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Como o hip-hop nos ajuda a compreender a ciência

  • 0:01 - 0:02
    Como vão vocês?
  • 0:03 - 0:04
    Que bom!
  • 0:04 - 0:06
    Vim aqui para lhes dar
    uma lição de ciência
  • 0:07 - 0:09
    sobre sistemas de acasalamento animal
  • 0:09 - 0:14
    e por que a definição de monogamia
    tem sido um desafio para os cientistas.
  • 0:14 - 0:17
    Mas vocês não precisarão
    de livros nem de aulas on-line.
  • 0:18 - 0:22
    Vocês só terão que revisitar
    a música "O.P.P."
  • 0:22 - 0:24
    do grupo Naughty by Nature.
  • 0:24 - 0:25
    (Risos)
  • 0:25 - 0:27
    Ela foi lançada em 1991.
  • 0:29 - 0:32
    "O.P.P." é uma música
    de perguntas e respostas.
  • 0:32 - 0:36
    Durante a palestra,
    vou colocar a letra na tela,
  • 0:36 - 0:37
    dizer algumas partes,
  • 0:37 - 0:41
    e pedir a vocês que deem a resposta
    quando for sua vez, está bem?
  • 0:41 - 0:42
    (Vivas)
  • 0:42 - 0:44
    Sei que alguns de vocês
    conhecem essa música.
  • 0:44 - 0:47
    Então, preciso que liderem
    com o tempo e o ritmo
  • 0:47 - 0:49
    se puderem, tudo bem?
  • 0:49 - 0:50
    Certo, todos prontos?
  • 0:50 - 0:51
    Plateia: Sim.
  • 0:51 - 0:52
    DNL: ♪ Você curte O.P.P.? ♪
  • 0:52 - 0:54
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 0:54 - 0:55
    DNL: ♪ Você curte O.P.P.? ♪
  • 0:55 - 0:56
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 0:56 - 0:58
    DNL: ♪ Você curte O.P.P.? ♪
  • 0:58 - 0:59
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 0:59 - 1:00
    DNL: Foi perfeito.
  • 1:00 - 1:01
    Obrigada.
  • 1:03 - 1:04
    "O.P.P., como posso explicar isso?
  • 1:04 - 1:06
    Vai ser passo a passo.
  • 1:06 - 1:08
    Para que todos saltem, gritem e cantem
  • 1:08 - 1:11
    O é de 'outros';
    P, de 'pessoas'; coce a cabeça.
  • 1:11 - 1:13
    O último P, bem, não é tão simples."
  • 1:13 - 1:17
    Na música, o MC sugere
    que seja uma palavra de cinco letras,
  • 1:17 - 1:19
    mas, para manter a censura livre,
  • 1:19 - 1:22
    ele se refere a essa palavra
    como "propriedade".
  • 1:22 - 1:23
    (Risos)
  • 1:23 - 1:26
    A música fala sobre trair a pessoa amada.
  • 1:27 - 1:31
    Na época em que essa música
    estava sendo muito tocada,
  • 1:31 - 1:36
    os biólogos estavam em discussão
    sobre se as espécies de aves,
  • 1:36 - 1:42
    particularmente aves canoras e aquáticas,
    eram, na verdade, monogâmicas ou não.
  • 1:42 - 1:45
    Durante décadas,
    gerações de alunos de ciência
  • 1:45 - 1:49
    aprenderam que mais de 90%
    das espécies de aves eram monogâmicas.
  • 1:50 - 1:53
    Um macho e uma fêmea se acasalando
    fielmente pelo resto da vida.
  • 1:53 - 1:56
    Isso foi até o final da década de 1980,
  • 1:56 - 1:58
    quando surgiu uma nova
    técnica laboratorial,
  • 1:59 - 2:03
    que conseguia copiar o DNA
    de uma pequena amostra de tecido ou fluido
  • 2:03 - 2:05
    e decodificar a genética dos indivíduos.
  • 2:05 - 2:07
    Antes dessa técnica,
  • 2:07 - 2:12
    nunca tínhamos a certeza de quem eram
    os pais dos filhotes de aves.
  • 2:13 - 2:15
    Tínhamos apenas nossas anotações de campo,
  • 2:15 - 2:19
    sabíamos quais adultos viviam em um ninho
    e quais alimentavam os filhotes.
  • 2:20 - 2:25
    Bem, descobrimos, após vários estudos,
  • 2:26 - 2:29
    muita prova de infidelidade...
  • 2:29 - 2:31
    (Risos)
  • 2:31 - 2:32
    entre espécies de aves,
  • 2:32 - 2:36
    especialmente as canoras,
    que considerávamos o auge da monogamia.
  • 2:36 - 2:40
    Faria inveja a Maury Povich.
