[Script Info] Title: [Events] Format: Layer, Start, End, Style, Name, MarginL, MarginR, MarginV, Effect, Text Dialogue: 0,0:00:01.56,0:00:02.92,Default,,0000,0000,0000,,No filme "Interestelar", Dialogue: 0,0:00:02.92,0:00:06.25,Default,,0000,0000,0000,,temos uma visão detalhada\Nde um buraco negro supermassivo. Dialogue: 0,0:00:06.67,0:00:08.70,Default,,0000,0000,0000,,Em contraste com um fundo\Nde gás brilhante, Dialogue: 0,0:00:08.70,0:00:10.82,Default,,0000,0000,0000,,a força gravitacional\Nmassiva do buraco negro Dialogue: 0,0:00:10.82,0:00:12.35,Default,,0000,0000,0000,,direciona a luz em um círculo. Dialogue: 0,0:00:12.35,0:00:14.39,Default,,0000,0000,0000,,No entanto, essa não é\Numa fotografia real, Dialogue: 0,0:00:14.39,0:00:16.19,Default,,0000,0000,0000,,mas uma versão de computação gráfica, Dialogue: 0,0:00:16.19,0:00:19.77,Default,,0000,0000,0000,,uma interpretação do que pode ser\Na aparência de um buraco negro. Dialogue: 0,0:00:20.40,0:00:21.57,Default,,0000,0000,0000,,Cem anos atrás, Dialogue: 0,0:00:21.57,0:00:24.98,Default,,0000,0000,0000,,Albert Einstein publicou\Nsua teoria da relatividade geral. Dialogue: 0,0:00:25.22,0:00:29.33,Default,,0000,0000,0000,,Desde então, cientistas já apresentaram\Nmuitos indícios que a confirmam. Dialogue: 0,0:00:29.68,0:00:32.52,Default,,0000,0000,0000,,Mas algo previsto nessa teoria,\Nos buracos negros, Dialogue: 0,0:00:32.52,0:00:34.87,Default,,0000,0000,0000,,ainda não foi observado diretamente. Dialogue: 0,0:00:35.16,0:00:38.12,Default,,0000,0000,0000,,Embora tenhamos uma ideia sobre\Na aparência de um buraco negro, Dialogue: 0,0:00:38.12,0:00:40.97,Default,,0000,0000,0000,,na verdade, nunca fotografamos um. Dialogue: 0,0:00:41.19,0:00:45.10,Default,,0000,0000,0000,,Entretanto, isso deve mudar em breve. Dialogue: 0,0:00:45.49,0:00:49.52,Default,,0000,0000,0000,,Talvez vejamos a primeira fotografia\Nde um buraco negro nos próximos anos. Dialogue: 0,0:00:49.61,0:00:53.51,Default,,0000,0000,0000,,Para isso, será necessária\Numa equipe internacional de cientistas, Dialogue: 0,0:00:53.51,0:00:58.06,Default,,0000,0000,0000,,um telescópio do tamanho da Terra\Ne um algorítimo que monta a imagem final. Dialogue: 0,0:00:58.12,0:01:01.64,Default,,0000,0000,0000,,Não poderei mostrar uma fotografia\Nreal de um buraco negro hoje, Dialogue: 0,0:01:01.66,0:01:04.38,Default,,0000,0000,0000,,mas quero dar a vocês uma breve visão\Ndo esforço envolvido Dialogue: 0,0:01:04.38,0:01:06.40,Default,,0000,0000,0000,,em conseguir essa primeira foto. Dialogue: 0,0:01:07.58,0:01:11.13,Default,,0000,0000,0000,,Meu nome é Katie Bouman\Ne sou doutoranda no MIT. Dialogue: 0,0:01:11.53,0:01:13.56,Default,,0000,0000,0000,,Faço pesquisas em um laboratório Dialogue: 0,0:01:13.58,0:01:16.88,Default,,0000,0000,0000,,que tenta fazer com que computadores\Nvejam além de imagens e vídeo. Dialogue: 0,0:01:16.90,0:01:18.93,Default,,0000,0000,0000,,Apesar de não ser astrônoma, Dialogue: 0,0:01:18.93,0:01:23.12,Default,,0000,0000,0000,,hoje quero mostrar como pude contribuir\Npara esse interessante projeto. Dialogue: 0,0:01:23.32,0:01:26.15,Default,,0000,0000,0000,,Se olharem além das luzes da cidade hoje, Dialogue: 0,0:01:26.18,0:01:29.98,Default,,0000,0000,0000,,poderão ter a sorte de uma vista\Ndeslumbrante da Via Láctea. Dialogue: 0,0:01:30.16,0:01:32.57,Default,,0000,0000,0000,,E, se olhassem além\Ndas milhões de estrelas, Dialogue: 0,0:01:32.57,0:01:36.40,Default,,0000,0000,0000,,26 mil