Return to Video

Do campo para a vida | Paulo Cesar Fonseca do Nascimento Tinga | TEDxLaçadorSalon

  • 0:07 - 0:08
    Bom dia.
  • 0:10 - 0:14
    Vou tentar falar pra vocês o que eu acho,
  • 0:14 - 0:18
    o que eu acredito que me levou
    a estar aqui nesta manhã,
  • 0:19 - 0:22
    palestrando pra vocês no TEDx,
  • 0:22 - 0:24
    que é de suma importância no mundo todo.
  • 0:25 - 0:29
    Numa noite de fevereiro de 2014,
  • 0:29 - 0:32
    no país Peru, numa cidade pequena,
  • 0:34 - 0:35
    num jogo de futebol,
  • 0:35 - 0:38
    onde eu jogava pelo Cruzeiro,
    pela Taça Libertadores,
  • 0:38 - 0:42
    ao entrar em campo no segundo tempo,
  • 0:42 - 0:44
    toda vez que a bola
    vinha em minha direção,
  • 0:44 - 0:46
    onde eu pegava na bola,
  • 0:46 - 0:49
    ouvia um som de macaco e, enfim...
  • 0:50 - 0:54
    Isso foi aumentando a cada
    minuto dentro do jogo.
  • 0:54 - 1:01
    E como nós estávamos perdendo o jogo,
    a gente fica ligado na tensão da partida.
  • 1:01 - 1:03
    Por ser uma partida importante,
  • 1:03 - 1:06
    nem me toquei no que estava acontecendo.
  • 1:06 - 1:09
    Até porque, não era
    a primeira vez que acontecia,
  • 1:09 - 1:14
    a gente vai se acostumando,
    e vai superando tudo isso.
  • 1:15 - 1:19
    Ao término do jogo, faltava pouco
    tempo pra acabar o jogo,
  • 1:19 - 1:22
    eu estava na linha do lado do campo,
  • 1:22 - 1:27
    quando terminou a partida e já estava
    toda a imprensa na beira do campo.
  • 1:27 - 1:29
    A imprensa veio na minha direção
  • 1:29 - 1:32
    e eu imaginando
    que se falaria do resultado,
  • 1:32 - 1:34
    porque a gente tinha perdido o jogo.
  • 1:34 - 1:39
    Na minha cabeça já estava
    com a resposta pronta,
  • 1:39 - 1:45
    porque as perguntas no futebol
    normalmente são sempre as mesmas,
  • 1:45 - 1:47
    então as respostas também são as mesmas.
  • 1:47 - 1:49
    (Risos)
  • 1:50 - 1:54
    Então já estava com ela
    pronta, fica fácil, né?
  • 1:54 - 1:57
    Então imaginei que perguntariam
  • 1:57 - 2:01
    "por que perdeu", "por que não fez o gol",
  • 2:01 - 2:05
    então já tinha aquelas
    mesmas respostas prontas.
  • 2:05 - 2:09
    E pra minha surpresa,
    isso tinha de três a cinco segundos
  • 2:09 - 2:11
    que tinha acabado o jogo,
    foi muito rápido,
  • 2:11 - 2:16
    a pergunta foi diferente de todas que
    eu tinha escutado ao término de um jogo.
  • 2:17 - 2:19
    A pergunta foi a seguinte,
  • 2:19 - 2:21
    me perguntaram o que eu sentia,
  • 2:21 - 2:25
    ou como eu me sentia,
  • 2:25 - 2:27
    depois de ter conquistado tantos títulos,
  • 2:27 - 2:30
    jogado em tantos países,
  • 2:30 - 2:33
    estar sofrendo aquele
    ato de racismo, ou injúria,
  • 2:33 - 2:35
    não lembro muito bem como ele falou,
  • 2:35 - 2:37
    mas num país vizinho ao nosso.
  • 2:37 - 2:39
    E aquilo me surpreendeu,
  • 2:39 - 2:43
    porque como eu falei,
    imaginava a mesma pergunta.
