WEBVTT

00:00:17.928 --> 00:00:22.077
Estou aqui hoje para falar
sobre uma palavrinha muito poderosa,

00:00:22.287 --> 00:00:26.843
uma que as pessoas fazem praticamente
qualquer coisa para evitar se tornarem.

00:00:27.090 --> 00:00:30.741
Indústrias bilionárias prosperam
por causa do medo dessa palavra.

00:00:31.178 --> 00:00:34.343
E as pessoas que são claramente assim

00:00:34.343 --> 00:00:37.951
são forçadas a navegar na tempestade
implacável que a envolve.

00:00:38.853 --> 00:00:41.375
Não sei se vocês notaram,

00:00:41.675 --> 00:00:43.230
mas eu sou gorda.

00:00:44.510 --> 00:00:47.510
Não do tipo discreto,
que as pessoas comentam pelas costas,

00:00:47.510 --> 00:00:50.762
ou a gordinha inofensiva,
rechonchuda ou fofinha.

00:00:50.762 --> 00:00:55.387
E nem sou do tipo mais sofisticado,
voluptuoso e cheio de curvas.

00:00:56.677 --> 00:00:58.428
Não vamos disfarçar.

00:00:58.618 --> 00:01:02.051
Sou uma gorda com "G" maiúsculo.

00:01:02.411 --> 00:01:05.368
Eu sou o elefante
que incomoda muita gente.

00:01:05.368 --> 00:01:07.008
(Risos)

00:01:07.008 --> 00:01:10.174
Quando subi neste palco,
alguns aqui devem ter achado:

00:01:10.181 --> 00:01:12.407
"Ah, isso vai ser hilário,

00:01:12.657 --> 00:01:15.658
pois todos sabem
como os gordos são engraçados".

00:01:15.658 --> 00:01:17.382
(Risos)

00:01:17.382 --> 00:01:21.510
Ou talvez tenham pensado:
"De onde ela tira essa segurança toda?"

00:01:21.510 --> 00:01:24.944
Porque uma mulher gorda
e segura é quase inimaginável.

00:01:25.624 --> 00:01:27.899
O pessoal da plateia ligado em moda

00:01:27.899 --> 00:01:30.677
deve estar pensando
como eu estou maravilhosa

00:01:30.677 --> 00:01:32.524
neste vestido da Beth Ditto...

00:01:32.524 --> 00:01:33.537
(Aplausos)

00:01:33.537 --> 00:01:35.202
Muito obrigada.

00:01:35.382 --> 00:01:40.120
Mas alguns podem estar pensando:
"Preto a deixaria mais magra".

00:01:40.180 --> 00:01:41.296
(Risos)

00:01:41.296 --> 00:01:43.842
Vocês devem estar imaginando,
conscientemente ou não,

00:01:43.842 --> 00:01:46.698
se tenho diabete, ou um namorado,

00:01:46.698 --> 00:01:49.013
ou se como carboidratos
depois das sete da noite.

00:01:49.013 --> 00:01:50.342
(Risos)

00:01:50.342 --> 00:01:53.845
Devem estar preocupados por terem
comido carboidratos depois das sete,

00:01:53.845 --> 00:01:56.905
e que realmente deviam
voltar a fazer academia.

00:01:56.905 --> 00:01:58.305
(Risos)

00:01:58.305 --> 00:02:00.511
Esses julgamentos são traiçoeiros.

00:02:00.511 --> 00:02:03.092
Eles podem ser direcionados
a indivíduos e a grupos,

00:02:03.092 --> 00:02:06.259
e também podem ser
direcionados a nós mesmos.

00:02:06.259 --> 00:02:10.097
Esse modo de pensar
é conhecido como gordofobia.

00:02:10.697 --> 00:02:13.221
Como qualquer outra forma
de opressão sistemática,

00:02:13.221 --> 00:02:16.842
a gordofobia é fortemente arraigada
em estruturas complexas

00:02:16.842 --> 00:02:20.502
como o capitalismo,
o patriarcado e o racismo.

00:02:20.842 --> 00:02:23.763
E isso faz com que ele se torne
difícil de se notar,

00:02:23.763 --> 00:02:25.899
e mais ainda de se mudar.

00:02:25.899 --> 00:02:27.176
Vivemos numa cultura

00:02:27.176 --> 00:02:31.499
em que uma pessoa gorda
é vista como uma pessoa má,

00:02:32.139 --> 00:02:36.059
preguiçosa, gulosa, doente, irresponsável,

00:02:36.059 --> 00:02:37.902
e moralmente não confiável.