anos-luz em direção\Nao interior do espiral da Via Láctea, Dialogue: 0,0:01:36.42,0:01:39.94,Default,,0000,0000,0000,,encontrariam um aglomerado\Nde estrelas bem ao centro. Dialogue: 0,0:01:39.96,0:01:43.17,Default,,0000,0000,0000,,Espiando além da poeira galáctica\Ncom telescópios de infravermelho, Dialogue: 0,0:01:43.20,0:01:47.06,Default,,0000,0000,0000,,astrônomos vêm observando\Nessas estrelas por mais de 16 anos. Dialogue: 0,0:01:47.09,0:01:50.68,Default,,0000,0000,0000,,Mas o mais espetacular\Né o que eles não veem. Dialogue: 0,0:01:50.70,0:01:53.76,Default,,0000,0000,0000,,Essas estrelas parecem orbitar\Nem torno de um objeto invisível. Dialogue: 0,0:01:53.79,0:01:57.21,Default,,0000,0000,0000,,Monitorando o trajeto dessas estrelas,\Nastrônomos concluíram Dialogue: 0,0:01:57.23,0:02:00.63,Default,,0000,0000,0000,,que a única coisa pequena e pesada\No suficiente para gerar o movimento Dialogue: 0,0:02:00.63,0:02:02.58,Default,,0000,0000,0000,,é um buraco negro supermassivo, Dialogue: 0,0:02:02.60,0:02:06.78,Default,,0000,0000,0000,,um objeto tão denso que suga\Ntudo que passa por perto, Dialogue: 0,0:02:06.80,0:02:08.30,Default,,0000,0000,0000,,até a luz. Dialogue: 0,0:02:08.32,0:02:11.38,Default,,0000,0000,0000,,Mas o que acontece\Nse olharmos mais a fundo? Dialogue: 0,0:02:11.40,0:02:16.14,Default,,0000,0000,0000,,É possível enxergar algo que,\Npor definição, é impossível de ser visto? Dialogue: 0,0:02:16.72,0:02:19.96,Default,,0000,0000,0000,,Ocorre que, se dermos um close\Nao comprimento de ondas de rádio, Dialogue: 0,0:02:19.99,0:02:23.99,Default,,0000,0000,0000,,esperamos ver um círculo de luz gerado\Npela lente gravitacional do plasma quente Dialogue: 0,0:02:23.99,0:02:25.96,Default,,0000,0000,0000,,movendo-se em torno do buraco negro. Dialogue: 0,0:02:25.98,0:02:29.92,Default,,0000,0000,0000,,Ou seja, o buraco negro lança uma sombra\Nnesse cenário de material brilhante, Dialogue: 0,0:02:29.92,0:02:31.72,Default,,0000,0000,0000,,criando uma esfera de escuridão. Dialogue: 0,0:02:32.23,0:02:35.56,Default,,0000,0000,0000,,Esse círculo brilhante revela\No horizonte de eventos do buraco negro, Dialogue: 0,0:02:35.59,0:02:37.99,Default,,0000,0000,0000,,no qual a força gravitacional\Ntorna-se tão intensa Dialogue: 0,0:02:38.01,0:02:39.64,Default,,0000,0000,0000,,que nem a luz consegue escapar. Dialogue: 0,0:02:39.66,0:02:42.52,Default,,0000,0000,0000,,As equações de Einstein preveem\Ntamanho e forma do círculo, Dialogue: 0,0:02:42.55,0:02:45.75,Default,,0000,0000,0000,,então fotografá-lo não seria apenas legal: Dialogue: 0,0:02:45.78,0:02:48.36,Default,,0000,0000,0000,,também ajudaria a verificar\Nse as equações se sustentam Dialogue: 0,0:02:48.36,0:02:50.89,Default,,0000,0000,0000,,nas situações extremas\Nao redor do buraco negro. Dialogue: 0,0:02:50.91,0:02:53.47,Default,,0000,0000,0000,,No entanto, esse buraco negro\Nestá tão distante de nós Dialogue: 0,0:02:53.49,0:02:56.59,Default,,0000,0000,0000,,que, da Terra, esse círculo\Naparece incrivelmente pequeno: Dialogue: 0,0:02:56.61,0:03:00.20,Default,,0000,0000,0000,,do mesmo tamanho de uma laranja\Nna superfície da Lua. Dialogue: 0,0:03:00.65,0:03:03.47,Default,,0000,0000,0000,,Isso faz com que seja\Nextremamente difícil fotografá-lo. Dialogue: 0,0:03:04.64,0:03:05.95,Default,,0000,0000,0000,,Mas por quê? Dialogue: 0,0:03:06.51,0:03:09.58,Default,,0000,0000,0000,,Tudo se resume a uma simples equação. Dialogue: 0,0:03:09.58,0:03:12.14,Default,,0000,0000,0000,,Devido