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Transgênero: a história de uma mãe | Susie Green | TEDxTruro

  • 0:16 - 0:22
    Há 20 anos, minha vida tomou
    uma direção completamente inesperada.
  • 0:22 - 0:27
    Eu estava sentada, assistindo televisão
    com meu então filho de quatro anos.
  • 0:27 - 0:30
    E ele disse que precisava
    me contar uma coisa.
  • 0:31 - 0:33
    Eu falei: "Claro, o que é?"
  • 0:34 - 0:36
    Ele se virou pra mim e disse:
  • 0:36 - 0:41
    "Mamãe, Deus cometeu um erro;
    eu devia ser uma menina".
  • 0:43 - 0:45
    Fiquei apavorada,
  • 0:46 - 0:52
    mas isso acabava por explicar tanta coisa,
  • 0:52 - 0:54
    tanta coisa.
  • 0:54 - 0:58
    Mas, como no jogo "Monopoly",
    pulei direto do medo para a negação
  • 0:59 - 1:06
    e disse ao Jack que tudo bem ser
    menino e gostar de coisas de menina,
  • 1:06 - 1:09
    mas que isso não fazia dele uma menina.
  • 1:09 - 1:13
    E ele olhou pra mim, baixou os olhos
  • 1:13 - 1:17
    e não disse mais nada naquele dia.
  • 1:18 - 1:22
    Então, hoje eu queria mostrar o processo
  • 1:22 - 1:26
    que ocorreu nos últimos 24 anos
    da minha vida e da minha criança,
  • 1:26 - 1:29
    e tentar explicar nossa jornada.
  • 1:30 - 1:33
    Assim, de Jack para Jackie.
  • 1:33 - 1:36
    Como é que este bebê de 3,6 quilos...
  • 1:36 - 1:38
    a propósito, ela odeia esta foto,
  • 1:38 - 1:41
    pois diz que ela está parecida
    com um membro do Village People...
  • 1:41 - 1:42
    (Risos)
  • 1:42 - 1:46
    se transformou nesta jovem de 24 anos?
  • 1:46 - 1:49
    Ela gosta desta foto,
    pois se acha sexy nela.
  • 1:50 - 1:54
    Bem, Jack foi meu primeiro filho.
  • 1:54 - 1:58
    Achei que sabia o que esperar,
    mas realmente comecei a notar
  • 1:58 - 2:03
    que, tão logo começou
    a andar e a se expressar,
  • 2:03 - 2:04
    ele gravitava ao redor de coisas
  • 2:04 - 2:07
    vistas sob o estereótipo de "femininas".
  • 2:07 - 2:11
    Mas aquilo não me incomodava;
    não me perturbava nem um pouco.
  • 2:11 - 2:15
    Sempre achei que as crianças
    deviam brincar com o que quisessem,
  • 2:15 - 2:18
    mesmo que não fosse a regra.
  • 2:19 - 2:22
    E, quando tive de voltar ao trabalho
    e deixar Jack na creche,
  • 2:23 - 2:26
    suas roupas favoritas eram o tutu
    e a fantasia da Branca de Neve.
  • 2:27 - 2:28
    Pra mim, estava tudo bem.
  • 2:31 - 2:32
    Mas não para o pai.
  • 2:33 - 2:37
    O pai de Jack sofria, e me culpava.
  • 2:37 - 2:41
    Ele achava que, por permitir
  • 2:41 - 2:43
    que Jack brincasse
    com Polly Pocket e My Little Pony,
  • 2:43 - 2:47
    eu estava encorajando esse comportamento.
  • 2:47 - 2:50
    E eu não concordava,
    o que causava tensões.
  • 2:52 - 2:54
    Eu havia chegado à conclusão,
  • 2:54 - 2:57
    nos seus primeiros dois anos de vida,
  • 2:57 - 3:01
    que eu tinha um menininho
    muito sensível e afeminado
  • 3:01 - 3:03
    que provavelmente era gay.
