Mustafa Akyol: Fé versus tradição no Islã
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0:00 - 0:02Algumas semanas atrás
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0:02 - 0:05tive a chance de ir para a Arábia Saudita
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0:05 - 0:08e a primeira coisa que quis fazer, como um Muçulmano,
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0:08 - 0:10foi ir a Meca e visitar a Kaaba,
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0:10 - 0:12o santuário mais sagrado do Islã.
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0:12 - 0:14E eu fiz isso; coloquei minha vestimenta ritualística
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0:14 - 0:16e fui para a mesquita sagrada;
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0:16 - 0:18fiz minhas preces;
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0:18 - 0:20observei todos os rituais.
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0:20 - 0:22Entretanto,
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0:22 - 0:24apesar de toda a espiritualidade,
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0:24 - 0:26havia um detalhe mundano na Kaaba
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0:26 - 0:28que era muito interessante para mim.
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0:28 - 0:30Não havia separação de sexos.
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0:30 - 0:32Em outras palavras, homens e mulheres
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0:32 - 0:34estavam adorando juntos.
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0:34 - 0:36Eles estavam juntos enquanto faziam a tawaf,
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0:36 - 0:39a volta circular ao redor da Kaaba.
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0:39 - 0:41Eles estavam juntos enquanto rezavam.
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0:41 - 0:44E se você quer saber porque isso é interessante,
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0:44 - 0:47você deve observar o restante da Arábia Saudita,
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0:47 - 0:49pois esse é um país
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0:49 - 0:52que é rigorosamente dividido entre os sexos.
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0:52 - 0:54Em outras palavras,
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0:54 - 0:56como um homem, você simplesmente não deveria estar
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0:56 - 0:58em um mesmo espaço físico que uma mulher.
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0:58 - 1:00E notei isso de uma forma muito engraçada.
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1:00 - 1:02Saí da Kaaba
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1:02 - 1:04para comer algo nos subúrbios de Meca.
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1:04 - 1:06Dirigi-me para o Burger King mais próximo.
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1:06 - 1:08Assim que entrei --
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1:08 - 1:10notei que havia um setor para homens
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1:10 - 1:13cuidadosamente separado daquele destinado às mulheres.
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1:13 - 1:16Tive que pagar, pedir e comer no setor para homens,
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1:16 - 1:18"Isso é engraçado", disse a mim mesmo,
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1:18 - 1:21"você pode se misturar com o sexo oposto na sagrada Kaaba,
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1:21 - 1:23mas não em um Burger King."
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1:23 - 1:25Bastante irônico.
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1:25 - 1:28Irônico e também - acredito - bastante revelador.
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1:28 - 1:31Pois a Kaaba e os rituais ao seu redor
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1:31 - 1:34são relíquias da primeira fase do Islã,
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1:34 - 1:36aquela do profeta Maomé.
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1:36 - 1:38E se naquela época havia uma grande ênfase
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1:38 - 1:40em separar os homens das mulheres,
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1:40 - 1:43os rituais ao redor da Kaaba deveriam ter sido desenvolvidos de acordo com isso.
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1:43 - 1:45Mas aparentemente não havia nenhum problema desse tipo naquela época.
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1:45 - 1:47Então os rituais se tornaram dessa maneira.
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1:47 - 1:49Isso é também confirmado
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1:49 - 1:51pelo fato de que o isolamento das mulheres
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1:51 - 1:53visando criar uma sociedade dividida
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1:53 - 1:56é também algo que você não encontra no Corão,
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1:56 - 1:58o núcleo principal do Islã --
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1:58 - 2:00a cerne do Islã,
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2:00 - 2:03aquele que todos os Muçulmanos, inclusive eu, acreditam.
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2:03 - 2:05Acredito que não é um acidente
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2:05 - 2:07você não achar essa ideia
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2:07 - 2:09nas origens do Islã.
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2:09 - 2:11Pois muitos estudiosos
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2:11 - 2:13que estudam a história do pensamento islâmico --
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2:13 - 2:15estudiosos Muçulmanos ou Ocidentais --
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2:15 - 2:17pensam que, na verdade, a prática
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2:17 - 2:19de separar homens e mulheres fisicamente
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2:19 - 2:22surgiu de um desenvolvimento tardio do Islã,
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2:22 - 2:24quando os Muçulmanos adotaram
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2:24 - 2:27algumas culturas e tradições pré-existentes no Oriente Médio.
