fevereiro de 2011.
  • 15:39 - 15:42
    São gémeos idênticos
  • 15:42 - 15:45
    comprovadamente idênticos.
  • 15:45 - 15:49
    Nicole afirmou-se como rapariga
    desde os três anos.
  • 15:49 - 15:52
    Aos sete anos, mudaram-lhe o nome,
  • 15:52 - 15:55
    e vieram ter comigo
  • 15:55 - 16:01
    no início duma puberdade masculina.
  • 16:01 - 16:04
    Podem imaginar, olhando
    para Jonas, aos 14 anos,
  • 16:04 - 16:07
    que a puberdade masculina
    é precoce nesta família,
  • 16:07 - 16:09
    porque ele parece mais
    ter uns 16 anos.
  • 16:09 - 16:12
    Mas realça ainda mais a necessidade
  • 16:12 - 16:15
    de ter consciência
    do ponto em que o paciente está.
  • 16:15 - 16:18
    Nicole aqui está em bloqueio de puberdade
  • 16:19 - 16:22
    e Jonas está em controlo biológico.
  • 16:23 - 16:25
    Este é o aspeto que Nicole teria
  • 16:25 - 16:27
    se não fizéssemos o que estávamos a fazer.
  • 16:27 - 16:30
    Tem uma maçã de Adão proeminente.
  • 16:30 - 16:33
    Tem ossos faciais angulares,
  • 16:33 - 16:35
    todos os efeitos da testosterona.
  • 16:35 - 16:37
    Mas não no caso dela.
  • 16:37 - 16:39
    Ele tem um bigode,
  • 16:39 - 16:41
    e podem ver que há diferença na altura,
  • 16:41 - 16:44
    porque ele deu um salto
    no crescimento que ela não dará.
  • 16:44 - 16:46
    Nicole está a tomar estrogénio.
  • 16:46 - 16:48
    Já tem uma forma diferente.
  • 16:49 - 16:54
    Esta família foi à Casa Branca
    na primavera passada,
  • 16:55 - 17:00
    por causa do seu trabalho
    em anular uma medida discriminatória.
  • 17:01 - 17:04
    Havia um projeto de lei que iria bloquear
  • 17:04 - 17:08
    o direito dos transexuais no Maine
    usarem as casas de banho públicas
  • 17:08 - 17:10
    e tudo indicava que a lei ia ser aprovada.
  • 17:11 - 17:12
    Isso iria ser um problema,
  • 17:12 - 17:16
    mas Nicole foi pessoalmente falar
    com cada legislador do Maine e disse:
  • 17:16 - 17:18
    "Eu posso fazer isto.
  • 17:18 - 17:20
    "Se eles me virem, vão compreender
  • 17:20 - 17:25
    "porque é que não sou nenhuma ameaça
    na casa de banho das mulheres,
  • 17:25 - 17:28
    "mas posso ser ameaçada
    na casa de banho dos homens".
  • 17:28 - 17:30
    Por fim, conseguiram.
  • 17:34 - 17:36
    Para onde vamos, a partir daqui?
  • 17:38 - 17:41
    Ainda temos muito caminho a andar
    em termos de antidiscriminação.
  • 17:41 - 17:45
    São apenas 17 os estados
    que têm uma lei antidiscriminação,
  • 17:45 - 17:47
    contra a discriminação na habitação,
  • 17:47 - 17:50
    no emprego, alojamento público.
  • 17:51 - 17:54
    Só 17 estados e cinco deles
    estão na Nova Inglaterra.
  • 17:54 - 17:57
    Precisamos de medicamentos menos caros,
  • 17:57 - 17:59
    como os necessários para o bloqueio.
  • 17:59 - 18:00
    Custam uma fortuna.
  • 18:00 - 18:02
    Precisamos que esta situação
  • 18:03 - 18:06
    seja retirada da lista
    de doenças psiquiátricas.
  • 18:06 - 18:10
    É tão doença psiquiátrica
    como ser "gay" ou lésbica
  • 18:11 - 18:14
    que já deixaram de o ser em 1973
  • 18:14 - 18:15
    e todo o mundo mudou.
  • 18:15 - 18:18
    Isso não vai dar cabo
    do orçamento de ninguém.
  • 18:18 - 18:20
    Não é assim tão vulgar.
  • 18:20 - 18:25
    Mas os riscos de não
    se fazer nada por eles
  • 18:26 - 18:33
    não só os põem a todos
    em perigo de se suicidarem
  • 18:33 - 18:39
    como manifestam se somos
    uma sociedade realmente inclusiva.
  • 18:39 - 18:40
    Obrigado.
  • 18:40 - 18:42
    (Aplausos)
Title:
Como ajudo os adolescentes transexuais a serem o que querem ser | Norman Spack | TEDxBeaconStreet
Description:

A puberdade é um tempo difícil para toda a gente mas, para os adolescentes transexuais pode ser um pesadelo, porque ficam com um corpo com que não se sentem confortáveis. Numa palestra profunda, Norman Spack conta uma história pessoal de como se tornou num dos poucos médicos nos EUA a tratar menores com terapia de substituição hormonal. Bloqueando os efeitos da puberdade, Spack dá aos adolescentes transexuais o tempo de que eles necessitam.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:45

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