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Como podemos ajudar os "medianos esquecidos" a atingir o seu potencial

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    Vou falar-vos dos ''medianos esquecidos".
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    Para mim, são os estudantes,
    os colegas e todas as pessoas vulgares
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    que são muitas vezes ignoradas
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    porque não são vistas como
    excecionais nem problemáticas.
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    São os miúdos que pensamos
    que podemos ignorar
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    porque as suas necessidades de apoio
    não parecem ser urgentes.
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    São os colegas
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    que mantêm em funcionamento
    os motores das nossas organizações,
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    mas que não são vistos como os inovadores
    que levam à excelência.
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    De muitas maneiras,
    ignoramos as pessoas medianas
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    porque não nos mantêm
    acordados de noite,
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    a pensar qual será a coisa louca
    que eles vão criar.
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    (Risos)
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    A verdade é que dependemos
    da complacência deles
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    e do seu sentido de desconexão
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    porque tornam mais fácil
    o nosso trabalho.
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    Eu conheço um pouco
    o que são os medianos esquecidos.
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    Quando eu andava na escola,
    saia com esse pessoal mediano.
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    Durante muito tempo,
    eu fui uma boa aluna,
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    mas isso mudou no sétimo ano.
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    Eu passava os dias na mexeriquice,
    passando recadinhos,
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    sempre na brincadeira
    com os meus amigos.
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    Em vez de fazer os trabalhos de casa
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    agarrava-me ao telemóvel,
    a recordar os incidentes do dia.
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    E, embora eu fosse
    uma adolescente vulgar de 12 anos,
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    a minha ambivalência no ensino
    levou-me a ter notas médias.
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    Felizmente para mim, a minha mãe
    percebeu uma coisa importante,
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    que aquela minha situação
    não era o que me convinha.
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    Enquanto antiga bibliotecária
    de investigação e educadora,
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    a minha mãe sabia que eu era
    capaz de muito mais.
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    Mas também sabia
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    que, como eu era uma jovem negra nos EUA,
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    podia não ter as oportunidades
    surgidas do nada
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    se ela não tivesse o cuidado de as criar.
  • 2:24 - 2:28
    Assim, ela colocou-me
    numa escola diferente.
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    Inscreveu-me em atividades
    de liderança no meu bairro.
  • 2:33 - 2:36
    E começou a falar comigo
    mais seriamente
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    sobre a faculdade e as opções de carreira
    a que eu podia aspirar.
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    A fórmula da minha mãe
    para me tirar da mediania era simples.
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    Ela começou com altas expetativas.
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    Dedicou-se a descobrir
    como preparar-me para o sucesso.
  • 2:57 - 3:00
    Tornou-me responsável
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    e, nesse percurso, convenceu-me
    de que eu tinha o poder
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    de criar a minha própria história.
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    Essa fórmula não me ajudou apenas
    a sair da minha crise do sétimo ano
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    — usei-a mais tarde em Nova Iorque,
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    quando estava a trabalhar com miúdos
    que tinham muito potencial,
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    mas não tinham muitas oportunidades
    para tirarem um curso superior.
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    Como sabem, os estudantes
    de alto rendimento
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    geralmente têm acesso
    a recursos adicionais,
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    como atividades
    de enriquecimento no verão,
  • 3:36 - 3:38
    estágios
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    e um amplo programa
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    que os tira da sala de aula
    e os coloca no mundo
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    de uma forma que dá ótimo aspeto
    nas candidaturas para a faculdade.
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    Mas não proporcionamos
    esse tipo de oportunidade a toda a gente.
  • 3:53 - 3:56
    E o resultado é que não são
    só alguns jovens que se perdem.
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    Eu penso que nós, como sociedade,
    também perdemos.
  • 4:00 - 4:04
    Eu tenho uma teoria louca,
    sobre as pessoas medianas.
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    Penso que há bilhetes da lotaria
    não reclamados entre os medianos.
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    Penso que a cura para o cancro
    e o caminho para a paz mundial
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    podem muito bem estar ali.
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    Agora, como antiga professora de liceu,
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    não estou a dizer que todos vão passar
    a ser alunos excelentes, por magia.
  • 4:25 - 4:29
    Mas creio que a maioria
    das pessoas medianas
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    são capazes de muito mais.
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    E acredito que as pessoas ficam no "meio"
    porque é para aí que as relegamos
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    e, por vezes, é onde elas descontraem
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    enquanto tentam compreender as coisas.
  • 4:43 - 4:45
    Todos os nossos percursos
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    são feitos de uma série
    de pausas e de acelerações,
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    de perdas e ganhos.
  • 4:52 - 4:55
    Temos a responsabilidade de garantir
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    que a identidade racial, de género,
    cultural e socioeconómica de alguém
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    nunca seja a razão para esse alguém
    não ter hipótese de sair da mediania.
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    Então, assim como a minha mãe fez comigo,
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    eu comecei com altas expetativas
    para os meus jovens.
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    E comecei com uma pergunta.
