Return to Video

Se uma árvore pudesse falar | Lesley Rigg | TEDxNorthernIllinoisUniversity

  • 0:06 - 0:08
    Boa tarde.
  • 0:08 - 0:11
    Vamos fazer uma pequena viragem
  • 0:11 - 0:14
    e vamos olhar para a memória das plantas.
  • 0:14 - 0:17
    Todos conhecemos bem as nossas memórias
  • 0:17 - 0:19
    e como documentamos as nossas memórias
  • 0:19 - 0:22
    através de fotos, através de livros,
  • 0:22 - 0:24
    através de obras criativas,
  • 0:24 - 0:26
    de pinturas artísticas.
  • 0:26 - 0:31
    Mas as plantas também documentam
    a sua época e a sua vida
  • 0:31 - 0:34
    e o que é notável nas plantas
  • 0:34 - 0:38
    é que têm uma memória
    muito mais longa do que nós.
  • 0:38 - 0:42
    Nós estamos limitados, de muitas formas,
    pela nossa longevidade.
  • 0:42 - 0:45
    As plantas podem viver milhares de anos
  • 0:45 - 0:47
    e, como veem, esta planta está ativamente
  • 0:47 - 0:50
    — como disse a minha aluna Shannon,
    que me ajudou na investigação —
  • 0:50 - 0:53
    esta planta está a introduzir-se
    nesta foto.
  • 0:53 - 0:55
    (Risos)
  • 0:56 - 0:58
    Penso que o meu comando está avariado.
  • 1:02 - 1:03
    Obrigada.
  • 1:08 - 1:10
    Cá vamos.
  • 1:12 - 1:15
    O espantoso no mundo em que vivemos
  • 1:15 - 1:18
    é que, quando fazemos uma fotografia,
    estamos a congelar o tempo.
  • 1:18 - 1:20
    Mas o tempo não é estático
  • 1:20 - 1:25
    e as plantas registam a natureza dinâmica
    do mundo em que vivemos.
  • 1:25 - 1:28
    Esta é Altgeld Hall
    ao longo das suas muitas estações.
  • 1:28 - 1:31
    Quando levo alunos aos bosques
    aqui no "campus", digo-lhes:
  • 1:31 - 1:33
    "Olhem à vossa volta.
  • 1:33 - 1:35
    "Vocês estão a ver o dia de hoje.
  • 1:35 - 1:37
    "Amanhã será diferente.
  • 1:37 - 1:39
    "No próximo ano será diferente.
  • 1:39 - 1:41
    "Há 20 anos era diferente".
  • 1:41 - 1:43
    As plantas não se mantêm imóveis.
  • 1:43 - 1:45
    Crescem e movimentam-se
  • 1:45 - 1:48
    mas fazem-no a um ritmo tão lento
    que não damos por isso.
  • 1:49 - 1:52
    Não vemos as ervas a crescer.
  • 1:52 - 1:54
    Mas se passearem num bosque,
  • 1:54 - 1:56
    vemos que há rebentos,
  • 1:56 - 1:58
    que há adultos,
  • 1:58 - 2:01
    que há plantas e heras a trepar.
  • 2:02 - 2:03
    As coisas são dinâmicas
  • 2:03 - 2:06
    e estão sempre a mover-se e a mudar.
  • 2:07 - 2:10
    Temos as nossas fotografias,
  • 2:10 - 2:13
    e estes são muitos dos instantâneos
    do meu álbum de fotografias.
  • 2:14 - 2:17
    Esta sou eu e esta sou eu hoje.
  • 2:17 - 2:18
    Esta é a minha mãe e eu.
  • 2:18 - 2:21
    Mudamos e podemos documentar
    essa mudança.
  • 2:21 - 2:23
    Esta é Shannon, a minha aluna
    doutoranda
  • 2:23 - 2:25
    com a minha filha,
    quando ela era mais pequena.
  • 2:25 - 2:27
    A minha filha agora é mais alta.
  • 2:28 - 2:29
    Mudamos.
  • 2:29 - 2:31
    Esta é a minha família.
  • 2:31 - 2:35
    Podemos ir ao mesmo local
    à superfície da Terra
  • 2:35 - 2:38
    e recriar uma memória.
  • 2:38 - 2:40
    Podemos recriar o tempo.