  • 3:03 - 3:08
    Mas o pai de Jack não aprovava
    aquele comportamento afeminado,
  • 3:08 - 3:11
    e isso criou tanta tensão
    que acabamos na terapia de casal.
  • 3:12 - 3:14
    Fomos pra terapia,
  • 3:14 - 3:17
    e o que nos disseram é que, como pais,
    tínhamos de entrar num acordo,
  • 3:17 - 3:21
    não importava qual fosse,
    mas tínhamos de entrar num acordo.
  • 3:22 - 3:26
    Naquela altura, Tim aparentemente decidiu
    que era eu que tinha de concordar com ele,
  • 3:27 - 3:31
    e assim todos os "brinquedos de menina"
    ou "brinquedos afeminados", coisas assim,
  • 3:31 - 3:33
    foram tirados dele e guardados,
  • 3:33 - 3:36
    e Jack foi informado
    de que aquilo não era apropriado.
  • 3:36 - 3:41
    De repente, um menininho feliz e confiante
  • 3:41 - 3:44
    ficou quieto, retraído, dengoso e choroso.
  • 3:46 - 3:48
    Não gostei nada daquilo e não achei certo.
  • 3:48 - 3:52
    Mas o que me fez fincar o pé
  • 3:52 - 3:56
    foi quando, umas semanas depois,
    minha mãe me ligou e disse:
  • 3:56 - 3:57
    "O que está acontecendo com Jack?"
  • 3:57 - 3:58
    Perguntei: "Como assim?"
  • 3:58 - 4:01
    Ela falou: "Eu liguei uns dias atrás
  • 4:01 - 4:03
    pra perguntar o que ele queria de Natal,
  • 4:03 - 4:06
    e ele levou o telefone
    pra fora da sala e falou:
  • 4:06 - 4:10
    'Uma Barbie Rapunzel,
    mas, por favor, escondido,
  • 4:10 - 4:14
    porque se o papai e a mamãe souberem,
    não vão me deixar brincar'".
  • 4:14 - 4:19
    Aí percebi que eu estava envergonhando
    minha criança e sua escolha de brinquedos,
  • 4:19 - 4:22
    então o embargo dos brinquedos parou.
  • 4:24 - 4:26
    Mas fui consultar minha médica,
  • 4:26 - 4:29
    pois estava perdida
    e não sabia o que fazer.
  • 4:29 - 4:31
    E ela franziu a testa e falou:
  • 4:31 - 4:33
    "Puxa! Que interessante!",
  • 4:33 - 4:37
    o que não ajudou muito,
    pois eu queria algum tipo de orientação.
  • 4:37 - 4:41
    E, assim, ela não foi a primeira,
    e certamente não seria a última,
  • 4:41 - 4:44
    a me dizer que "era uma fase",
  • 4:44 - 4:47
    bem longa, naquela altura, né?
  • 4:48 - 4:50
    E que sairia dela.
  • 4:51 - 4:52
    Mas ela não saiu.
  • 4:52 - 4:54
    E ela continuava a repetir:
  • 4:54 - 4:57
    "Sou menina, sou menina,
    sou uma menina de verdade".
  • 4:57 - 5:00
    Aos seis anos, ela perguntou
    se podia fazer uma cirurgia
  • 5:00 - 5:03
    para virar uma menina.
  • 5:03 - 5:07
    E foi difícil demais para mim,
    como mãe, assistir à sua devastação
  • 5:07 - 5:10
    quando respondi que ela teria
    de esperar até ficar adulta
  • 5:10 - 5:12
    antes que isso pudesse acontecer.
  • 5:12 - 5:16
    Aquilo me mostrou que eu tinha
    de fazer alguma coisa,
  • 5:16 - 5:20
    e que não podia continuar a ignorar
    e fingir que isso não estava acontecendo.
  • 5:20 - 5:22
    Então, fui pesquisar na internet
  • 5:22 - 5:26
    e coloquei: "Meu filho
    quer ser uma menina".
  • 5:27 - 5:29
    E vieram diversos sites,
  • 5:29 - 5:33
    mas acho que o décimo da lista era
    um site chamado "Mermaids", sereias.