  • 2:43 - 2:48
    E aquilo me surpreendeu
    e eu fiquei meio sem a resposta.
  • 2:48 - 2:50
    Eu peguei o gancho dele,
  • 2:50 - 2:52
    simplesmente como eu não tinha a resposta.
  • 2:52 - 2:59
    Eu peguei o gancho da parte
    que ele falou de conquistas e títulos
  • 2:59 - 3:02
    que eu tinha vencido na minha carreira,
  • 3:02 - 3:07
    e eu falei simplesmente
    que trocaria todos meus títulos
  • 3:07 - 3:09
    por uma igualdade racial, social, enfim...
  • 3:09 - 3:12
    Foi o que eu falei, mas foi muito rápido.
  • 3:13 - 3:15
    E ao término fui para o vestiário,
  • 3:15 - 3:16
    tomei um banho...
  • 3:16 - 3:21
    Não pegava o celular no estádio,
    era uma cidade muito precária.
  • 3:21 - 3:24
    No hotel também pegava muito pouco.
  • 3:24 - 3:28
    Cheguei no hotel e já era tarde,
    aqui no Brasil, era 1h.
  • 3:28 - 3:32
    Peguei o telefone e,
    como de praxe, liguei pra casa.
  • 3:32 - 3:36
    Quando eu liguei pra casa minha família,
    minha esposa, meus filhos, todo mundo
  • 3:36 - 3:40
    perguntando o que tinha acontecido,
    como eu estava, eu falei:
  • 3:40 - 3:44
    "Tô normal, perdi o jogo, né?
  • 3:44 - 3:46
    Chateado, mas faz parte.
  • 3:46 - 3:49
    O esporte é isso,
    você ganha, você perde..."
  • 3:49 - 3:51
    Achando que era isso
    que estavam perguntando.
  • 3:51 - 3:55
    Minha família: "Não, isso que aconteceu",
    e tal, e eu não estava sabendo de nada!
  • 3:57 - 4:02
    Como não tinha internet, nada,
    no quarto, era muito ruim a situação.
  • 4:02 - 4:08
    Aí ela falou: "Não, tá saindo
    em tudo que é site, no mundo todo,
  • 4:08 - 4:14
    o presidente do país falou sobre
    isso, a presidente aqui também,
  • 4:15 - 4:19
    e vários atletas do mundo todo,
    muitas pessoas falando no assunto".
  • 4:19 - 4:24
    Eu fiquei preocupado, porque sou um cara
    que não gosta muito da questão de mídia,
  • 4:24 - 4:30
    sempre gostei de ser valorizado somente
    pelo meu trabalho, pelo que eu conquistei,
  • 4:30 - 4:32
    não gosto dessa questão de...
  • 4:32 - 4:34
    E começou a me assustar isso.
  • 4:34 - 4:40
    Desci no saguão pra falar com o assessor
    de imprensa, o que estava acontecendo,
  • 4:40 - 4:43
    e quando cheguei lá tinha
    muita gente na recepção,
  • 4:43 - 4:48
    imprensa de todo lugar
    que estava ali cobrindo o jogo.
  • 4:48 - 4:51
    Eu subi rápido, ele foi no meu quarto:
    "Olha, o pessoal quer falar contigo".
  • 4:51 - 4:55
    Eu falei: "Não, não tenho nada pra falar.
  • 4:55 - 4:58
    Fala que eu estou dormindo,
    que eu vou dormir, fala qualquer coisa".
  • 5:00 - 5:03
    E quando acordei no outro dia,
    pegamos o voo, cheguei no Brasil,
  • 5:03 - 5:06
    a coisa maior ainda, maior.
  • 5:06 - 5:12
    E aquilo me assustou porque eu não queria
    ver meu nome girando assim tanto.
