Nem tudo na vida é jogo | André Pase | TEDxLaçador
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0:07 - 0:09Tudo bom, pessoal?
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0:09 - 0:12Vou conversar um pouquinho
com vocês hoje sobre isto aqui, -
0:13 - 0:16que é uma coisa que parece uma diversão,
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0:16 - 0:19parece simples, mas já me levou
pra vários lugares do mundo. -
0:20 - 0:21Parece um pouco engraçado
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0:21 - 0:25eu, que gosto de jogos, estar aqui
conversando com vocês hoje -
0:25 - 0:29e parece que soa assim: "Poxa, o Pase
veio aqui e está um pouco contra isso". -
0:29 - 0:30Muito pelo contrário!
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0:30 - 0:34É por gostar de jogos, é por acreditar
que isso é uma mídia diferente, -
0:34 - 0:37que estou aqui pra dividir um pouco
da minha preocupação com vocês. -
0:37 - 0:39E pra poder entender um pouco essa jornada
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0:39 - 0:42e pra poder entender
porque estou preocupado, -
0:42 - 0:44eu preciso voltar um pouco
no tempo com vocês. -
0:45 - 0:48Um bom tempo atrás, lá pelos anos 80,
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0:48 - 0:53um ser bege, com monitor
de uma só cor chegou na minha casa, -
0:53 - 0:55chegou no colégio,
chegou em vários lugares, -
0:55 - 0:58e a gente tinha aulas
com nomes estranhos do tipo: -
0:58 - 0:59"aula de computação"
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0:59 - 1:01ou "aula de introdução à informática".
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1:01 - 1:03Lá atrás a gente aprendeu a programar,
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1:03 - 1:06talvez alguns aqui aprenderam
linguagens como o Basic, -
1:06 - 1:08que parecia totalmente estranha.
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1:08 - 1:11Só que a partir de alguns desafios
que a gente tinha, -
1:11 - 1:15a gente começou a domar a máquina,
a gente começou a entender a máquina. -
1:15 - 1:16Por exemplo:
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1:16 - 1:21eu aprendi a perder o medo do computador
com uma coisa chamada "Logo", -
1:21 - 1:24uma linguagem que era uma tartaruga
e precisava fazer ela andar. -
1:24 - 1:26E era supersimples, tinha que dar
algumas ordens lógicas, -
1:26 - 1:30PD 15 mandava girar,
tinha alguns comandos. -
1:30 - 1:33E ali eu estava aprendendo,
basicamente, cálculo um pouquinho -
1:33 - 1:36e estava também aprendendo
um pouco de lógica. -
1:36 - 1:39Apesar de quebrar a cara várias vezes ali,
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1:39 - 1:41eu estava aprendendo
a conversar com a máquina. -
1:41 - 1:45Eu estava aprendendo a ver
aquele ser estranho e dialogar com ele. -
1:45 - 1:46O problema é o seguinte,
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1:46 - 1:49justo quando o computador
ficou mais próximo, -
1:49 - 1:52hoje estamos com o tablet na mão,
com várias coisas ao nosso redor, -
1:52 - 1:55o problema é que justo
quando a informática avançou, -
1:55 - 1:59nós acabamos mais seduzidos
por sistemas operacionais, -
1:59 - 2:01por um determinado programa ou outro,
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2:01 - 2:04acabamos adotando coisas prontas
e deixamos de programar, -
2:04 - 2:07deixamos de tentar falar com a máquina.
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2:07 - 2:10Nós perdemos a chance de estar aprendendo,
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2:10 - 2:12e não só isso, eu sou
um jornalista falando isso, -
2:12 - 2:16nós perdemos a chance de estar
aprendendo a comunicar com a máquina. -
2:16 - 2:20Bem, tem um problema parecido com isso
que estou vendo com os jogos eletrônicos. -
2:20 - 2:26Eu sou apaixonado pelo tema então deem
um desconto pra mim, perdão. -
2:26 - 2:29O jogo eletrônico é um dos meios
mais fascinantes que tem. -
2:29 - 2:32O jogo eletrônico, vocês já devem
ter visto alguém jogar "Candy Crush", -
2:32 - 2:36jogar "Angry Birds", ou jogar
o jogo da cobrinha no celular mesmo. -
2:36 - 2:40E se alguém te atrapalha naquele momento,
se você perdeu a conexão... -
2:40 - 2:41Cara! Perdeu tudo!
