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O que os refugiados precisam para iniciar uma nova vida

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    Há cerca de dois anos,
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    recebi um telefonema
    que mudou a minha vida.
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    "Olá, sou o teu primo Hassen".
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    Fiquei paralisado.
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    Tenho mais de 30 primos direitos
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    mas não conhecia nenhum
    chamado Hassen.
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    Acontece que Hassen era
    primo da minha mãe
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    e acabara de chegar a Montreal
    como refugiado.
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    Durante os meses seguintes,
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    havia mais três familiares meus
    a chegar ao Canadá, pedindo asilo
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    com pouco mais do que a roupa
    que traziam vestida.
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    Dois anos depois daquela chamada,
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    a minha vida estava totalmente alterada.
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    Saí da academia
  • 0:38 - 0:42
    e agora lidero uma equipa diversificada
    de tecnólogos, investigadores e refugiados
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    que está a trabalhar em recursos
    de autoajuda para recém-chegados.
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    Queremos ajudá-los a ultrapassar
    as barreiras da língua, culturais e outras
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    que lhes fazem sentir que perderam
    o controlo da sua vida.
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    Sentimos que a IA pode ajudar a repor
    os direitos e a dignidade
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    que muita gente perde
    quando procura ajuda.
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    A experiência dos refugiados
    da minha família não é única.
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    Segundo a UNHCR
    — a agência da UE para os refugiados —
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    em cada minuto,
    há mais 20 pessoas desalojadas,
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    por causa da alteração climática,
    da crise económica,
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    e da instabilidade social e política.
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    Foi quando fazíamos trabalho voluntário
    num abrigo local do YMCA,
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    para onde o meu primo Hassen
    e outros familiares foram enviados
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    que vimos e aprendemos a apreciar
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    o esforço e a coordenação
    que um realojamento exige.
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    A primeira coisa a fazer, quando chegam,
    é arranjar um advogado
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    e preencher documentos legais
    num prazo de duas semanas.
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    Também precisam programar
    um exame médico
  • 1:35 - 1:37
    com um médico pré-autorizado,
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    para poderem requerer
    uma autorização de trabalho.
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    É preciso começar a procurar
    um local para viver,
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    antes de receber qualquer
    tipo de assistência social.
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    Com milhares a fugir dos EUA,
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    e a procurar asilo no Canadá,
    nos últimos anos,
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    vimos logo o que ia acontecer
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    quando há mais pessoas a precisar de ajuda
    do que recursos para os ajudar.
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    Os serviços sociais
    não aumentam rapidamente
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    e, apesar de as comunidades
    fazerem o melhor que podem,
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    para ajudarem as pessoas
    com recursos limitados,
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    os recém-chegados gastam
    muito tempo à espera no limbo,
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    sem saberem para onde se virar.
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    Em Montreal, por exemplo,
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    apesar de se gastarem milhões de dólares
    para apoiar o esforço de realojamento,
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    quase 50% dos recém-chegados
    ainda não sabem
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    que existem recursos gratuitos
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    para os ajudar com tudo,
    desde o preenchimento da papelada
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    até arranjar trabalho.
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    O problema não é
    que essas informações não existam.
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    Pelo contrário, os que precisam de ajuda
    são bombardeados com tantas informações
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    que é difícil perceberem aquilo tudo.
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    "Não me dem mais informações,
    digam-me só o que devo fazer"
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    era um lamento
    que ouvíamos a toda a hora.
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    Reflete como é extremamente difícil
    orientarmo-nos
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    quando chegamos a um país
    pela primeira vez.
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    Eu tive a mesma dificuldade
    quando cheguei a Montreal
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    e tenho um doutoramento.
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    (Risos)