  • 5:12 - 5:15
    Lógico que não fui eu que procurei aquilo,
  • 5:15 - 5:18
    o que eu fiz foi simplesmente
  • 5:18 - 5:21
    dar uma resposta de quem não
    estava preparado para o assunto
  • 5:21 - 5:23
    mas foi uma resposta
    que veio do meu coração,
  • 5:23 - 5:30
    é o que eu imagino, que todo combate,
    qualquer guerra, qualquer coisa,
  • 5:30 - 5:32
    a única solução pra mim é no amor,
  • 5:32 - 5:36
    então foi o que eu respondi, que trocaria
    todos meus títulos pela igualdade,
  • 5:36 - 5:40
    foi o que me veio na cabeça,
    aproveitando o gancho.
  • 5:40 - 5:43
    E a coisa começou se falar cada vez mais,
  • 5:43 - 5:47
    até que tocou meu telefone.
  • 5:47 - 5:50
    Quem me ligou foi a Dinorah e o Manuel,
  • 5:50 - 5:54
    que são representantes da CUFA,
    a Central Única das Favelas,
  • 5:54 - 5:58
    onde a gente já fez alguns projetos
    juntos de futebol nas comunidades,
  • 5:58 - 6:02
    então já éramos parceiros
    em outras atividades,
  • 6:02 - 6:06
    e falou sobre a gente...
  • 6:07 - 6:08
    Até porque a coisa estava muito grande,
  • 6:08 - 6:12
    de criar uma campanha,
    um projeto, alguma coisa,
  • 6:12 - 6:16
    e começamos a falar sobre nomes,
    sobre como poderia ser feito...
  • 6:16 - 6:19
    e lembro que [entre] vários
    nomes que foram citados
  • 6:19 - 6:22
    tinha um que era "Chutando o Racismo",
  • 6:22 - 6:26
    porque nós estávamos falando
    sobre... era perto da Copa, enfim.
  • 6:27 - 6:28
    Aí chegamos à conclusão,
  • 6:28 - 6:33
    eu dei uma sugestão de nome que eu achava
    que deveria ser "Chutando o Preconceito",
  • 6:33 - 6:37
    e imediatamente eles concordaram
    porque também tinha essa ideia,
  • 6:37 - 6:42
    de que nós deveríamos falar não somente
    do racismo, mas de todo preconceito.
  • 6:42 - 6:49
    Até porque eu acredito que quando eu estou
    palestrando e falando sobre preconceito,
  • 6:49 - 6:54
    eu não preciso falar que sofri
    ou que venha a sofrer,
  • 6:54 - 6:58
    pela cor da pele, ou pelo cabelo, enfim.
  • 6:58 - 7:01
    Assim como eu acredito também
    que quando tem um deficiente,
  • 7:01 - 7:03
    um cadeirante, ou um obeso falando aqui,
  • 7:03 - 7:10
    não precisa falar que o que ele venha
    a sofrer ou sofreu é do problema dele.
  • 7:10 - 7:15
    Pelos olhos a gente vê
    muita coisa, e imaginamos,
  • 7:15 - 7:20
    e todos nós temos um pouquinho
    de preconceito em nosso coração.
  • 7:20 - 7:24
    Tanto o negro, o branco,
    enfim, nós temos isso.
  • 7:24 - 7:29
    O que eu tento passar é que nós
    primeiro aceitamos isso que temos,
  • 7:29 - 7:31
    e tentamos evoluir, melhorar.
  • 7:32 - 7:35
    E aí foi criado o projeto
    "Chutando o Preconceito",
  • 7:35 - 7:39
    um projeto que a primeira
    ação foi no Shopping Total.
  • 7:39 - 7:45
    A gente fez uma atividade muito legal,
    muita gente participou, gente influente,
  • 7:45 - 7:48
    tanto no futebol quanto na mídia.
  • 7:48 - 7:52
    E isso acabou correndo o Brasil todo
  • 7:52 - 7:57
    onde fiz 16 palestras só em 2014.
  • 7:57 - 8:01
    Não fiz mais porque estava
    jogando e não tinha tempo.