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2:41 - 2:46Porque o jogo é baseado em diversão,
é baseado na minha vontade de jogar -
2:46 - 2:48e, mais do que tudo,
ele é baseado no meu foco, -
2:48 - 2:51ele é baseado na minha concentração
sobre o que estou fazendo. -
2:51 - 2:53Essa concentração
sobre o que estou fazendo -
2:53 - 2:56é algo que é muito importante
nos dias de hoje. -
2:56 - 2:57Como o pessoal gosta de falar,
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2:57 - 3:02quando a gente está preocupado não mais
com "eyeballs", com o olhar das pessoas, -
3:02 - 3:05mas com o que as pessoas
estão vendo, estão pensando, -
3:05 - 3:07estão refletindo sobre o que eu faço.
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3:07 - 3:12Bem, isso é uma coisa legal, os jogos
servem pra passar mensagens superbacanas, -
3:12 - 3:14seja "The Beatles: Rock Band",
pra contar a história deles, -
3:14 - 3:17seja o "SimCity" pra fazer
com que eu pense em cidades. -
3:17 - 3:19A gente tem várias
aplicações bacanas de jogos. -
3:19 - 3:21O problema é o seguinte:
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3:21 - 3:24a hora em que a gente tenta
levar pra nossa vida, -
3:24 - 3:27a hora em que a gente pega o digital,
em que a gente pega essa motivação -
3:27 - 3:30e tenta levar pro nosso trabalho,
pro nosso cotidiano, -
3:31 - 3:32nem sempre dá certo.
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3:33 - 3:35E isso me deixa um pouco preocupado.
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3:36 - 3:39Talvez alguns de vocês já ouviram
falar de uma palavrinha -
3:39 - 3:40que é uma dessas palavrinhas da moda,
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3:40 - 3:43é uma palavrinha chamada "gamification",
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3:43 - 3:46ou, na tradução tosca,
perdão ao português, "gamificação". -
3:46 - 3:51Isso tem a ver com jogos,
isso deriva dos jogos, -
3:51 - 3:53mas é um pouquinho diferente.
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3:53 - 3:55O que é gamification?
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3:55 - 3:57É quando eu pego regras,
estabeleço regras, -
3:57 - 4:00estabeleço mecânicas,
estabeleço pontuações, -
4:00 - 4:04estabeleço metas, estabeleço recompensas
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4:04 - 4:07dentro de um processo,
de uma sequência de trabalho, -
4:07 - 4:11dentro de uma avaliação,
dentro de uma produção de matéria, -
4:12 - 4:14de uma correção de exercícios dos alunos.
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4:14 - 4:17É quando eu uso algumas mecânicas de jogo
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4:17 - 4:19dentro de um processo.
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4:20 - 4:24Parece jogo, tem cara de jogo,
mas é um pouco diferente. -
4:24 - 4:27Até aí tudo bem, acho que...
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4:27 - 4:30Ontem vocês ouviram
histórias boas de usar jogos, -
4:30 - 4:33de usar exercícios pra motivar as pessoas.
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4:33 - 4:36Hoje a gente vai ainda ver
coisas bacanas nesse sentido. -
4:36 - 4:38Eu gosto de lembrar de algumas coisas.
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4:38 - 4:40Vocês conhecem o clássico:
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4:40 - 4:43fez o tema de casa superbem,
ganha uma estrelinha no boletim. -
4:43 - 4:46Ou, aquela coisa que todo
dezembro a gente lembra: -
4:46 - 4:48quem se comportou bem durante o ano,
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4:48 - 4:50vai ganhar presente do Papai Noel.
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4:50 - 4:52Ou seja, eu tenho uma motivação.
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4:52 - 4:54Nós somos motivados por isso.
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4:54 - 4:58O problema está na hora
que eu pego essa ideia de processo, -
4:58 - 5:01essa ideia de uma regra,
essa ideia de jogo, -
5:02 - 5:07aplico num determinado trabalho
e nem sempre eu acabo encontrando -
5:07 - 5:10um modo legal, um modo divertido,
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5:10 - 5:12um modo que dá vontade
de participar desse processo. -
5:12 - 5:15Estava conversando
com um empresa essa semana, -
5:15 - 5:17e foi muito engraçado
o pessoal comentando, -
5:17 - 5:20me lembra muito aquela situação
quando a pessoa pega, -
5:20 - 5:25calibra, enche, pega um tablet, coloca
um monte de PDF, dá pro funcionário -
5:25 - 5:27e diz: "Está aqui 'mobile learning'".