00:02:38.342 --> 00:02:42.244
E temos a tendência de ver a magreza
como universalmente boa,

00:02:42.983 --> 00:02:45.009
responsável, bem-sucedida,

00:02:45.009 --> 00:02:48.260
e no controle do apetite,
do corpo e da vida.

00:02:49.040 --> 00:02:54.110
Vemos tais ideias repetidamente
na mídia, nas políticas de saúde pública,

00:02:54.346 --> 00:02:55.986
nos consultórios médicos,

00:02:56.156 --> 00:02:58.041
em conversas do dia a dia,

00:02:58.221 --> 00:03:00.065
e em nossas próprias atitudes.

00:03:00.725 --> 00:03:05.338
Chegamos a culpar as pessoas gordas
pela discriminação que sofrem,

00:03:05.420 --> 00:03:09.705
pois, afinal, se não gostamos
de ser assim, basta perder peso.

00:03:09.925 --> 00:03:10.969
Moleza.

00:03:12.259 --> 00:03:16.863
Esse preconceito contra a gordura
tornou-se tão integrado, tão arraigado,

00:03:16.863 --> 00:03:19.460
na forma como valorizamos
a nós mesmos e aos outros

00:03:19.460 --> 00:03:24.331
que raramente nos perguntamos a razão
do nosso desprezo pelas pessoas gordas

00:03:25.181 --> 00:03:27.483
e de onde vem esse desdém.

00:03:27.843 --> 00:03:30.012
Mas precisamos questionar essas coisas,

00:03:30.012 --> 00:03:32.977
porque o enorme valor
que damos a nossa aparência

00:03:32.977 --> 00:03:35.212
afeta cada um de nós.

00:03:35.902 --> 00:03:38.458
E será que queremos viver numa sociedade

00:03:38.458 --> 00:03:41.497
que nega às pessoas sua humanidade básica

00:03:41.497 --> 00:03:45.457
se elas não se encaixam
numa forma arbitrária do que é aceitável?

00:03:47.117 --> 00:03:49.012
Quando tinha seis anos de idade,

00:03:49.012 --> 00:03:53.426
minha irmã dava aulas de balé
para umas garotinhas em nossa garagem.

00:03:53.426 --> 00:03:56.827
Eu era uns 30 cm mais alta
e mais larga que a maioria do grupo.

00:03:57.377 --> 00:03:59.660
Quando chegou nossa primeira apresentação,

00:03:59.660 --> 00:04:03.683
eu estava superanimada
para usar um lindo tutu rosa.

00:04:04.143 --> 00:04:06.382
Eu ia brilhar.

00:04:07.632 --> 00:04:12.009
Enquanto as outras meninas entraram
facilmente nas roupas de Lycra e tule,

00:04:12.009 --> 00:04:15.217
nenhum dos tutus era grande
o bastante para caber em mim.

00:04:15.617 --> 00:04:19.492
Eu estava determinada
a não ficar de fora da apresentação,

00:04:19.842 --> 00:04:22.617
então me virei para minha mãe

00:04:22.617 --> 00:04:25.629
e, em voz alta para todos ouvirem,

00:04:25.629 --> 00:04:28.518
disse: "Mãe, eu não preciso de um tutu.

00:04:29.178 --> 00:04:31.161
Preciso de um tantão".

00:04:31.501 --> 00:04:34.171
(Risos)

00:04:34.171 --> 00:04:35.144
(Palmas)

00:04:35.144 --> 00:04:36.775
Obrigada, mãe.

00:04:36.775 --> 00:04:38.985
(Aplausos)

00:04:39.845 --> 00:04:42.008
Embora não tenha percebido na época,

00:04:42.008 --> 00:04:45.259
o fato de ter defendido meu espaço
com aquele "tantão" glorioso

00:04:45.259 --> 00:04:49.966
foi o primeiro passo para me tornar
uma ativista radical da gordura.

00:04:50.426 --> 00:04:53.177
Não estou dizendo que essa coisa
de amor ao corpo

00:04:53.177 --> 00:04:57.147
tem sido um caminho suave
e tranquilo de autoaceitação

00:04:57.147 --> 00:04:58.970
desde aquele dia no balé.

00:04:59.260 --> 00:05:00.293
Longe disso.

00:05:01.093 --> 00:05:05.182
Logo descobri que viver fora
do que a maioria considera normal

00:05:05.182 --> 00:05:07.976
pode ser algo frustrante e isolador.

00:05:08.926 --> 00:05:13.387
Passei 20 anos desconstruindo
e desprogramando essas mensagens,

00:05:13.677 --> 00:05:16.738
e tem sido uma montanha-russa e tanto.

00:05:17.218 --> 00:05:21.264
Já riram abertamente de mim,
ouvi xingamentos de carros que passavam,

00:05:21.264 --> 00:05:23.260
e já me chamaram de louca.