  • 5:34 - 5:37
    Então, cliquei nele,
    e tinha um número de telefone.
  • 5:37 - 5:41
    Acabei dando um telefonema
    fundamental pra mim,
  • 5:41 - 5:42
    e conversando com Lynn,
  • 5:42 - 5:45
    que era membro fundadora da instituição.
  • 5:45 - 5:48
    Acho que chorei a conversa inteira,
  • 5:48 - 5:51
    porque foi um alívio grande demais
    finalmente falar com alguém
  • 5:51 - 5:53
    que entendia o que eu estava passando
  • 5:54 - 5:58
    e que apontava semelhanças
    entre suas crianças e a minha.
  • 5:58 - 6:00
    Isso me deu esperança.
  • 6:01 - 6:03
    Aos sete anos, Jackie
    foi indicada para Tavistock,
  • 6:03 - 6:08
    que é uma clínica pública que ajuda
    crianças e jovens com disforia de gênero,
  • 6:08 - 6:10
    e recebeu um diagnóstico
    de disforia de gênero.
  • 6:11 - 6:14
    Sério? Que surpresa!
  • 6:14 - 6:19
    No entanto, aos oito anos, infelizmente,
    o pai dela e eu nos separamos.
  • 6:22 - 6:25
    Mas isso acabou me dando
    muito mais liberdade
  • 6:25 - 6:28
    para deixar Jackie se expressar.
  • 6:29 - 6:34
    A Tavistock disse que ajudava permitir
    que ela usasse roupas de menina em casa,
  • 6:34 - 6:39
    mas que ela precisava permanecer
    como menino fora de casa,
  • 6:39 - 6:40
    e tudo bem.
  • 6:40 - 6:44
    Eu me lembro da nossa primeira ida
    ao shopping pra comprar roupas.
  • 6:44 - 6:47
    Entramos numa loja,
  • 6:47 - 6:49
    e eu falei: "Ali é a seção
    de roupas de menina.
  • 6:49 - 6:52
    Você pode escolher algumas,
    o que você quiser.
  • 6:52 - 6:54
    E o olhar dela foi indescritível.
  • 6:54 - 6:56
    Ela ficou feliz demais.
  • 6:56 - 6:58
    E lá foi ela,
  • 6:58 - 7:01
    e voltou uns dois minutos depois
  • 7:01 - 7:03
    com dois vestidos;
    não conseguia se decidir.
  • 7:03 - 7:07
    E ficou segurando os vestidos, radiante,
  • 7:07 - 7:08
    e falava assim:
  • 7:08 - 7:11
    "Qual deles? De qual você
    gosta mais, deste ou deste?",
  • 7:11 - 7:13
    e fazia uma volta.
  • 7:14 - 7:15
    E eu cá comigo:
  • 7:15 - 7:18
    "Meu Deus, se alguém
    estiver me vendo agora,
  • 7:18 - 7:23
    vai pensar: 'A mãe desse menininho
    com vestidos, o que ela está fazendo?'''
  • 7:23 - 7:26
    E olhei novamente
    pra minha criança na minha frente,
  • 7:26 - 7:29
    olhei bem para o rosto dela e pensei:
  • 7:29 - 7:32
    "Quer saber? Não me importo
    com o que os outros vão pensar.
  • 7:33 - 7:37
    A pessoa mais importante pra mim
    está bem aqui na minha frente".
  • 7:38 - 7:40
    E, aos dez anos, saímos de férias.
  • 7:41 - 7:45
    Passamos três semanas
    em que Jackie viveu como Jackie:
  • 7:45 - 7:48
    pronomes femininos, nome de menina,
    roupas de menina o tempo todo.
  • 7:48 - 7:51
    E aquilo me mostrou
  • 7:51 - 7:55
    como minha criança ficou mais leve,
    mais feliz, muito mais animada,
  • 7:55 - 7:58
    praticamente desde que levantava
    até a hora de dormir,
  • 7:58 - 8:03
    e foi aí que percebi que forçá-la
    a viver como menino na escola
  • 8:03 - 8:06
    era errado, porque eu estava
    passando a ela a mensagem
  • 8:06 - 8:11
    de que querer e precisar ser
    e se expressar como menina
  • 8:11 - 8:16
    era uma vergonha, algo a ser
    escondido, algo secreto.