  • 2:40 - 2:42
    (Risos)
  • 2:43 - 2:46
    Abalou tanto a biologia e a ornitologia,
  • 2:46 - 2:50
    que tivemos de modificar e expandir
    toda a definição de monogamia.
  • 2:52 - 2:55
    Foi tão ruim que esta foi a manchete
  • 2:55 - 2:57
    do caderno de ciência do "New York Times",
  • 2:57 - 2:59
    de agosto de 1990:
  • 2:59 - 3:03
    "Acasalamento para o resto da vida?
    Isso não é para aves nem abelhas".
  • 3:03 - 3:04
    (Risos)
  • 3:04 - 3:07
    Tivemos que propor novas definições.
  • 3:08 - 3:11
    A situação em que indivíduos
    mudavam de parceiros,
  • 3:11 - 3:13
    seja entre épocas de reprodução,
  • 3:13 - 3:16
    ou só porque não gostavam
    mais do parceiro?
  • 3:17 - 3:19
    Chamamos agora de "monogamia em série".
  • 3:19 - 3:21
    (Risos)
  • 3:24 - 3:26
    Não sabia que seria tão divertido.
  • 3:26 - 3:27
    (Risos)
  • 3:28 - 3:33
    A situação em que sabemos
    que o macho e a fêmea formam par,
  • 3:33 - 3:35
    e todos os filhotes pertencem
    a ambos os parceiros?
  • 3:35 - 3:37
    Chamamos isso de "monogamia genética".
  • 3:37 - 3:40
    Reconhecemos que só é verdade
  • 3:40 - 3:43
    para cerca de 14%
    das espécies de aves canoras,
  • 3:43 - 3:48
    que tínhamos muita certeza de que eram
    verdadeiramente monogâmicas.
  • 3:48 - 3:50
    Com essa reclassificação,
  • 3:50 - 3:52
    percebemos que, em muitas
    dessas observações de campo,
  • 3:52 - 3:55
    nas quais víamos um macho
    e uma fêmea compartilhando um ninho,
  • 3:56 - 4:00
    mantendo um território
    e até alimentando os filhotes juntos,
  • 4:00 - 4:05
    muitas vezes havia filhotes
    que não pertenciam ao macho.
  • 4:06 - 4:08
    Chamamos isso de "monogamia social".
  • 4:08 - 4:10
    (Risos)
  • 4:11 - 4:13
    E o mecanismo responsável?
  • 4:13 - 4:16
    Cópula extra-par.
  • 4:18 - 4:20
    "É O.P.P., tempo para o que você
    consegue das outras pessoas
  • 4:20 - 4:23
    não há lugar para
    relacionamento, só para..."
  • 4:23 - 4:24
    Plateia: "Comece!"
  • 4:24 - 4:27
    DNL: "Quantos manos por aí
    sabem aonde quero chegar?
  • 4:27 - 4:31
    Quem acha que é errado
    porque eu estava saindo e traindo?
  • 4:31 - 4:34
    Bem, se você acha, isso é O.P.P."
  • 4:34 - 4:36
    Na verdade, isso é C.E.P.,
  • 4:37 - 4:41
    que é a abreviatura de cópula extra-par.
  • 4:41 - 4:43
    (Risos)
  • 4:43 - 4:48
    Definimos cópula extra-par
    como acasalamento extraconjugal.
  • 4:48 - 4:50
    Como estávamos descobrindo
    por meio da ciência,
  • 4:50 - 4:54
    pode levar a filhotes
    que não sejam do parceiro macho.
  • 4:54 - 4:55
    Certo?
  • 4:55 - 4:59
    Descobri o conceito de C.E.P.
    anos mais tarde,
  • 4:59 - 5:02
    após a divulgação da notícia,
    quando eu estava na pós-graduação.
  • 5:02 - 5:05
    Durante uma aula,
  • 5:05 - 5:08
    falando sobre descobertas recentes
    e sistemas de acasalamento,
  • 5:08 - 5:10
    esse assunto surgiu.
  • 5:10 - 5:12
    Enquanto meu professor
    examinava a definição
  • 5:12 - 5:15
    e descrevia todos
    os imprevistos dramáticos
  • 5:15 - 5:17
    que levaram a essas novas revelações,
  • 5:18 - 5:21
    eu estava na aula e me lembrei
    de uma música conhecida.
  • 5:21 - 5:23
    Foi assim: ♪ Você curte O.P.P.? ♪
  • 5:23 - 5:25
    ♪ Eu curto sim! ♪
  • 5:25 - 5:26
    (Risos)
  • 5:26 - 5:29
    É exatamente do que se trata essa música:
  • 5:30 - 5:31
    C.E.P.
  • 5:31 - 5:33
    E reconheci
  • 5:33 - 5:37
    que isso nos dá a oportunidade
    de revisitar essa música.
  • 5:37 - 5:39
    Vamos mudar a letra.
  • 5:40 - 5:42
    Digam C.E.P.