a um fenômeno chamado difração, Dialogue: 0,0:03:12.16,0:03:16.06,Default,,0000,0000,0000,,há limites fundamentais para os menores\Nobjetos que conseguimos ver. Dialogue: 0,0:03:16.70,0:03:20.30,Default,,0000,0000,0000,,Essa equação governante diz que,\Npara vermos coisas cada vez menores, Dialogue: 0,0:03:20.30,0:03:22.92,Default,,0000,0000,0000,,precisamos construir\Ntelescópios cada vez maiores. Dialogue: 0,0:03:22.92,0:03:26.13,Default,,0000,0000,0000,,Mas, até com os telescópios ópticos\Nmais potentes aqui na Terra, Dialogue: 0,0:03:26.13,0:03:28.61,Default,,0000,0000,0000,,não chegamos nem perto\Nda resolução necessária Dialogue: 0,0:03:28.63,0:03:30.83,Default,,0000,0000,0000,,para retratar a superfície da Lua. Dialogue: 0,0:03:30.85,0:03:34.41,Default,,0000,0000,0000,,Aliás, mostro aqui uma das imagens\Ncom maior resolução já tiradas Dialogue: 0,0:03:34.41,0:03:35.82,Default,,0000,0000,0000,,da Lua daqui da Terra. Dialogue: 0,0:03:35.82,0:03:38.37,Default,,0000,0000,0000,,Possui aproximadamente 13 mil pixels, Dialogue: 0,0:03:38.37,0:03:42.55,Default,,0000,0000,0000,,e, ainda, cada pixel contém\N1,5 milhões de laranjas. Dialogue: 0,0:03:43.33,0:03:45.35,Default,,0000,0000,0000,,Então, quão grande deve ser o telescópio Dialogue: 0,0:03:45.35,0:03:48.16,Default,,0000,0000,0000,,para podermos ver uma laranja\Nna superfície da Lua Dialogue: 0,0:03:48.18,0:03:50.40,Default,,0000,0000,0000,,e, por extensão, nosso buraco negro? Dialogue: 0,0:03:50.42,0:03:52.11,Default,,0000,0000,0000,,Bem, analisando os números, Dialogue: 0,0:03:52.11,0:03:56.15,Default,,0000,0000,0000,,calculamos facilmente que precisaríamos\Nde um telescópio do tamanho da Terra. Dialogue: 0,0:03:56.15,0:03:57.16,Default,,0000,0000,0000,,(Risos) Dialogue: 0,0:03:57.17,0:03:59.26,Default,,0000,0000,0000,,Se conseguíssemos\Nconstruir esse telescópio, Dialogue: 0,0:03:59.26,0:04:01.95,Default,,0000,0000,0000,,poderíamos começar a avistar\Nesse distinto círculo de luz Dialogue: 0,0:04:01.95,0:04:04.29,Default,,0000,0000,0000,,que indica o horizonte\Nde eventos do buraco negro. Dialogue: 0,0:04:04.56,0:04:07.37,Default,,0000,0000,0000,,Essa fotografia não mostraria\Ntodos os detalhes que vemos Dialogue: 0,0:04:07.37,0:04:09.09,Default,,0000,0000,0000,,nas versões de computação gráfica, Dialogue: 0,0:04:09.09,0:04:11.54,Default,,0000,0000,0000,,mas permitiria que tivéssemos\Na primeira visão Dialogue: 0,0:04:11.54,0:04:14.02,Default,,0000,0000,0000,,do ambiente intermediário\Nao redor do buraco negro. Dialogue: 0,0:04:14.38,0:04:16.10,Default,,0000,0000,0000,,No entanto, como podem imaginar, Dialogue: 0,0:04:16.12,0:04:19.75,Default,,0000,0000,0000,,construir um telescópio\Ndo tamanho da Terra é impossível. Dialogue: 0,0:04:19.77,0:04:23.23,Default,,0000,0000,0000,,Mas, nas palavras de Mick Jagger:\N"Você nem sempre consegue o que quer, Dialogue: 0,0:04:23.23,0:04:26.64,Default,,0000,0000,0000,,mas, se tentar, às vezes, vai perceber\Nque consegue o que precisa". Dialogue: 0,0:04:26.86,0:04:29.41,Default,,0000,0000,0000,,Conectando telescópios do mundo todo, Dialogue: 0,0:04:29.41,0:04:32.95,Default,,0000,0000,0000,,uma parceria internacional\Nchamada Event Horizon Telescope Dialogue: 0,0:04:32.100,0:04:36.11,Default,,0000,0000,0000,,está criando um telescópio\Ncomputacional do tamanho da Terra Dialogue: 0,0:04:36.11,0:04:39.67,Default,,0000,0000,0000,,que soluciona estruturação no nível\Ndo horizonte de eventos do buraco