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    Deixei de perguntar aos miúdos:
    "Queres ir para a faculdade?"
  • 5:21 - 5:23
    e comecei a perguntar-lhes:
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    "Para que faculdade gostavas de ir?"
  • 5:27 - 5:28
    A primeira pergunta...
  • 5:29 - 5:32
    (Aplausos)
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    A primeira pergunta deixa em aberto
    muitas possibilidades vagas.
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    Mas a segunda pergunta
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    diz uma coisa sobre o que eu pensava
    que os meus jovens eram capazes.
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    Basicamente,
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    assume que eles irão acabar
    o ensino secundário com sucesso.
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    E também assumia
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    que teriam o tipo de currículo académico
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    que poderia levá-los
    a serem admitidos na universidade.
  • 6:02 - 6:06
    E tenho orgulho em dizer
    que as altas expetativas funcionavam.
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    Enquanto os alunos negros e latinos,
    a nível nacional,
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    que completam o curso
    da faculdade em seis anos ou menos,
  • 6:13 - 6:16
    são apenas uma percentagem de 38%,
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    nós fomos reconhecidos pela College Board
  • 6:19 - 6:23
    pela nossa capacidade não apenas
    de colocar os miúdos na faculdade
  • 6:23 - 6:25
    mas fazer com que eles
    permaneçam na faculdade.
  • 6:25 - 6:28
    (Aplausos)
  • 6:31 - 6:35
    Mas eu também sei que
    as altas expetativas são ótimas,
  • 6:35 - 6:37
    mas é preciso um pouco mais do que isso.
  • 6:38 - 6:42
    Não pediremos a um pasteleiro
    para fazer um bolo sem um forno.
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    E não devemos pedir aos medianos
    para dar esse salto
  • 6:47 - 6:53
    sem lhes fornecer as ferramentas,
    as estratégias e o apoio que eles merecem
  • 6:53 - 6:55
    para progredir na vida.
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    Um rapariga de quem fui mentora
    durante muito tempo, a Nicole,
  • 7:01 - 7:03
    veio ao meu escritório um dia,
  • 7:03 - 7:08
    depois de o seu conselheiro estudantil
    ter olhado para a sua ficha muito forte
  • 7:08 - 7:11
    e exprimir grande choque e espanto
  • 7:11 - 7:14
    ao saber que ela estava interessada
    em ir para a faculdade,
  • 7:15 - 7:20
    O que o conselheiro não sabia
    era que, através da sua comunidade,
  • 7:20 - 7:24
    Nicole tinha tido acesso
    ao curso preparatório para a faculdade,
  • 7:24 - 7:27
    aos exames para a entrada
    e a programas de viagens internacionais.
  • 7:28 - 7:31
    Não só a faculdade
    fazia parte do seu futuro,
  • 7:31 - 7:36
    como me orgulho em dizer que a Nicole
    foi em frente e completou dois mestrados
  • 7:36 - 7:39
    após se formar na Universidade Purdue.
  • 7:40 - 7:43
    (Aplausos)
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    Também nos empenhámos em tornar
    os nossos jovens responsáveis
  • 7:50 - 7:57
    e também instilar neles um sentimento
    da responsabilidade para com eles mesmos,
  • 7:57 - 8:02
    para com os seus colegas,
    as suas famílias e as suas comunidades.
  • 8:02 - 8:06
    Apostámos em reforçar o desenvolvimento
    da juventude com iniciativas de valor.
  • 8:07 - 8:09
    Fomos a retiros de liderança
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    e fizemos atividades com
    diferentes níveis de desafios.
  • 8:13 - 8:17
    Abordámos juntos
    as grandes questões da vida.
  • 8:18 - 8:21
    O resultado foi que os miúdos
    adquiriram a noção
  • 8:21 - 8:26
    de que eram responsáveis por alcançar
    esses diplomas da faculdade.
  • 8:27 - 8:33
    Foi gratificante ver esses jovens
    a contactarem, a enviarem mensagens
  • 8:33 - 8:36
    a dizer: "Porque é que estás atrasado
    para o curso preparatório?"
  • 8:36 - 8:40
    ou "O que é que estás a meter na mala
    para a visita à faculdade amanhã?"
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    Nós trabalhámos para tornar
    a faculdade aquilo que devia ser feito.
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    Começámos a criar programas
    nos campos das faculdades
  • 8:50 - 8:55
    e eventos que permitissem que os jovens
    se visualizassem a si mesmos
  • 8:55 - 8:59
    como estudantes e formandos da faculdade.
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    Eu e a minha equipa desenterrámos
    as nossas recordações de estudantes
  • 9:03 - 9:05
    e divertimo-nos muito,
    com competições saudáveis
  • 9:06 - 9:09
    para saber quem tinha a melhor faculdade.
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    Os miúdos perceberam a ideia
  • 9:12 - 9:16
    e começaram a ver que havia
    qualquer coisa mais para a sua vida.