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2:27 - 2:29O isolamento de mulheres foi, na verdade,
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2:29 - 2:31uma prática Bizantina e Persa,
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2:31 - 2:34que os Muçulmanos adotaram
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2:34 - 2:36e fizeram com que fosse parte de sua religião.
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2:36 - 2:38E isto é somente um exemplo
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2:38 - 2:40de um fenômeno muito maior.
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2:40 - 2:43O que chamamos hoje de Lei Islâmica, especialmente a cultura Islâmica --
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2:43 - 2:45e há muitas culturas Islâmicas;
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2:45 - 2:47aquela da Arábia Saudita é muito diferente
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2:47 - 2:50daquela de onde eu vim, em Instambul ou na Turquia.
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2:50 - 2:52Mas mesmo assim,
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2:52 - 2:54se você vai falar sobre uma cultura Muçulmana,
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2:54 - 2:56ela tem um núcleo, uma mensagem divina,
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2:56 - 2:58que começou a religião,
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2:58 - 3:00mas então várias tradições, percepções
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3:00 - 3:03e práticas foram acopladas à ela.
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3:03 - 3:06E estas eram tradições do Oriente Médio -- tradições medievais.
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3:07 - 3:10Assim, existem duas mensagens importantes, ou duas lições,
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3:10 - 3:13para tirar dessa realidade.
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3:13 - 3:15Antes de tudo, Muçulmanos --
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3:15 - 3:18Muçulmanos devotos, conservadores e escrupulosos, que desejassem ser leais à sua religião --
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3:18 - 3:21não deveriam se agarrar a tudo na sua cultura,
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3:21 - 3:23pensando que tudo isso é mandamento divino.
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3:23 - 3:25Talvez algumas tradições sejam ruins
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3:25 - 3:27e necessitem ser mudadas.
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3:27 - 3:29Por outro lado, os Ocidentais
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3:29 - 3:31que visualizam a cultura islâmica
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3:31 - 3:33e enxergam alguns aspectos problemáticos
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3:33 - 3:36não deveriam prontamente concluir que isso é o que o Islã determina.
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3:36 - 3:38Talvez sejam aspectos da cultura do Oriente Médio
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3:38 - 3:40que se tornaram confusos com o Islã.
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3:40 - 3:43Lá existe uma prática chamada de circuncisão feminina.
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3:43 - 3:46É algo terrível, realmente horrível.
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3:46 - 3:48É basicamente uma operação
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3:48 - 3:51para privar as mulheres do prazer sexual.
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3:51 - 3:53Ocidentais, Europeus ou Americanos,
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3:53 - 3:56que nada sabiam a respeito disso anteriormente,
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3:56 - 3:58viram essa prática
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3:58 - 4:00inserida dentro de algumas comunidades Muçulmanas
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4:00 - 4:02que migraram do norte da África.
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4:02 - 4:05E pensaram, "Nossa, que religião terrível é essa
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4:05 - 4:07que ordena algo desse tipo."
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4:07 - 4:09Mas, na verdade, quando você analisa a circuncisão feminina,
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4:09 - 4:11você observa que isto não tem nada a ver com o Islã,
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4:11 - 4:13isto é somente uma prática do norte da África,
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4:13 - 4:15que precede o Islã.
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4:15 - 4:17Ela existia a milhares de anos.
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4:17 - 4:20Vale a pena explicar, que alguns Muçulmanos de fato praticam isso.
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4:20 - 4:23Os Muçulmanos do norte da África, não em outros lugares.
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4:23 - 4:26Porém, também aqueles que não são Muçulmanos do norte da África --
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4:26 - 4:28os Animistas, alguns Cristãos
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4:28 - 4:30e mesmo algumas tribos Judias do norte da África
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4:30 - 4:33são conhecidas pela prática feminina da circuncisão.
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4:33 - 4:36Então, o que pode parecer um problema
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4:36 - 4:38dentro da fé Islâmica
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4:38 - 4:40pode vir a ser, na verdade, uma tradição
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4:40 - 4:42à qual os Muçulmanos aderiram.