  • 8:02 - 8:06
    Muitas destas palestras eram
    no modelo de perguntas e respostas.
  • 8:09 - 8:13
    E o que me surpreendia muito
    é que cada vez que eu palestrava,
  • 8:13 - 8:16
    sempre nas perguntas
    tinha umas perguntas repetidas,
  • 8:16 - 8:21
    que era de como eu superei isso,
  • 8:21 - 8:24
    como eu tive essa tranquilidade
  • 8:24 - 8:29
    pra superar ou pra viver isso e ter calma.
  • 8:29 - 8:32
    Porque isso não foi a primeira vez
    que aconteceu com atleta,
  • 8:32 - 8:37
    isso já aconteceu muito tempo,
    principalmente na Europa; acontece direto,
  • 8:37 - 8:40
    e na maioria das vezes o atleta,
    até com direito ou não,
  • 8:40 - 8:43
    mas cada um reage de uma maneira:
  • 8:43 - 8:46
    muitos saíram de campo,
    muitos jogaram a camisa,
  • 8:46 - 8:49
    muitos reagiram até xingando o torcedor.
  • 8:50 - 8:53
    Eu acredito que cada
    um reage de uma maneira,
  • 8:53 - 8:57
    e a maneira que eu reagi foi essa,
    só dei uma frase bem curta,
  • 8:57 - 9:03
    mas acho que foi isso que se
    diferenciou e o que impactou.
  • 9:03 - 9:10
    Então perguntavam muito isso, como que eu,
    como pessoa, tinha reagido assim.
  • 9:10 - 9:14
    E eu não poderia falar como eu reagi assim
  • 9:14 - 9:17
    sem falar como foi a minha vida,
  • 9:17 - 9:23
    porque a gente não faz nada
    que nós não estamos preparados.
  • 9:23 - 9:26
    E minha preparação, minha base,
  • 9:26 - 9:29
    eu sempre falo que tive
    uma base muito boa...
  • 9:29 - 9:33
    Eu vou explicar pra vocês a minha
    base familiar, que foi muito boa,
  • 9:33 - 9:37
    uma base em que eu fui criado
    só pela minha mãe, praticamente.
  • 9:37 - 9:42
    Com sete anos meu pai nos abandonou,
    ficou só eu e minha irmã mais velha.
  • 9:43 - 9:47
    Uma base onde a minha mãe
    saía às sete horas da manhã
  • 9:47 - 9:50
    e voltava do trabalho às seis.
  • 9:50 - 9:57
    E lembro, é uma das coisas
    que trago à memória muito isso,
  • 9:57 - 10:01
    que a minha mãe, quando
    chegava sexta, sábado e domingo,
  • 10:01 - 10:05
    principalmente sexta e sábado,
    como ela trabalhava num clube,
  • 10:05 - 10:10
    nesse clube tinha festa, baile,
    então ela fazia uma hora extra.
  • 10:11 - 10:14
    E era onde vinha alguma coisa diferente.
  • 10:14 - 10:18
    Lembro que eu chegava do futebol,
    onde eu gostava de jogar,
  • 10:18 - 10:21
    seis horas em casa e minha mãe falava:
  • 10:21 - 10:25
    "Filho, não faz barulho que a mãe vai ter
    que sair às dez de novo pra trabalhar".
  • 10:25 - 10:30
    Eram umas três horinhas que ela tinha
    pra dormir e pra voltar a trabalhar,
  • 10:30 - 10:32
    porque ela trabalhava a madrugada toda.
  • 10:32 - 10:36
    Então isso é a base que eu tenho
    e a memória que eu tenho de infância
  • 10:36 - 10:38
    é uma memória de trabalho,
  • 10:38 - 10:42
    que eu chegava em casa, minha mãe
    tinha acabado de chegar do trabalho,
  • 10:42 - 10:45
    e já estava descansando
    pra trabalhar de novo.