  • 2:40 - 2:43
    As plantas não têm
    a mesma mobilidade, estão presas.
  • 2:43 - 2:46
    Assim, embora estejamos
    limitados pela nossa longevidade,
  • 2:46 - 2:48
    não estamos limitados
    pela nossa mobilidade.
  • 2:48 - 2:51
    Podemos levar
    as nossas memórias connosco.
  • 2:51 - 2:53
    Podemos criar novas memórias
    em espaços novos.
  • 2:53 - 2:55
    As plantas, durante a sua vida,
  • 2:55 - 2:58
    estão estáticas num local,
    mas não no tempo.
  • 2:59 - 3:02
    A única vez que as plantas se movem
    é quando lançam as sementes
  • 3:02 - 3:05
    e já voltaremos a isso.
  • 3:08 - 3:10
    As plantas documentam a sua vida
  • 3:10 - 3:13
    mas nós também documentamos
    a vida das plantas.
  • 3:13 - 3:15
    A foto da esquerda
  • 3:15 - 3:18
    é uma pintura de um artista italiana
    chamado Arcimboldo.
  • 3:18 - 3:20
    Pintou isto no início do século XVI.
  • 3:20 - 3:23
    É um deus mítico das colheitas.
  • 3:24 - 3:28
    Se olharmos para esta pintura
    e pensarmos na Itália,
  • 3:28 - 3:32
    especialmente em Milão,
    no início do século XVI,
  • 3:32 - 3:36
    isto dá-nos uma imagem muito boa
    das plantas que havia ali
  • 3:36 - 3:40
    porque devia ser aquilo
    que ele estava a pintar.
  • 3:42 - 3:44
    Mas falta qualquer coisa nesta pintura
  • 3:45 - 3:48
    se pensarmos na comida italiana atual
  • 3:48 - 3:51
    — pensem nas massas,
    pensem nas "pizzas" —
  • 3:52 - 3:56
    o ingrediente principal para fazer
    uma refeição italiana seria o tomate.
  • 3:57 - 3:59
    Mas não há tomates nesta pintura,
  • 4:00 - 4:02
    porque os tomates foram
    introduzidos na Europa
  • 4:02 - 4:06
    por volta da época em que Arcimboldo
    pintou esta pintura.
  • 4:06 - 4:09
    Vieram dos Andes, na América do Sul.
  • 4:09 - 4:12
    O tomate só foi cultivado na Europa
    no início do século XIX.
  • 4:13 - 4:16
    Assim, a memória que temos
    se formos de viagem à Europa,
  • 4:16 - 4:18
    se formos de viagem à Itália,
  • 4:18 - 4:23
    temos memórias muito vivas,
    muito tácteis, dessa experiência.
  • 4:23 - 4:26
    E para voltar
    a um dos oradores anteriores,
  • 4:27 - 4:29
    é uma memória falsa.
  • 4:29 - 4:32
    É uma coisa que lá colocámos.
  • 4:32 - 4:37
    O tomate não é nativo na Itália.
  • 4:37 - 4:39
    Fomos nós que o levámos para lá.
  • 4:39 - 4:41
    É aquilo a que chamamos,
    no mundo das plantas,
  • 4:41 - 4:43
    uma planta exótica invasiva.
  • 4:43 - 4:45
    Nós ajudámo-la a invadir.
  • 4:45 - 4:51
    Esta imagem é de uma vivenda
    de há 2000 anos, em Itália.
  • 4:52 - 4:54
    É a sala de jantar dessa vivenda
  • 4:54 - 4:56
    e tem frescos pintados nas paredes
  • 4:56 - 4:59
    — são quatro paredes, 360º.
  • 4:59 - 5:01
    Há 24 espécies de plantas
  • 5:01 - 5:04
    cuja existência há 2000 anos
    conseguimos documentar
  • 5:04 - 5:06
    graças a estas pinturas.
  • 5:06 - 5:08
    Assim, pudemos reconstituir a memória
  • 5:08 - 5:11
    da região mediterrânica
    daquela época.
  • 5:12 - 5:15
    Mas as plantas também deixam memórias.