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4:42 - 4:44O mesmo pode ser dito para os crimes de honra,
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4:44 - 4:47que é um tema recorrente na mídia Ocidental --
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4:47 - 4:50o que é, na verdade, uma tradição horrível.
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4:50 - 4:53E nós, de fato, vemos esta tradição em algumas comunidades Muçulmanas.
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4:53 - 4:56Mas nas comunidades não Muçulmanas do Oriente Médio,
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4:56 - 4:58como em algumas comunidades Cristãs ou mesmo comunidades Orientais,
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4:58 - 5:00você vê a mesma prática.
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5:00 - 5:02Nós tivemos um trágico caso de crime de honra
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5:02 - 5:04dentro da comunidade Armeniana na Turquia
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5:04 - 5:06apenas alguns meses atrás.
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5:06 - 5:08Agora, essas coisas são sobre cultura geral,
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5:08 - 5:11mas também estou bem interessado em cultura política
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5:11 - 5:14e se a liberdade e democracia são apreciadas
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5:14 - 5:17ou se há uma cultura política autoritária
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5:17 - 5:20na qual estado deve impor coisas aos cidadãos.
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5:20 - 5:22E não há nenhum segredo
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5:22 - 5:24que muitos dos movimentos Islâmicos no Oriente Médio
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5:24 - 5:26tendem a ser autoritários,
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5:26 - 5:29e alguns dos assim chamados "Regimes Islâmicos"
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5:29 - 5:31como a Arábia Saudita, Irã
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5:31 - 5:34e o pior caso, o Talibã no Afeganistão,
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5:34 - 5:36são muito autoritários -- sem dúvidas a respeito disso.
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5:36 - 5:38Por exemplo, na Arábia Saudita
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5:38 - 5:41há um fenômeno chamado polícia religiosa.
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5:41 - 5:43E esta polícia religiosa impõe
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5:43 - 5:45o suposto modo de vida islâmico
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5:45 - 5:47em cada cidadão, pela força --
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5:47 - 5:49como as mulheres são forçadas a cobrir suas cabeças --
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5:49 - 5:52vestir a hijab, a cobertura facial Islâmica.
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5:52 - 5:54Isto é muito autoritário
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5:54 - 5:57e é algo do qual eu sou muito crítico.
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5:57 - 6:00Quando eu percebi
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6:00 - 6:02que os não Muçulmanos,
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6:02 - 6:05ou aqueles que não tem a mentalidade Islâmica, agiam similarmente
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6:05 - 6:07em uma mesma região geográfica,
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6:07 - 6:09percebi que o problema talvez
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6:09 - 6:12esteja na política cultural da região como um todo, não somente do Islã.
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6:12 - 6:15Deixe-me dar um exemplo: na Turquia, de onde eu vim,
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6:15 - 6:17-- que é uma república secular --
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6:17 - 6:19até muito recentemente
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6:19 - 6:22constumávamos ter o que chamo de polícia do secularismo,
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6:22 - 6:25a qual vigiava as universidades
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6:25 - 6:27contra estudantes que estavam com a cabeça coberta.
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6:27 - 6:30Em outras palavras, eles forçavam os estudantes
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6:30 - 6:32a descobrirem suas cabeças.
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6:32 - 6:34Assim, acredito que forçar as pessoas a descobrirem as suas cabeças
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6:34 - 6:37é uma atitude tão tirânica quanto forçá-las a cobrir.
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6:37 - 6:39Esta é uma decisão que cabe ao cidadão.
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6:39 - 6:41Porém quanto vi isto, eu disse,
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6:41 - 6:43"Talvez o problema
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6:43 - 6:45seja somente uma cultura autoritária da região,
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6:45 - 6:47e alguns Muçulmanos foram influenciados por ela."
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6:47 - 6:50Mas a mentalidade secular das pessoas pode ser influenciada por isso.
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6:50 - 6:52Talvez este seja um problema da política cultural
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6:52 - 6:54e nós temos que pensar a respeito
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6:54 - 6:56de como mudar essa política cultural.
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6:56 - 6:58Estas são algumas questões
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6:58 - 7:00que tinha em minha cabeça alguns anos atrás
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7:00 - 7:02quanto sentei para escrever um livro.
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7:02 - 7:04Eu disse, "Bem, eu farei uma pesquisa
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7:04 - 7:09sobre como o Islã veio a se transformar no que ele é hoje,
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7:09 - 7:11quais caminhos foram seguidos
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7:11 - 7:13e quais caminhos poderiam ser seguidos."