  • 10:45 - 10:49
    Eu acordava de manhã e ela chegava
    às sete, oito horas da manhã,
  • 10:49 - 10:51
    trazendo alguma coisa diferente,
  • 10:51 - 10:56
    talvez uma coisa pra comer
    que eu não via a semana inteira.
  • 10:56 - 10:59
    Então, na minha cabeça, eu imaginava
  • 10:59 - 11:03
    que o trabalho, a honestidade,
    a disciplina de horário que ela tinha,
  • 11:03 - 11:07
    tanto de dormir pra sair já,
    isso trazia coisa boa,
  • 11:07 - 11:11
    porque eu acordava de manhã
    e ficava na janela esperando.
  • 11:11 - 11:14
    Ela vinha cheia de sacolas,
    eu saía correndo pra pegar.
  • 11:14 - 11:19
    Eu fui crescendo imaginando que trabalhar
  • 11:19 - 11:22
    e cumprir os horários era coisa muito boa,
  • 11:22 - 11:25
    porque quando eu pedia um tênis,
    alguma coisa, ela falava:
  • 11:25 - 11:29
    "Essa semana eu vou trabalhar mais tempo,
    então vou conseguir comprar o tênis".
  • 11:29 - 11:34
    Então a base que eu tive foi de trabalho,
    de honestidade, de cumprir horário, enfim.
  • 11:34 - 11:37
    E essa foi uma das coisas
    que eu fui levando na minha carreira,
  • 11:37 - 11:43
    desde quando eu cheguei
    no Grêmio, com 15 anos.
  • 11:43 - 11:47
    Eu sempre falo que eu fui
    educado dentro do esporte,
  • 11:47 - 11:52
    por isso eu incentivo muito todas escolas
    que têm o esporte junto, ou a música,
  • 11:52 - 11:56
    qualquer coisa que discipline,
    que mantenha horários, enfim.
  • 11:59 - 12:02
    Eu acabei levando isso
    a minha vida inteira,
  • 12:02 - 12:06
    então sempre respondi pras pessoas
  • 12:07 - 12:09
    que o horário, o trabalho,
    foi a minha base.
  • 12:09 - 12:11
    Por que eu falo isso?
  • 12:11 - 12:16
    Porque eu vejo muita gente se colocando,
  • 12:16 - 12:18
    e, às vezes, até usando
    isso como desculpa,
  • 12:18 - 12:22
    que não teve base, que foi criado
    só pela mãe ou só pelo pai
  • 12:22 - 12:27
    e que isso foi o que fez falta pra ele.
  • 12:27 - 12:33
    Eu não vejo isso, posso dizer que tive
    muita base e fui criado só pela minha mãe,
  • 12:33 - 12:35
    e minha mãe praticamente
    trabalhando o dia inteiro.
  • 12:35 - 12:40
    Então na verdade, como foi falado aqui,
    a gente escolhe nosso destino,
  • 12:40 - 12:44
    a gente escolhe
    o que quer pegar de exemplo.
  • 12:45 - 12:48
    Eu podia muito bem
    usar isso como desculpa,
  • 12:48 - 12:53
    fui criado só pela minha mãe e não
    via ela, praticamente, só via à noite,
  • 12:53 - 12:54
    e podia usar isso como desculpa
  • 12:54 - 13:01
    e me tornar uma pessoa sem
    objetivos, sem foco, sem profissão.
  • 13:02 - 13:04
    E muitas pessoas falam:
    "Ah, mas ele teve sorte".
  • 13:04 - 13:07
    Eu tive muita sorte mesmo.
  • 13:07 - 13:11
    E toda vez que a sorte me encontrou,
    ela me encontrou trabalhando.
  • 13:11 - 13:13
    Isso foi a grande sorte que eu tive.
  • 13:13 - 13:16
    Sorte quando chegou até mim
    eu nunca estava sem fazer nada,
  • 13:16 - 13:19
    estava sempre trabalhando, esperando ela.