  • 5:15 - 5:17
    Estes pólens aqui
  • 5:17 - 5:20
    — todos conhecemos bem o pólen
    porque gostamos muito dele,
  • 5:20 - 5:22
    fazem-nos espirrar —
  • 5:22 - 5:25
    estes pólens são "migalhas de pão"
    que as plantas deixam atrás de si.
  • 5:25 - 5:27
    Ficam presos nos sedimentos.
  • 5:27 - 5:30
    Ficam presos na água.
  • 5:30 - 5:33
    Ficam misturados com sedimentos
    em ribeiros e rios.
  • 5:33 - 5:36
    São transportados para lagos
    e zonas húmidas,
  • 5:36 - 5:38
    e ficam ali armazenados.
  • 5:38 - 5:41
    Ficam ali armazenados
    durante milhares de anos.
  • 5:41 - 5:43
    Podemos recuperá-los
    e conhecer a sua história.
  • 5:44 - 5:46
    Podemos captar essas memórias.
  • 5:46 - 5:47
    Voltaremos a isso.
  • 5:49 - 5:51
    Somos muito bons a documentar
    as alterações locais.
  • 5:51 - 5:55
    Somos muito bons a perceber
    a paisagem no nosso quintal.
  • 5:56 - 6:00
    Esta é uma reserva natural
    mesmo a oeste de nós aqui,
  • 6:01 - 6:03
    chamada Nachusa Grasslands.
  • 6:03 - 6:05
    É propriedade da Nature Conservancy.
  • 6:05 - 6:07
    A minha aluna doutoranda
    trabalha ali.
  • 6:07 - 6:09
    Quando vamos para a floresta,
  • 6:09 - 6:12
    embora eu diga aos meus alunos
    que as florestas estão sempre a mudar
  • 6:12 - 6:13
    e que o que vemos hoje
  • 6:13 - 6:18
    não é o que teríamos visto ontem
    nem o que podemos ver amanhã,
  • 6:18 - 6:21
    é muito difícil imaginarmos isso.
  • 6:21 - 6:24
    Este é o aspeto do bosque hoje.
  • 6:24 - 6:26
    Bonito e denso, cheio de árvores.
  • 6:26 - 6:28
    Aqui é em 1939.
  • 6:29 - 6:34
    Isto é uma coisa onde vamos todos os dias,
    mas onde não vemos o passado.
  • 6:34 - 6:36
    Mas o passado está registado.
  • 6:36 - 6:37
    Podemos registá-lo,
  • 6:37 - 6:40
    mas também podemos obter
    as informações pelas árvores
  • 6:40 - 6:42
    porque podemos descobrir
    a idade que elas têm,
  • 6:42 - 6:45
    podemos observar o ritmo do crescimento
    utilizando os anéis.
  • 6:45 - 6:47
    Muita gente conhece os anéis das árvores.
  • 6:47 - 6:49
    Voltaremos a isso.
  • 6:51 - 6:53
    Se passarmos do local para o global,
  • 6:53 - 6:55
    observamos onde vivem as plantas
    no mundo inteiro
  • 6:55 - 7:01
    e todos conhecemos o verde,
    ou seja, as florestas tropicais.
  • 7:01 - 7:04
    Se olharmos para onde vivemos,
    aqui na região dos Grandes Lagos,
  • 7:04 - 7:07
    vivemos na fronteira
    entre a floresta caduca
  • 7:07 - 7:10
    — as árvores que perdem
    as folhas, todos os anos —
  • 7:10 - 7:12
    e as ervas altas das pradarias.
  • 7:12 - 7:15
    Vivemos mesmo nesta fronteira.
  • 7:15 - 7:17
    Temos uma linha... aqui,
  • 7:17 - 7:20
    como se pudéssemos estar
    na floresta um dia
  • 7:20 - 7:23
    e, de um salto, passar para a pradaria.
  • 7:23 - 7:26
    Não é isso que acontece,
    é mais dinâmico do que isso.
  • 7:27 - 7:30
    As memórias dessas margens
    e dessas fronteiras
  • 7:30 - 7:33
    estão impressas no solo,
  • 7:33 - 7:36
    estão impressas no pólen
    que ficou para trás
  • 7:36 - 7:39
    e, por isso, podemos captar essas memórias
    e documentar a mudança.
  • 7:39 - 7:41
    Mas isto é estático.