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7:13 - 7:18O nome do livro é "Islã sem extremos: O caso Muçulmano pela liberdade."
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7:18 - 7:20E como o subtítulo sugere,
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7:20 - 7:23eu examinei a tradição islâmica e a história do pensamento islâmico
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7:23 - 7:25a partir da perspectiva da liberdade individual,
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7:25 - 7:27e tentei encontrar quais são as forças
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7:27 - 7:29que dizem respeito à liberdade individual.
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7:29 - 7:31E existem pontos fortes na tradição Islâmica,
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7:31 - 7:34o Islã, na verdade, enquanto uma religião monoteísta,
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7:34 - 7:38a qual define o homem como um agente responsável por ele mesmo,
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7:38 - 7:40criou a ideia do indivíduo no Oriente Médio
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7:40 - 7:43e o salvou do comunitarismo, o coletivismo
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7:43 - 7:45da tribo.
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7:45 - 7:47Você pode derivar muitas ideias a partir disto.
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7:47 - 7:50Mas além disso, também vejo problemas dentro da tradição Islâmica.
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7:50 - 7:52Porém, uma coisa foi curiosa:
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7:52 - 7:55muitos destes problemas foram problemas que emergiram depois,
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7:55 - 7:58não do mais divino núcleo do Islã, o Corão,
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7:58 - 8:01mas de, mais uma vez, tradições e mentalidades,
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8:01 - 8:03ou interpretações do Corão
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8:03 - 8:05feitas pelos Muçulmanos durante a Idade Média.
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8:05 - 8:07O Corão, por exemplo,
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8:07 - 8:09não tolera apedrejamento.
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8:09 - 8:11Não há punição por apostasia.
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8:11 - 8:14Não há punição em coisas pessoais como bebidas.
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8:14 - 8:18Estas coisas que compõem a Lei Islâmica,
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8:18 - 8:21os aspectos preocupantes da Lei Islâmica,
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8:21 - 8:24foram desenvolvidos posteriormente em interpretações do Islã.
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8:24 - 8:26O que significa que os Muçulmanos podem, hoje,
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8:26 - 8:28enxergar essas coisas e dizer,
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8:28 - 8:30"Bem, o núcleo de nossa religião
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8:30 - 8:32está aqui para ficar conosco.
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8:32 - 8:34É a nossa fé e seremos leais a isso."
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8:34 - 8:36Mas podemos mudar como isto foi interpretado,
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8:36 - 8:39pois foi interpretado de acordo com a época e o meio social da Idade Média.
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8:39 - 8:41Hoje vivemos em um mundo diferente,
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8:41 - 8:43com valores diferentes e diferentes sistemas políticos.
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8:43 - 8:46Esta intepretação é muito possível e factível.
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8:47 - 8:50Agora, se eu fosse a única pessoa que pensasse desta forma,
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8:50 - 8:53estaríamos em grande dificuldade.
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8:53 - 8:55Mas este não é o caso.
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8:55 - 8:58Na verdade, desde o século XIX,
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8:58 - 9:01há uma grande tradição de revisionistas, reformistas --
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9:01 - 9:03ou como queira chamar --
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9:03 - 9:05uma tendência
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9:05 - 9:07do pensamento Islâmico.
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9:07 - 9:09E estes eram intelectuais ou estadistas
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9:09 - 9:12do século XIX e, mais tarde, do século XX,
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9:12 - 9:14que anlisaram basicamente a Europa
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9:14 - 9:16e viram que a Europa tem muitas coisas para se admirar,
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9:16 - 9:18como a ciência e tecnologia.
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9:18 - 9:20Mas não só isso; também a democracia, o parlamento,
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9:20 - 9:22a ideia de representação,
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9:22 - 9:24a ideia de cidadania igual.
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9:24 - 9:27Estes pensadores Muçulmanos, intelectuais e estadistas
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9:27 - 9:30do século XIX, analisaram a Europa e viram estas coisas.
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9:30 - 9:32E disseram, "Porque não temos isto?"
