O valor do serviço | Bryan Darst | TEDxStroudsRun

O título é uma contradição de termos. O valor do serviço não pode ser medido em nenhuma escala existente. Bryan Darst resume o quão "valioso" o serviço é em sua vida e na vida de outros como ele. Não há palavras para explicar a evolução pela qual uma pessoa passa quando faz um ato de caridade aleatório sem medir os benefícios, sabendo que não existe recompensa e sem precisar de reconhecimento.

Autobiografia: Cresci em Gallipolis, Ohio. Quando era criança, lembro-me de minha mãe e eu fugindo do meu pai biológico, tentando escapar do abuso físico e emocional. Por fim, minha mãe conheceu meu padrasto. Eu desrespeitava minha mãe e meu padrasto e nunca senti que pertencia àquele lugar. Aí entraram as drogas e o álcool - a solução que procurava. Minha dependência avançou até a vida adulta e afundei muito. Perdi tudo.

Quem eu fui só importa para ilustrar a diferença entre aquela pessoa e quem eu sou hoje. Sou um pai. Sou um amigo. Minha vida tem propósito. Trabalho para ajudar pessoas como eu a encontrar uma vida com significado, tanto pessoalmente quanto em minha carreira. Já estive no mais profundo abismo e descobri que tinha uma escolha. Poderia desistir. Ou poderia realmente viver.

A mudança nunca é bela quando está acontecendo. Passei por momentos muito difíceis lidando com os destroços do meu passado. Pouco a pouco saí daquele lugar. As coisas não estão perfeitas, mas estou livre.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

Por favor, levante a mão

quem está envolvido na sua comunidade
com serviço comunitário.

Legal.

Isso é ótimo.

Muito bem, agora por alguns segundos

quero que vocês pensem,

pensem em uma palavra

que poderia descrever como se sentem
quando fazem esse serviço.

Só por alguns segundos,

pensem sobre isso...

internamente...

o que esse serviço traz para vocês.

Pensaram em algumas coisas?

Sim?

Gostaria que gritassem esses sentimentos,

se não se importam.

Plateia: Animado.

Bryan Darst: Animado.

Plateia: Realizado.

BD: Realizado.

Plateia: Feliz.

BD: Feliz.

Plateia: Útil e abençoado.

BD: Útil. Sim.

Alegria.

Satisfeito.

Plateia: Orgulho.

BD: Isso é ótimo.

São todos ótimos exemplos

daquilo que tentarei enfatizar.

Cresci em uma cidade pequena,

Gallipolis, Ohio,

e me lembro

que eu ia para a escola

e, na escola, as crianças
tinham roupas legais,

se encaixavam

e tudo mais,

e eu não me encaixava direito lá.

Sempre senti que eu era
um pouco diferente.

Sempre quis me encaixar.

Sempre quis algum tipo de atenção.

Eu falo para todos,

antes de as drogas e o álcool
entrarem na minha vida,

eu já tinha um problema anterior.

Eu tinha uma autoestima muito baixa.

Eu sentia que todos à minha volta
eram melhores do que eu.

Na escola, me lembro de receber atenção
de uma maneira muito negativa.

Comecei a aprender
comportamentos negativos,

como mentir para fugir das consequências,

escapar de apanhar ou da detenção.

Assim, conseguia ir
para o recreio com meus amigos.

Mas tive dificuldades.

Tive dificuldades para sentir
que me encaixava.

Me lembro que, com o passar do tempo,

as drogas e o álcool tornaram-se
parte da minha vida

e me lembro da paz e tranquilidade
que vieram com isso,

porque me davam
uma falsa sensação de orgulho.

Me davam a oportunidade de sentir
como se eu fizesse parte de algo.

Pensando nisso, lá atrás,
a baixa autoestima...

as drogas se tornaram
uma solução para o meu problema.

Sabem?

Me lembro que trouxeram
companheirismo, alegria e tudo isso

por um curto período de tempo.

Me lembro de ir para a escola um dia

e não me sentir bem,

me sentia doente.

Algo estava errado.

E um amigo meu

me parou e perguntou:
"Cara, tem certeza que você está bem?"

Eu disse: "Não, acho
que estou gripado ou algo assim".

E ele disse: "Aqui, toma isso.
Vai te dar um alívio".

Eu tomei e me senti melhor na hora

e me perguntei: "O que está acontecendo?"

Aí percebi que eu tinha um problema.

Aquilo que tinha virado solução
virou meu problema,

porque agora eu dependia de algo

para acordar de manhã e passar o dia.

Aí, como todos sabem, me formei,

e aqueles amigos que achei que tinha
meio que começaram a sumir.

Mas eu ainda tinha uma coisa...

meu problema.

Ainda tinha esse problema dentro de mim,

e a única solução que eu via
era encontrar meios de conseguir mais.

E aí virei dependente.

