Do campo para a vida | Paulo Cesar Fonseca do Nascimento Tinga | TEDxLaçadorSalon
-
0:07 - 0:08Bom dia.
-
0:10 - 0:14Vou tentar falar pra vocês o que eu acho,
-
0:14 - 0:18o que eu acredito que me levou
a estar aqui nesta manhã, -
0:19 - 0:22palestrando pra vocês no TEDx,
-
0:22 - 0:24que é de suma importância no mundo todo.
-
0:25 - 0:29Numa noite de fevereiro de 2014,
-
0:29 - 0:32no país Peru, numa cidade pequena,
-
0:34 - 0:35num jogo de futebol,
-
0:35 - 0:38onde eu jogava pelo Cruzeiro,
pela Taça Libertadores, -
0:38 - 0:42ao entrar em campo no segundo tempo,
-
0:42 - 0:44toda vez que a bola
vinha em minha direção, -
0:44 - 0:46onde eu pegava na bola,
-
0:46 - 0:49ouvia um som de macaco e, enfim...
-
0:50 - 0:54Isso foi aumentando a cada
minuto dentro do jogo. -
0:54 - 1:01E como nós estávamos perdendo o jogo,
a gente fica ligado na tensão da partida. -
1:01 - 1:03Por ser uma partida importante,
-
1:03 - 1:06nem me toquei no que estava acontecendo.
-
1:06 - 1:09Até porque, não era
a primeira vez que acontecia, -
1:09 - 1:14a gente vai se acostumando,
e vai superando tudo isso. -
1:15 - 1:19Ao término do jogo, faltava pouco
tempo pra acabar o jogo, -
1:19 - 1:22eu estava na linha do lado do campo,
-
1:22 - 1:27quando terminou a partida e já estava
toda a imprensa na beira do campo. -
1:27 - 1:29A imprensa veio na minha direção
-
1:29 - 1:32e eu imaginando
que se falaria do resultado, -
1:32 - 1:34porque a gente tinha perdido o jogo.
-
1:34 - 1:39Na minha cabeça já estava
com a resposta pronta, -
1:39 - 1:45porque as perguntas no futebol
normalmente são sempre as mesmas, -
1:45 - 1:47então as respostas também são as mesmas.
-
1:47 - 1:49(Risos)
-
1:50 - 1:54Então já estava com ela
pronta, fica fácil, né? -
1:54 - 1:57Então imaginei que perguntariam
-
1:57 - 2:01"por que perdeu", "por que não fez o gol",
-
2:01 - 2:05então já tinha aquelas
mesmas respostas prontas. -
2:05 - 2:09E pra minha surpresa,
isso tinha de três a cinco segundos -
2:09 - 2:11que tinha acabado o jogo,
foi muito rápido, -
2:11 - 2:16a pergunta foi diferente de todas que
eu tinha escutado ao término de um jogo. -
2:17 - 2:19A pergunta foi a seguinte,
-
2:19 - 2:21me perguntaram o que eu sentia,
-
2:21 - 2:25ou como eu me sentia,
-
2:25 - 2:27depois de ter conquistado tantos títulos,
-
2:27 - 2:30jogado em tantos países,
-
2:30 - 2:33estar sofrendo aquele
ato de racismo, ou injúria, -
2:33 - 2:35não lembro muito bem como ele falou,
-
2:35 - 2:37mas num país vizinho ao nosso.
-
2:37 - 2:39E aquilo me surpreendeu,
-
2:39 - 2:43porque como eu falei,
imaginava a mesma pergunta. -
2:43 - 2:48E aquilo me surpreendeu
e eu fiquei meio sem a resposta. -
2:48 - 2:50Eu peguei o gancho dele,
-
2:50 - 2:52simplesmente como eu não tinha a resposta.
-
2:52 - 2:59Eu peguei o gancho da parte
que ele falou de conquistas e títulos -
2:59 - 3:02que eu tinha vencido na minha carreira,
-
3:02 - 3:07e eu falei simplesmente
que trocaria todos meus títulos -
3:07 - 3:09por uma igualdade racial, social, enfim...