  • 8:17 - 8:21
    Assim, o último ano do fundamental I
    foi o melhor ano da vida dela na escola.
  • 8:22 - 8:25
    Ela deixou o cabelo crescer,
    usou o uniforme de menina,
  • 8:25 - 8:28
    e, na escola, eles notaram
    uma criança completamente diferente
  • 8:28 - 8:30
    daquela do ano anterior.
  • 8:30 - 8:32
    E as outras crianças foram incríveis!
  • 8:32 - 8:33
    Lembro de uma professora me contar
  • 8:33 - 8:37
    ter ouvido uma conversa
    entre duas das meninas,
  • 8:37 - 8:38
    e uma dizendo pra outra:
  • 8:38 - 8:42
    "Por que o Jack está de cabelo comprido
    e usando roupa de menina?"
  • 8:43 - 8:44
    E a outra respondeu:
  • 8:44 - 8:49
    "Ah, você não sabia? Ele tem o cérebro
    de menina num corpo de menino".
  • 8:49 - 8:50
    (Risos)
  • 8:51 - 8:54
    E a outra: "Ah... entendi".
  • 8:54 - 8:55
    (Risos)
  • 8:56 - 8:58
    E foi isso.
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    Infelizmente, alguns dos pais
    não tinham a mente tão aberta,
  • 9:02 - 9:05
    e tivemos de chamar a polícia
    quando uma mãe,
  • 9:05 - 9:09
    ao buscar o filho quase da mesma idade
    da Jackie na escola,
  • 9:09 - 9:12
    botava a cara pra fora do carro pra xingar
  • 9:12 - 9:14
    minha filha de dez anos,
    que caminhava de volta pra casa.
  • 9:16 - 9:19
    A essa altura, Tim tinha mudado.
  • 9:19 - 9:22
    Ele tinha visto mais e mais
    que não se tratava de uma escolha,
  • 9:22 - 9:25
    que aquilo simplesmente
    fazia parte da nossa filha,
  • 9:26 - 9:31
    e ele agora apoiava... e,
    pra ser sincera, ele come na mão dela.
  • 9:33 - 9:36
    Mas estávamos nos preparando
    para o ensino fundamental II,
  • 9:36 - 9:38
    e a Tavistock estava nos dando
    apoio total e ajudando,
  • 9:38 - 9:42
    mas, quando Jackie pôs
    o pé na escola, foi aniquilada.
  • 9:42 - 9:45
    Completamente aniquilada.
  • 9:45 - 9:49
    E, em duas semanas,
    ela tomou sua primeira overdose.
  • 9:52 - 9:55
    Passei os três anos seguintes
    em alerta de suicídio.
  • 9:56 - 9:57
    E, quando lembro,
  • 9:57 - 10:02
    não sei como dei conta,
    mas também não sei como ela deu.
  • 10:03 - 10:06
    Pra piorar, veio a puberdade.
  • 10:07 - 10:12
    Aos 12 anos de idade, ela começou
    uma puberdade masculina,
  • 10:13 - 10:14
    e foi horrível.
  • 10:14 - 10:16
    Ela começou a se cortar.
  • 10:17 - 10:20
    E ficamos completamente desesperados,
  • 10:20 - 10:24
    e confrontados com o NHS daquele tempo,
    pois é diferente hoje em dia,
  • 10:24 - 10:27
    que não prescrevia nenhum medicamento
    para pausar a puberdade,
  • 10:27 - 10:30
    não importava o sofrimento
    da criança ao passar por esses estágios.
  • 10:32 - 10:35
    Comecei a pesquisar de novo
    e encontrei um médico nos EUA
  • 10:36 - 10:38
    que trabalhava com crianças
    com disforia de gênero,
  • 10:38 - 10:42
    e que prescreveu medicação
    de bloqueio, totalmente reversível,
  • 10:42 - 10:44
    para pausar a puberdade.
