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A nova urgência da alteração climática

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    Chris Anderson: Bem-vindo, Al.
  • 0:02 - 0:04
    Olha, apenas há seis meses
  • 0:05 - 0:08
    — parece que foi há uma eternidade,
    mas foram mesmo só seis meses —
  • 0:09 - 0:14
    o clima era um assunto muito falado
    por qualquer pessoa no planeta.
  • 0:15 - 0:19
    Os acontecimentos recentes parecem
    ter desviado toda a nossa atenção.
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    Estás muito preocupado com isso?
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    Al Gore: Bem, antes de tudo, Chris,
    muito obrigado por me teres convidado
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    para esta conversa.
  • 0:27 - 0:31
    As pessoas estão a reagir
    de formas diferentes
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    à crise climática
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    no meio de todos estes
    grandes problemas
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    que se apoderaram da nossa atenção,
  • 0:38 - 0:40
    adequadamente.
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    Uma das razões é algo que mencionaste.
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    As pessoas percebem que,
    quando os cientistas as avisam
  • 0:48 - 0:50
    com termos cada vez mais terríveis
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    e as deixam com os cabelos em pé,
    por assim dizer,
  • 0:52 - 0:55
    é melhor ouvir
    o que eles estão a dizer.
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    Acho que esta lição começou
    a ser entendida de um novo modo.
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    Outra similaridade, já agora,
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    é que a crise climática,
    tal como a pandemia da COVID-19,
  • 1:07 - 1:10
    tem revelado de uma nova forma
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    as injustiças chocantes,
    as desigualdades e disparidades
  • 1:14 - 1:18
    que afetam as comunidades de cor
  • 1:18 - 1:20
    e as comunidades de rendimentos baixos.
  • 1:21 - 1:23
    Há diferenças.
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    A crise climática tem efeitos
    que não se medem em anos,
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    como acontece com a pandemia,
  • 1:30 - 1:34
    mas tem consequências que se medem
    em séculos ou ainda mais tempo.
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    A outra diferença é que,
    em vez de reprimir a atividade económica,
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    para lidar com a crise climática,
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    como as nações de todo o mundo
    tiveram de fazer com a COVID-19,
  • 1:47 - 1:51
    temos a oportunidade de criar
    dezenas de milhões de novos empregos.
  • 1:51 - 1:54
    Isto soa a conversa política,
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    mas é literalmente a verdade.
  • 1:57 - 1:58
    Nos últimos cinco anos,
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    o emprego que mais cresceu nos EUA
    foi o de instalador de painéis solares.
  • 2:02 - 2:06
    O segundo que mais cresceu
    foi o de técnico de turbinas eólicas.
  • 2:06 - 2:11
    E o "Oxford Review of Economics",
    apenas há umas semanas,
  • 2:11 - 2:16
    apontou o caminho para uma recuperação,
    rica em postos de trabalho,
  • 2:16 - 2:20
    se dermos ênfase às energias renováveis
    e à tecnologia sustentável.
  • 2:21 - 2:24
    Por isso, penso que estamos
    a chegar a um ponto de viragem,
  • 2:24 - 2:27
    e só precisamos de olhar
    para os planos de recuperação
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    que estão a ser apresentados
    em nações de todo o mundo
  • 2:30 - 2:35
    para vermos que eles estão muito
    virados para uma recuperação sustentável.
  • 2:35 - 2:38
    CA: Quer dizer, um impacto óbvio
    da pandemia
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    é que ela provocou uma paragem arrepiante
    na economia mundial
  • 2:42 - 2:45
    reduzindo as emissões de gases
    com efeito de estufa.
  • 2:46 - 2:49
    Até que ponto tem sido este efeito,
  • 2:49 - 2:52
    e será inequivocamente
    uma boa notícia?
  • 2:53 - 2:56
    AG: De certa forma,
    isso é uma ilusão, Chris.
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    Basta olharmos para
    a Grande Recessão em 2008 e 2009,
  • 3:02 - 3:06
    quando houve uma redução
    de 1% nas emissões.
  • 3:06 - 3:08
    Mas depois, em 2010,
  • 3:08 - 3:11
    elas voltaram em força
    durante a recuperação
  • 3:11 - 3:13
    com um aumento de 4%.
  • 3:13 - 3:18
    As últimas estimativas são de que
    as emissões diminuirão em 5%,
  • 3:18 - 3:21
    durante este "coma induzido",
  • 3:21 - 3:26
    como descreveu o economista
    Paul Krugman de forma tão perspicaz,
  • 3:27 - 3:31
    mas, quer aconteça ou não, o mesmo
    que aconteceu durante a grande recessão,
  • 3:31 - 3:34
    isso, em parte, depende de nós,
  • 3:34 - 3:38
    e se os planos sustentáveis da recuperação
    da economia forem mesmo implementados
  • 3:38 - 3:42
    — e eu sei que muitos países
    estão determinados em implementá-los —
  • 3:42 - 3:46
    não precisamos de repetir esse padrão.
  • 3:46 - 3:49
    Afinal de contas,
    todo este processo está a ocorrer
  • 3:49 - 3:56
    durante um período
    em que o custo das energias renováveis
  • 3:56 - 3:58
    dos veículos elétricos, das baterias
  • 3:58 - 4:01
    e de uma série de outras
    abordagens à sustentabilidade
  • 4:01 - 4:05
    continuam a baixar de preço,
  • 4:05 - 4:08
    e estão a tornar-se
    muito mais competitivas.
  • 4:08 - 4:13
    Apenas uma rápida referência
    à rapidez com que isto se passa:
  • 4:13 - 4:16
    há cinco anos, a eletricidade
    produzida pela energia solar e eólica
  • 4:16 - 4:20
    era mais barata do que a eletricidade
    proveniente das energias fósseis
  • 4:20 - 4:21
    apenas em 1% do mundo.
  • 4:21 - 4:24
    Este ano, está mais barata
    em dois terços do mundo,
  • 4:24 - 4:26
    e daqui a cinco anos,
  • 4:26 - 4:30
    vai ser mais barata
    praticamente em 100% do mundo.
  • 4:31 - 4:35
    Os veículos elétricos vão ter
    um custo competitivo dentro de dois anos,
  • 4:35 - 4:38
    e continuarão a diminuir de preço.
  • 4:39 - 4:41
    Há mudanças em curso
  • 4:41 - 4:46
    que poderão interromper o padrão
    que vimos após a Grande Recessão.
  • 4:46 - 4:50
    CA: Essas diferenças de preços
    que acontecem no mundo
  • 4:50 - 4:53
    ocorrem por causa de diferentes
    quantidades de sol e de vento
  • 4:53 - 4:56
    e por causa de diferentes
    custos de construção, etc.
  • 4:57 - 5:01
    AG: Sim, e as políticas governamentais
    também têm muita responsabilidade.
  • 5:01 - 5:05
    O mundo continua a subsidiar
    os combustíveis fósseis
  • 5:05 - 5:07
    numa quantia ridícula,
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    muito mais em países em desenvolvimento
    do que nos EUA e nos países desenvolvidos,
  • 5:12 - 5:16
    mas também é subsidiado aqui.
  • 5:16 - 5:18
    Mas em todo o mundo,
  • 5:18 - 5:23
    a energia eólica e a solar serão
    fontes de energia elétrica mais baratas
  • 5:23 - 5:24
    do que os combustíveis fósseis,
  • 5:24 - 5:26
    dentro de poucos anos.
  • 5:27 - 5:30
    CA: Eu acho que ouvi dizer
    que a queda nas emissões
  • 5:30 - 5:32
    causada pela pandemia
  • 5:32 - 5:35
    não é muito mais do que
    a redução de que vamos precisar
  • 5:35 - 5:37
    todos os anos
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    se quisermos
    cumprir as metas das emissões.
  • 5:41 - 5:42
    Isso é verdade?
  • 5:42 - 5:45
    E, se é, não parece
    terrivelmente desanimador?
  • 5:46 - 5:49
    AG: Parece desanimador,
    mas primeiro olha bem para o número.
  • 5:49 - 5:52
    Esse número resultou de um estudo
    de há pouco mais de um ano,
  • 5:52 - 5:54
    lançado pelo IPCC
  • 5:55 - 5:58
    quanto ao que seria necessário para evitar
  • 5:58 - 6:03
    que as temperaturas da Terra aumentassem
    mais do que 1,5 graus Celsius.
  • 6:03 - 6:08
    E sim, as reduções anuais
    seriam significativas,
  • 6:08 - 6:11
    na ordem do que vimos com a pandemia.
  • 6:11 - 6:13
    E sim, isso parece desanimador.
  • 6:13 - 6:19
    No entanto, temos a oportunidade
    de fazer algumas alterações drásticas,
  • 6:20 - 6:22
    e o plano não é mistério.
  • 6:22 - 6:28
    Começa-se com os dois setores que estão
    mais próximos de uma transição eficaz
  • 6:28 - 6:31
    — produção de eletricidade,
    como já mencionei —
  • 6:31 - 6:33
    e no ano passado, em 2019,
  • 6:33 - 6:37
    se olharmos para toda
    a nova geração elétrica
  • 6:37 - 6:39
    construída em todo o mundo,
  • 6:39 - 6:43
    72% dessa energia provinha
    da energia eólica e solar.
  • 6:43 - 6:48
    Sem os continuados subsídios
    atribuídos aos combustíveis fósseis
  • 6:48 - 6:52
    veríamos muitas mais destas centrais
    a encerrarem.
  • 6:52 - 6:54
    Há centrais fósseis novas
    em construção,
  • 6:54 - 6:57
    mas muitas mais estão a ser fechadas.
  • 6:57 - 6:59
    No que diz respeito aos transportes,
  • 6:59 - 7:02
    o segundo setor pronto a arrancar,
  • 7:02 - 7:07
    para além dos preços mais baixos
    para veículos elétricos como referi,
  • 7:08 - 7:12
    há cerca de 45 jurisdições
    em todo o mundo
  • 7:12 - 7:17
    — nacionais, regionais e municipais —
  • 7:17 - 7:20
    onde foram aprovadas leis para
    iniciar uma eliminação progressiva
  • 7:20 - 7:22
    de motores de combustão interna.
  • 7:22 - 7:26
    Mesmo a Índia, disse que em 2030,
    portanto daqui a menos de 10 anos,
  • 7:27 - 7:31
    será ilegal vender
    qualquer motor de combustão interna.
  • 7:31 - 7:33
    na Índia.
  • 7:33 - 7:35
    Há muitos outros exemplos.