  • 7:41 - 7:45
    Vivemos aqui e pensamos
    que é aqui que está a floresta tropical.
  • 7:46 - 7:48
    Fim da história.
  • 7:48 - 7:52
    Mas a floresta tropical
    não esteve sempre aqui.
  • 7:53 - 7:57
    As áreas escuras, as pretas,
    neste mapa
  • 7:57 - 8:01
    representam florestas tropicais
    há 50 milhões de anos, no Eoceno.
  • 8:02 - 8:07
    O clima do Eoceno é o clima
    que prevemos vir a ter
  • 8:07 - 8:09
    daqui a 200 anos,
  • 8:10 - 8:14
    dadas as alterações que estão
    a ocorrer no nosso ambiente.
  • 8:14 - 8:19
    Esta é uma época em que no mundo
    — tal como o conhecemos —
  • 8:19 - 8:22
    os continentes ainda estavam
    a separar-se.
  • 8:22 - 8:23
    Reparem na Índia.
  • 8:23 - 8:25
    O que é que a Índia está ali a fazer?
  • 8:25 - 8:28
    Está quase a esmagar a Europa
    e a formar os Himalaias.
  • 8:28 - 8:29
    Ainda não o conseguiu.
  • 8:29 - 8:32
    Mas, antes disso, as florestas tropicais
    dominavam o globo.
  • 8:33 - 8:35
    E a Antártida, aqui em baixo,
  • 8:35 - 8:39
    estava coberta daquilo a que chamamos
    uma Nothofagus, uma floresta de faias.
  • 8:40 - 8:42
    Esta é uma floresta de faias do sul.
  • 8:42 - 8:44
    Este espécimen tem uns milhares de anos
  • 8:44 - 8:46
    cresceu no sul da Austrália.
  • 8:47 - 8:50
    Esta é a floresta da Antártida
    há 50 milhões de anos.
  • 8:50 - 8:52
    Era este o aspeto que tinha
  • 8:52 - 8:55
    e sabemos que o aspeto hoje
    não é o mesmo.
  • 8:55 - 8:59
    As nossas memórias são estáticas,
    as nossas memórias estão limitadas.
  • 8:59 - 9:02
    Mas as plantas podem contar-nos
    uma história muito mais longa
  • 9:02 - 9:04
    e podemos aprender com elas.
  • 9:04 - 9:07
    É um pouco o que eu quero
    partilhar convosco hoje.
  • 9:08 - 9:10
    Estes são os pólens a que eu me referi.
  • 9:10 - 9:13
    Se virarmos aquele ao contrário,
    parece o Rato Mickey.
  • 9:13 - 9:16
    Normalmente, é fácil de reconhecer.
  • 9:16 - 9:21
    Retiramos, no fundo de um lago,
    um núcleo de sedimento
  • 9:22 - 9:25
    e trazemos para a superfície
    o sedimento que encontramos
  • 9:25 - 9:27
    e cortamo-lo em lâminas.
  • 9:27 - 9:31
    Depois, agarramos em cada lâmina
    e extraímos-lhe o pólen.
  • 9:31 - 9:34
    E assim conseguimos reconstruir
    como terá sido a floresta.
  • 9:34 - 9:35
    Usamos as "migalhas de pão";
  • 9:35 - 9:37
    usamos as memórias das plantas
  • 9:37 - 9:39
    para reconstruir a floresta
    ao longo do tempo.
  • 9:40 - 9:42
    Este gráfico, embora pareça complicado,
  • 9:42 - 9:44
    só recua 15 000 anos.
  • 9:45 - 9:47
    Observamos aqui o pólen
  • 9:47 - 9:49
    e depois o pólen muda ao longo do tempo
  • 9:49 - 9:51
    — vamos avançando até ao presente.
  • 9:51 - 9:54
    Passamos duma floresta de coníferas
  • 9:54 - 9:55
    — isto aqui é o Illinois;
  • 9:55 - 9:59
    este é o pântano do Lago Nelson,
    aqui mesmo.
  • 9:59 - 10:02
    Era uma floresta de coníferas
    há 15 000 anos.
  • 10:02 - 10:04
    Transforma-se numa floresta de carvalhos
  • 10:04 - 10:07
    e depois, mais recentemente,
    numa pradaria.