É engraçado

porque mesmo nos dias ruins ou bons,

eu ainda criava justificativas
para usar mais.

Avançando um pouco...

esse é um breve resumo sobre mim.

Comecei a fazer qualquer coisa

para conseguir o que precisava
para me sentir melhor.

Como eu disse, eu tinha problemas
bem antes das drogas,

e agora as drogas são o problema,
mas ainda tenho aqueles problemas,

todos aqueles problemas intrínsecos.

Bom, como vocês sabem,

quando você começa a fazer coisas ruins,
mentir, enganar e roubar,

as consequências logo vêm.

E, no começo, as consequências
eram como um tapa no pulso.

Elas não me impediam

de continuar a tentar achar formas
de conseguir mais.

Então eu continuava.

Continuava afundando,

e é meio triste,

porque as pessoas da minha família
olhavam para mim, minha mãe especialmente,

e perguntavam: "Por que você fez isso?"

Eu dizia: "Desculpe te dizer

que eu usei o seu amor por mim contra você

para conseguir o que queria".

Porque no fim das contas
era só isso que importava para mim.

Já que era só isso que existia;
eu só sabia fazer isso.

O tempo passava
e as consequências pioravam.

Um dia,

tive a brilhante ideia
de entrar no meu caminhão,

dirigir até um posto de gasolina
não muito longe daqui

e bater de ré

para tentar roubar o caixa eletrônico.

Foi uma má ideia.

(Risos)

Anotem aí, é uma má ideia.

No fim das contas,

decidi que era uma boa ideia
tentar fazer isso em outros lugares

e também não deu muito certo.

Finalmente, as consequências
se tornaram bem grandes.

Eu falo para as pessoas
sobre a doença do vício

e digo que minha reação alérgica
às drogas e ao álcool

faz nascer algemas.

(Risos)

É, eu não inventei isso.

Escutei isso de alguém.

Mas é a verdade...

todas as vezes, durante um tempo,

era assim que as coisas acabavam.

Claro, tive breves períodos
de sobriedade ao longo dos anos,

mas dessa vez criei
uma bagunça tremenda para mim mesmo

e as consequências finalmente
ficaram bem grandes.

Nesse processo,

uma garotinha linda e inocente nasceu,

minha filha.

Gostaria de dizer

que naquela época eu era um pai
e que me lembro de tudo,

mas não posso,

pois não foi o caso.

O que posso dizer,
é que me lembro de estar em uma cela.

Me lembro de ficar sóbrio

e sentir nada além de culpa,

vergonha,

remorso

por todas as coisas que fiz.

Eu já sofria de baixa autoestima,

então o fundo do poço me incentivou a...

sinceramente,

é difícil entender como não decidi
tirar minha própria vida,

porque doía demais.

Doía demais.

Sendo acusado de várias coisas

comecei a aceitar

que, se tivesse a oportunidade
de fazer algo diferente,

eu faria...

algo totalmente diferente.

Felizmente...

agradeço a Deus pelo Ministério Público...

tive uma segunda chance de liberdade.

Me deram a oportunidade
de ser livre de novo.

Confessei alguns crimes.

Na verdade, fui extraditado
para o condado de Gallia, em Ohio,

e finalmente era hora de eu ser solto.

Estava tão animado, entusiasmado;

estava preso há meses,

pensava: "Liberdade! Eba!"

Troquei de roupas,

as mesmas roupas que estavam lá há meses,

elas cheiravam a naftalina,
talvez a outras coisas.

Mas coloquei as roupas,

saí pela porta, tão animado,

e a realidade bateu na hora.

Não tinha ninguém lá.

Nem minha mãe,

nem minha família,

ninguém.

Os amigos que achei que tinha
quando estava sendo selvagem.

Ninguém.

Mas eu tinha uma pequena foto
de uma garotinha,

a única coisa que carreguei comigo
para fora da prisão.

Fiquei olhando para a foto, pensando:

"Ela está no condado de Athens.

É para lá que eu vou".

Então comecei a andar naquela direção.

Lá estou eu,

andando pela beira da estrada,

com uma cara de selvagem...

nem consigo imaginar...

Barba bagunçada, cabelo
bagunçado, roupas nojentas,

mas estou sóbrio.

Ainda sinto tudo aquilo,
a culpa e o remorso,

e quanto mais eu andava,
sentia que a dor só piorava.

Aconteceram algumas coisas
ao longo do caminho.

A dor só aumentava enquanto eu andava.

Acabei chegando em uma pequena cidade,

Cheshire, Ohio.

Sentei no degrau da igreja,

parecia que não havia ninguém lá.

Me lembro que foi naquele momento
em que quebrei emocionalmente.

Comecei a chorar descontroladamente,

sentia tudo se rasgando dentro de mim

porque só conseguia pensar
naquela garotinha.

Estava sentado,
quando ouvi algo atrás de mim.

Achei que estava sozinho, então me virei.