  • 13:19 - 13:24
    Essa é a sorte que eu tenho na minha vida,
  • 13:24 - 13:28
    de ter tido um exemplo da minha mãe,
  • 13:28 - 13:32
    um exemplo de muita luta,
    de muito trabalho.
  • 13:35 - 13:37
    E queria falar pra vocês
  • 13:40 - 13:42
    que me orgulha muito ver,
  • 13:42 - 13:44
    num sábado de manhã,
  • 13:44 - 13:49
    pessoas de diferentes idades e profissões,
  • 13:49 - 13:53
    preocupadas com todos assuntos
    que vão ser falados aqui.
  • 13:53 - 13:59
    Isso mostra que nós temos condições de ser
    um país melhor, de ser uma pessoa melhor.
  • 13:59 - 14:02
    Isso me estimula, porque num sábado
    de manhã a gente com folga,
  • 14:02 - 14:05
    podendo fazer tanta coisa,
    a gente está aqui
  • 14:05 - 14:09
    pra escutar histórias
    diferentes, vidas diferentes.
  • 14:09 - 14:12
    Isso mostra que nós temos
    pessoas dedicadas,
  • 14:12 - 14:15
    pessoas que podem mudar
    o mundo como foi falado aqui.
  • 14:15 - 14:17
    Cada um mudando o seu,
  • 14:17 - 14:23
    a gente vai chegar a um objetivo maior,
    cada um tentando mudar o seu mundo.
  • 14:24 - 14:29
    E isso foi uma das coisas
    que me estimulou,
  • 14:31 - 14:37
    a cada dia, não me tornar simplesmente
    um jogador, me tornar uma pessoa,
  • 14:37 - 14:42
    porque eu sempre pensei que o dia
    que eu parasse de jogar futebol
  • 14:42 - 14:47
    ia ter que dar conta
    do Paulo César como pessoa.
  • 14:48 - 14:51
    Mesmo com erros, com acertos, porque
    nós somos humanos, temos muito isso,
  • 14:51 - 14:57
    mas procurar sempre ter uma vida
    que eu pudesse seguir após o futebol,
  • 14:57 - 14:59
    com respeito como homem.
  • 14:59 - 15:03
    Porque eu acredito que quando
    a gente tem um talento ou faz algo,
  • 15:03 - 15:07
    muitas vezes as pessoas nos aturam
    pelo talento que a gente tem,
  • 15:07 - 15:11
    mas quando a gente é homem
    e tem uma disciplina,
  • 15:11 - 15:15
    as pessoas nos aturam e nos respeitam,
    na verdade, não nos aturam,
  • 15:15 - 15:16
    gostam da gente pelo nosso caráter.
  • 15:16 - 15:21
    E isso foi uma das coisas que eu
    aprendi, e queria passar pra vocês:
  • 15:22 - 15:25
    que através do trabalho,
    através da honestidade,
  • 15:25 - 15:28
    a gente consegue alcançar
    nossos objetivos.
  • 15:28 - 15:33
    E tenho aprendido nos últimos anos
  • 15:33 - 15:37
    a grande malandragem do século.
  • 15:37 - 15:40
    Quando eu falo a palavra malandragem
    muitas pessoas se assustam,
  • 15:40 - 15:43
    e eu também não gosto
    dessa palavra malandragem,
  • 15:43 - 15:46
    mas eu tenho aprendido isso,
  • 15:46 - 15:51
    tenho vivido isso nos meus
    últimos anos de carreira,
  • 15:51 - 15:54
    principalmente por trabalhar
    fora do futebol também,
  • 15:54 - 15:58
    tanto a parte social quanto também
    nas outras áreas, particular,
  • 15:59 - 16:03
    que a grande malandragem
    do século é a honestidade.
  • 16:04 - 16:07
    Isso é uma coisa que parece muito simples,
  • 16:07 - 16:12
    mas a honestidade hoje é a grande
    malandragem do século, tanto no business,
  • 16:12 - 16:15
    tanto no dia a dia, tanto com as pessoas,
  • 16:15 - 16:16
    está muito difícil de ter isso.