  • 7:35 - 7:39
    Então as pequenas reduções anteriores
  • 7:39 - 7:43
    podem não ser um indicador preciso
    para aquilo que podemos alcançar
  • 7:43 - 7:46
    com verdadeiros programas nacionais
  • 7:46 - 7:49
    e um esforço com foco global.
  • 7:50 - 7:53
    CA: Então, Al, ajuda-nos
    a entender o quadro geral.
  • 7:53 - 7:56
    Eu acho que antes da pandemia,
  • 7:56 - 7:59
    o mundo estava a emitir
  • 7:59 - 8:03
    cerca de 55 gigatoneladas do que
    se chama o "equivalente a CO2",
  • 8:03 - 8:05
    ou seja, incluindo outros gases
    com efeito de estufa
  • 8:05 - 8:09
    tal como o metano, referido
    como sendo equivalente ao CO2.
  • 8:09 - 8:12
    Se não estou em erro,
    estou convencido que o IPCC,
  • 8:12 - 8:15
    que é a organização
    global de cientistas,
  • 8:15 - 8:20
    recomenda que a única
    maneira de resolver esta crise
  • 8:20 - 8:23
    é reduzir esse número de 55 para zero
  • 8:23 - 8:26
    no máximo até 2050.
  • 8:26 - 8:30
    Mesmo aí, existirá a hipótese de
    termos aumentos de temperatura
  • 8:30 - 8:35
    talvez de 2º Celsius em vez de 1,5º?
  • 8:35 - 8:38
    Quer dizer, é esse o quadro geral
  • 8:38 - 8:40
    que o IPCC está a recomendar?
  • 8:41 - 8:42
    AG: Sim, está correto.
  • 8:42 - 8:47
    O objetivo global estabelecido
    na conferência de Paris
  • 8:47 - 8:50
    é chegar ao zero líquido globalmente
  • 8:50 - 8:52
    por volta de 2050.
  • 8:52 - 8:54
    Muitas pessoas
    acrescentam rapidamente
  • 8:54 - 8:58
    que isso significa uma redução
    de 45% para 50% até 2030
  • 8:58 - 9:03
    para tornar viável esse caminho
    até ao zero líquido.
  • 9:04 - 9:06
    CA: E é esse tipo de horizonte temporal
  • 9:06 - 9:08
    que as pessoas nem conseguiam imaginar.
  • 9:08 - 9:11
    É difícil pensar numa medida política
    para daqui a 30 anos.
  • 9:11 - 9:13
    Por isso, essa é realmente
    uma boa antecipação,
  • 9:13 - 9:17
    que a tarefa da Humanidade seja
    reduzir as emissões para metade até 2030,
  • 9:17 - 9:19
    falando em termos aproximados.
  • 9:19 - 9:25
    Penso que isso significa uma redução
    de uns 7% ou 8% ao ano,
  • 9:25 - 9:27
    algo do género, se não estou enganado.
  • 9:27 - 9:29
    AG: Não é tanto.
    Não é assim tanto
  • 9:29 - 9:31
    mas anda lá perto, sim.
  • 9:32 - 9:37
    CA: Então talvez seja necessário algo
    como o efeito que experimentámos este ano
  • 9:37 - 9:39
    talvez seja necessário.
  • 9:39 - 9:42
    Este ano, fizemo-lo basicamente
    paralisando a economia.
  • 9:42 - 9:45
    Estás a falar numa forma de o fazer
    durante os próximos anos
  • 9:45 - 9:49
    que traga maior crescimento económico
    e mais novos empregos.
  • 9:49 - 9:51
    Fala-nos mais sobre isso.
  • 9:51 - 9:54
    Referiste alterarmos
    as nossas fontes energéticas,
  • 9:54 - 9:56
    alterarmos o modo
    como nos transportamos.
  • 9:56 - 9:58
    Se fizéssemos essas coisas,
  • 9:58 - 10:01
    em que medida
    ficaria resolvido o problema?
  • 10:01 - 10:03
    AG: Bem, podemos...
  • 10:03 - 10:06
    para além dos
    dois setores que mencionei,
  • 10:06 - 10:11
    também temos de lidar com o fabrico
    e todos os casos de utilização
  • 10:11 - 10:15
    que requerem temperaturas
    de mil graus Celsius.
  • 10:15 - 10:17
    Aí também há soluções.
  • 10:17 - 10:22
    Hei de voltar atrás e referir uma medida
    entusiasmante que a Alemanha adotou.
  • 10:23 - 10:26
    Também temos de abordar
    a agricultura regenerativa.
  • 10:27 - 10:32
    Há a oportunidade de sequestrar
    uma grande quantidade de carbono
  • 10:32 - 10:35
    em solos aráveis de todo o mundo
  • 10:35 - 10:38
    alterando as técnicas agrícolas.
  • 10:38 - 10:41
    Há um movimento liderado
    por agricultores para fazer isso.
  • 10:41 - 10:45
    Precisamos também de reabilitar edifícios.
  • 10:45 - 10:50
    Precisamos de mudar a nossa gestão
    das florestas e dos oceanos.
  • 10:50 - 10:54
    Mas deixa-me apenas mencionar
    duas coisas rapidamente.
  • 10:54 - 10:57
    Em primeiro lugar, os casos
    de utilização de altas temperaturas.
  • 10:57 - 11:01
    Angela Merkel, ainda há 10 dias,
  • 11:01 - 11:04
    com a liderança do
    seu ministro Peter Altmaier,
  • 11:04 - 11:07
    que é um bom amigo
    e um excelente servidor público,
  • 11:07 - 11:12
    embarcaram numa estratégia
    sustentável de hidrogénio
  • 11:12 - 11:14
    para criar hidrogénio
  • 11:14 - 11:18
    com energia renovável
    sem custos marginais.
  • 11:18 - 11:20
    E repara nisto, Chris:
  • 11:20 - 11:25
    já ouvimos falar da intermitência
    da energia eólica e solar
  • 11:25 - 11:28
    — a solar não produz eletricidade
    quando o sol não brilha,
  • 11:28 - 11:31
    e a eólica não produz eletricidade
    quando o vento não sopra —
  • 11:31 - 11:34
    mas as baterias estão a melhorar,
  • 11:34 - 11:38
    e estas tecnologias estão a ficar
    mais potentes e eficientes.
  • 11:38 - 11:41
    Assim, há um crescente
    número de horas diárias,
  • 11:42 - 11:47
    em que se produz muito mais
    eletricidade do que a que é utilizada.
  • 11:47 - 11:49
    O que fazer em relação a isso?
  • 11:49 - 11:52
    O custo marginal do
    kilowatt-hora seguinte é zero.
  • 11:53 - 11:54
    Por isso de repente,
  • 11:54 - 11:59
    o processo que exige muita energia
    para obter hidrogénio a partir da água
  • 11:59 - 12:02
    torna-se economicamente exequível,
  • 12:02 - 12:07
    e pode ser um substituto
    para o carvão e para o gás,
  • 12:07 - 12:09
    e isso já está a ser feito.
  • 12:09 - 12:14
    Há uma empresa sueca que já
    produz aço com hidrogénio sustentável.
  • 12:14 - 12:19
    Como já referi, a Alemanha decidiu
    tomar a importante iniciativa de o fazer.
  • 12:19 - 12:22
    Penso que eles estão
    a dar o exemplo ao resto do mundo.
  • 12:22 - 12:25
    Agora, é importante referir
    a reabilitação de edifícios,
  • 12:25 - 12:30
    porque cerca de 20% a 25%
    da poluição devida ao aquecimento global
  • 12:30 - 12:32
    no mundo e nos EUA
  • 12:32 - 12:35
    é proveniente de edifícios ineficientes
  • 12:35 - 12:40
    que foram construídos
    por empresas e particulares
  • 12:40 - 12:42
    que tentavam ser competitivos no mercado
  • 12:42 - 12:45
    e manter as suas margens
    razoavelmente elevadas
  • 12:45 - 12:49
    e, por isso, economizavam
    nos isolamentos e nas janelas
  • 12:49 - 12:51
    nas luzes LED e noutras coisas.
  • 12:51 - 12:56
    Contudo, a pessoa ou empresa
    que comprar ou alugar aquele edifício
  • 12:56 - 12:59
    quer que as suas despesas mensais
    de utilização sejam mais baixas.
  • 12:59 - 13:01
    Então agora há formas
  • 13:01 - 13:04
    para acabar com a chamada
    separação mandante-mandatário,
  • 13:04 - 13:08
    com os incentivos diferenciadores
    para o construtor e para o ocupante,
  • 13:08 - 13:10
    e podemos reabilitar edifícios
    através de um programa
  • 13:11 - 13:13
    que se reembolsa a si mesmo,
  • 13:13 - 13:15
    ao fim de três a cinco anos.
  • 13:15 - 13:18
    Podemos dar trabalho
    a dezenas de milhões de pessoas
  • 13:18 - 13:21
    com empregos que, por norma,
    não podem ser subcontratados
  • 13:21 - 13:25
    porque existem em todas as comunidades.
  • 13:25 - 13:28
    Devemos levar esta questão a sério,
  • 13:28 - 13:31
    porque vamos precisar
    de todos esses empregos
  • 13:31 - 13:35
    para atingir prosperidade sustentável
    nos tempos pós-pandemia.
  • 13:37 - 13:39
    CA: Voltemos à economia do hidrogénio
  • 13:39 - 13:41
    que mencionaste há pouco.
  • 13:41 - 13:43
    Quando as pessoas ouvem
    falar nisso, pensam:
  • 13:43 - 13:46
    "Ah, estão a falar
    dos carros a hidrogénio."
  • 13:46 - 13:49
    E já ouviram que provavelmente
    não será uma estratégia vencedora,
  • 13:49 - 13:52
    Mas acho que estás a pensar
    muito para além disso,
  • 13:52 - 13:56
    e não apenas no hidrogénio enquanto
    um tipo de mecanismo de armazenagem
  • 13:56 - 13:59
    que serve de amortecedor
    para as energias renováveis
  • 13:59 - 14:01
    mas como sendo também essencial
  • 14:01 - 14:06
    noutros processos económicos
    como a produção do aço,
  • 14:06 - 14:07
    do cimento,
  • 14:07 - 14:12
    que são, de momento, processos
    com uma significativa emissão de carbono
  • 14:12 - 14:13
    mas que podem transformar-se
  • 14:13 - 14:16
    se tivermos fontes de hidrogénio
    mais económicas.
  • 14:16 - 14:17
    É isso?