negro. Dialogue: 0,0:04:39.67,0:04:43.33,Default,,0000,0000,0000,,Essa rede de telescópios deve tirar\Na primeira foto de um buraco negro Dialogue: 0,0:04:43.33,0:04:44.79,Default,,0000,0000,0000,,no ano que vem. Dialogue: 0,0:04:45.16,0:04:48.50,Default,,0000,0000,0000,,Todos os telescópios nessa rede\Nmundial trabalham juntos. Dialogue: 0,0:04:48.53,0:04:51.05,Default,,0000,0000,0000,,Ligados pelo horário preciso\Ndos relógios atômicos, Dialogue: 0,0:04:51.05,0:04:53.92,Default,,0000,0000,0000,,as equipes de pesquisadores\Nem cada local congelam a luz Dialogue: 0,0:04:53.94,0:04:56.91,Default,,0000,0000,0000,,coletando milhares de terabytes em dados. Dialogue: 0,0:04:56.93,0:05:01.95,Default,,0000,0000,0000,,Esses dados são processados\Nem um laboratório aqui em Massachusetts. Dialogue: 0,0:05:01.97,0:05:03.76,Default,,0000,0000,0000,,Então, como funciona isso? Dialogue: 0,0:05:03.79,0:05:06.95,Default,,0000,0000,0000,,Lembram-se de que, para vermos\No buraco negro no centro na galáxia, Dialogue: 0,0:05:06.95,0:05:09.93,Default,,0000,0000,0000,,precisamos construir aquele\Ntelescópio do tamanho da Terra? Dialogue: 0,0:05:10.22,0:05:14.06,Default,,0000,0000,0000,,Por um momento, vamos imaginar\Nque conseguimos construir esse telescópio. Dialogue: 0,0:05:14.22,0:05:18.13,Default,,0000,0000,0000,,Seria como transformar a Terra\Nem uma bola de espelhos gigante. Dialogue: 0,0:05:18.59,0:05:20.79,Default,,0000,0000,0000,,Cada espelho receberia luz Dialogue: 0,0:05:20.82,0:05:23.42,Default,,0000,0000,0000,,que poderíamos, então, juntar\Npara formar uma imagem. Dialogue: 0,0:05:23.44,0:05:26.11,Default,,0000,0000,0000,,Agora, imaginem que removamos\Na maior parte dos espelhos, Dialogue: 0,0:05:26.11,0:05:28.10,Default,,0000,0000,0000,,deixando restar apenas alguns. Dialogue: 0,0:05:28.12,0:05:32.61,Default,,0000,0000,0000,,Ainda poderíamos juntar essas informações,\Nmas agora há muitos buracos. Dialogue: 0,0:05:33.04,0:05:37.41,Default,,0000,0000,0000,,Os espelhos restantes representam\Nos locais onde temos telescópios. Dialogue: 0,0:05:37.44,0:05:41.51,Default,,0000,0000,0000,,É um número incrivelmente pequeno\Nde leituras para formar uma imagem. Dialogue: 0,0:05:41.54,0:05:45.38,Default,,0000,0000,0000,,Mas, apesar de só recebermos\Nluz em alguns locais, Dialogue: 0,0:05:45.40,0:05:48.82,Default,,0000,0000,0000,,conforme a Terra gira,\Npodemos ver outras leituras. Dialogue: 0,0:05:48.85,0:05:52.53,Default,,0000,0000,0000,,Ou seja, conforme a bola de espelhos gira,\Nos espelhos mudam de lugar Dialogue: 0,0:05:52.53,0:05:55.53,Default,,0000,0000,0000,,e podemos observar\Npartes diferentes da imagem. Dialogue: 0,0:05:55.61,0:05:59.63,Default,,0000,0000,0000,,Os algorítimos de imagem que desenvolvemos\Npreenchem os espaços na bola de espelhos Dialogue: 0,0:05:59.63,0:06:02.66,Default,,0000,0000,0000,,para reconstruir a imagem\Nsubjacente do buraco negro. Dialogue: 0,0:06:02.66,0:06:05.26,Default,,0000,0000,0000,,Se tivéssemos telescópios\Nem todos os lugares do globo, Dialogue: 0,0:06:05.26,0:06:07.08,Default,,0000,0000,0000,,ou seja, a bola de discos inteira, Dialogue: 0,0:06:07.08,0:06:08.43,Default,,0000,0000,0000,,isso seria trivial. Dialogue: 0,0:06:08.64,0:06:11.92,Default,,0000,0000,0000,,No entanto, vemos apenas\Nalgumas amostras e, por isso, Dialogue: 0,0:06:11.92,0:06:14.28,Default,,0000,0000,0000,,há um número infinito de imagens possíveis Dialogue: 0,0:06:14.28,0:06:17.37,Default,,0000,0000,0000,,que são