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9:32 - 9:34Assim, olharam para trás na tradição Islâmica
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9:34 - 9:37e viram que havia alguns aspectos problemáticos,
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9:37 - 9:40mas que esses aspectos não eram o núcleo da religião, então talvez eles pudessem reinterpretar
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9:40 - 9:42e o Corão poderia ser relido
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9:42 - 9:44agora no mundo moderno.
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9:44 - 9:46Esta tendência
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9:46 - 9:49é comumente chamada de modernismo Islâmico,
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9:49 - 9:52e foi adiantada por intelectuais e estadistas,
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9:52 - 9:54embora não apenas como uma ideia intelectual,
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9:54 - 9:56mas também como um programa político.
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9:56 - 9:58E este é o porquê de, na verdade, durante o século XIX
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9:58 - 10:01o Império Otomano, que em seguida englobou totalmente o Oriente Médio,
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10:01 - 10:04ter feito importantes reformas --
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10:04 - 10:06reformas como dar aos Cristãos e Judeus
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10:06 - 10:08um status igual de cidadania,
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10:08 - 10:10aceitar uma constituição,
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10:10 - 10:12aceitar um parlamento representativo,
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10:12 - 10:15e avançar na ideia de liberdade de religião.
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10:15 - 10:18E este é o porquê do Império Otomano nas suas últimas décadas
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10:18 - 10:20ter se transformado em uma pseudo-democracia,
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10:20 - 10:22uma monarquia constitucional.
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10:22 - 10:25A liberdade era um valor político muito importante naquela época.
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10:25 - 10:27De maneira similar, no mundo Árabe,
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10:27 - 10:30existe algo que o grante historiador árabe Albert Hourani
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10:30 - 10:32define como Era Liberal.
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10:32 - 10:34Ele escreveu um livro, "Pensamento Árabe sobre a Era Liberal."
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10:34 - 10:36Ele define a Era Liberal
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10:36 - 10:39como o século XIX e o início do século XX.
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10:39 - 10:42De maneira muito especial, esta era a tendência dominante
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10:42 - 10:44nos início do século XX
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10:44 - 10:48entre os pensadores Islâmicos, estadistas e teólogos.
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10:48 - 10:50Mas há um padrão muito curioso
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10:50 - 10:52no restante do século XX,
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10:52 - 10:54pois vemos um drástico declínio
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10:54 - 10:56na linha do pensamento Islâmico moderno.
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10:56 - 10:58E no lugar deste pensamento,
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10:58 - 11:01o que de fato acontece é que o Islamismo cresce
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11:01 - 11:04como uma ideologia autoritária,
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11:04 - 11:06que é muito discordante,
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11:06 - 11:08antiocidental,
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11:08 - 11:10e que quer moldar a sociedade
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11:10 - 11:12baseada em uma visão utópica.
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11:12 - 11:15Dessa forma, o Islamismo é a ideia problemática
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11:15 - 11:17que de fato criou muitos problemas
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11:17 - 11:20no mundo Islâmico durante o século XX.
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11:20 - 11:23E mesmo aquelas formas mais extremas do Islamismo
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11:23 - 11:26levaram ao terrorismo em nome do Islã --
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11:26 - 11:29que é, na verdade, uma prática que eu acredito ser contra o Islã,
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11:29 - 11:32mas alguns extremistas obviamente não pensam dessa forma.
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11:32 - 11:34Mas há uma questão curiosa:
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11:34 - 11:37Se o modernismo Islâmico foi tão popular
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11:37 - 11:39durante o século XIX e o início do século XX,
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11:39 - 11:41por que o Islamismo se tornou tão popular
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11:41 - 11:43no restante do século XX?
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11:43 - 11:45E este é um questionamento que, na minha opinião,
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11:45 - 11:47precisa ser discutido cuidadosamente.
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11:47 - 11:49E no meu livro analisei profundamente esta questão.
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11:49 - 11:53Na verdade, você não precisa ser um cientista espacial para entender isto.
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11:53 - 11:55Você só precisa olhar para a história política do século XX,
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11:55 - 11:57e ver que as coisas mudaram consideravelmente.
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11:57 - 11:59O contexto mudou.
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11:59 - 12:01No século XIX,
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12:01 - 12:03quando os Muçulmanos estavam encarando a Europa como um exemplo,
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12:03 - 12:06eles eram independentes, eles eram mais confiantes em si mesmo.