-
3:09 - 3:12Foi o que eu falei, mas foi muito rápido.
-
3:13 - 3:15E ao término fui para o vestiário,
-
3:15 - 3:16tomei um banho...
-
3:16 - 3:21Não pegava o celular no estádio,
era uma cidade muito precária. -
3:21 - 3:24No hotel também pegava muito pouco.
-
3:24 - 3:28Cheguei no hotel e já era tarde,
aqui no Brasil, era 1h. -
3:28 - 3:32Peguei o telefone e,
como de praxe, liguei pra casa. -
3:32 - 3:36Quando eu liguei pra casa minha família,
minha esposa, meus filhos, todo mundo -
3:36 - 3:40perguntando o que tinha acontecido,
como eu estava, eu falei: -
3:40 - 3:44"Tô normal, perdi o jogo, né?
-
3:44 - 3:46Chateado, mas faz parte.
-
3:46 - 3:49O esporte é isso,
você ganha, você perde..." -
3:49 - 3:51Achando que era isso
que estavam perguntando. -
3:51 - 3:55Minha família: "Não, isso que aconteceu",
e tal, e eu não estava sabendo de nada! -
3:57 - 4:02Como não tinha internet, nada,
no quarto, era muito ruim a situação. -
4:02 - 4:08Aí ela falou: "Não, tá saindo
em tudo que é site, no mundo todo, -
4:08 - 4:14o presidente do país falou sobre
isso, a presidente aqui também, -
4:15 - 4:19e vários atletas do mundo todo,
muitas pessoas falando no assunto". -
4:19 - 4:24Eu fiquei preocupado, porque sou um cara
que não gosta muito da questão de mídia, -
4:24 - 4:30sempre gostei de ser valorizado somente
pelo meu trabalho, pelo que eu conquistei, -
4:30 - 4:32não gosto dessa questão de...
-
4:32 - 4:34E começou a me assustar isso.
-
4:34 - 4:40Desci no saguão pra falar com o assessor
de imprensa, o que estava acontecendo, -
4:40 - 4:43e quando cheguei lá tinha
muita gente na recepção, -
4:43 - 4:48imprensa de todo lugar
que estava ali cobrindo o jogo. -
4:48 - 4:51Eu subi rápido, ele foi no meu quarto:
"Olha, o pessoal quer falar contigo". -
4:51 - 4:55Eu falei: "Não, não tenho nada pra falar.
-
4:55 - 4:58Fala que eu estou dormindo,
que eu vou dormir, fala qualquer coisa". -
5:00 - 5:03E quando acordei no outro dia,
pegamos o voo, cheguei no Brasil, -
5:03 - 5:06a coisa maior ainda, maior.
-
5:06 - 5:12E aquilo me assustou porque eu não queria
ver meu nome girando assim tanto. -
5:12 - 5:15Lógico que não fui eu que procurei aquilo,
-
5:15 - 5:18o que eu fiz foi simplesmente
-
5:18 - 5:21dar uma resposta de quem não
estava preparado para o assunto -
5:21 - 5:23mas foi uma resposta
que veio do meu coração, -
5:23 - 5:30é o que eu imagino, que todo combate,
qualquer guerra, qualquer coisa, -
5:30 - 5:32a única solução pra mim é no amor,
-
5:32 - 5:36então foi o que eu respondi, que trocaria
todos meus títulos pela igualdade, -
5:36 - 5:40foi o que me veio na cabeça,
aproveitando o gancho. -
5:40 - 5:43E a coisa começou se falar cada vez mais,
-
5:43 - 5:47até que tocou meu telefone.
-
5:47 - 5:50Quem me ligou foi a Dinorah e o Manuel,
-
5:50 - 5:54que são representantes da CUFA,
a Central Única das Favelas, -
5:54 - 5:58onde a gente já fez alguns projetos
juntos de futebol nas comunidades, -
5:58 - 6:02então já éramos parceiros
em outras atividades, -
6:02 - 6:06e falou sobre a gente...