  • 16:16 - 16:19
    Hoje todo mundo já pensa na sua vantagem,
  • 16:19 - 16:20
    onde é que vai ganhar,
  • 16:20 - 16:25
    o que eu vou ter pra estar lá,
    então está muito difícil viver isso.
  • 16:25 - 16:28
    Tenho vivido isso nos meus
    últimos anos de carreira
  • 16:28 - 16:33
    e tem me dado uma alegria muito grande.
  • 16:33 - 16:38
    Não estava combinado, mas eu vou
    confidenciar pra vocês aqui
  • 16:39 - 16:42
    que eu vou parar de jogar agora em abril.
  • 16:42 - 16:44
    Estou dando em primeira mão.
  • 16:44 - 16:47
    Senti isso de falar aqui.
  • 16:48 - 16:52
    E vou parar com uma honra muito grande.
  • 16:53 - 16:56
    (Aplausos)
  • 17:27 - 17:28
    Obrigado.
  • 17:30 - 17:31
    Obrigado.
  • 17:31 - 17:37
    Talvez o que todo jogador
    e todo atleta sonha
  • 17:39 - 17:43
    é anunciar isso num estádio cheio,
    como eu vivi a vida inteira.
  • 17:43 - 17:45
    Mas pra mim, o orgulho maior
  • 17:45 - 17:49
    é eu poder estar anunciando isso numa
    sala onde tem tanta gente formada,
  • 17:50 - 17:52
    tanta gente capacitada.
  • 17:52 - 17:56
    Meu sonho desde quando comecei
    a me entender como gente
  • 17:56 - 18:02
    era poder um dia estar em cima dum palco
  • 18:02 - 18:06
    falando pra pessoas
    que verdadeiramente são ídolos.
  • 18:06 - 18:12
    Que pra mim o verdadeiro ídolo
    é um professor, é um médico,
  • 18:12 - 18:14
    aqueles que educam, aqueles que formam.
  • 18:15 - 18:16
    Pra mim esse é o verdadeiro ídolo,
  • 18:16 - 18:19
    aquele que salva vidas,
    aquele que cuida de vidas.
  • 18:20 - 18:23
    Então eu poderia fazer
    isso num estádio lotado,
  • 18:23 - 18:26
    mas eu me orgulho muito
    de poder fazer isso...
  • 18:26 - 18:30
    eu não sei quantas pessoas tem aqui,
    mas eu sei que as pessoas que estão aqui
  • 18:30 - 18:33
    são pessoas que influenciam
    as vidas de verdade.
  • 18:34 - 18:39
    Muito obrigado, foi essa a maneira que eu
    chutei todas dificuldades da minha vida.
  • 18:39 - 18:42
    Eu quero saber como vocês vão chutar
    cada dificuldade da vida de vocês.
  • 18:43 - 18:46
    (Aplausos)
Title:
Do campo para a vida | Paulo Cesar Fonseca do Nascimento Tinga | TEDxLaçadorSalon
Description:

Tinga falou sobre o preconceito sofrido, sobre sua carreira, as decisões importantes e anunciou, de surpresa, sua saída do futebol.

Nascido e criado na Restinga, periferia de Porto Alegre, Tinga teve muitas dificuldades quando criança, e foram essas dificuldades que fizeram com que ele quisesse dar a volta por cima, e mostrar que sim, há esperança para aquele que crê.
Jogador conhecido mundialmente, tendo passagem por diversos times como Grêmio, Internacional, Borussia Dortmund e muitos outros, atualmente joga no Cruzeiro, onde em um dos jogos, sofreu o tão conhecido preconceito.
Mas ele deu a volta por cima e criou a campanha “Chutando o Preconceito”, em parceria com a CUFA, que conta com a ajuda de muitos amigos e hoje, através da mídia, é uma campanha conhecida mundialmente.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
19:01

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions Compare revisions