coerentes\Ncom as leituras dos telescópios. Dialogue: 0,0:06:17.39,0:06:20.41,Default,,0000,0000,0000,,Mas nem todas as imagens\Nsão criadas igualmente. Dialogue: 0,0:06:20.78,0:06:25.31,Default,,0000,0000,0000,,Algumas parecem mais com nossa ideia\Nde imagem do que outras. Dialogue: 0,0:06:25.31,0:06:28.41,Default,,0000,0000,0000,,Meu papel ao ajudar a fotografar\No buraco negro pela primeira vez Dialogue: 0,0:06:28.41,0:06:31.42,Default,,0000,0000,0000,,é desenvolver algorítimos\Nque encontrem a imagem mais aceitável Dialogue: 0,0:06:31.42,0:06:33.76,Default,,0000,0000,0000,,que se encaixe nas leituras do telescópio. Dialogue: 0,0:06:34.73,0:06:38.67,Default,,0000,0000,0000,,Assim como desenhistas forenses\Nusam descrições limitadas Dialogue: 0,0:06:38.67,0:06:42.15,Default,,0000,0000,0000,,para reconstruir uma fotografia\Ncom conhecimento em estruturas faciais, Dialogue: 0,0:06:42.15,0:06:45.51,Default,,0000,0000,0000,,os algorítimos que desenvolvo\Nusam dados limitados do telescópio Dialogue: 0,0:06:45.51,0:06:49.87,Default,,0000,0000,0000,,para nos levar a uma imagem que também\Nse pareça com as substâncias no universo. Dialogue: 0,0:06:49.92,0:06:53.57,Default,,0000,0000,0000,,Usando esses algorítimos,\Npodemos reconstruir imagens Dialogue: 0,0:06:53.59,0:06:55.77,Default,,0000,0000,0000,,a partir desses poucos dados ruidosos. Dialogue: 0,0:06:55.80,0:07:00.32,Default,,0000,0000,0000,,Aqui está um exemplo de reconstrução\Nfeita com dados simulados, Dialogue: 0,0:07:00.35,0:07:04.32,Default,,0000,0000,0000,,em que simulamos apontar os telescópios\Npara o buraco negro no centro da galáxia. Dialogue: 0,0:07:04.91,0:07:06.96,Default,,0000,0000,0000,,Apesar de ser apenas uma simulação, Dialogue: 0,0:07:06.96,0:07:09.39,Default,,0000,0000,0000,,esse tipo de reconstrução nos dá esperança Dialogue: 0,0:07:09.39,0:07:12.85,Default,,0000,0000,0000,,de que logo poderemos, de fato,\Nfotografar um buraco negro Dialogue: 0,0:07:12.85,0:07:15.44,Default,,0000,0000,0000,,e, a partir disso, determinar\Nsua circunferência. Dialogue: 0,0:07:16.12,0:07:19.05,Default,,0000,0000,0000,,Gostaria muito de falar\Nsobre os detalhes desse algorítimo, Dialogue: 0,0:07:19.05,0:07:21.44,Default,,0000,0000,0000,,mas, para a sorte de vocês,\Nnão temos tempo. Dialogue: 0,0:07:21.54,0:07:23.54,Default,,0000,0000,0000,,Ainda assim, quero dar uma breve noção Dialogue: 0,0:07:23.54,0:07:25.84,Default,,0000,0000,0000,,sobre como definimos\Na aparência do universo Dialogue: 0,0:07:25.84,0:07:30.31,Default,,0000,0000,0000,,e como usamos isso para reconstruir\Ne verificar nossos resultados. Dialogue: 0,0:07:30.38,0:07:32.66,Default,,0000,0000,0000,,Como há um número infinito\Nde imagens possíveis, Dialogue: 0,0:07:32.66,0:07:35.14,Default,,0000,0000,0000,,que bem explicam\Nas leituras do telescópio, Dialogue: 0,0:07:35.14,0:07:37.82,Default,,0000,0000,0000,,temos que escolher\Nentre elas de alguma forma. Dialogue: 0,0:07:37.82,0:07:39.76,Default,,0000,0000,0000,,Fazemos isso classificando as imagens Dialogue: 0,0:07:39.76,0:07:42.59,Default,,0000,0000,0000,,com base na probabilidade de serem\Nimagens do buraco negro Dialogue: 0,0:07:42.59,0:07:45.07,Default,,0000,0000,0000,,e escolhendo a mais provável. Dialogue: 0,0:07:45.14,0:07:47.42,Default,,0000,0000,0000,,O que isso significa? Dialogue: 0,0:07:47.86,0:07:49.67,Default,,0000,0000,0000,,Imaginem que tentamos montar um modelo Dialogue: 0,0:07:49.67,0:07:53.05,Default,,0000,0000,0000,,que