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    Como disse outro membro da nossa equipa,
    também um refugiado:
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    "No Canadá, um cartão SIM
    é mais importante que comida,
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    "porque não morreremos de fome".
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    Mas ter acesso aos recursos
    e às informações adequadas
  • 3:11 - 3:15
    pode fazer a diferença
    entre a vida e a morte.
  • 3:15 - 3:17
    Vou repetir;
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    ter acesso aos recursos
    e às informações adequadas
  • 3:20 - 3:24
    pode fazer a diferença
    entre a vida e a morte.
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    Para resolver estes problemas,
    criámos Atar,
  • 3:29 - 3:32
    o primeiro defensor virtual
    alimentado por Inteligência Artificial
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    que orienta, passo a passo,
    durante a primeira semana
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    depois da chegada a uma nova cidade.
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    Basta dizer a Atar em que é
    que é preciso ajuda
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    e a Atar, depois, faz
    algumas perguntas básicas
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    para perceber
    as circunstâncias individuais
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    e determinar o grau de elegibilidade
    para os recursos.
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    Por exemplo: "Tem um sítio
    onde passar esta noite?
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    "Se não tem, prefere um abrigo
    só para mulheres?
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    "Tem crianças?"
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    Depois, Atar gera uma lista de tarefas,
    personalizada, passo a passo,
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    que diz tudo o que é preciso saber,
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    desde onde ir, como lá chegar,
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    o que se deve levar
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    e o que é que se deve esperar.
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    Pode-se fazer uma pergunta
    sempre que se quiser.
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    Se a Atar não tiver resposta,
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    é-se ligado a uma pessoa real
    que responde.
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    O mais estimulante
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    é que ajudamos organizações
    humanitárias e de serviços
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    a recolher dados e as análises
    necessárias para compreender
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    as necessidades variáveis
    dos recém-chegados,
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    em tempo real.
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    É uma coisa que altera tudo.
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    Já fizemos uma parceria
    com a UNHCR,
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    para fornecer esta tecnologia
    no Canadá
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    e, no nosso trabalho, fizemos
    campanhas em árabe, inglês,
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    francês, crioulo e espanhol.
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    Quando falamos
    no problema dos refugiados,
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    concentramo-nos sobretudo
    nas estatísticas oficiais
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    de 65,8 milhões forçados
    a migrar, a nível mundial.
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    Mas a realidade
    é muito maior do que isso.
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    Em 2050, haverá mais
    140 milhões de pessoas
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    que correm o risco de serem desalojadas,
    devido à degradação do ambiente.
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    E hoje — estou a falar de hoje —
    há quase mil milhões de pessoas
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    que já vivem em aglomerados
    ilegais e em bairros de barracas.
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    O realojamento e a integração
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    é um dos maiores problemas
    da nossa época
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    e a nossa esperança é que a Atar
    forneça um advogado a cada recém-chegado.
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    A nossa esperança é que a Atar
    possa ampliar os esforços existentes
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    e alivie a pressão sobre uma rede
    de segurança social
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    que já está a rebentar pelas costuras
    para além da nossa imaginação.
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    Mas o mais importante para nós
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    é que o nosso trabalho ajude a repor
    os direitos e a dignidade
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    que os refugiados perdem
    aquando do realojamento e da integração
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    ao lhes darem os recursos
    de que eles precisam para sobreviverem.
  • 5:50 - 5:51
    Obrigado.
  • 5:51 - 5:54
    (Aplausos)
Title:
O que os refugiados precisam para iniciar uma nova vida
Speaker:
Muhammed Idris
Description:

Em cada minuto, há mais 20 pessoas desalojadas pela alteração climática, crise económica e instabilidade política, segundo a UNHCR. Como podemos ajudá-las a ultrapassar as barreiras para iniciarem uma nova vida? Muhammed Idris, residente TED está a liderar uma equipa de tecnólogos, investigadores e refugiados, a desenvolver Atar, o primeiro advogado de defesa virtual, alimentado por Inteligência Artificial, ajudando-as a repor os seus direitos e dignidade. "Ter acesso aos recursos e informações adequadas pode fazer a diferença entre a vida e a morte", diz Idris.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
06:07

Portuguese subtitles

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