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12:06 - 12:09No começo do século XX, com o final do Império Otomano,
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12:09 - 12:12todo o Oriente Médio foi colonizado.
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12:12 - 12:14E quando há colonização
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12:14 - 12:16você tem anti-colonização.
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12:16 - 12:19Dessa forma, a Europa não era mais um exemplo a ser seguido;
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12:19 - 12:22era um inimigo para se combater e resistir.
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12:22 - 12:24Então há um agudo declínio
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12:24 - 12:26nas ideias liberais no mundo Muçulmano,
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12:26 - 12:29e o que você vê é mais uma ação defensiva,
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12:29 - 12:32rígida e reacionária,
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12:32 - 12:34que levou ao socialismo Árabe, ao nacionalismo Árabe
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12:34 - 12:37e por fim à ideologia Islâmica.
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12:37 - 12:40Assim, quando o período colonial foi finalizado,
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12:40 - 12:42o que você tinha no lugar disto
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12:42 - 12:44eram, normalmente, ditadores seculares,
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12:44 - 12:46que diziam ser países,
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12:46 - 12:48mas que não traziam democracia para o país
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12:48 - 12:50e estabeleciam o seu próprio regime ditatorial.
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12:50 - 12:53Acredito que o Ocidente, pelo menos alguns poderes no Ocidente,
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12:53 - 12:55particularmente os Estados Unidos,
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12:55 - 12:58cometeram o erro de apoiar esses ditadores seculares,
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12:58 - 13:01acreditando que eles eram mais úteis aos seus interesses.
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13:01 - 13:03Porém, o fato de que esses ditadores
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13:03 - 13:05suprimiam a democracia nos seus países
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13:05 - 13:07e suprimiam grupos Islâmicos nos seus países,
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13:07 - 13:09na verdade, fizeram os Islâmicos muito mais radicais.
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13:09 - 13:11Então durante século XX,
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13:11 - 13:13havia um ciclo vicioso no mundo Árabe,
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13:13 - 13:16onde você tinha um ditador suprimindo o seu próprio povo,
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13:16 - 13:18incluindo os devotos do Islamismo,
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13:18 - 13:21e o povo reagindo de maneira reacionária.
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13:21 - 13:23Houve um país, no entanto,
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13:23 - 13:26que foz capaz de escapar e se manter longe
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13:26 - 13:28deste ciclo vicioso.
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13:28 - 13:31E este é o país de onde eu venho, a Turquia.
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13:31 - 13:33A Turquia nunca foi colonizada,
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13:33 - 13:36se manteve como uma nação independente após a queda do Império Otomano.
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13:36 - 13:38Esta é uma coisa a ser lembrada.
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13:38 - 13:41A Turquia não compartilhava do mesmo clamor anti-colonial
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13:41 - 13:44que você encontrava em outros países da região.
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13:44 - 13:46Em segundo lugar -- e mais importante --
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13:46 - 13:48a Turquia se tornou uma democracia
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13:48 - 13:50antes de qualquer país dos quais estamos falando.
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13:50 - 13:52Em 1950, a Turquia teve a sua primeira eleição livre e justa,
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13:52 - 13:55que finalizou o regime secular mais autoritário,
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13:55 - 13:57o que foi o começo da Turquia.
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13:57 - 13:59Assim, os devotos Muçulmanos na Turquia
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13:59 - 14:03viram que eles poderiam mudar o sistema político através do voto.
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14:03 - 14:06Dessa maneira, viram que a democracia é algo compatível com o Islã,
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14:06 - 14:08compatível com seus valores,
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14:08 - 14:10e apoiaram a democracia.
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14:10 - 14:12Esta é uma experiência
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14:12 - 14:14que nenhuma outra nação Muçulmana no Oriente Médio teve
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14:14 - 14:16até muito recentemente.
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14:16 - 14:18Nas duas últimas décadas,
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14:18 - 14:21graças à globalização, graças à economia de mercado,
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14:21 - 14:23graçar à ascensão da classe média,
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14:23 - 14:25vemos na Turquia
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14:25 - 14:29o que eu defino como o renascimento do modernismo Islâmico
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14:29 - 14:32Lá existe a classe média urbana de devotos Muçulmanos
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14:32 - 14:34que, mais uma vez, enxerga as suas tradições
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14:34 - 14:37e vê que existem alguns problemas com as suas próprias tradições.