  • 14:17 - 14:21
    AG: Sim, eu sempre fui cético
    no que toca ao hidrogénio, Chris,
  • 14:21 - 14:25
    principalmente porque sempre foi
    muito dispendioso produzi-lo,
  • 14:25 - 14:28
    de "sacá-lo da água", como dizem.
  • 14:28 - 14:31
    Mas o ponto de viragem tem sido
  • 14:31 - 14:36
    a incrível abundância
    de eletricidade solar e eólica
  • 14:36 - 14:40
    em volumes e quantidades
    que ninguém esperava,
  • 14:40 - 14:43
    e, de repente, é suficientemente
    barata para ser utilizada
  • 14:43 - 14:46
    nestes processos de enorme
    consumo energético
  • 14:46 - 14:49
    como criar hidrogénio sustentável.
  • 14:49 - 14:52
    Continuo cético quanto
    à sua utilização em veículos.
  • 14:52 - 14:58
    A Toyota anda a apostar nisso há 25 anos
    e não tem funcionado.
  • 14:58 - 15:00
    Nunca se diz nunca,
    talvez venha a funcionar,
  • 15:00 - 15:05
    mas creio que será mais útil em processos
    industriais a altas temperaturas,
  • 15:05 - 15:11
    e já temos um caminho traçado para
    a redução do carbono nos transportes
  • 15:11 - 15:12
    através da eletricidade
  • 15:12 - 15:15
    que tem resultado muitíssimo bem.
  • 15:15 - 15:20
    A Tesla será em breve a empresa automóvel
    mais valiosa do mundo.
  • 15:20 - 15:21
    já o é nos EUA
  • 15:21 - 15:24
    e está prestes a ultrapassar a Toyota.
  • 15:24 - 15:31
    Havia uma empresa de semi-reboques
    que é agora gerida pela Tesla
  • 15:31 - 15:36
    e uma outra que será híbrida
    com eletricidade e hidrogénio sustentável.
  • 15:36 - 15:40
    Veremos se eles conseguem
    funcionar nesses moldes.
  • 15:40 - 15:44
    Mas penso que a eletricidade é
    preferível nos carros e nos camiões.
  • 15:45 - 15:48
    CA: Daqui a pouco vamos responder
    a perguntas da comunidade.
  • 15:48 - 15:51
    Mas, entretanto, quero falar
    sobre energia nuclear.
  • 15:51 - 15:53
    Há ambientalistas que acreditam
    que a energia nuclear,
  • 15:53 - 15:56
    ou talvez a energia nuclear
    de nova geração
  • 15:56 - 15:59
    é uma parte essencial da equação
  • 15:59 - 16:02
    se queremos chegar a um futuro
    verdadeiramente puro,
  • 16:02 - 16:04
    um futuro de energia pura.
  • 16:04 - 16:08
    Continuas muito cético relativamente
    à energia nuclear, Al?
  • 16:08 - 16:12
    AG: Bom, o mercado é cético
    em relação a isso, Chris.
  • 16:12 - 16:17
    Tem sido uma desilusão esmagadora
    para mim e para muitos outros.
  • 16:17 - 16:20
    Eu já representei a Oak Ridge,
    onde a energia nuclear teve início,
  • 16:20 - 16:22
    e quando eu era um jovem congressista,
  • 16:22 - 16:24
    era um entusiasta.
  • 16:24 - 16:26
    Era muito apaixonado por aquilo.
  • 16:26 - 16:28
    Mas os custos excessivos
  • 16:28 - 16:32
    e os problemas na construção das centrais
  • 16:32 - 16:35
    tornam-se tão pesados
  • 16:35 - 16:39
    que os serviços de utilidade pública
    perdem o interesse.
  • 16:39 - 16:43
    Tornou-se a fonte de eletricidade
    mais dispendiosa.
  • 16:44 - 16:49
    Mas não quero deixar de acrescentar que há
    uns reatores nucleares mais antigos
  • 16:49 - 16:55
    que têm mais tempo útil que podia
    ser adicionado à sua existência
  • 16:55 - 16:57
    E tal como muitos ambientalistas,
  • 16:57 - 16:59
    cheguei à conclusão de que,
  • 16:59 - 17:03
    se puderem ser classificados como seguros,
  • 17:03 - 17:09
    devia ser permitida a sua utilização
    por mais algum tempo.
  • 17:09 - 17:12
    Mas no que diz respeito
    às novas centrais nucleares.
  • 17:12 - 17:14
    eis uma forma de ver a questão.
  • 17:14 - 17:16
    Tu já foste um CEO, Chris.
  • 17:16 - 17:20
    — suponho que ainda sejas.
  • 17:20 - 17:24
    Se fores o CEO de um
    fornecedor de eletricidade,
  • 17:24 - 17:26
    e disseres à equipa executiva,
  • 17:26 - 17:28
    "Quero construir uma central
    de energia nuclear,"
  • 17:28 - 17:31
    duas das primeiras perguntas
    que irias fazer seriam:
  • 17:32 - 17:34
    Número um:
    Quanto é que vai custar?
  • 17:34 - 17:37
    Não há nenhuma empresa
    de consultadoria em engenharia
  • 17:37 - 17:40
    que eu tenha encontrado
    em parte alguma do mundo
  • 17:40 - 17:43
    que subscreva um parecer,
  • 17:43 - 17:45
    dando-te uma estimativa de custo.
  • 17:45 - 17:47
    Eles pura e simplesmente não sabem.
  • 17:47 - 17:49
    A segunda pergunta é:
  • 17:49 - 17:53
    Quanto tempo levará a construir,
    para começarmos a vender eletricidade?
  • 17:53 - 17:55
    E, novamente, a resposta será:
  • 17:55 - 17:57
    "Não fazemos a mínima ideia."
  • 17:57 - 17:59
    Portanto, se não sabemos
    quanto vai custar,
  • 18:00 - 18:02
    nem quando vai estar terminada,
  • 18:02 - 18:06
    e já sabemos que a eletricidade
    é mais cara
  • 18:06 - 18:09
    do que as formas alternativas
    de a produzir,
  • 18:09 - 18:11
    vamos ficar desencorajados.
  • 18:11 - 18:14
    De facto, tem sido essa a situação
    com serviços do mundo inteiro.
  • 18:16 - 18:17
    CA: OK.
  • 18:17 - 18:20
    Esse é definitivamente
    um debate interessante,
  • 18:20 - 18:23
    mas vamos continuar com algumas
    perguntas da comunidade.
  • 18:23 - 18:25
    Vamos mostrar a primeira, por favor.
  • 18:27 - 18:29
    De Prosanta Chakrabarty:
  • 18:29 - 18:32
    "Quem é cético em relação à COVID
    e às alterações climáticas
  • 18:32 - 18:34
    parece ser cético relativamente
    à ciência em geral.
  • 18:34 - 18:36
    Será que a mensagem
    que os cientistas tentam passar
  • 18:36 - 18:38
    poderá ser minimizada e complicada?
  • 18:38 - 18:40
    Como corrigimos isso?"
  • 18:40 - 18:44
    AG: Essa é uma excelente
    pergunta, Prosanta
  • 18:45 - 18:50
    Vou tentar explicá-la de modo
    curto e sucinto.
  • 18:50 - 18:52
    Penso que tem havido
  • 18:52 - 18:57
    um sentimento de que
    os especialistas em geral
  • 18:57 - 19:01
    desiludiram os EUA
    de alguma forma.
  • 19:01 - 19:06
    E essa ideia é muito mais evidenciada
    nos EUA do que noutros países.
  • 19:08 - 19:15
    Eu creio que a opinião
    dos especialistas
  • 19:15 - 19:19
    tem sido diluída
    ao longo das últimas décadas
  • 19:19 - 19:25
    pelo prejudicial domínio do dinheiro
    no nosso sistema político,
  • 19:25 - 19:31
    que encontrou formas de
    distorcer a política económica
  • 19:31 - 19:34
    para beneficiar elites.
  • 19:34 - 19:35
    Isto soa um pouco radical,
  • 19:35 - 19:38
    mas é exatamente o que aconteceu.
  • 19:38 - 19:42
    E já vivemos há mais de 40 anos
  • 19:42 - 19:46
    sem um aumento significativo
    do salário médio.
  • 19:46 - 19:51
    No que diz respeito às injustiças
    sofridas pelos afro-americanos
  • 19:51 - 19:53
    e por outras comunidades de cor,
  • 19:54 - 19:56
    a diferença entre salários pagos
  • 19:56 - 19:59
    a afro-americanos
    e à maioria dos americanos
  • 19:59 - 20:02
    é a mesma que era em 1968,
  • 20:02 - 20:05
    e a riqueza das famílias
  • 20:05 - 20:06
    o património líquido
  • 20:06 - 20:11
    — são precisas 11 famílias e meia
    típicas de afro-americanos típicos
  • 20:11 - 20:17
    para igualar o património líquido
    de uma família americana branca típica.
  • 20:17 - 20:21
    Olhamos para salários elevadíssimos
  • 20:21 - 20:24
    do 1% do topo, ou 0,1% do topo,
  • 20:24 - 20:26
    e pensamos: "Esperem lá.
  • 20:26 - 20:30
    "Quem quer que sejam os especialistas
    que definiram estas políticas,
  • 20:30 - 20:34
    "não têm feito um bom trabalho."
  • 20:34 - 20:36
    Um último ponto, Chris:
  • 20:36 - 20:39
    Tem havido um ataque à razão.
  • 20:39 - 20:42
    Tem havido uma guerra contra a verdade.
  • 20:42 - 20:46
    Tem havido uma estratégia,
  • 20:46 - 20:51
    talvez mais conhecida como a estratégia
    usada pelas tabaqueiras há décadas
  • 20:51 - 20:56
    que contratavam atores e os vestiam
    de médicos para enganarem as pessoas
  • 20:56 - 21:00
    e tranquilizá-las dizendo que fumar
    não era perigoso para a saúde,
  • 21:00 - 21:03
    E cem milhões de pessoas morreram
    como resultado disso.
  • 21:03 - 21:09
    Essa mesma estratégia de
    diminuir a importância da verdade,
  • 21:09 - 21:13
    de diminuir, como alguém disse,
    a autoridade do conhecimento,
  • 21:13 - 21:17
    deu origem a um género de caça
  • 21:18 - 21:20
    a qualquer verdade inconveniente
  • 21:20 - 21:24
    — desculpa, mais uma frase feita,
    mas é adequada.
  • 21:24 - 21:31
    Não podemos abandonar a nossa
    crença nas evidências disponíveis
  • 21:31 - 21:34
    postas à prova em discursos racionais
  • 21:34 - 21:36
    e utilizadas como base
  • 21:36 - 21:39
    para as melhores políticas
    que podemos criar.