  • 10:07 - 10:09
    Podemos assim documentar as memórias
  • 10:09 - 10:14
    e usar essas memórias para perceber
    como as coisas mudaram ao longo do tempo
  • 10:14 - 10:17
    e como as plantas reagem ao seu ambiente.
  • 10:18 - 10:22
    Podemos agarrar nestes núcleos de pólen
    que estão isolados no espaço.
  • 10:22 - 10:24
    Temos um núcleo
    proveniente de um pântano
  • 10:24 - 10:27
    e o que é que ele nos diz
    sobre todo o globo ou todo o continente?
  • 10:27 - 10:28
    Muito pouco.
  • 10:28 - 10:30
    Mas, quando obtemos um núcleo
  • 10:30 - 10:33
    de todos os pântanos e zonas húmidas
    e lagos de todo o país,
  • 10:33 - 10:35
    e os juntamos, como num "puzzle",
  • 10:35 - 10:39
    começamos a ver que,
    quando estávamos cobertos de gelo,
  • 10:39 - 10:40
    a comunidade de vegetação
  • 10:40 - 10:44
    — esta área escura aqui
    é uma floresta de abetos,
  • 10:44 - 10:46
    estas áreas escuras aqui
    são florestas de carvalhos,
  • 10:46 - 10:48
    representados pelo pólen —
  • 10:48 - 10:51
    e podemos observar estas
    comunidades de vegetação
  • 10:51 - 10:53
    a avançar pela América do Norte
  • 10:53 - 10:55
    à medida que o gelo derrete.
  • 10:55 - 10:58
    Podemos usar este rasto
    de "migalhas de pão".
  • 10:58 - 11:01
    Podemos passar dos glaciares maciços
  • 11:01 - 11:04
    e pela floresta limitada
    para aquilo que é hoje a Flórida
  • 11:04 - 11:07
    para aquilo que esperamos ver hoje.
  • 11:10 - 11:14
    Podemos obter esse conhecimento,
    podemos usar esses núcleos de pólen
  • 11:14 - 11:18
    e podemos criar a nossa memória
  • 11:18 - 11:21
    de como teria sido há 16 000 anos
  • 11:21 - 11:23
    em LaSalle County, aqui no Illinois
  • 11:23 - 11:26
    e este seria exatamente
    o aspeto que teria.
  • 11:26 - 11:30
    Coníferas, zonas húmidas,
    animais estranhos que já não existem,
  • 11:30 - 11:32
    e estes são quase todos de fósseis.
  • 11:32 - 11:35
    Com efeito, antigamente aqui,
    este é um enorme castor gigante
  • 11:35 - 11:37
    que já não existe.
  • 11:37 - 11:40
    Mas conhecemos todas estas plantas.
  • 11:40 - 11:41
    Sabemos que elas existiram.
  • 11:41 - 11:44
    Sabemos a proporção
    em que existiam na paisagem
  • 11:45 - 11:48
    graças às informações que obtemos
    do pólen que subsistiu
  • 11:48 - 11:53
    — os instantâneos no tempo,
    o álbum de fotos de família, sobretudo.
  • 11:56 - 11:59
    Podemos agarrar nesses núcleos de pólen
  • 11:59 - 12:02
    e podemos fazer um mapa
    — isto é nogueira.
  • 12:02 - 12:06
    Quando é que a nogueira chegou
    a este ponto nos núcleos de pólen?
  • 12:06 - 12:09
    Quando é que chegou ali?
    Quando é que chegou ali?
  • 12:09 - 12:11
    Podemos calcular
  • 12:11 - 12:13
    não só onde estavam e quando estavam
  • 12:13 - 12:15
    mas com que rapidez lá chegaram
  • 12:15 - 12:18
    — quanto tempo demoraram a viajar,
  • 12:18 - 12:20
    quanto tempo levaram a migrar.
  • 12:21 - 12:24
    Quantos milhares de anos
    levou a nogueira a passar daqui para ali.
  • 12:24 - 12:27
    Podemos ver: levou cerca de 6000 anos
  • 12:28 - 12:30
    a avançar pela América do Norte.
  • 12:30 - 12:32
    As plantas não agarram nas raízes e andam.
  • 12:32 - 12:34
    Não se trata duma verdadeira migração.