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5:27 - 5:29Não cara! Isso é "escravo learning"!
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5:30 - 5:31Eu tenho pena da pessoa lendo aquilo
-
5:31 - 5:35sem uma condução, sem alguma coisa
realmente pensada e aplicada para aquilo. -
5:35 - 5:39Bem, quando a gente olha
pra essa questão da gamification, -
5:39 - 5:41o que me deixa um pouco preocupado
-
5:41 - 5:43é que se a gente vive num mundo de metas,
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5:43 - 5:45se vive num mundo de pontuações,
-
5:45 - 5:47quando a gente faz compras
supersimples, às vezes -
5:47 - 5:49você não está nem pensando
no desconto que vai ter, -
5:49 - 5:51mas na pontuação que vai ganhar
-
5:51 - 5:53pra trocar não sei que dia.
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5:53 - 5:55Você está sempre pensando em pontos.
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5:55 - 6:00No trabalho nós temos metas,
no trabalho nós temos itens a cumprir, -
6:00 - 6:03produtos a vender,
nós temos clientes a fidelizar. -
6:03 - 6:06E o jogo acaba entrando de uma forma,
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6:06 - 6:11que é pra motivar, que é pra que eu
me sinta divertido nesse processo. -
6:13 - 6:14Só que nem sempre é assim.
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6:15 - 6:16E o pior,
-
6:16 - 6:18o que me deixa um pouco preocupado
-
6:18 - 6:20é que quando a gente está
colocando dinâmicas de jogo -
6:20 - 6:22pra dentro de um trabalho,
-
6:22 - 6:25nem sempre a gente entende
a natureza do meu trabalhador, -
6:25 - 6:27a natureza do meu colega de trabalho
-
6:27 - 6:30pra entender e pra usar
essa mecânica toda pra estimular. -
6:30 - 6:33Eu fico um pouco com olhar espantado,
-
6:33 - 6:35eu fico um pouco com olhar atento,
-
6:36 - 6:38quando eu olho e vejo que, na verdade,
o que está acontecendo? -
6:38 - 6:41Eu estou colocando a pessoa
dentro de um mesmo trilho, -
6:41 - 6:44estou colocando a pessoa
pra fazer a mesma coisa e, pior, -
6:44 - 6:46estou gerando competição
a partir de uma coisa de jogo, -
6:46 - 6:49que nem sempre poderia ser competição.
-
6:49 - 6:51E aí o segundo ponto da minha preocupação.
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6:51 - 6:54Perdão, mas ela é mais direcionada
pra quem já joga um pouco. -
6:54 - 6:58Quando a gente joga videogame,
por mais que eu tenha, sei lá, -
6:58 - 7:00vou lembrar o clássico
exemplo do Mario Bros, -
7:01 - 7:03eu tenho que passar de fase
e salvar a princesa, -
7:03 - 7:05mesmo que me digam no final:
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7:05 - 7:08"Desculpa, mas a princesa está
no próximo castelo" e você segue. -
7:08 - 7:09O que me preocupa é:
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7:09 - 7:12um jogo de videogame, por mais
que tenha um objetivo, uma regra, -
7:12 - 7:14que ele tenha etapas a cumprir,
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7:14 - 7:17nem sempre... como a gente
viu agora há pouco, -
7:17 - 7:19cada pessoa pensa diferente.
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7:19 - 7:21Se eu der o mesmo jogo pra você,
-
7:21 - 7:24se eu der o jogo da cobrinha,
o Angry Birds, o que seja, -
7:24 - 7:26cada um de vocês vai jogar
de uma maneira diferente. -
7:26 - 7:30E o problema principal é que, quando
aplico uma métrica de gamification -
7:30 - 7:31pro trabalho da pessoa,
-
7:31 - 7:33muitas vezes eu estou tratando
as pessoas como iguais. -
7:33 - 7:36E não estou valorizando
que essa pessoa, talvez, -
7:36 - 7:38ela não vai querer completar
a tarefa tão rápido, -
7:38 - 7:42pra só chegar na pontuação,
só bater uma meta mensal da empresa -
7:42 - 7:44e desligar a cabeça
pra deixar de trabalhar, -
7:44 - 7:47pra deixar de pensar
como ela tem que pensar. -
7:47 - 7:49O que me preocupa nessa história é que,
-
7:49 - 7:51quando a gente coloca metas,
quando coloca regras, -
7:51 - 7:54quando a gente faz
um sistema muito específico, -
7:55 - 7:56eu estou tolhendo a criatividade.