-
6:07 - 6:08Até porque a coisa estava muito grande,
-
6:08 - 6:12de criar uma campanha,
um projeto, alguma coisa, -
6:12 - 6:16e começamos a falar sobre nomes,
sobre como poderia ser feito... -
6:16 - 6:19e lembro que [entre] vários
nomes que foram citados -
6:19 - 6:22tinha um que era "Chutando o Racismo",
-
6:22 - 6:26porque nós estávamos falando
sobre... era perto da Copa, enfim. -
6:27 - 6:28Aí chegamos à conclusão,
-
6:28 - 6:33eu dei uma sugestão de nome que eu achava
que deveria ser "Chutando o Preconceito", -
6:33 - 6:37e imediatamente eles concordaram
porque também tinha essa ideia, -
6:37 - 6:42de que nós deveríamos falar não somente
do racismo, mas de todo preconceito. -
6:42 - 6:49Até porque eu acredito que quando eu estou
palestrando e falando sobre preconceito, -
6:49 - 6:54eu não preciso falar que sofri
ou que venha a sofrer, -
6:54 - 6:58pela cor da pele, ou pelo cabelo, enfim.
-
6:58 - 7:01Assim como eu acredito também
que quando tem um deficiente, -
7:01 - 7:03um cadeirante, ou um obeso falando aqui,
-
7:03 - 7:10não precisa falar que o que ele venha
a sofrer ou sofreu é do problema dele. -
7:10 - 7:15Pelos olhos a gente vê
muita coisa, e imaginamos, -
7:15 - 7:20e todos nós temos um pouquinho
de preconceito em nosso coração. -
7:20 - 7:24Tanto o negro, o branco,
enfim, nós temos isso. -
7:24 - 7:29O que eu tento passar é que nós
primeiro aceitamos isso que temos, -
7:29 - 7:31e tentamos evoluir, melhorar.
-
7:32 - 7:35E aí foi criado o projeto
"Chutando o Preconceito", -
7:35 - 7:39um projeto que a primeira
ação foi no Shopping Total. -
7:39 - 7:45A gente fez uma atividade muito legal,
muita gente participou, gente influente, -
7:45 - 7:48tanto no futebol quanto na mídia.
-
7:48 - 7:52E isso acabou correndo o Brasil todo
-
7:52 - 7:57onde fiz 16 palestras só em 2014.
-
7:57 - 8:01Não fiz mais porque estava
jogando e não tinha tempo. -
8:02 - 8:06Muitas destas palestras eram
no modelo de perguntas e respostas. -
8:09 - 8:13E o que me surpreendia muito
é que cada vez que eu palestrava, -
8:13 - 8:16sempre nas perguntas
tinha umas perguntas repetidas, -
8:16 - 8:21que era de como eu superei isso,
-
8:21 - 8:24como eu tive essa tranquilidade
-
8:24 - 8:29pra superar ou pra viver isso e ter calma.
-
8:29 - 8:32Porque isso não foi a primeira vez
que aconteceu com atleta, -
8:32 - 8:37isso já aconteceu muito tempo,
principalmente na Europa; acontece direto, -
8:37 - 8:40e na maioria das vezes o atleta,
até com direito ou não, -
8:40 - 8:43mas cada um reage de uma maneira:
-
8:43 - 8:46muitos saíram de campo,
muitos jogaram a camisa, -
8:46 - 8:49muitos reagiram até xingando o torcedor.
-
8:50 - 8:53Eu acredito que cada
um reage de uma maneira, -
8:53 - 8:57e a maneira que eu reagi foi essa,
só dei uma frase bem curta, -
8:57 - 9:03mas acho que foi isso que se
diferenciou e o que impactou. -
9:03 - 9:10Então perguntavam muito isso, como que eu,
como pessoa, tinha reagido assim. -
9:10 - 9:14E eu não poderia falar como eu reagi assim
-
9:14 - 9:17sem falar como foi a minha vida,
-
9:17 - 9:23porque a gente não faz nada
que nós não estamos preparados. -
9:23 - 9:26E minha preparação, minha base,
-
9:26 - 9:29eu sempre falo que tive
uma base muito boa... -
9:29 - 9:33Eu vou explicar pra vocês a minha
base familiar, que foi muito boa, -
9:33 - 9:37uma base em que eu fui criado
só pela minha mãe, praticamente. -
9:37 - 9:42Com sete anos meu pai nos abandonou,
ficou só eu e minha irmã mais velha. -
9:43 - 9:47Uma base onde a minha mãe
saía às sete horas da manhã -
9:47 - 9:50e voltava do trabalho às seis.