mostra a probabilidade\Nde uma imagem aparecer no Facebook. Dialogue: 0,0:07:53.05,0:07:54.75,Default,,0000,0000,0000,,Seria preferível que ele mostrasse Dialogue: 0,0:07:54.75,0:07:58.07,Default,,0000,0000,0000,,que é bem improvável que alguém poste\Nessa imagem ruidosa à esquerda, Dialogue: 0,0:07:58.07,0:08:01.67,Default,,0000,0000,0000,,e que é bem provável que alguém poste\Numa "selfie" como a da direita. Dialogue: 0,0:08:02.06,0:08:03.72,Default,,0000,0000,0000,,A imagem ao centro está desfocada, Dialogue: 0,0:08:03.72,0:08:07.38,Default,,0000,0000,0000,,então, embora seja mais provável vê-la\Nno Facebook do que a imagem ruidosa, Dialogue: 0,0:08:07.38,0:08:10.32,Default,,0000,0000,0000,,é menos provável vê-la\Nao compará-la com a "selfie". Dialogue: 0,0:08:10.32,0:08:12.70,Default,,0000,0000,0000,,Mas, quando se trata\Nde imagens do buraco negro, Dialogue: 0,0:08:12.70,0:08:16.69,Default,,0000,0000,0000,,deparamo-nos com um enigma:\Nnunca vimos um buraco negro. Dialogue: 0,0:08:16.69,0:08:18.97,Default,,0000,0000,0000,,Então, como deve ser\Na imagem de um buraco negro, Dialogue: 0,0:08:18.97,0:08:21.40,Default,,0000,0000,0000,,e o que supor sobre a estrutura\Ndos buracos negros? Dialogue: 0,0:08:21.40,0:08:24.24,Default,,0000,0000,0000,,Podemos tentar usar imagens\Nde simulações que fizemos, Dialogue: 0,0:08:24.24,0:08:26.59,Default,,0000,0000,0000,,como a imagem do buraco\Nnegro de "Interestelar", Dialogue: 0,0:08:26.59,0:08:29.84,Default,,0000,0000,0000,,mas, se fizermos isso,\Npodemos causar sérios problemas. Dialogue: 0,0:08:30.09,0:08:33.54,Default,,0000,0000,0000,,O que aconteceria se a teoria\Nde Einstein não fosse sustentada? Dialogue: 0,0:08:33.56,0:08:37.53,Default,,0000,0000,0000,,Ainda íamos querer reconstruir um cenário\Npreciso do que estava acontecendo. Dialogue: 0,0:08:37.55,0:08:40.92,Default,,0000,0000,0000,,Se incorporarmos demais as equações\Nde Einstein em nossos algorítimos, Dialogue: 0,0:08:40.92,0:08:43.68,Default,,0000,0000,0000,,vamos acabar vendo o que esperamos ver. Dialogue: 0,0:08:43.72,0:08:45.68,Default,,0000,0000,0000,,Queremos deixar as opções em aberto Dialogue: 0,0:08:45.68,0:08:48.72,Default,,0000,0000,0000,,para caso haja um elefante gigante\Nno centro da galáxia. Dialogue: 0,0:08:48.75,0:08:50.03,Default,,0000,0000,0000,,(Risos) Dialogue: 0,0:08:50.05,0:08:53.04,Default,,0000,0000,0000,,Tipos diferentes de imagens\Ntêm características bem distintas. Dialogue: 0,0:08:53.04,0:08:56.29,Default,,0000,0000,0000,,Podemos diferenciar facilmente\Nimagens de simulação do buraco negro Dialogue: 0,0:08:56.29,0:08:58.91,Default,,0000,0000,0000,,das fotos tiradas\Ntodos os dias aqui na Terra. Dialogue: 0,0:08:58.94,0:09:02.04,Default,,0000,0000,0000,,Precisamos saber dizer\Naos algorítimos como as imagens são Dialogue: 0,0:09:02.06,0:09:05.31,Default,,0000,0000,0000,,sem aplicar somente\Num tipo de característica. Dialogue: 0,0:09:05.86,0:09:07.76,Default,,0000,0000,0000,,Uma forma de contornarmos isso Dialogue: 0,0:09:07.78,0:09:10.84,Default,,0000,0000,0000,,é aplicando características\Nde diferentes tipos de imagens Dialogue: 0,0:09:10.87,0:09:14.100,Default,,0000,0000,0000,,para ver como o tipo de imagem\Nque adotamos afeta as reconstruções. Dialogue: 0,0:09:15.71,0:09:19.12,Default,,0000,0000,0000,,Se todos os tipos de imagem\Nproduzem uma imagem similar, Dialogue: 0,0:09:19.12,0:09:21.04,Default,,0000,0000,0000,,podemos começar a ficar mais confiantes Dialogue: 