  • 12:34 - 12:36
    O que acontece é que lançam sementes
  • 12:36 - 12:39
    e essas sementes são apanhadas
    por um esquilo e escondidas algures:
  • 12:39 - 12:41
    depois ficam esquecidas
  • 12:41 - 12:42
    e depois germinam, não é?
  • 12:42 - 12:45
    Mas para ser deste tamanho,
    ou deste tamanho
  • 12:45 - 12:48
    primeiro temos de ser deste tamanho.
  • 12:48 - 12:52
    Temos de sobreviver enquanto rebento
    antes de podermos ser uma árvore.
  • 12:52 - 12:57
    Isto é um processo muito lento,
    um processo muito lento de mudança.
  • 12:58 - 13:03
    Isto equivale a cerca
    de 20 quilómetros por século.
  • 13:04 - 13:07
    Vou repetir — 20 km por século.
  • 13:07 - 13:09
    É mesmo.
  • 13:09 - 13:12
    Não se movem muito depressa.
  • 13:12 - 13:18
    O que sabemos de todos os dados
    que reunimos
  • 13:18 - 13:20
    e estes são os dados mais recentes
  • 13:20 - 13:23
    do Painel Intergovernamental
    para a Alteração Climática.
  • 13:23 - 13:27
    Isto são 60 a 70 mil artigos
    com informações.
  • 13:27 - 13:28
    Sabemos que o clima está a mudar.
  • 13:29 - 13:31
    Sabemos que os últimos 30 anos
    que terminam em 2012,
  • 13:31 - 13:35
    foram os 30 anos mais quentes
    dos últimos 1400 anos.
  • 13:36 - 13:38
    Ok, alteração climática.
  • 13:38 - 13:40
    O que significa isto
    para a comunidade das plantas?
  • 13:40 - 13:43
    Significa que o que vemos
    hoje na floresta
  • 13:43 - 13:47
    não vai ser o que vamos ver
    quando formos para a floresta em 2080.
  • 13:47 - 13:53
    Não vai ser o que vamos ver
    na floresta em 2200, não é?
  • 13:53 - 13:55
    Está a mudar. Ótimo.
  • 13:56 - 13:58
    O problema é quando muda
    o ritmo de mudança.
  • 13:58 - 14:01
    Está a mudar muito mais depressa
    do que mudou no passado.
  • 14:01 - 14:03
    Pensem nisso.
  • 14:03 - 14:04
    Estou a dizer que o clima
  • 14:04 - 14:07
    terá mudado drasticamente
    quando chegarmos a 2080
  • 14:07 - 14:08
    — o que não chega a 100 anos —
  • 14:09 - 14:11
    e as plantas só se movimentam
    20 km num século,
  • 14:11 - 14:17
    não vão conseguir movimentar-se
    tão depressa como a mudança do clima.
  • 14:18 - 14:20
    Mas isso é tema
    para outra palestra noutra altura.
  • 14:23 - 14:27
    Para podermos avaliar isto
    — é o que eu estou a fazer,
  • 14:27 - 14:30
    não penso que estou no fim
    da minha existência
  • 14:30 - 14:33
    mas mesmo que eu viva muito tempo,
  • 14:33 - 14:36
    provavelmente não estarei cá em 2080.
  • 14:37 - 14:41
    Por isso, para criar 2080, para sabermos
    o que os rebentos estarão a fazer
  • 14:41 - 14:44
    arranjámos financiamento
    da Fundação de Ciências Naturais
  • 14:44 - 14:46
    para transportar a floresta até 2080.
  • 14:46 - 14:48
    É o que estão a ver aqui.
  • 14:48 - 14:53
    O meu colaborador de investigação e eu
    levámos aquecedores
  • 14:53 - 14:55
    — estávamos na margem oriental
    do Lago Superior —
  • 14:55 - 14:58
    levámos também a nossa eletricidade,
  • 14:58 - 15:00
    — o que é uma outra história —
  • 15:00 - 15:02
    para a floresta.
  • 15:02 - 15:03
    Instalámos estes aquecedores;
  • 15:03 - 15:05
    ligámo-los; regámos os rebentos;
  • 15:05 - 15:08
    mantivemo-los quentes durante três anos
  • 15:08 - 15:11
    e depois observámos os monitores
    para ver o que eles faziam.