-
9:50 - 9:57E lembro, é uma das coisas
que trago à memória muito isso, -
9:57 - 10:01que a minha mãe, quando
chegava sexta, sábado e domingo, -
10:01 - 10:05principalmente sexta e sábado,
como ela trabalhava num clube, -
10:05 - 10:10nesse clube tinha festa, baile,
então ela fazia uma hora extra. -
10:11 - 10:14E era onde vinha alguma coisa diferente.
-
10:14 - 10:18Lembro que eu chegava do futebol,
onde eu gostava de jogar, -
10:18 - 10:21seis horas em casa e minha mãe falava:
-
10:21 - 10:25"Filho, não faz barulho que a mãe vai ter
que sair às dez de novo pra trabalhar". -
10:25 - 10:30Eram umas três horinhas que ela tinha
pra dormir e pra voltar a trabalhar, -
10:30 - 10:32porque ela trabalhava a madrugada toda.
-
10:32 - 10:36Então isso é a base que eu tenho
e a memória que eu tenho de infância -
10:36 - 10:38é uma memória de trabalho,
-
10:38 - 10:42que eu chegava em casa, minha mãe
tinha acabado de chegar do trabalho, -
10:42 - 10:45e já estava descansando
pra trabalhar de novo. -
10:45 - 10:49Eu acordava de manhã e ela chegava
às sete, oito horas da manhã, -
10:49 - 10:51trazendo alguma coisa diferente,
-
10:51 - 10:56talvez uma coisa pra comer
que eu não via a semana inteira. -
10:56 - 10:59Então, na minha cabeça, eu imaginava
-
10:59 - 11:03que o trabalho, a honestidade,
a disciplina de horário que ela tinha, -
11:03 - 11:07tanto de dormir pra sair já,
isso trazia coisa boa, -
11:07 - 11:11porque eu acordava de manhã
e ficava na janela esperando. -
11:11 - 11:14Ela vinha cheia de sacolas,
eu saía correndo pra pegar. -
11:14 - 11:19Eu fui crescendo imaginando que trabalhar
-
11:19 - 11:22e cumprir os horários era coisa muito boa,
-
11:22 - 11:25porque quando eu pedia um tênis,
alguma coisa, ela falava: -
11:25 - 11:29"Essa semana eu vou trabalhar mais tempo,
então vou conseguir comprar o tênis". -
11:29 - 11:34Então a base que eu tive foi de trabalho,
de honestidade, de cumprir horário, enfim. -
11:34 - 11:37E essa foi uma das coisas
que eu fui levando na minha carreira, -
11:37 - 11:43desde quando eu cheguei
no Grêmio, com 15 anos. -
11:43 - 11:47Eu sempre falo que eu fui
educado dentro do esporte, -
11:47 - 11:52por isso eu incentivo muito todas escolas
que têm o esporte junto, ou a música, -
11:52 - 11:56qualquer coisa que discipline,
que mantenha horários, enfim. -
11:59 - 12:02Eu acabei levando isso
a minha vida inteira, -
12:02 - 12:06então sempre respondi pras pessoas
-
12:07 - 12:09que o horário, o trabalho,
foi a minha base. -
12:09 - 12:11Por que eu falo isso?
-
12:11 - 12:16Porque eu vejo muita gente se colocando,
-
12:16 - 12:18e, às vezes, até usando
isso como desculpa, -
12:18 - 12:22que não teve base, que foi criado
só pela mãe ou só pelo pai -
12:22 - 12:27e que isso foi o que fez falta pra ele.