  • 10:44 - 10:46
    Se pararmos a medicação,
    a puberdade volta,
  • 10:46 - 10:51
    mas isso dá a jovens como minha filha
    tempo e espaço para viver e ser
  • 10:51 - 10:53
    sem mudança no corpo.
  • 10:53 - 10:57
    Sei que ele parece o Indiana Jones,
    mas é um médico de verdade.
  • 10:58 - 11:02
    É o Dr. Norman Spack, e trabalha
    no hospital infantil de Boston,
  • 11:02 - 11:06
    um especialista mundialmente reconhecido,
    que salvou a vida da minha filha.
  • 11:06 - 11:09
    Não tenho nenhuma dúvida sobre isso.
  • 11:10 - 11:13
    No meio disso tudo,
    altos e baixos na escola,
  • 11:13 - 11:17
    acabamos achando uma escola
    a 12 km de casa,
  • 11:17 - 11:19
    onde ninguém a conhecia,
    a não ser como Jackie,
  • 11:19 - 11:21
    e as coisas meio que acalmaram.
  • 11:21 - 11:25
    Mas o efeito em sua educação
    e sua vida foi profundo.
  • 11:26 - 11:31
    Em três anos, ela tinha
    tido sete overdoses,
  • 11:31 - 11:34
    tudo relacionado
    a abusos e ataques transfóbicos.
  • 11:35 - 11:37
    E uma de suas melhores amigas
  • 11:37 - 11:40
    foi a mentora dos crimes
    de ódio da West Leeds,
  • 11:40 - 11:44
    só para dar uma ideia
    do que Jackie teve de passar.
  • 11:44 - 11:50
    Mas, aos 16 anos, minha filha se submeteu
    a uma cirurgia de redesignação sexual.
  • 11:51 - 11:54
    E, agora, vou deixar
    que ela converse com vocês.
  • 11:54 - 11:56
    (Vídeo) (Música)
  • 11:56 - 12:02
    Jackie: Nasci no corpo de um menino,
    mas tinha a mente e o cérebro de menina.
  • 12:03 - 12:05
    Acho que eu tinha uns cinco anos
    quando falei pra minha mãe:
  • 12:05 - 12:09
    "Deus cometeu um erro; eu não devia...
    este não sou eu. Está errado".
  • 12:10 - 12:13
    Acho que foi aos sete anos
    que comecei a deixar o cabelo crescer,
  • 12:13 - 12:16
    e comecei a vestir uniforme de menina.
  • 12:16 - 12:20
    Na escola, as pessoas foram ótimas comigo,
    realmente me ajudaram muito,
  • 12:21 - 12:23
    assim como muitos colegas.
  • 12:23 - 12:28
    O problema eram alguns pais
    que não aceitavam bem.
  • 12:28 - 12:30
    Quando eu saía da escola e ia pra casa,
  • 12:31 - 12:34
    por duas ou três semanas consecutivas,
  • 12:34 - 12:39
    uma mãe punha a cabeça pra fora
    da janela do carro e berrava, me xingando.
  • 12:39 - 12:43
    Dava pra sentir o ódio.
  • 12:44 - 12:48
    E então entrei no ensino médio,
    que foi um pesadelo.
  • 12:48 - 12:53
    Minha história se espalhou rapidamente.
  • 12:53 - 12:58
    No meu primeiro dia no ensino médio,
  • 13:00 - 13:03
    eu estava na minha sala,
  • 13:03 - 13:09
    e um menino que eu nunca tinha visto
    abriu a porta da sala,
  • 13:09 - 13:13
    e falou: "Ah, aquela aberração
    está aqui? Aquela aberração".
  • 13:13 - 13:17
    Cuspiram em mim, me bateram,
  • 13:21 - 13:24
    e dói demais lembrar
    como as pessoas podem ser cruéis.
  • 13:24 - 13:27
    Foi empoderador passar por tudo isso.
  • 13:27 - 13:30
    Aí, fui convidada a participar
    do "Miss Inglaterra" e pensei:
  • 13:30 - 13:34
    "Devo ser... atraente. Nossa!"