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    Não apenas isso — eles puderam olhar
    em volta para os estudantes da faculdade
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    e ver miúdos provenientes
    das mesmas origens
  • 9:24 - 9:26
    e dos mesmos bairros
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    e que aspiravam às mesmas coisas.
  • 9:30 - 9:34
    Esse sentimento de pertença
    era fundamental
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    e apareceu de uma maneira linda
    e memorável
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    num dia em que estávamos
    no aeroporto de Johannesburg,
  • 9:40 - 9:43
    à espera de passar pela alfândega
  • 9:43 - 9:46
    a caminho do Botswana
    para uma viagem de aprendizagem.
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    Eu vi um grupo de jovens
    amontoados num círculo.
  • 9:50 - 9:53
    Quando se trata de adolescentes
    isso quer dizer que se passa alguma coisa.
  • 9:53 - 9:54
    (Risos)
  • 9:54 - 9:57
    Então, eu aproximei-me
    por detrás dos miúdos
  • 9:57 - 10:00
    para perceber do que é
    que estavam a falar.
  • 10:00 - 10:03
    Estavam a comparar
    os carimbos nos passaportes.
  • 10:03 - 10:04
    (Risos)
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    Estavam a sonhar em voz alta
    com todos os países
  • 10:07 - 10:10
    que planeavam visitar no futuro.
  • 10:12 - 10:16
    Ver aqueles jovens de Nova Iorque
  • 10:16 - 10:19
    não só a tornarem-se
    estudantes universitários
  • 10:19 - 10:22
    mas a participarem em programas
    de intercâmbio internacional
  • 10:22 - 10:25
    e conseguirem empregos em todo o mundo
  • 10:25 - 10:27
    foi incrivelmente gratificante.
  • 10:28 - 10:30
    Quando penso nos meus miúdos
  • 10:30 - 10:34
    e em todos os médicos, advogados,
    professores, assistentes sociais,
  • 10:34 - 10:36
    jornalistas e artistas
  • 10:36 - 10:40
    que saíram do nosso pequeno recanto
    em Nova Iorque,
  • 10:40 - 10:43
    odeio pensar no que teria acontecido
  • 10:43 - 10:46
    se não tivéssemos investido nos medianos.
  • 10:46 - 10:51
    Pensem no que aquelas comunidades
    e o mundo teriam perdido.
  • 10:53 - 10:57
    Esta fórmula para os medianos
    não funciona só com os jovens.
  • 10:58 - 11:01
    Também pode transformar organizações.
  • 11:02 - 11:04
    Podemos ser mais ousados
  • 11:04 - 11:10
    em criar e articular uma missão
    que inspire toda a gente.
  • 11:09 - 11:14
    Podemos autenticamente convidar
    os nossos colegas para a mesa
  • 11:14 - 11:18
    para criarem uma estratégia
    adequada à missão.
  • 11:18 - 11:23
    Podemos dar um retorno significativo
    às pessoas ao longo do caminho,
  • 11:23 - 11:26
    e — por vezes o mais importante —
  • 11:26 - 11:31
    garantir que atribuímos os créditos
    pela contribuição de todos.
  • 11:33 - 11:38
    Quando a minha equipa se impôs
    aspirações altas para si mesmos
  • 11:38 - 11:43
    fizeram uma coisa muito
    transformadora para os jovens.
  • 11:44 - 11:49
    Tem sido maravilhoso olhar para trás
    e ver todos os meus antigos colegas
  • 11:49 - 11:52
    que foram em frente
    e conseguiram doutoramentos
  • 11:52 - 11:55
    e assumiram papéis de liderança
    noutras organizações.
  • 11:57 - 12:03
    Nós temos o que é preciso para inspirar
    e elevar as pessoas medianas.
  • 12:03 - 12:08
    Podemos estender o amor
    às pessoas medianas.
  • 12:08 - 12:14
    Podemos desafiar os nossos preconceitos
    sobre quem merece uma ajuda, e como.
  • 12:16 - 12:21
    Podemos estruturar as nossas organizações,
    comunidades e instituições
  • 12:21 - 12:26
    de formas que sejam inclusivas
    e que tenham princípios de equidade.
  • 12:27 - 12:29
    Porque, em última análise,
  • 12:29 - 12:33
    o que geralmente
    é confundido com um ponto final
  • 12:33 - 12:36
    é apenas uma vírgula.
  • 12:36 - 12:38
    Obrigada.
  • 12:38 - 12:41
    (Aplausos)
Title:
Como podemos ajudar os "medianos esquecidos" a atingir o seu potencial
Speaker:
Danielle R. Moss
Description:

Vocês conhecem os "medianos esquecidos": são os estudantes, os colegas e as pessoas normais que geralmente são ignoradas porque não são vistas como excecionais nem como problemáticas. Como podemos dar-lhes condições para elas alcançarem o seu potencial total? Falando do seu trabalho em ajudar jovens chegarem à faculdade, a ativista social Danielle R. Moss desafia-nos a pensar profundamente sobre quem merece atenção -— e mostra-nos como encorajar os medianos que sonham em grande.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
12:58

Portuguese subtitles

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