-
12:27 - 12:33Eu não vejo isso, posso dizer que tive
muita base e fui criado só pela minha mãe, -
12:33 - 12:35e minha mãe praticamente
trabalhando o dia inteiro. -
12:35 - 12:40Então na verdade, como foi falado aqui,
a gente escolhe nosso destino, -
12:40 - 12:44a gente escolhe
o que quer pegar de exemplo. -
12:45 - 12:48Eu podia muito bem
usar isso como desculpa, -
12:48 - 12:53fui criado só pela minha mãe e não
via ela, praticamente, só via à noite, -
12:53 - 12:54e podia usar isso como desculpa
-
12:54 - 13:01e me tornar uma pessoa sem
objetivos, sem foco, sem profissão. -
13:02 - 13:04E muitas pessoas falam:
"Ah, mas ele teve sorte". -
13:04 - 13:07Eu tive muita sorte mesmo.
-
13:07 - 13:11E toda vez que a sorte me encontrou,
ela me encontrou trabalhando. -
13:11 - 13:13Isso foi a grande sorte que eu tive.
-
13:13 - 13:16Sorte quando chegou até mim
eu nunca estava sem fazer nada, -
13:16 - 13:19estava sempre trabalhando, esperando ela.
-
13:19 - 13:24Essa é a sorte que eu tenho na minha vida,
-
13:24 - 13:28de ter tido um exemplo da minha mãe,
-
13:28 - 13:32um exemplo de muita luta,
de muito trabalho. -
13:35 - 13:37E queria falar pra vocês
-
13:40 - 13:42que me orgulha muito ver,
-
13:42 - 13:44num sábado de manhã,
-
13:44 - 13:49pessoas de diferentes idades e profissões,
-
13:49 - 13:53preocupadas com todos assuntos
que vão ser falados aqui. -
13:53 - 13:59Isso mostra que nós temos condições de ser
um país melhor, de ser uma pessoa melhor. -
13:59 - 14:02Isso me estimula, porque num sábado
de manhã a gente com folga, -
14:02 - 14:05podendo fazer tanta coisa,
a gente está aqui -
14:05 - 14:09pra escutar histórias
diferentes, vidas diferentes. -
14:09 - 14:12Isso mostra que nós temos
pessoas dedicadas, -
14:12 - 14:15pessoas que podem mudar
o mundo como foi falado aqui. -
14:15 - 14:17Cada um mudando o seu,
-
14:17 - 14:23a gente vai chegar a um objetivo maior,
cada um tentando mudar o seu mundo. -
14:24 - 14:29E isso foi uma das coisas
que me estimulou, -
14:31 - 14:37a cada dia, não me tornar simplesmente
um jogador, me tornar uma pessoa, -
14:37 - 14:42porque eu sempre pensei que o dia
que eu parasse de jogar futebol -
14:42 - 14:47ia ter que dar conta
do Paulo César como pessoa. -
14:48 - 14:51Mesmo com erros, com acertos, porque
nós somos humanos, temos muito isso, -
14:51 - 14:57mas procurar sempre ter uma vida
que eu pudesse seguir após o futebol, -
14:57 - 14:59com respeito como homem.
-
14:59 - 15:03Porque eu acredito que quando
a gente tem um talento ou faz algo, -
15:03 - 15:07muitas vezes as pessoas nos aturam
pelo talento que a gente tem, -
15:07 - 15:11mas quando a gente é homem
e tem uma disciplina, -
15:11 - 15:15as pessoas nos aturam e nos respeitam,
na verdade, não nos aturam, -
15:15 - 15:16gostam da gente pelo nosso caráter.
-
15:16 - 15:21E isso foi uma das coisas que eu
aprendi, e queria passar pra vocês: -
15:22 - 15:25que através do trabalho,
através da honestidade, -
15:25 - 15:28a gente consegue alcançar
nossos objetivos. -
15:28 - 15:33E tenho aprendido nos últimos anos
-
15:33 - 15:37a grande malandragem do século.