  • 21:40 - 21:43
    CA: Será possível, Al, que uma
    das consequências da pandemia
  • 21:43 - 21:46
    seja um número
    crescente de pessoas
  • 21:46 - 21:49
    a rever as suas opiniões
    sobre os cientistas?
  • 21:49 - 21:52
    Ou seja, nos últimos meses
    tivemos oportunidade de dizer:
  • 21:52 - 21:56
    "Vou acreditar no meu líder político
    ou vou acreditar neste cientista
  • 21:56 - 21:59
    "relativamente ao que têm dito
    sobre este vírus?"
  • 22:00 - 22:03
    Podemos, quem sabe,
    tirar uma lição disto?
  • 22:04 - 22:08
    AG: Sabes, eu acho que,
    se as sondagens estão corretas,
  • 22:08 - 22:13
    as pessoas confiam mais nos seus médicos
    do que alguns políticos parecem confiar
  • 22:13 - 22:19
    pois parecem mais interessados
    em fingir que a pandemia não é real.
  • 22:19 - 22:22
    E se olhares para o enorme fracasso
  • 22:23 - 22:26
    no comício do Presidente Trump em Tulsa,
  • 22:26 - 22:33
    um estádio de 19 000 pessoas com
    menos de um terço de ocupação,
  • 22:33 - 22:35
    de acordo com o oficial de segurança,
  • 22:35 - 22:38
    viam-se todos os lugares vazios,
    se víssemos as imagens do noticiário.
  • 22:39 - 22:43
    Por isso, até os apoiantes
    mais leais de Trump
  • 22:43 - 22:48
    terão decidido confiar nos seus médicos
    e recomendações médicas
  • 22:48 - 22:52
    e não no Dr. Donald Trump.
  • 22:53 - 22:56
    CA: Porventura, com uma pequena ajuda
    da geração TikTok.
  • 22:56 - 22:59
    AG: Certo, mas isso não
    afetou o resultado.
  • 22:59 - 23:03
    O que eles fizeram, inteligentemente
    — e dou-lhes os meus parabéns —
  • 23:03 - 23:09
    foi afetar as expetativas da
    Casa Branca de Trump.
  • 23:09 - 23:14
    Eles foram a razão por que
    ele se manifestou uns dias antes e disse:
  • 23:14 - 23:16
    "Temos um milhão
    de pessoas inscritas."
  • 23:16 - 23:18
    Mas eles não impediram...
  • 23:18 - 23:22
    não ocuparam lugares
    que outros podiam ter ocupado.
  • 23:22 - 23:25
    Não afetaram o resultado,
    apenas as expetativas.
  • 23:25 - 23:28
    CA: OK, vamos à próxima pergunta.
  • 23:31 - 23:34
    "Preocupa-o que as pessoas voltem
    à utilização de veículo próprio
  • 23:34 - 23:38
    "com medo de viajarem
    em transportes públicos?"
  • 23:39 - 23:46
    AG: Bom, essa pode realmente ser
    uma das consequências, sem dúvida.
  • 23:46 - 23:49
    Agora, a tendência do transporte coletivo
  • 23:49 - 23:53
    já estava a avançar na direção errada
  • 23:53 - 23:58
    por causa da Uber, da Lyft
    e dos serviços partilhados,
  • 23:58 - 24:02
    e se a autonomia
    vier a atingir os objetivos
  • 24:02 - 24:04
    que os seus defensores esperavam
  • 24:05 - 24:08
    isso também poderá
    resultar num efeito semelhante.
  • 24:08 - 24:12
    Mas não há dúvidas
    de que algumas pessoas
  • 24:12 - 24:18
    estão provavelmente mais relutantes
  • 24:18 - 24:20
    em utilizar transportes públicos
  • 24:20 - 24:26
    até o medo da pandemia
    ter desaparecido.
  • 24:27 - 24:30
    CA: Pois, somos capazes de precisar
    de uma vacina para isso.
  • 24:31 - 24:32
    AG: Pois.
  • 24:32 - 24:34
    CA: Próxima pergunta.
  • 24:36 - 24:39
    Soonar Luthra, obrigado
    por esta pergunta, vinda de LA
  • 24:39 - 24:42
    "Devido ao aumento da temperatura
    no Ártico na última semana,
  • 24:42 - 24:44
    "parece que o ritmo a que perdemos
    sorvedouros de carbono
  • 24:44 - 24:46
    "como o "permafrost" ou as florestas
  • 24:46 - 24:48
    tem acelerado mais do que o previsto.
  • 24:48 - 24:51
    Estarão os nossos modelos
    demasiado focados nas emissões humanas?"
  • 24:51 - 24:53
    Uma pergunta interessante.
  • 24:53 - 24:56
    AG: Bom, os modelos
    estão focados nos fatores
  • 24:56 - 25:01
    que levaram a estes picos
    de temperatura impressionantes
  • 25:01 - 25:03
    no norte do Círculo Polar Ártico.
  • 25:03 - 25:06
    Eles foram e têm sido previstos,
  • 25:06 - 25:09
    e uma das razões para isso
  • 25:09 - 25:12
    é que, à medida que a neve
    e as camadas de gelo derretem,
  • 25:13 - 25:17
    os raios de sol que nos chegam já
    não são refletidos de volta para o espaço
  • 25:17 - 25:19
    em 90% dos casos.
  • 25:20 - 25:24
    Em vez disso, quando incidem
    na tundra sombria ou no oceano sombrio.
  • 25:24 - 25:26
    são absorvidos a uma taxa de 90%.
  • 25:26 - 25:32
    Isso intensifica o aquecimento no Ártico,
  • 25:32 - 25:34
    e já tinha sido previsto.
  • 25:34 - 25:38
    Há uma série de outras consequências
    que constam nesses modelos,
  • 25:38 - 25:42
    mas alguns podem ter
    de ser reajustados.
  • 25:42 - 25:45
    Os cientistas, agora, têm receio
  • 25:45 - 25:51
    de que tanto as emissões de CO2
    como as de metano
  • 25:51 - 25:54
    provenientes do degelo da tundra
  • 25:54 - 25:58
    possam ser mais elevadas
    do que eles esperavam.
  • 25:58 - 26:02
    E acabou de ser realizado um estudo.
  • 26:02 - 26:04
    Não vou perder muito tempo com ele,
  • 26:04 - 26:08
    porque abrange um conceito "geek"
    chamado "sensibilidade climática",
  • 26:08 - 26:13
    que tem sido um fator nos modelos
    com grandes margens de erro
  • 26:13 - 26:16
    por ser muito difícil de compreender.
  • 26:16 - 26:19
    Mas as últimas provas
    indicam, preocupantemente,
  • 26:19 - 26:22
    que a sensibilidade pode ser
    maior do que pensavam,
  • 26:22 - 26:26
    e teremos uma tarefa
    ainda mais difícil.
  • 26:26 - 26:28
    Isso não devia desencorajar-nos.
  • 26:28 - 26:32
    Eu acredito que, depois
    de ultrapassado este ponto crítico
  • 26:32 - 26:35
    — e acho que isso já está a acontecer,
    como já referi —
  • 26:35 - 26:38
    vamos encontrar muitas formas
  • 26:38 - 26:41
    de acelerar a redução de emissões.
  • 26:42 - 26:46
    CA: Vamos responder a mais uma
    pergunta da comunidade.
  • 26:47 - 26:50
    "A Geoengenharia tem feito
    progressos extraordinários.
  • 26:50 - 26:55
    "A Exxon está a investir na
    tecnologia da Global Thermostat
  • 26:55 - 26:57
    "que parece promissora.
  • 26:57 - 27:01
    "O que pensa destas tecnologias de captura
    de carbono através de ar e água?"
  • 27:01 - 27:03
    Stephen Petranek.
  • 27:03 - 27:07
    AG: Pois. Bem, tu e eu já
    discutimos isto, Chris.
  • 27:08 - 27:12
    Tenho-me oposto veementemente
  • 27:12 - 27:18
    contra fazer uma experiência
    global não planeada
  • 27:18 - 27:22
    que pode correr pessimamente,
  • 27:22 - 27:26
    e a maioria está muito receosa
    desta abordagem.
  • 27:26 - 27:32
    No entanto, o termo "geoengenharia" é um
    termo camuflado que esconde muita coisa.
  • 27:32 - 27:38
    Se quiserem pintar os telhados de branco
    para refletir mais energia
  • 27:38 - 27:41
    nas paisagens urbanas,
  • 27:42 - 27:46
    isso não acarretará
    um efeito descontrolado perigoso,
  • 27:46 - 27:48
    e há outras coisas como essa
  • 27:48 - 27:52
    a que são chamam genericamente
    "geoengenharia", e que não têm problema.
  • 27:52 - 27:57
    Mas a ideia de bloquear os raios solares,
  • 27:57 - 28:00
    na minha opinião, é irracional.
  • 28:00 - 28:03
    Acontece que as plantas precisam de
    luz solar para a fotossíntese
  • 28:03 - 28:05
    e os painéis solares precisam de luz solar
  • 28:06 - 28:11
    para produzirem eletricidade
    proveniente dos raios solares.
  • 28:11 - 28:16
    E as consequências de alterarmos
    tudo aquilo que conhecemos
  • 28:16 - 28:23
    e pretendermos que as consequências
    vão precisamente anular
  • 28:23 - 28:26
    a experiência imprevista
    do aquecimento global
  • 28:26 - 28:28
    que já está a decorrer,
  • 28:28 - 28:30
    são falhas no pensamento.
  • 28:31 - 28:33
    Uma delas é a "falácia da solução única".
  • 28:33 - 28:37
    Há pessoas que sentem
    a necessidade de dizer,
  • 28:37 - 28:40
    "Só precisamos de nos agarrar
    a essa solução e pô-la em prática.
  • 28:40 - 28:42
    "As consequências que vão para o diabo."
  • 28:42 - 28:44
    Isso é de loucos.
  • 28:44 - 28:47
    CA: Mas deixa-me voltar
    um bocadinho atrás.
  • 28:47 - 28:50
    Digamos que concordamos
    que é uma loucura uma única solução,
  • 28:50 - 28:54
    uma tentativa de tudo-ou-nada
    em geoengenharia.