Um senhor saiu da igreja

e me perguntou se eu estava bem,
e obviamente não estava.

Mas ele foi até mim, sentou-se
e começou a conversar comigo.

Ele me escutou.

Alguns segundos depois,
outros dois senhores vieram

e fizeram a mesma coisa.

Hmm...

Eles queriam mesmo me escutar?

Eles não tinham checado
"O Homem Mais Procurado de Athens",

não sabiam quem eu era?

Deveriam estar fugindo.

Mas não, eles me escutaram.

Um dos senhores saiu e voltou

e disse: "Venha, vamos te dar
uma carona até Athens".

E, no caminho,

continuaram fazendo exatamente aquilo
que fizeram no degrau da igreja:

me escutaram.

Cheguei em Athens

e, avançando um pouco mais,

acabei na Timothy House.

Quem aqui conhece a Timothy House?

É um abrigo para sem-tetos aqui em Athens.

É um lugar lindo,

e sou extremamente grato àquele lugar.

Acabei parando lá.

Houve algumas histórias bem legais
nesse meio tempo.

Queria ter tempo de compartilhar
todos os detalhes.

Enfim, acabei indo para a Timothy House,

aqui em Athens.

Vou avançar para dois anos depois.

Eu entro no meu veículo

e dirijo de volta para Cheshire, Ohio.

Dirijo até aquela pequena igreja
onde tinha chorado

e encontro os mesmos caras
que tinham me escutado,

me ajudado,

e falo para eles:

"Oi. Estou aqui.

E adivinhem?

Hoje tenho um emprego.

Tenho uma casa.

Tenho uma filha.

Tenho uma vida".

Ainda fico arrepiado.

"Hoje em dia, tento recompensar
essa comunidade da qual tanto tirei.

Hoje em dia, dou para as pessoas
exatamente o que vocês me deram.

Vocês me deram esperança aquele dia".

E ver a luz foi incrível.

Ver os sorrisos em seus rostos
foi uma sensação incrível.

E eu sei, assim como para mim,

o quão espiritualmente revigorante
aquele momento foi para os dois lados.

Porque é verdade...
é assim que estou hoje.

Hoje sou um pai para aquela garotinha,

posso ser um apoio,
posso ser tudo isso para ela.

Eu recompenso essa comunidade,

e estar sóbrio é resultado direto
do serviço comunitário

e dos sentimentos atrelados a isso.

Nosso corpo é uma coisa linda,

especialmente nosso cérebro.

Produzimos dopamina, serotonina
e todas essas endorfinas

que nos deixam tão eufóricos

quanto se estivéssemos chapados.

É uma loucura!

Quantas pessoas aqui conseguem
se lembrar como se sentiram

quando viram o filho dar o primeiro passo

ou viram ele nascer?

Ou, por exemplo, quando
seu time favorito de futebol ganhou?

"Uhul!"

Tipo: "É!"

Você sente uma energia.

E se eu dissesse

que recebemos essa mesma energia
ao fazer serviço comunitário?

Alguém aqui já teve um dia ruim?

Levante a mão.

Vocês vivem em algum mundo
que eu não conheço?

(Risos)

E se em um desses dias ruins
eu te dissesse:

"Vá ajudar alguém.

Conheça um estranho.

Aperte a mão de alguém".

Sinceramente, o que vocês têm a perder?

E se isso mudasse seu dia?

Sabe?

Tentem construir relacionamentos,

relacionamentos pessoais
com outra coisa que não seja seu celular.

Opa! Eu disse isso?

(Risos)

Por que não falamos mais com pessoas

e perguntamos: "Como você está hoje?"

Mas realmente se importando,

querendo saber a resposta?

Então meu pedido para todos aqui...

não hoje, mas em algum dia
em um futuro próximo...

vá ajudar alguém.

Não precisa ser materialmente,

mas prometo que as recompensas...

Aha!

Eu sei que alguém aqui
sabe exatamente do que estou falando,

sinceramente.

Pouco a pouco, ao se envolver
com serviço comunitário...

Vi um ótimo exemplo disso

um tempo atrás na loja de 1,99
do outro lado da rua.

Fui lá para comprar uma coisa.

Havia três pessoas na minha frente.

O cara no caixa...

dava para ver que ele não tinha dinheiro,

e a mulher na minha frente
foi lá e pagou para ele.

E quando ela se aproximou do caixa,

a mulher do caixa pagou pelas coisas dela.

Foi uma reação em cadeia

e ver aquilo me fez me sentir incrível,

pois é disso que estou falando.

Não precisa ser algo material.

Mas faça. Só faça. Veja o que acontece.

O que você tem a perder?

Então, peço para vocês,
se tiverem a chance, tentem,

e espero, pouco a pouco,

que talvez possamos unir essa comunidade,

deixá-la mais forte.

Ajudar uns aos outros.

Agradeço a todos vocês.

(Aplausos)