-
15:37 - 15:40Quando eu falo a palavra malandragem
muitas pessoas se assustam, -
15:40 - 15:43e eu também não gosto
dessa palavra malandragem, -
15:43 - 15:46mas eu tenho aprendido isso,
-
15:46 - 15:51tenho vivido isso nos meus
últimos anos de carreira, -
15:51 - 15:54principalmente por trabalhar
fora do futebol também, -
15:54 - 15:58tanto a parte social quanto também
nas outras áreas, particular, -
15:59 - 16:03que a grande malandragem
do século é a honestidade. -
16:04 - 16:07Isso é uma coisa que parece muito simples,
-
16:07 - 16:12mas a honestidade hoje é a grande
malandragem do século, tanto no business, -
16:12 - 16:15tanto no dia a dia, tanto com as pessoas,
-
16:15 - 16:16está muito difícil de ter isso.
-
16:16 - 16:19Hoje todo mundo já pensa na sua vantagem,
-
16:19 - 16:20onde é que vai ganhar,
-
16:20 - 16:25o que eu vou ter pra estar lá,
então está muito difícil viver isso. -
16:25 - 16:28Tenho vivido isso nos meus
últimos anos de carreira -
16:28 - 16:33e tem me dado uma alegria muito grande.
-
16:33 - 16:38Não estava combinado, mas eu vou
confidenciar pra vocês aqui -
16:39 - 16:42que eu vou parar de jogar agora em abril.
-
16:42 - 16:44Estou dando em primeira mão.
-
16:44 - 16:47Senti isso de falar aqui.
-
16:48 - 16:52E vou parar com uma honra muito grande.
-
16:53 - 16:56(Aplausos)
-
17:27 - 17:28Obrigado.
-
17:30 - 17:31Obrigado.
-
17:31 - 17:37Talvez o que todo jogador
e todo atleta sonha -
17:39 - 17:43é anunciar isso num estádio cheio,
como eu vivi a vida inteira. -
17:43 - 17:45Mas pra mim, o orgulho maior
-
17:45 - 17:49é eu poder estar anunciando isso numa
sala onde tem tanta gente formada, -
17:50 - 17:52tanta gente capacitada.
-
17:52 - 17:56Meu sonho desde quando comecei
a me entender como gente -
17:56 - 18:02era poder um dia estar em cima dum palco
-
18:02 - 18:06falando pra pessoas
que verdadeiramente são ídolos. -
18:06 - 18:12Que pra mim o verdadeiro ídolo
é um professor, é um médico, -
18:12 - 18:14aqueles que educam, aqueles que formam.
-
18:15 - 18:16Pra mim esse é o verdadeiro ídolo,
-
18:16 - 18:19aquele que salva vidas,
aquele que cuida de vidas. -
18:20 - 18:23Então eu poderia fazer
isso num estádio lotado, -
18:23 - 18:26mas eu me orgulho muito
de poder fazer isso... -
18:26 - 18:30eu não sei quantas pessoas tem aqui,
mas eu sei que as pessoas que estão aqui -
18:30 - 18:33são pessoas que influenciam
as vidas de verdade. -
18:34 - 18:39Muito obrigado, foi essa a maneira que eu
chutei todas dificuldades da minha vida. -
18:39 - 18:42Eu quero saber como vocês vão chutar
cada dificuldade da vida de vocês. -
18:43 - 18:46(Aplausos)
- Title:
- Do campo para a vida | Paulo Cesar Fonseca do Nascimento Tinga | TEDxLaçadorSalon
- Description:
-
Tinga falou sobre o preconceito sofrido, sobre sua carreira, as decisões importantes e anunciou, de surpresa, sua saída do futebol.
Nascido e criado na restinga, Tinga teve muitas dificuldades quando criança, e foram essas dificuldades que fizeram com que ele quisesse dar a volta por cima, e mostrar que sim, há esperança para aquele que crê.
Jogador conhecido mundialmente, tendo passagem por diversos times como Grêmio, Internacional, Borussia Dortmund e muitos outros, atualmente joga no Cruzeiro, onde em um dos jogos, sofreu o tão conhecido preconceito.
Mas ele deu a volta por cima e criou a campanha “Chutando o Preconceito”, em parceria com a CUFA, que conta com a ajuda de muitos amigos e hoje, através da mídia, é uma campanha conhecida mundialmente.Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:01