  • 15:11 - 15:14
    Este é o tipo de estudos
    que se realizam
  • 15:14 - 15:17
    para captar as memórias
    das plantas do passado,
  • 15:17 - 15:19
    usar as informações
    que podemos obter delas,
  • 15:19 - 15:21
    criar o futuro
  • 15:21 - 15:23
    e ver como eles reagiriam.
  • 15:25 - 15:27
    Esta é a área de que eu estava a falar,
  • 15:27 - 15:29
    onde nós estávamos.
  • 15:29 - 15:32
    Este é o ponto em que esperávamos
    ver essa mudança.
  • 15:33 - 15:36
    Se passarmos de uma comunidade
    para a outra,
  • 15:36 - 15:38
    esta é a floresta de folha caduca,
  • 15:39 - 15:41
    esta é a floresta de coníferas.
  • 15:41 - 15:44
    Estas aqui são as que estão
    a migrar e a avançar, certo?
  • 15:44 - 15:46
    É aqui que devemos ver a mudança.
  • 15:46 - 15:49
    Com efeito, nesta área aqui,
    na margem oriental do Lago Superior,
  • 15:50 - 15:53
    podemos abraçar um bordo-açucareiro,
    dar-lhe um beijo, e continuar para norte
  • 15:53 - 15:56
    sabendo que era o último que íamos ver.
  • 15:56 - 15:58
    Mas isso é hoje.
  • 15:58 - 16:01
    Amanhã a história será diferente.
  • 16:01 - 16:05
    Usámos três anéis para nos ajudar
    a criar essas memórias
  • 16:05 - 16:08
    porque os anéis das árvores
    registam o ambiente.
  • 16:08 - 16:11
    Registam como uma árvore
    foi feliz num dado ano.
  • 16:11 - 16:14
    Muita água, muito sol,
    bons nutrientes
  • 16:14 - 16:16
    — vou crescer rapidamente
  • 16:16 - 16:19
    e vou arranjar um anel muito grande.
  • 16:19 - 16:22
    Assim, podemos registar como
    as nossas árvores são felizes.
  • 16:22 - 16:24
    Este é o interior de uma árvore
    perto de Fermilab,
  • 16:24 - 16:29
    que está a registar a história
    da física de partículas, em três anéis.
  • 16:29 - 16:33
    Aqui temos a descoberta
    do eletrão, em 1897
  • 16:33 - 16:37
    e a descoberta do protão em 1911.
  • 16:38 - 16:42
    Podemos criar, sobrepor as nossas memórias
    às memórias das árvores.
  • 16:42 - 16:45
    Se ligarmos todas estas informações
    a alguns modelos,
  • 16:46 - 16:48
    tudo o que sabemos
    das memórias das árvores
  • 16:49 - 16:51
    — tudo aquilo que podemos reunir —
  • 16:51 - 16:55
    e sabemos para onde vamos
    em termos da alteração ambiental,
  • 16:56 - 16:57
    podemos recriar hoje
  • 16:57 - 16:59
    — estes são bordos-açucareiros,
  • 16:59 - 17:02
    os bordos-açucareiros
    crescem na América do Norte —
  • 17:02 - 17:05
    e depois, colocá-los em 2080.
  • 17:05 - 17:10
    Em 2080, Vermont já não será
    o rei do xarope de bordo.
  • 17:11 - 17:14
    Os bordos-açucareiros já não
    crescerão em Vermont.
  • 17:15 - 17:18
    E isso, pelo menos,
    será durante a vida dos nossos filhos
  • 17:18 - 17:20
    e, esperemos, durante a nossa vida.
  • 17:20 - 17:21
    Talvez? Não sei.
  • 17:21 - 17:24
    Mas para muitos de vocês, deve ser.
  • 17:24 - 17:27
    Portanto, já não há
    bordos-açucareiros a regenerar.
  • 17:27 - 17:28
    Eles ainda estarão ali.
  • 17:28 - 17:30
    O problema é esse:
    eles vivem 400 anos.
  • 17:30 - 17:33
    Continuarão ali, com a sua canópia.
  • 17:33 - 17:36
    Pensamos que não há problema.
    Eles estão ali.