0,0:09:21.04,0:09:25.48,Default,,0000,0000,0000,,de que as suposições que estamos fazendo\Nnão influenciam muito a foto. Dialogue: 0,0:09:25.50,0:09:28.37,Default,,0000,0000,0000,,É quase como dar a mesma descrição Dialogue: 0,0:09:28.37,0:09:31.52,Default,,0000,0000,0000,,a três desenhistas\Nde diferentes partes do mundo. Dialogue: 0,0:09:31.54,0:09:34.40,Default,,0000,0000,0000,,Se todos produzirem um rosto parecido, Dialogue: 0,0:09:34.42,0:09:36.22,Default,,0000,0000,0000,,podemos começar a confiar Dialogue: 0,0:09:36.22,0:09:39.83,Default,,0000,0000,0000,,que não estão aplicando\Nsuas tendências culturais nos desenhos. Dialogue: 0,0:09:39.88,0:09:43.20,Default,,0000,0000,0000,,Uma forma de aplicarmos diferentes\Ncaracterísticas de imagem Dialogue: 0,0:09:43.22,0:09:45.66,Default,,0000,0000,0000,,é usando partes de imagens existentes. Dialogue: 0,0:09:46.21,0:09:50.94,Default,,0000,0000,0000,,Pegamos um grande conjunto de imagens\Ne as repartimos em pequenos pedaços. Dialogue: 0,0:09:51.14,0:09:55.42,Default,,0000,0000,0000,,Podemos considerar cada pedaço\Numa peça de quebra-cabeça. Dialogue: 0,0:09:55.45,0:09:59.53,Default,,0000,0000,0000,,E utilizamos peças comumente vistas\Npara montar uma imagem Dialogue: 0,0:09:59.53,0:10:02.20,Default,,0000,0000,0000,,que se encaixa nas leituras do telescópio. Dialogue: 0,0:10:03.04,0:10:06.78,Default,,0000,0000,0000,,Tipos diferentes de imagens\Ntêm conjuntos diferentes de peças. Dialogue: 0,0:10:06.81,0:10:09.61,Default,,0000,0000,0000,,Então, o que acontece\Nquando pegamos os mesmos dados Dialogue: 0,0:10:09.64,0:10:13.73,Default,,0000,0000,0000,,mas usamos conjuntos diferentes\Nde peças para reconstruir a imagem? Dialogue: 0,0:10:13.73,0:10:18.56,Default,,0000,0000,0000,,Vamos começar com as peças\Nda simulação da imagem do buraco negro. Dialogue: 0,0:10:18.58,0:10:22.63,Default,,0000,0000,0000,,Bem, parece aceitável. É como esperamos\Nque seja um buraco negro. Dialogue: 0,0:10:22.67,0:10:23.91,Default,,0000,0000,0000,,Mas será que a obtivemos Dialogue: 0,0:10:23.91,0:10:27.44,Default,,0000,0000,0000,,porque utilizamos partes de imagens\Nde simulação do buraco negro? Dialogue: 0,0:10:27.47,0:10:31.52,Default,,0000,0000,0000,,Vamos tentar outro conjunto de peças\Nde outros objetos astronômicos. Dialogue: 0,0:10:32.91,0:10:35.04,Default,,0000,0000,0000,,Conseguimos uma imagem semelhante. Dialogue: 0,0:10:35.06,0:10:37.16,Default,,0000,0000,0000,,E que tal partes de imagens cotidianas, Dialogue: 0,0:10:37.16,0:10:40.11,Default,,0000,0000,0000,,como as fotos que tiramos\Ncom nossas câmeras? Dialogue: 0,0:10:41.31,0:10:43.43,Default,,0000,0000,0000,,Ótimo, vemos a mesma imagem. Dialogue: 0,0:10:43.43,0:10:46.79,Default,,0000,0000,0000,,Quando obtemos a mesma imagem\Nde todos os conjuntos de peças, Dialogue: 0,0:10:46.79,0:10:48.74,Default,,0000,0000,0000,,podemos começar a ficar mais confiantes Dialogue: 0,0:10:48.79,0:10:53.46,Default,,0000,0000,0000,,de que as suposições que fazemos\Nnão influenciam muito a imagem final. Dialogue: 0,0:10:53.78,0:10:57.10,Default,,0000,0000,0000,,Também podemos pegar\No mesmo conjunto de peças, Dialogue: 0,0:10:57.12,0:10:59.61,Default,,0000,0000,0000,,como aquelas extraídas\Nde imagens cotidianas, Dialogue: 0,0:10:59.61,0:11:03.21,Default,,0000,0000,0000,,e usá-las para reconstruir vários tipos\Ndiferentes de imagens originais. Dialogue: 0,0:11:03.21,0:11:04.48,Default,,0000,0000,0000,,Então, nas simulações, Dialogue: 