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7:56 - 7:59Esse "Somos Humanidade",
que está atrás de mim, -
7:59 - 8:01ele vai pro espaço.
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8:01 - 8:06E o pior: um sistema de gamification,
muitas vezes ele não entende -
8:06 - 8:08que às vezes, na minha vida,
-
8:08 - 8:12trabalhar menos,
ganhar menos é viver mais. -
8:12 - 8:15Porque quero poder fazer
uma tarefa de um jeito legal, -
8:15 - 8:17quero fazer de um jeito pensado,
-
8:17 - 8:18quero fazer de um jeito criativo.
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8:18 - 8:23Estou preocupado com a perda, com o modo
como estamos perdendo a criatividade. -
8:23 - 8:25E fico muito preocupado que, vira e mexe,
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8:25 - 8:28a gente vê propostas,
vê ideias de gamification -
8:28 - 8:29e o problema é o seguinte:
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8:29 - 8:31na verdade, a gente está
usando a tecnologia, -
8:31 - 8:34que era algo que deveria ser usado
para me dar outras formas... -
8:34 - 8:36Acabamos de ver a neurociência,
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8:36 - 8:37legal pra caramba,
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8:37 - 8:39a gente viu ontem várias ideias bacanas,
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8:39 - 8:41e estou usando isso como uma ferramenta
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8:41 - 8:44que está escravizando o homem, e o pior,
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8:44 - 8:46está fazendo com que eu me sinta
que nem um hamster -
8:46 - 8:49correndo naquela rodinha,
produz, produz, produz, -
8:49 - 8:51achando que eu estou me divertindo,
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8:51 - 8:56porque estou com a ideia de que a minha
vida foi transformada em um jogo e o pior, -
8:56 - 8:58não sou eu quem joga esse jogo.
-
8:58 - 9:00Quem joga é quem está controlando.
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9:00 - 9:02Se vocês lembrarem
de "Metrópolis", o filme, -
9:02 - 9:05sim, é um pouco
do que o "Metrópolis" fala. -
9:05 - 9:08Só que com uma cara de Mario Bros,
com uma cara de Angry Birds. -
9:08 - 9:10E isso me deixa um pouco preocupado.
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9:10 - 9:12No final das contas,
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9:12 - 9:13o que fico pensando
-
9:13 - 9:16é que quando finalmente a gente tem
chance de fazer coisas legais, -
9:16 - 9:19quando finalmente a gente tem
chance de usar o digital, -
9:19 - 9:22de ser humanidade
através de uma ferramenta, -
9:22 - 9:24de olhar, de motivar
as pessoas pra usar isto aqui -
9:24 - 9:28e fazer com que elas se divirtam,
que elas trabalhem cooperativamente, -
9:28 - 9:30eu estou competindo por mim,
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9:30 - 9:32eu estou usando só pra bater a minha meta,
-
9:32 - 9:34não estou pensando no outro, e o pior,
-
9:34 - 9:36eu estou esquecendo de duas coisas.
-
9:36 - 9:37A primeira,
-
9:37 - 9:40eu trabalho muito melhor
quando eu me divirto, -
9:40 - 9:42quando eu tenho vontade de fazer isso.
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9:42 - 9:45A gente joga não porque a gente
é obrigado a jogar, -
9:45 - 9:46a gente joga porque a gente gosta.
-
9:46 - 9:50Porque a gente quer resolver um problema,
e está com uma motivação nossa -
9:50 - 9:53pra se divertir,
pra resolver esse problema. -
9:53 - 9:55E a outra preocupação maior
-
9:55 - 9:58é que finalmente quando a gente poderia
usar isso pra motivar as pessoas -
9:58 - 10:00pra que a gente jogue junto,
-
10:00 - 10:02a gente está jogando separado.
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10:02 - 10:03E vocês sabem muito bem,
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10:03 - 10:06que quando jogamos juntos,
jogamos cooperativamente -
10:06 - 10:09e nós nos divertimos,
nós compartilhamos conhecimento -
10:09 - 10:11e é isso que nos faz humanidade.
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10:11 - 10:12Muito obrigado.
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10:12 - 10:13(Aplausos)
- Title:
- Nem tudo na vida é jogo | André Pase | TEDxLaçador
- Description:
-
A incorporação de mecânicas de jogos através dos processos de "gamification" pode ser uma boa ideia, mas infelizmente algumas vezes faz do "jogador" apenas um hamster correndo no mesmo lugar sempre.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 10:21
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