  • 28:54 - 28:58
    Mas há cenários em que
    o mundo olha para as emissões
  • 28:58 - 29:01
    e vê que, ao fim de 10 anos, suponhamos,
  • 29:01 - 29:04
    a redução não foi
    suficientemente rápida
  • 29:04 - 29:08
    e que estamos em risco
    de muitas outras situações
  • 29:08 - 29:11
    em que este comboio que perdemos
    não esperará por nós,
  • 29:11 - 29:16
    e vamos assistir a subidas de temperatura
    de três, quatro, cinco, seis, sete graus,
  • 29:16 - 29:19
    e toda a civilização fica em risco.
  • 29:20 - 29:23
    Certamente existe uma
    abordagem da geoengenharia
  • 29:24 - 29:27
    que poderá ser modelada, de certo modo,
    conforme abordamos a medicina.
  • 29:27 - 29:31
    Por exemplo, durante centenas de anos,
    não compreendíamos o corpo humano,
  • 29:31 - 29:33
    realizavam-se intervenções,
  • 29:33 - 29:37
    e algumas resultavam, outras não.
  • 29:37 - 29:41
    Na medicina ninguém diz:
  • 29:41 - 29:45
    "Intervém e toma uma decisão
    de tudo-ou-nada"
  • 29:45 - 29:47
    sobre a vida de alguém.
  • 29:47 - 29:49
    Dizem antes: "Vamos testar
    algumas coisas."
  • 29:49 - 29:52
    Se uma experiência pode ser reversível,
  • 29:52 - 29:53
    se é plausível logo de início,
  • 29:53 - 29:56
    se há razões para
    pensar que vai funcionar,
  • 29:56 - 30:01
    devemos à saúde futura da Humanidade
  • 30:01 - 30:05
    que se façam vários tipos de testes
    para vermos o que funciona.
  • 30:05 - 30:09
    Então, pequenos testes para
    vermos se, por exemplo,
  • 30:09 - 30:11
    semear algo no oceano
  • 30:11 - 30:15
    pode criar, de forma não nociva,
  • 30:15 - 30:17
    sorvedouros de carbono.
  • 30:17 - 30:21
    Ou talvez, em vez de se encher
    a atmosfera de dióxido de enxofre,
  • 30:22 - 30:26
    fazer-se uma experiência
    em menor escala
  • 30:26 - 30:30
    para ver se, de forma rentável,
    se podia reduzir um pouco a temperatura.
  • 30:30 - 30:32
    De certeza que isso não é
    completamente descabido
  • 30:32 - 30:35
    e não será algo que devíamos,
    no mínimo, ponderar
  • 30:35 - 30:38
    caso as outras medidas não resultem?
  • 30:38 - 30:41
    AG: Bem, já se fizeram experiências dessas
  • 30:42 - 30:43
    de plantar no oceano
  • 30:43 - 30:48
    para testar se isso aumentava
    a captação de CO2.
  • 30:48 - 30:52
    Essas experiências acabaram
    por ser um absoluto fracasso,
  • 30:52 - 30:54
    como muitos previam.
  • 30:55 - 30:59
    Mas, novamente, é o tipo de abordagem
  • 30:59 - 31:00
    que é muito diferente
  • 31:00 - 31:04
    de colocar tiras de papel-de-alumínio
    na atmosfera a orbitar a Terra.
  • 31:05 - 31:10
    Foi assim que a proposta de
    geoengenharia solar começou.
  • 31:10 - 31:14
    Agora estão focados no calcário,
  • 31:14 - 31:18
    então temos poeira calcária
    por todo o lado.
  • 31:18 - 31:24
    Mas, mais grave que isso,
    é o facto de poder ser irreversível.
  • 31:24 - 31:27
    CA: Mas, Al, essa é a resposta retórica.
  • 31:27 - 31:30
    A quantidade de pó que precisamos
  • 31:30 - 31:33
    para baixar um ou dois graus
  • 31:33 - 31:36
    não resultaria em poeira
    calcária por todo o lado.
  • 31:36 - 31:38
    Seria incrível...
  • 31:38 - 31:43
    Seria menos do que a poeira
    com que as pessoas lidam diariamente.
  • 31:43 - 31:46
    Quer dizer, eu só...
  • 31:46 - 31:48
    AG: Primeiro que tudo, eu não sei
  • 31:48 - 31:52
    como se faz uma experiência
    pequena na atmosfera.
  • 31:52 - 31:54
    E em segundo lugar,
  • 31:54 - 31:58
    se fossemos adotar essa abordagem,
  • 31:58 - 32:01
    teríamos de aumentar continuamente
  • 32:01 - 32:04
    a quantidade da substância
    que decidissem usar.
  • 32:04 - 32:07
    Teríamos de aumentá-la
    todos os anos
  • 32:07 - 32:10
    e, se alguma vez parássemos,
  • 32:10 - 32:15
    dar-se-ia um retrocesso repentino,
  • 32:15 - 32:20
    como naquele antigo livro e filme,
    "O Retrato de Dorian Gray",
  • 32:20 - 32:24
    em que, de repente, acontece
    tudo mal ao mesmo tempo.
  • 32:25 - 32:29
    O simples facto de haver alguém
    a considerar estas hipóteses, Chris,
  • 32:29 - 32:34
    só demonstra o
    sentimento de desespero
  • 32:34 - 32:38
    que algumas pessoas
    começaram a sentir,
  • 32:38 - 32:40
    que eu compreendo,
  • 32:40 - 32:47
    mas que não nos deve levar ao encontro
    dessas experiências imprudentes.
  • 32:47 - 32:51
    E, já agora, usando a tua analogia
    aos tratamentos de cancro experimentais,
  • 32:52 - 32:53
    por exemplo,
  • 32:53 - 32:56
    normalmente obténs
    o consentimento do paciente.
  • 32:56 - 33:00
    Conseguir o consentimento consciente
    de cerca de 7800 milhões de pessoas
  • 33:00 - 33:02
    que não têm voz nem opinião,
  • 33:02 - 33:08
    que estão submetidas às potenciais
    consequências catastróficas
  • 33:08 - 33:12
    desta ideia tola que alguém
    se lembra de inventar
  • 33:12 - 33:16
    para tentar reorganizar a atmosfera
    da Terra na totalidade
  • 33:16 - 33:19
    e esperar e pretender
    que isso vai anular
  • 33:19 - 33:24
    o facto de emitirmos
    152 milhões de toneladas
  • 33:24 - 33:27
    de gases poluidores da atmosfera,
    criados pelo homem
  • 33:27 - 33:29
    para o céu todos os dias.
  • 33:29 - 33:32
    Isso é que é realmente de loucos.
  • 33:32 - 33:36
    Um cientista há umas décadas
    fez a seguinte comparação:
  • 33:36 - 33:39
    "Se tivermos duas pessoas
    num barco que está a afundar-se
  • 33:39 - 33:42
    "e uma delas disser:
  • 33:42 - 33:46
    " 'Olha, se calhar podíamos usar espelhos
    para fazer sinais para a costa
  • 33:46 - 33:49
    " 'para construírem
    uma máquina sofisticada
  • 33:49 - 33:51
    " 'para geração de ondas
  • 33:51 - 33:55
    " 'que acabe com o balançar do barco
  • 33:55 - 33:57
    " 'causado pelas pessoas
    que estão na parte de trás',
  • 33:57 - 34:00
    "ou então podem fazer com que
    eles deixem de balançar o barco."
  • 34:00 - 34:04
    É isso que tem de ser feito.
    Temos de parar com o que causa a crise.
  • 34:04 - 34:06
    CA: Sim, essa é uma ótima história
  • 34:06 - 34:10
    mas, se o esforço para os fazer
    parar de balançar o barco
  • 34:10 - 34:14
    for tão complexo como
    a proposta científica que descreveste,
  • 34:14 - 34:17
    enquanto que o plano para parar as ondas
  • 34:17 - 34:21
    for tão fácil quanto pedir às pessoas
    para deixarem de balançar o barco,
  • 34:21 - 34:22
    o caso muda de figura.
  • 34:22 - 34:26
    Eu concordo que essa questão
    do consentimento
  • 34:26 - 34:28
    é muito problemática,
  • 34:28 - 34:30
    mas ninguém deu consentimento
  • 34:30 - 34:33
    para fazer todas as outras coisas
    que andamos a fazer à atmosfera.
  • 34:34 - 34:38
    E concordo que o risco moral
  • 34:38 - 34:39
    é preocupante.
  • 34:40 - 34:44
    Se nos tornarmos
    dependentes da geoengenharia
  • 34:44 - 34:47
    e não nos esforçarmos para o resto,
  • 34:47 - 34:48
    isso será uma tragédia.
  • 34:48 - 34:52
    Eu gostava que fosse possível
    haver um debate variado
  • 34:52 - 34:53
    de pessoas que dissessem:
  • 34:53 - 34:54
    "Sabem que mais?
  • 34:54 - 34:57
    "Há múltiplos indicadores
    para um problema muito complexo.
  • 34:57 - 35:00
    Vamos ter de ajustar muitos deles
    com muito cuidado
  • 35:00 - 35:02
    e continuar a comunicar uns com os outros.
  • 35:02 - 35:04
    Não seria esse o objetivo
  • 35:04 - 35:07
    de tentar ter um debate
    mais flexível sobre isto,
  • 35:07 - 35:09
    em vez de discutir
    tudo o que não resulta
  • 35:09 - 35:10
    na geoengenharia?
  • 35:11 - 35:14
    AG: Bem, eu referi algumas,
  • 35:14 - 35:17
    as boas medidas que mencionei,
  • 35:17 - 35:19
    não as estou a excluir.
  • 35:19 - 35:23
    Mas bloquear os raios solares
    do planeta Terra,
  • 35:23 - 35:29
    não só afetaria 7800 milhões de pessoas,
  • 35:29 - 35:31
    como afetaria as plantas
  • 35:31 - 35:32
    e os animais
  • 35:32 - 35:34
    e as correntes oceânicas
  • 35:34 - 35:36
    e as correntes eólicas
  • 35:36 - 35:39
    e processos naturais
  • 35:39 - 35:43
    que estamos na iminência
    de comprometer ainda mais.
  • 35:45 - 35:52
    Otimismo tecnológico é algo
    que me interessou no passado,
  • 35:52 - 35:56
    mas agarrar-me a uma qualquer solução
  • 35:56 - 35:59
    com base na alta tecnologia
  • 35:59 - 36:03
    para reestabelecer todo
    o sistema natural da Terra
  • 36:03 - 36:06
    só porque alguém se considera
    suficientemente esperto
  • 36:06 - 36:11
    para o fazer de forma
    a anular as consequências
  • 36:11 - 36:14
    de utilizar a atmosfera
    como um esgoto a céu aberto
  • 36:14 - 36:17
    para os gases com efeito de estufa
    emitidos pelo Homem? Não.