  • 13:34 - 13:37
    Isso me deu o estímulo
    de que eu precisava.
  • 13:38 - 13:41
    É parte da minha história,
    mas não é a história toda,
  • 13:41 - 13:47
    porque, como eu disse,
    sou irmã, cantora, atriz, modelo,
  • 13:47 - 13:51
    tudo isso, antes de ser
    uma "pessoa trans".
  • 13:51 - 13:55
    Odeio isso; por que me rotular?
    Não posso ser uma mulher simplesmente?
  • 13:55 - 13:58
    Todo mundo tem o direito
    de viver a vida como quiser
  • 13:58 - 14:01
    e ser quem quiser, então
    por que seria diferente comigo?
  • 14:02 - 14:04
    Tenho orgulho de tudo por que passei,
  • 14:04 - 14:06
    e não mudaria nada disso agora.
  • 14:06 - 14:12
    É parte do que sou. Está em meu DNA.
    Sou uma mulher, e sempre fui.
  • 14:12 - 14:14
    (Fim da música) (Fim do vídeo)
  • 14:14 - 14:18
    Susie Green: Não consigo assistir; tenho
    de desviar os olhos, pois ainda me afeta.
  • 14:19 - 14:21
    Agora sou a CEO das Mermaids,
  • 14:21 - 14:24
    dirijo a instituição humanitária
    que contactei tantos anos atrás.
  • 14:24 - 14:27
    Isso dá um pouco da ideia da demanda,
    e como está crescendo,
  • 14:28 - 14:31
    e o que estamos enfrentando
    em termos de jovens se assumindo.
  • 14:31 - 14:34
    E o bom é que os pais
    agora estão ouvindo também.
  • 14:35 - 14:36
    Mas dá pra ver a diferença.
  • 14:37 - 14:39
    A sociedade talvez esteja aceitando mais,
  • 14:39 - 14:42
    mas, ao mesmo tempo,
    crianças e jovens pelo país
  • 14:42 - 14:45
    ainda são tratados como a Jackie foi.
  • 14:47 - 14:50
    Esta é uma pesquisa de 2017 da Stonewall:
  • 14:51 - 14:54
    51% das crianças trans sofrem bullying.
  • 14:54 - 14:56
    Uma em dez crianças
    recebe ameaça de morte.
  • 14:56 - 15:00
    E 84% se automutilam
    em comparação com 10% da população.
  • 15:01 - 15:04
    E 45% delas tentam o suicídio
    pelo menos uma vez.
  • 15:05 - 15:07
    Ser transgênero não é
    ter uma doença mental,
  • 15:08 - 15:12
    mas o preconceito, a discriminação
    e o ódio da sociedade
  • 15:12 - 15:14
    levam à ansiedade e depressão.
  • 15:17 - 15:20
    Bem, agora esta é a Jackie.
  • 15:23 - 15:26
    E vocês podem ver...
    ela talvez seja meio diva também,
  • 15:26 - 15:28
    não sei a quem está puxando...
  • 15:29 - 15:32
    mas o mais importante é que ela é feliz.
  • 15:32 - 15:35
    E não é isso o que importa?
  • 15:35 - 15:37
    Muito obrigada.
  • 15:37 - 15:39
    (Aplausos)
Title:
Transgênero: a história de uma mãe | Susie Green | TEDxTruro
Description:

Susie Green compartilha a inspiradora história de sua filha transgênero, que disse a ela, quando tinha quatro anos, que deveria ter nascido menina. Susie é a CEO da organização humanitária Mermaids, que apoia crianças e jovens com variação de gênero, bem como suas famílias. Susie se envolveu com a Mermaids quando precisou de ajuda para sua filha Jackie.

Susie expandiu a capacidade e o orçamento da organização assim como os serviços que ela oferece. Ela faz campanhas para o oferecimento de mais serviços e para uma representação mais respeitosa das pessoas transgênero na mídia.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:03

Portuguese, Brazilian subtitles

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