  • 17:36 - 17:38
    Reparem bem nestes tipos.
  • 17:38 - 17:41
    Se não virem estes tipos,
    eles não vão estar ali;
  • 17:41 - 17:43
    a próxima geração não vai aparecer.
  • 17:43 - 17:48
    Aqui, a árvore estatal do Illinois
    é o carvalho-branco.
  • 17:48 - 17:51
    O carvalho-branco é belo
    e é dominante no Illinois.
  • 17:51 - 17:53
    Coloquem-no no modelo futuro.
  • 17:53 - 17:54
    Oh-oh.
  • 17:55 - 17:58
    Vamos ter de ter
    uma nova árvore estatal.
  • 17:59 - 18:04
    As árvores também estão a sussurrar-nos
    numa escala de tempo mais curta.
  • 18:04 - 18:06
    Quando pensamos nas estações
  • 18:06 - 18:09
    e pensamos nos rebentos
    e nas flores da primavera,
  • 18:09 - 18:13
    pensamos nas vindimas
    — se gostarem tanto de vinho como eu —
  • 18:13 - 18:17
    elas dizem-nos qual a duração da estação.
  • 18:17 - 18:18
    Sabemos se ela vai ser mais comprida.
  • 18:18 - 18:21
    Sabemos quando a primavera
    ocorre mais cedo.
  • 18:21 - 18:23
    Sabemos quando o outono
    ocorre mais tarde.
  • 18:24 - 18:27
    Elas estão a sussurrar-nos
    e a dizer-nos coisas.
  • 18:33 - 18:38
    Podemos monitorar um campo
    durante as estações
  • 18:38 - 18:40
    e esse é o fim da estação.
  • 18:40 - 18:43
    Podem voltar ao diapositivo anterior?
  • 18:43 - 18:44
    Não?
  • 18:44 - 18:48
    O que vemos, se observarmos
    esta floresta ao longo das estações,
  • 18:48 - 18:50
    vemos que fica rosada na primavera,
  • 18:50 - 18:52
    fica totalmente verde no verão
  • 18:52 - 18:54
    e depois vemos as folhas a cair.
  • 18:54 - 18:59
    A altura em que estes acontecimentos
    ocorrem é fundamental para o futuro.
  • 18:59 - 19:00
    É o sussurrar,
  • 19:00 - 19:02
    é o que as árvores nos estão a segredar.
  • 19:02 - 19:06
    É o que elas nos estão a dizer,
    se nos pudessem contar uma história.
  • 19:07 - 19:08
    Temos de as escutar.
  • 19:08 - 19:10
    Esta árvore é uma árvore em Inglaterra.
  • 19:10 - 19:13
    É um carvalho num campo
    perto da casa da minha mãe.
  • 19:14 - 19:15
    Esta árvore tem mais de 100 anos.
  • 19:15 - 19:19
    Se recuarmos 100 anos,
    estamos na véspera da I Guerra Mundial.
  • 19:19 - 19:22
    Quem passa perto desta árvore
    e que histórias estão a contar?
  • 19:22 - 19:26
    Eles têm as suas memórias
    nos álbuns de fotos de família.
  • 19:26 - 19:29
    Ao mesmo tempo, esta árvore
    guarda as suas memórias.
  • 19:29 - 19:31
    Está a vigiar o seu mundo
  • 19:31 - 19:35
    e a criar as suas imagens
    e instantâneos.
  • 19:35 - 19:38
    Se estivermos dispostos a escutar
    o que as plantas nos dizem,
  • 19:38 - 19:42
    elas podem dar uma reviravolta
    ao nosso mundo.
  • 19:46 - 19:48
    Obrigada.
  • 19:48 - 19:50
    (Aplausos)
Title:
Se uma árvore pudesse falar | Lesley Rigg | TEDxNorthernIllinoisUniversity
Description:

As plantas documentam a sua vida e têm uma memória maior do que os seres humanos, visto que vivem milhares de anos. O que é que podemos aprender com as plantas sobre o passado e o futuro?
Lesley Rigg é atualmente a vice-presidente interina da investigação na Universidade do Illinois do Norte. Como a sua área de investigação é a biogeografia, também foi nomeada para o Departamento de Ciências Biológicas.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em /http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
20:00

Portuguese subtitles

Revisions