  • 36:17 - 36:20
    É muito mais importante
    deixarmos de usar a atmosfera
  • 36:20 - 36:21
    como um esgoto a céu aberto.
  • 36:21 - 36:23
    É esse o problema.
  • 36:23 - 36:26
    CA: Muito bem, concordamos que
    isso é o mais importante, sem dúvida,
  • 36:26 - 36:28
    e já que falamos nisso,
  • 36:28 - 36:31
    acreditas que é preciso estipular
    preços para o carbono,
  • 36:31 - 36:34
    e existe alguma probabilidade
    de lá chegarmos?
  • 36:35 - 36:39
    AG: Sim. Sim às duas perguntas.
  • 36:40 - 36:43
    Há décadas que quase
    todos os economistas
  • 36:43 - 36:46
    que respondem a perguntas
    sobre a crise climática, respondem:
  • 36:46 - 36:48
    "Bem, basta atribuir
    um preço ao carbono."
  • 36:48 - 36:53
    Eu sou totalmente a favor dessa ideia.
  • 36:53 - 36:55
    Mas é muito complicado.
  • 36:55 - 36:59
    Contudo, há 43 jurisdições no mundo
  • 36:59 - 37:03
    que já têm um preço sobre o carbono.
  • 37:03 - 37:04
    Está a acontecer na Europa.
  • 37:04 - 37:08
    Finalmente esclareceram
    o mecanismo do preço do carbono.
  • 37:08 - 37:11
    É uma versão da
    comercialização das emissões.
  • 37:11 - 37:14
    Temos locais que aplicaram
    uma taxa ao carbono.
  • 37:14 - 37:18
    Esse é o procedimento que
    os economistas preferem.
  • 37:18 - 37:22
    A China está a começar a implementar
    o programa nacional de comercialização.
  • 37:22 - 37:27
    A Califórnia e mais alguns estados
    nos EUA já o estão a fazer.
  • 37:27 - 37:33
    Pode ser devolvido às pessoas
    sem incidência nas receitas.
  • 37:33 - 37:37
    Mas a oposição a isso, Chris,
    a que te referiste,
  • 37:37 - 37:42
    é suficientemente impressionante
    para termos de seguir outros planos,
  • 37:42 - 37:46
    e eu diria que a maioria dos ativistas
    climáticos agora dizem:
  • 37:46 - 37:49
    "Não digamos que o ótimo
    é inimigo do bom."
  • 37:49 - 37:52
    Também há outras formas de o fazer.
  • 37:52 - 37:56
    Precisamos de toda e qualquer solução
    que possamos aplicar racionalmente,
  • 37:56 - 37:59
    incluindo através de regulamentação.
  • 38:00 - 38:07
    Muitas vezes, quando a oposição política
    a uma ideia se torna demasiado difícil,
  • 38:07 - 38:10
    numa abordagem
    orientada para o mercado,
  • 38:10 - 38:13
    o retrocesso é na regulamentação,
  • 38:13 - 38:17
    e dá-se-lhe um nome negativo:
    regulamentação,
  • 38:17 - 38:20
    mas em muitos sítios
    já está a ser aplicada.
  • 38:20 - 38:23
    A eliminação progressiva
    dos motores de combustão interna
  • 38:23 - 38:25
    é um exemplo disso.
  • 38:25 - 38:28
    Há 160 cidades nos EUA
  • 38:28 - 38:33
    que já determinaram, com regulamentação,
    que, a partir de uma data específica,
  • 38:34 - 38:39
    100% de toda a eletricidade terá de ser
    proveniente de recursos renováveis.
  • 38:39 - 38:44
    E novamente, as forças do mercado
    que regulam os custos da energia renovável
  • 38:44 - 38:48
    e as soluções sustentáveis
    sempre mais baratas,
  • 38:48 - 38:50
    dão-nos força para continuar.
  • 38:51 - 38:53
    Isso joga a nosso favor.
  • 38:54 - 38:57
    CA: Ou seja, o retrocesso
    no estabelecimento de preços do carbono
  • 38:57 - 39:00
    avança frequentemente graças
    a fações do movimento ambiental,
  • 39:00 - 39:03
    que constituem uma resistência
    ao papel da indústria, em geral.
  • 39:03 - 39:06
    Na verdade, a indústria — bom,
    o capitalismo — é responsabilizada
  • 39:06 - 39:08
    pela crise climática
  • 39:08 - 39:11
    devido ao crescimento incessante,
  • 39:13 - 39:17
    ao ponto de muita gente não acreditar
  • 39:17 - 39:20
    que a indústria possa
    fazer parte da solução.
  • 39:20 - 39:23
    A única maneira de avançarmos
    é a regulamentação,
  • 39:23 - 39:25
    obrigar a indústria a fazer o correto.
  • 39:25 - 39:29
    Pensas que a solução terá
    de passar pelas empresas?
  • 39:30 - 39:32
    AG: Absolutamente,
  • 39:32 - 39:37
    porque a canalização de capital
    necessária para resolver esta crise
  • 39:37 - 39:41
    é maior do que a que os governos
    conseguem aguentar.
  • 39:42 - 39:45
    E as empresas estão a começar,
  • 39:45 - 39:50
    muitas empresas começam
    a ter um papel muito construtivo.
  • 39:50 - 39:54
    Está a ser-lhes exigido que o façam
  • 39:54 - 39:56
    pelos seus clientes,
    pelos seus investidores,
  • 39:56 - 39:58
    pelas suas administrações,
  • 39:58 - 40:01
    pelas suas equipas executivas,
    pelas suas famílias.
  • 40:01 - 40:02
    E já agora,
  • 40:02 - 40:06
    a geração atual está a exigir
    um futuro próspero,
  • 40:07 - 40:10
    e quando os CEOs entrevistam
    potenciais candidatos,
  • 40:10 - 40:14
    descobrem que, afinal, os candidatos
    é que os estão a entrevistar.
  • 40:14 - 40:17
    Querem receber um bom salário,
  • 40:17 - 40:20
    mas querem poder dizer às suas
    famílias e amigos e colegas
  • 40:20 - 40:24
    que estão a fazer mais alguma coisa
    do que apenas a ganhar dinheiro.
  • 40:24 - 40:29
    Uma ilustração de como esta
    geração está a mudar, Chris:
  • 40:30 - 40:33
    de momento existem
    65 universidades nos EUA
  • 40:33 - 40:37
    onde os Clubes de Jovens Republicanos
    Universitários se uniram
  • 40:37 - 40:41
    para em conjunto exigirem
    ao Comité Nacional Republicano
  • 40:41 - 40:44
    que mudasse a sua política ambiental,
  • 40:44 - 40:46
    para não perderem toda uma geração.
  • 40:46 - 40:49
    Isto é um fenómeno global.
  • 40:49 - 40:53
    A Geração Greta está agora a comandar
  • 40:53 - 40:55
    de tantas formas
  • 40:55 - 40:58
    e, se olhares para as sondagens,
  • 40:58 - 41:02
    novamente, a vasta maioria
    de jovens Republicanos
  • 41:02 - 41:05
    pedem uma mudança na política ambiental.
  • 41:06 - 41:09
    Isto é um verdadeiro movimento
  • 41:09 - 41:12
    que está a desenvolver-se.
  • 41:12 - 41:15
    CA: Ia falar-te disso,
  • 41:15 - 41:17
    porque uma das coisas mais
    penosas dos últimos 20 anos
  • 41:17 - 41:20
    tem sido o modo como
    o ambiente tem sido politizado,
  • 41:20 - 41:23
    particularmente, nos EUA.
  • 41:23 - 41:27
    Provavelmente sentiste-te assim
    no meio disso durante muito tempo,
  • 41:27 - 41:29
    com pessoas a atacarem-te pessoalmente
  • 41:29 - 41:32
    das formas mais cruéis
    e frequentemente injustas.
  • 41:32 - 41:37
    Vês mesmo sinais de que
    isso pode estar a mudar,
  • 41:37 - 41:39
    com a liderança da próxima geração?
  • 41:39 - 41:42
    AG: Sim, sem dúvida alguma.
  • 41:42 - 41:45
    Eu não quero guiar-me demasiado
    pelas sondagens.
  • 41:45 - 41:46
    Já falei delas.
  • 41:46 - 41:48
    Mas houve uma que foi divulgada
  • 41:48 - 41:52
    que se baseou nos apoiantes
    vacilantes de Trump,
  • 41:52 - 41:54
    aqueles que o apoiavam
    fortemente no passado
  • 41:54 - 41:56
    e querem voltar a fazê-lo.
  • 41:56 - 41:59
    O principal motivo,
    para surpresa de alguns,
  • 41:59 - 42:01
    que os está a fazer hesitar,
  • 42:01 - 42:04
    é a insanidade de Trump
    e da sua administração
  • 42:04 - 42:07
    quanto ao clima.
  • 42:07 - 42:11
    Estamos a assistir a grandes
    maiorias do Partido Republicano
  • 42:12 - 42:16
    afirmarem que estão prontos
    para explorar verdadeiras soluções
  • 42:16 - 42:17
    para a crise climática.
  • 42:17 - 42:20
    Eu penso que estamos
    a caminhar para lá, sem dúvida.
  • 42:21 - 42:24
    CA: Tens sido o representante
    no levantamento deste problema,
  • 42:24 - 42:27
    e és Democrata.
  • 42:28 - 42:31
    Há alguma coisa que
    pessoalmente possas fazer
  • 42:31 - 42:34
    para abrir a porta, receber as pessoas,
  • 42:34 - 42:38
    tentar dizer: "Isto vai além
    da política, meus amigos"?
  • 42:39 - 42:42
    AG: Sim. Bom, eu já tentei
    tudo isso antes,
  • 42:42 - 42:47
    e talvez tenha feito uma
    pequena diferença positiva.
  • 42:48 - 42:51
    Trabalhei extensivamente com Republicanos.
  • 42:51 - 42:55
    E, sabes, logo após ter
    saído da Casa Branca,
  • 42:55 - 42:59
    tinha Newt Gingrich e Pat Robertson
  • 42:59 - 43:01
    e outros Republicanos importantes
  • 43:01 - 43:04
    a aparecer em anúncios de TV comigo
  • 43:04 - 43:07
    a dizerem que tínhamos de
    resolver a crise climática.
  • 43:07 - 43:11
    Mas a indústria petrolífera
  • 43:11 - 43:15
    redobrou de esforços
  • 43:15 - 43:18
    e restabeleceu a disciplina
    dentro do Partido Republicano.