  • 5:42 - 5:43
    Plateia: C.E.P.
  • 5:43 - 5:44
    DNL: Digam C.E.P.!
  • 5:44 - 5:45
    Plateia: C.E.P.!
  • 5:45 - 5:47
    DNL: ♪ Gosto de dizer com orgulho ♪
  • 5:47 - 5:49
    ♪ Quando fizer, seja prudente
    e saiba que importa ♪
  • 5:49 - 5:51
    ♪ Você não curte sair perdendo ♪
  • 5:51 - 5:52
    ♪ Você curte C.E.P.? ♪
  • 5:52 - 5:53
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 5:53 - 5:55
    DNL: ♪ Você curte C.E.P.? ♪
  • 5:55 - 5:56
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 5:56 - 6:00
    DNL: Eu sempre ficava
    com músicas na cabeça
  • 6:00 - 6:02
    enquanto estava na aula de ciências,
  • 6:02 - 6:05
    e acessava esse índice
    de músicas de hip-hop e cultura pop.
  • 6:06 - 6:09
    Mas, ao compartilhar minhas analogias
    com meus professores de ciências,
  • 6:09 - 6:11
    que eram todos homens brancos mais velhos,
  • 6:11 - 6:16
    eu recebia, com frequência,
    olhares vagos e confusos.
  • 6:16 - 6:17
    (Risos)
  • 6:18 - 6:22
    Mas, quando compartilhava com pessoas
    de comunidades como a minha,
  • 6:22 - 6:25
    ou outros colegas de várias comunidades,
  • 6:25 - 6:28
    essa mistura de ciência
    e hip-hop era um sucesso,
  • 6:28 - 6:31
    porque eu estava falando
    com pessoas que se pareciam comigo,
  • 6:31 - 6:34
    ou que, pelo menos, ouviam
    algumas das mesmas músicas.
  • 6:35 - 6:38
    Estávamos compartilhando
    uma linguagem cultural comum.
  • 6:38 - 6:43
    Com essa linguagem, consegui
    trazer novos termos científicos a elas,
  • 6:43 - 6:49
    e juntos compartilhamos uma nova
    compreensão da ciência para a cultura.
  • 6:51 - 6:54
    As referências a músicas de hip-hop
  • 6:54 - 6:58
    são realmente uma boa ferramenta de ensino
  • 6:58 - 7:01
    a alunos da cultura do hip-hop
    ou de comunidades urbanas.
  • 7:01 - 7:05
    Uso essas referências de propósito
    para chegar a esses alunos,
  • 7:05 - 7:08
    recorrendo a um vocabulário
    que eles já conhecem
  • 7:08 - 7:11
    e a sistemas que já compreendem.
  • 7:11 - 7:15
    Nesse processo,
    isso expressa aprovação a eles,
  • 7:15 - 7:18
    a nós e à nossa cultura,
  • 7:18 - 7:20
    como fornecedores de conhecimento.
  • 7:21 - 7:24
    Uso o hip-hop para estruturar
    e comunicar ciência
  • 7:24 - 7:29
    porque estou transmitindo ciência
    intencionalmente a públicos mais amplos,
  • 7:29 - 7:34
    esse alcance público da ciência
    tradicionalmente negligenciado.
  • 7:34 - 7:36
    Nesse processo,
  • 7:36 - 7:39
    estou afirmando a força de espírito
  • 7:39 - 7:43
    que prospera na mente jovem de pessoas
    de todos os bairros em toda parte.
  • 7:44 - 7:46
    Deixem-me perguntar pela última vez:
  • 7:46 - 7:47
    ♪ Você curte C.E.P.? ♪
  • 7:47 - 7:49
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 7:49 - 7:50
    DNL: ♪ Você curte C.E.P.? ♪
  • 7:50 - 7:51
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 7:51 - 7:53
    DNL: ♪ Você curte C.E.P.? ♪
  • 7:53 - 7:54
    Plateia: ♪ Eu curto sim! ♪
  • 7:54 - 7:55
    DNL: ♪ Quem curte C.E.P.? ♪
  • 7:55 - 7:58
    Plateia: ♪ Todos os manos! ♪
  • 7:58 - 7:59
    Obrigada.
  • 7:59 - 8:01
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Como o hip-hop nos ajuda a compreender a ciência
Speaker:
Danielle N. Lee
Description:

No início da década de 1990, um escândalo abalou a biologia evolucionária: cientistas descobriram que as aves canoras, consideradas estritamente monogâmicas, se envolviam no que chamamos educadamente de "cópula extra-par". Nesta lição inesquecível de biologia sobre infidelidade animal, a bolsista TED Danielle N. Lee mostra como ela usa o hip-hop para ensinar ciência, regendo a plateia em uma versão atualizada do sucesso "O.P.P." do grupo de rap Naughty by Nature.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:16

Portuguese, Brazilian subtitles

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