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14:37 - 14:40Eles entendem que precisam mudar, questionar e reformar.
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14:40 - 14:42Assim, olharam para a Europa,
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14:42 - 14:45e viram, mais uma vez, um exemplo a ser seguido.
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14:45 - 14:47Veem um exemplo no qual, pelo menos, se inspirarem.
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14:47 - 14:49Este é o porquê do processo na UE,
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14:49 - 14:51o esforço da Turquia em fazer parte da UE
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14:51 - 14:53tem sido apoiado dentro da Turquia
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14:53 - 14:55pelos religiosos Islâmicos,
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14:55 - 14:58enquanto que alguns países seculares foram contrários a isso.
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14:58 - 15:00Bem, este processo tem sido um pouco desfocado
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15:00 - 15:02pelo fato de nem todos europeus serem acolhedores da ideia --
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15:02 - 15:05mas essa é uma outra discussão.
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15:05 - 15:08Mas aquele sentimento a favor da UE na Turquia durante a última década
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15:08 - 15:10se tornou quase uma causa Islâmica,
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15:10 - 15:12apoiada pelos liberais Islâmicos,
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15:12 - 15:15assim como pelos antigos liberais, é claro.
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15:15 - 15:17E graças a isso,
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15:17 - 15:20a Turquia tem sido capaz de criar uma história de sucesso de maneira racional,
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15:20 - 15:25na qual o Islã e as interpretações mais religiosas do Islã
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15:25 - 15:27tem feito parte de um jogo democrático,
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15:27 - 15:29que contribui tanto para o avanço da democracia e da economia
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15:29 - 15:31quanto do próprio país.
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15:31 - 15:34E este tem sido um exemplo inspirador
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15:34 - 15:36para alguns movimentos Islâmicos
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15:36 - 15:39e para alguns países do mundo Árabe.
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15:39 - 15:41Você deve ter ouvido falar da Primavera Árabe,
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15:41 - 15:44que começou da Tunísia e no Egito.
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15:44 - 15:46As massas Árabes
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15:46 - 15:48recém revoltadas contra seus ditadores.
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15:48 - 15:51Eles clamavam por democracia; clamavam por liberdade.
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15:51 - 15:54E eles não vieram a ser as marionetes Islâmicas
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15:54 - 15:56que os ditadores costumavam utilizar
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15:56 - 15:59para justificarem o seu regime.
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15:59 - 16:02Eles disseram "nós queremos liberdade, nós queremos democracia.
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16:02 - 16:04Nós somos Muçulmanos,
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16:04 - 16:07mas queremos viver como pessoas livres em sociedades livres."
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16:07 - 16:09Claro que esta é uma longa jornada.
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16:09 - 16:11Democracia não é uma conquista que se faz do dia para a noite;
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16:11 - 16:13É um processo.
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16:13 - 16:15Mas esta é uma era promissora
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16:15 - 16:17no mundo Muçulmano.
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16:17 - 16:19Acredito que o modernismo Islâmico
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16:19 - 16:21que começou no século XIX,
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16:21 - 16:23e que deve um retrocesso no século XX
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16:23 - 16:25por causa de problemas políticos no mundo Islâmico,
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16:25 - 16:27está renascendo.
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16:27 - 16:30E acredito que a mensagem disso
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16:30 - 16:32é que o Islã,
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16:32 - 16:35apesar de alguns céticos do Ocidente,
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16:35 - 16:37tem o potencial em si mesmo
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16:37 - 16:40de criar o seu próprio caminho na democracia, criar o seu próprio caminho para o liberalismo,
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16:40 - 16:42criar o seu próprio caminho para a liberdade.
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16:42 - 16:44Eles só precisam ter a permissão de trabalhar por isso.
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16:44 - 16:46Muito obrigado.
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16:46 - 16:50(Aplausos)
- Title:
- Mustafa Akyol: Fé versus tradição no Islã
- Speaker:
- Mustafa Akyol
- Description:
-
No TEDxWarwick, o jornalista Mustafa Akyol fala sobre a forma com que algumas práticas culturais (como usar véu) se tornaram, na mente da população, conectadas com os artigos da fé islâmica. Tem o mundo tido uma percepção da fé islâmica muito focada na tradição e não o suficiente nas suas crenças fundamentais?
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:51