  • 43:18 - 43:22
    Repara nos ataques
    que lançaram ao Papa
  • 43:22 - 43:25
    quando ele surgiu com a sua encíclica
  • 43:25 - 43:28
    e foi severamente criticado,
  • 43:28 - 43:29
    não por todos certamente.
  • 43:29 - 43:34
    Estavam lá militaristas
    do movimento anti-ambiente
  • 43:34 - 43:39
    que, de imediato, apontaram
    as armas ao Papa Francisco,
  • 43:39 - 43:42
    e há muitos mais exemplos.
  • 43:42 - 43:44
    Eles impõem disciplina
  • 43:44 - 43:47
    e tentam fazer disso
    um assunto partidário,
  • 43:47 - 43:49
    mesmo quando os Democratas
    se chegam à frente
  • 43:49 - 43:52
    para tentar torná-lo bipartidário.
  • 43:52 - 43:55
    Concordo totalmente contigo em como
    não devia ser um assunto partidário.
  • 43:56 - 43:57
    Antigamente não era
  • 43:57 - 44:01
    mas tem sido artificialmente
    armado como tal.
  • 44:02 - 44:05
    CA: Quer dizer, os CEOs de empresas
    petrolíferas também têm filhos
  • 44:05 - 44:07
    que falam com eles.
  • 44:07 - 44:09
    Parece que alguns deles se estão a mexer
  • 44:09 - 44:11
    e a tentar investir
  • 44:11 - 44:14
    e encontrar formas
    de fazerem parte do futuro.
  • 44:15 - 44:17
    Vês sinais disso?
  • 44:17 - 44:19
    AG: Sim.
  • 44:19 - 44:23
    Penso que os líderes empresariais,
    incluindo empresas de petróleo e gás,
  • 44:23 - 44:26
    estão a dar ouvidos às suas famílias.
  • 44:26 - 44:29
    Estão a dar ouvidos aos seus amigos.
  • 44:29 - 44:32
    Estão a dar ouvidos aos seus funcionários.
  • 44:32 - 44:35
    E, por acaso, vimos
    na indústria tecnológica
  • 44:35 - 44:39
    algumas demissões em massa
    por parte dos funcionários
  • 44:39 - 44:43
    que exigem que algumas
    das empresas de tecnologia
  • 44:43 - 44:45
    ajam mais e levem isto a sério.
  • 44:45 - 44:47
    Tenho imenso orgulho na Apple.
  • 44:47 - 44:50
    Perdoa-me por, entre parênteses,
    elogiar a Apple.
  • 44:50 - 44:53
    Sabes, eu sou suspeito,
    mas sou grande fã do Tim Cook
  • 44:53 - 44:55
    e dos meus colegas na Apple.
  • 44:55 - 44:57
    É um exemplo de uma
    empresa de tecnologia
  • 44:57 - 45:00
    que está realmente a fazer
    coisas fantásticas.
  • 45:00 - 45:02
    E há outras também.
  • 45:02 - 45:05
    Há várias em muitas indústrias.
  • 45:05 - 45:08
    Mas a pressão sobre
    as empresas petrolíferas e de gás
  • 45:08 - 45:11
    é, de facto, extraordinária.
  • 45:11 - 45:15
    A BP reduziu deliberadamente
    12 500 milhões de dólares
  • 45:15 - 45:19
    em ativos de petróleo e gás
  • 45:19 - 45:23
    e disse que eles nunca verão a luz do dia.
  • 45:23 - 45:28
    Dois terços dos combustíveis fósseis
    que já foram descobertos
  • 45:28 - 45:33
    não podem ser queimados
    nem serão queimados.
  • 45:33 - 45:38
    Isso representa um grande risco
    económico para a economia global,
  • 45:38 - 45:41
    como a crise hipotecária de alto risco.
  • 45:41 - 45:45
    Temos 22 biliões de dólares
    em recursos de carbono de alto risco
  • 45:45 - 45:48
    e ainda ontem
    saiu um relatório importante
  • 45:48 - 45:50
    sobre o fraturamento hidráulica nos EUA
  • 45:50 - 45:54
    que está a atravessar
    uma maré de insolvências
  • 45:54 - 45:58
    porque o preço do petróleo
    e do gás fraturado
  • 45:58 - 46:03
    desceu até níveis abaixo
    do que os torna económicos.
  • 46:03 - 46:06
    CA: Será que podemos
    resumir o que aconteceu
  • 46:06 - 46:10
    dizendo que os carros e as tecnologias
    elétricas e solares, etc.,
  • 46:10 - 46:13
    ajudaram a baixar o preço do petróleo
  • 46:13 - 46:16
    ao ponto de uma enorme
    quantidade de reservas
  • 46:16 - 46:19
    já não poderem ser exploradas
    lucrativamente?
  • 46:20 - 46:22
    AG: Sim, é isso mesmo.
  • 46:22 - 46:24
    É essencialmente isso.
  • 46:24 - 46:30
    As projeções para as fontes de energia
    nos próximos anos
  • 46:31 - 46:35
    preveem unanimemente que a eletricidade
    proveniente do vento e do sol
  • 46:35 - 46:38
    continuará a apresentar
    reduções de preço,
  • 46:38 - 46:43
    e, consequentemente,
    usar gás ou carvão
  • 46:43 - 46:48
    para criar vapor para rodar as turbinas
  • 46:48 - 46:50
    não será económico.
  • 46:50 - 46:54
    Do mesmo modo, a eletrificação
    do setor dos transportes
  • 46:54 - 46:56
    está a ter o mesmo efeito.
  • 46:57 - 47:01
    Alguns estão também a olhar para tendência
  • 47:01 - 47:04
    dos governos locais,
    regionais e nacionais.
  • 47:04 - 47:06
    Já mencionei isto antes,
  • 47:06 - 47:10
    mas eles estão a prever um
    futuro energético muito diferente.
  • 47:11 - 47:13
    Mas deixa-me voltar atrás, Chris,
  • 47:13 - 47:15
    porque falámos sobre líderes de negócio.
  • 47:15 - 47:19
    Creio que estavas há pouco a iniciar
    uma questão sobre o capitalismo,
  • 47:19 - 47:20
    e eu quero falar sobre isso,
  • 47:20 - 47:22
    porque há muita gente que diz
  • 47:22 - 47:26
    que o capitalismo é talvez
    o principal problema.
  • 47:26 - 47:32
    Eu penso que o capitalismo atual
    precisa urgentemente de uma melhoria.
  • 47:32 - 47:36
    A perspetiva a curto prazo
    é mencionada várias vezes
  • 47:36 - 47:40
    mas a forma como avaliamos
    aquilo que para nós é valioso
  • 47:40 - 47:45
    é também o motor da crise
    do capitalismo moderno.
  • 47:45 - 47:49
    O capitalismo está na base
    de qualquer economia bem sucedida,
  • 47:49 - 47:51
    e equilibra a oferta e a procura,
  • 47:51 - 47:54
    desbloqueia uma grande fração
    do potencial humano,
  • 47:54 - 47:56
    e não irá a lado nenhum,
  • 47:56 - 47:59
    mas precisa de ser melhorado,
  • 47:59 - 48:02
    pois a forma como medimos
    o que agora é valioso
  • 48:02 - 48:05
    ignora as chamadas consequências negativas
  • 48:05 - 48:06
    como a poluição.
  • 48:06 - 48:10
    E ignora também consequências positivas
  • 48:10 - 48:12
    como investimentos no ensino
    e nos cuidados de saúde,
  • 48:12 - 48:15
    nos cuidados de saúde mental,
    nos serviços de apoio à família.
  • 48:15 - 48:21
    Ignora a escassez de recursos
    como os aquíferos e os solos férteis
  • 48:21 - 48:23
    e a rede de espécies vivas.
  • 48:24 - 48:28
    E ignora a distribuição
    de receita e património líquido.
  • 48:28 - 48:33
    Por isso, quando o PIB cresce,
    as pessoas festejam,
  • 48:33 - 48:37
    2%, 3%, 4%, e pensam: "Excelente!"
  • 48:37 - 48:40
    Mas isso vem acompanhado
    de vastos aumentos da poluição,
  • 48:40 - 48:44
    de défice crónico no investimento
    de bens públicos,
  • 48:45 - 48:49
    de esgotamento de recursos
    naturais insubstituíveis,
  • 48:49 - 48:55
    e da pior crise de desigualdade
    a que assistimos em mais de cem anos
  • 48:55 - 48:58
    que ameaça o futuro
    do capitalismo e da democracia.
  • 48:58 - 49:01
    Por isso temos de mudar isso.
    Temos de reformar isso.
  • 49:02 - 49:05
    CA: Portanto, reformar o capitalismo
    mas não o deitar fora.
  • 49:05 - 49:08
    Vamos precisar dele como ferramenta
    à medida que avançarmos
  • 49:08 - 49:09
    se quisermos resolver isto.
  • 49:09 - 49:12
    AG: Sim, acho que é isso,
    e um último ponto:
  • 49:12 - 49:16
    os piores excessos ambientais
    dos últimos cem anos
  • 49:16 - 49:20
    aconteceram em jurisdições que fizeram
    experiências ao longo do século XX
  • 49:20 - 49:24
    com alternativas ao capitalismo
    de esquerda e de direita.
  • 49:24 - 49:26
    CA: Interessante. Muito bem.
  • 49:26 - 49:30
    Últimas duas perguntas
    da comunidade, rapidamente.
  • 49:32 - 49:34
    Chadburn Blomquist:
  • 49:34 - 49:37
    "Enquanto aguardamos uma previsão
    do impacto da atual pandemia,
  • 49:37 - 49:41
    "e considerando a nossa resposta
    ao combate à alteração climática,
  • 49:41 - 49:43
    "qual pensa que será a lição
    de maior impacto a retirar?"
  • 49:44 - 49:47
    AG: Bem, essa pergunta é muito profunda,
  • 49:47 - 49:51
    e gostava que a minha resposta
    estivesse ao mesmo nível.
  • 49:51 - 49:53
    Eu diria que, primeiro,
  • 49:53 - 49:55
    não ignorar os cientistas.
  • 49:56 - 49:58
    Quando existe praticamente unanimidade
  • 49:58 - 50:01
    entre cientistas e médicos especialistas,
  • 50:01 - 50:03
    prestem atenção.
  • 50:03 - 50:06
    Não se deixem dissuadir
    por qualquer político.
  • 50:06 - 50:09
    Acho que o presidente Trump
    tem vindo a aprender lentamente
  • 50:09 - 50:12
    que é complicado ignorar um vírus.