0,0:11:04.48,0:11:08.26,Default,,0000,0000,0000,,imaginamos que um buraco negro se parece\Ncom outros objetos astronômicos, Dialogue: 0,0:11:08.26,0:11:12.11,Default,,0000,0000,0000,,bem como imagens cotidianas se parecem\Ncom elefantes no centro da galáxia. Dialogue: 0,0:11:12.23,0:11:15.09,Default,,0000,0000,0000,,Quando os resultados dos algorítimos\Nabaixo são semelhantes Dialogue: 0,0:11:15.09,0:11:17.48,Default,,0000,0000,0000,,à simulação de imagem real acima, Dialogue: 0,0:11:17.48,0:11:20.78,Default,,0000,0000,0000,,podemos começar a confiar\Nem nossos algorítimos. Dialogue: 0,0:11:20.78,0:11:24.65,Default,,0000,0000,0000,,E quero destacar aqui\Nque todas essas images foram criadas Dialogue: 0,0:11:24.65,0:11:27.58,Default,,0000,0000,0000,,juntando pequenas peças\Nde fotografias cotidianas, Dialogue: 0,0:11:27.69,0:11:29.86,Default,,0000,0000,0000,,como as que tiramos com nossas câmeras. Dialogue: 0,0:11:29.86,0:11:33.23,Default,,0000,0000,0000,,Então, uma imagem\Nde um buraco negro jamais vista Dialogue: 0,0:11:33.26,0:11:37.07,Default,,0000,0000,0000,,pode ser criada se juntarmos\Nimagens que vemos o tempo todo Dialogue: 0,0:11:37.07,0:11:39.94,Default,,0000,0000,0000,,de pessoas, prédios,\Nárvores, gatos e cães. Dialogue: 0,0:11:39.99,0:11:42.28,Default,,0000,0000,0000,,Ideias de imagens como essas permitirão Dialogue: 0,0:11:42.28,0:11:45.28,Default,,0000,0000,0000,,que tiremos as primeiras\Nfotos de um buraco negro Dialogue: 0,0:11:45.30,0:11:47.75,Default,,0000,0000,0000,,e, com sorte, comprovemos\Nas famosas teorias Dialogue: 0,0:11:47.75,0:11:50.17,Default,,0000,0000,0000,,com as quais os cientistas\Ncontam diariamente. Dialogue: 0,0:11:50.22,0:11:52.83,Default,,0000,0000,0000,,Mas é claro que a obtenção\Nde ideias como essas Dialogue: 0,0:11:52.83,0:11:55.98,Default,,0000,0000,0000,,nunca teria sido possível sem a incrível\Nequipe de pesquisadores Dialogue: 0,0:11:56.00,0:11:57.96,Default,,0000,0000,0000,,com quem tenho o privilégio de trabalhar. Dialogue: 0,0:11:57.96,0:11:59.20,Default,,0000,0000,0000,,Ainda me surpreende Dialogue: 0,0:11:59.20,0:12:02.49,Default,,0000,0000,0000,,que, embora tenha começado o projeto\Nsem conhecimento em astrofísica, Dialogue: 0,0:12:02.49,0:12:04.96,Default,,0000,0000,0000,,o que alcançamos por meio\Ndessa colaboração singular Dialogue: 0,0:12:04.96,0:12:08.07,Default,,0000,0000,0000,,poderá resultar nas primeiras\Nimagens de um buraco negro. Dialogue: 0,0:12:08.07,0:12:10.76,Default,,0000,0000,0000,,Mas grandes projetos\Ncomo o Event Horizon Telescope Dialogue: 0,0:12:10.76,0:12:13.63,Default,,0000,0000,0000,,obtêm êxito devido a todo\No conhecimento interdisciplinar Dialogue: 0,0:12:13.66,0:12:15.45,Default,,0000,0000,0000,,que pessoas diferentes trazem. Dialogue: 0,0:12:15.47,0:12:19.28,Default,,0000,0000,0000,,Somos uma mistura de astrônomos,\Nfísicos, matemáticos e engenheiros. Dialogue: 0,0:12:20.42,0:12:24.45,Default,,0000,0000,0000,,Em breve, será possível alcançar algo\Nque já foi considerado impossível. Dialogue: 0,0:12:24.91,0:12:27.17,Default,,0000,0000,0000,,Gostaria de encorajá-los a saírem Dialogue: 0,0:12:27.19,0:12:29.29,Default,,0000,0000,0000,,e ajudarem a ampliar\Nos limites da ciência, Dialogue: 0,0:12:29.31,0:12:33.21,Default,,0000,0000,0000,,mesmo que, no início, pareça\Ntão misterioso quanto um buraco negro. Dialogue: 0,0:12:33.21,0:12:34.43,Default,,0000,0000,0000,,Obrigada. Dialogue: 0,0:12:34.44,0:12:36.83,Default,,0000,0000,0000,,(Aplausos)