  • 50:13 - 50:15
    Ele tentou ignorar o vírus em Tulsa.
  • 50:15 - 50:17
    Não correu muito bem,
  • 50:17 - 50:23
    e tragicamente, há um mês
    ele decidiu arriscar imprudentemente
  • 50:23 - 50:27
    e ignorar as recomendações
    de utilização de máscaras
  • 50:27 - 50:29
    e de distanciamento social
  • 50:29 - 50:30
    e as outras coisas.
  • 50:30 - 50:34
    Acho que essa lição
    começa a tomar uma posição
  • 50:34 - 50:36
    muito mais firme.
  • 50:36 - 50:38
    Mas para além disso, Chris,
  • 50:38 - 50:42
    penso que este período
    tem sido caracterizado
  • 50:42 - 50:47
    por uma das oportunidades mais profundas
  • 50:47 - 50:51
    para as pessoas repensarem
    os seus hábitos de vida
  • 50:51 - 50:57
    e considerarem se podemos ou não
    fazer melhor numa série de coisas
  • 50:57 - 50:59
    e de forma diferente.
  • 50:59 - 51:03
    E acho que a nova geração
    de que falei antes
  • 51:03 - 51:05
    tem sido ainda mais
    profundamente afetada
  • 51:05 - 51:07
    por este intervalo,
  • 51:07 - 51:08
    que espero que termine em breve,
  • 51:08 - 51:10
    mas espero que as lições prevaleçam.
  • 51:10 - 51:12
    E suponho que vão.
  • 51:12 - 51:15
    CA: Sim, é incrível a quantidade
    de coisas que se podem fazer
  • 51:15 - 51:17
    sem emissão de carbono,
  • 51:17 - 51:18
    e que temos sido forçados a fazer.
  • 51:19 - 51:21
    Vamos só a mais uma pergunta.
  • 51:23 - 51:26
    Frank Hennessy: "Sente-se animado
    pela capacidade das pessoas
  • 51:26 - 51:29
    "de se adaptarem ao novo normal
    devido à COVID-19
  • 51:29 - 51:32
    "demonstrando que conseguem
    e vão mudar os seus hábitos
  • 51:32 - 51:35
    "para combaterem a alteração climáticas?
  • 51:36 - 51:40
    AG: Sim, mas temos de manter em mente
  • 51:42 - 51:45
    que há uma crise dentro desta crise.
  • 51:46 - 51:51
    O impacto na comunidade afro-americana,
    que mencionei anteriormente,
  • 51:52 - 51:55
    ou na comunidade latino-americana,
  • 51:55 - 51:57
    nos povos indígenas.
  • 51:57 - 52:00
    A taxa mais elevada de infeção
    atualmente é na Nação Navajo.
  • 52:00 - 52:05
    Por isso, algumas destas questões
    parecem distintas
  • 52:05 - 52:10
    das que estão realmente
    a sentir o embate desta crise
  • 52:10 - 52:17
    e é inaceitável permitirmos
    que isto continue.
  • 52:19 - 52:22
    Para mim e para ti
    parecem-nos de uma maneira
  • 52:22 - 52:25
    e, provavelmente, para muitos
    dos que estão aqui a assistir,
  • 52:25 - 52:28
    mas para comunidades de cor
    de baixos rendimentos,
  • 52:28 - 52:30
    a crise é completamente diferente,
  • 52:30 - 52:32
    e devemos-lhes
  • 52:32 - 52:34
    e a todos nós
  • 52:34 - 52:38
    deitar mãos à obra e começar
    a usar a melhor ciência
  • 52:39 - 52:41
    e solucionar esta pandemia.
  • 52:41 - 52:43
    Conheces a expressão
    "economia pandémica"?
  • 52:43 - 52:46
    Alguém disse que, o primeiro princípio
    da economia pandémica
  • 52:46 - 52:48
    é tratar da pandemia,
  • 52:48 - 52:50
    e ainda não estamos a fazer isso.
  • 52:51 - 52:54
    Estamos a assistir ao presidente
    a tentar brincar com a economia,
  • 52:54 - 52:55
    para a sua reeleição,
  • 52:55 - 52:56
    desprezando a previsão
  • 52:56 - 53:00
    de dezenas de milhares
    de mortes de americanos.
  • 53:00 - 53:03
    Na minha opinião, isso é imperdoável.
  • 53:03 - 53:05
    CA: Obrigado, Frank.
  • 53:06 - 53:11
    Então, Al, tu e outros na comunidade
    representaram um papel fundamental
  • 53:11 - 53:17
    a incentivar a TED a lançar a iniciativa
    a que chamámos "Countdown"
  • 53:17 - 53:18
    Obrigado por isso,
  • 53:18 - 53:23
    e suponho que esta conversa vai
    continuar entre muitos de nós.
  • 53:23 - 53:26
    Se tiverem ficado interessados
    pelo ambiente, depois de verem isto,
  • 53:26 - 53:29
    visitem o "website" do Countdown,
  • 53:30 - 53:32
    countdown.ted.com,
  • 53:33 - 53:36
    e façam parte do 10/10/2020,
  • 53:36 - 53:40
    dia em que tentaremos enviar
    um alerta a todo o mundo
  • 53:40 - 53:42
    em como o ambiente não pode esperar,
  • 53:42 - 53:44
    que realmente importa,
  • 53:44 - 53:46
    e teremos muito conteúdo incrível
  • 53:46 - 53:49
    gratuito para o mundo nesse dia.
  • 53:49 - 53:53
    Obrigado, Al, pela inspiração
    e apoio neste projeto.
  • 53:53 - 53:56
    Estava a pensar que podias
    terminar a sessão de hoje
  • 53:56 - 53:58
    deixando-nos uma perspetiva
  • 53:58 - 54:03
    de como as coisas poderão desenvolver-se
    ao longo da próxima década.
  • 54:04 - 54:07
    Diz-nos se ainda existe ou não
    uma réstia de esperança.
  • 54:08 - 54:09
    AG: Com todo o gosto.
  • 54:10 - 54:12
    Tenho de fazer aqui uma referência.
    Serei breve.
  • 54:12 - 54:16
    De 18 de julho a 26 de julho,
  • 54:16 - 54:20
    O Projeto de Realidade Climática
    fará uma formação global.
  • 54:20 - 54:23
    Já temos 8000 inscritos.
  • 54:23 - 54:25
    Podem ir a climatereality.com.
  • 54:25 - 54:27
    Agora, um futuro próspero
  • 54:28 - 54:31
    começa com todos os tipos de esforços,
  • 54:31 - 54:34
    que tu próprio fizeste para
    organizar o Countdown.
  • 54:35 - 54:38
    Chris, tu e a tua equipa
    têm sido fantásticos
  • 54:38 - 54:41
    enquanto colegas de trabalho
  • 54:41 - 54:44
    e estou extremamente entusiasmado
    com o projeto Countdown.
  • 54:45 - 54:48
    A TED tem uma capacidade inigualável
  • 54:48 - 54:51
    para propagar ideias que valem a pena,
  • 54:51 - 54:53
    para consciencializar,
  • 54:53 - 54:55
    para instruir pessoas de todo o mundo,
  • 54:55 - 54:59
    e isso é necessário para o ambiente
    e para as soluções para a crise climática
  • 54:59 - 55:01
    como nunca foi antes,
  • 55:02 - 55:05
    e quero agradecer-te
    pelo que pessoalmente estás a fazer
  • 55:05 - 55:09
    para organizar este fantástico
    programa Countdown.
  • 55:11 - 55:12
    CA: Obrigado.
  • 55:12 - 55:14
    E o mundo? Vamos fazer isto?
  • 55:14 - 55:17
    Acham que a humanidade
    vai conseguir dar volta a isto
  • 55:17 - 55:21
    e que os nossos netos
  • 55:21 - 55:23
    vão ter vidas maravilhosas
  • 55:23 - 55:25
    onde poderão celebrar a Natureza
    em vez de passarem os dias
  • 55:25 - 55:29
    com medo do próximo furação ou tsunami?
  • 55:29 - 55:32
    AG: Estou otimista em que o vamos fazer,
  • 55:33 - 55:36
    mas a resposta está nas nossas mãos.
  • 55:37 - 55:41
    Tivemos tempos obscuros no passado,
  • 55:41 - 55:44
    e estivemos à altura do desafio.
  • 55:45 - 55:50
    Temos as limitações
    da nossa herança evolutiva
  • 55:50 - 55:52
    e de elementos da nossa cultura,
  • 55:52 - 55:55
    mas também temos a capacidade
    de transcender as nossas limitações,
  • 55:56 - 55:57
    e quando baixamos a guarda,
  • 55:57 - 55:59
    e a sobrevivência está em risco
  • 55:59 - 56:02
    e as crianças e as gerações
    futuras estão em risco,
  • 56:02 - 56:08
    somos capazes de mais do que aquilo
    que alguma vez pensámos.
  • 56:08 - 56:10
    Este é um desses momentos.
  • 56:10 - 56:13
    Eu acredito que estaremos à altura,
  • 56:13 - 56:15
    e que criaremos um futuro
  • 56:15 - 56:19
    limpo, próspero, justo e equilibrado.
  • 56:19 - 56:21
    Acredito nisso com todo o meu coração.
  • 56:22 - 56:26
    CA: Al Gore, obrigado
    pela tua vida de trabalho,
  • 56:26 - 56:28
    por evidenciares este problema
  • 56:28 - 56:30
    e por passares este tempo connosco.
  • 56:30 - 56:31
    Obrigado.
  • 56:31 - 56:33
    AG: A ti também. Obrigado
Title:
A nova urgência da alteração climática
Speaker:
Al Gore
Description:

O coronavírus levou o mundo a uma paralisação, fazendo cair as emissões de carbono em 5%. Al Gore afirma que manter essa taxa depende agora de todos nós. Nesta esclarecedora entrevista, é analisado como a queda constante do custo da energia eólica e solar vai transformar a indústria, os transportes e a agricultura, vai oferecer uma alternativa mais barata aos combustíveis fósseis e à energia nuclear e vai criar milhões de novos empregos. Mantenham-se ligados para assistirem a um debate aceso sobre geoengenharia e ouvir a opinião de Al Gore sobre como a Humanidade poderá criar um futuro próspero através de um esforço global focado e de uma geração jovem disposta a contribuir para a mudança.
(Esta conversa virtual, conduzida pelo dirigente da TED Chris Anderson, foi gravada no dia 23 de junho de 2020.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
56:45

Portuguese subtitles

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