00:05:23.760 --> 00:05:26.180
Também recebo sorrisos de estranhos

00:05:26.180 --> 00:05:29.061
que entendem como é difícil andar na rua

00:05:29.061 --> 00:05:31.981
com o passo firme e a cabeça erguida.

00:05:32.261 --> 00:05:33.382
(Vivas)

00:05:33.382 --> 00:05:34.525
Obrigada.

00:05:34.525 --> 00:05:38.323
E, apesar de tudo, aquela menina
corajosa de seis anos continua comigo,

00:05:38.473 --> 00:05:41.660
e ela me ajuda a ficar
aqui hoje na frente de vocês

00:05:41.660 --> 00:05:44.462
como uma pessoa gorda livre de vergonha.

00:05:44.462 --> 00:05:47.427
Uma pessoa que simplesmente
se recusa a aceitar

00:05:47.427 --> 00:05:49.060
a narrativa dominante

00:05:49.060 --> 00:05:52.590
sobre como eu devo portar
pelo mundo neste meu corpo.

00:05:53.109 --> 00:05:54.333
E não estou sozinha.

00:05:54.333 --> 00:05:57.467
Faço parte de uma comunidade
internacional de pessoas

00:05:57.467 --> 00:06:01.593
que, em vez de aceitar passivamente
que nossos corpos são

00:06:01.593 --> 00:06:04.257
e provavelmente sempre serão grandes,

00:06:04.257 --> 00:06:08.629
escolhemos ativamente florescer
nestes corpos do jeito que eles são hoje.

00:06:09.259 --> 00:06:13.092
Pessoas que valorizam nossa força
e que trabalham com, e não contra,

00:06:13.092 --> 00:06:15.377
o que são consideradas nossas limitações.

00:06:15.377 --> 00:06:19.389
Pessoas que encaram a saúde
algo muito mais holístico

00:06:19.453 --> 00:06:22.760
do que um número numa tabela
de IMC ultrapassada.

00:06:22.760 --> 00:06:26.460
Em vez disso, valorizamos
a saúde mental, o amor-próprio

00:06:26.460 --> 00:06:28.899
e como nos sentimos em nossos corpos

00:06:28.899 --> 00:06:32.351
como aspectos vitais
para nosso bem-estar geral.

00:06:32.941 --> 00:06:36.177
Pessoas que se recusam a acreditar
que a vida nestes corpos gordos

00:06:36.177 --> 00:06:40.586
seja uma barreira para qualquer coisa.

00:06:40.916 --> 00:06:44.377
Há médicos, acadêmicos e bloggers

00:06:44.377 --> 00:06:46.537
que já escreveram volumes intermináveis

00:06:46.537 --> 00:06:49.931
sobre as diversas facetas
desse tópico tão complexo.

00:06:50.461 --> 00:06:55.741
Há "fashionistas" que retomam a posse
de seus corpos e de sua beleza,

00:06:55.741 --> 00:06:58.338
usando biquínis e miniblusas,

00:06:58.338 --> 00:07:01.336
expondo a carne que fomos
ensinadas a esconder.

00:07:01.926 --> 00:07:03.377
Há atletas gordos

00:07:03.377 --> 00:07:07.238
que correm maratonas,
ensinam ioga ou lutam kickboxing.

00:07:07.358 --> 00:07:12.342
Tudo isso feito com o dedo do meio
em riste para o status quo.

00:07:12.342 --> 00:07:13.322
(Risos)

00:07:13.322 --> 00:07:16.818
E essas pessoas me ensinaram
que uma política corporal radical

00:07:16.818 --> 00:07:20.328
é o antídoto para a nossa cultura
da vergonha do corpo.

00:07:21.578 --> 00:07:26.109
Mas, para ser clara, não estou dizendo
que as pessoas não devam mudar seus corpos

00:07:26.109 --> 00:07:27.898
se é isso o que querem fazer.

00:07:28.238 --> 00:07:32.338
Assumir a si mesmo pode ser
um dos mais lindos atos de autoestima,

00:07:32.338 --> 00:07:35.163
e isso pode ser feito
de milhões de formas diferentes,

00:07:35.623 --> 00:07:39.427
de penteados a tatuagens,
até contorno corporal.

00:07:39.427 --> 00:07:42.695
De hormônios a cirurgias
e, sim, até perda de peso.

00:07:42.995 --> 00:07:45.342
É simples: o corpo é seu,

00:07:45.342 --> 00:07:48.329
e é você quem decide o que fazer com ele.

00:07:48.329 --> 00:07:51.217
Minha forma de participar do ativismo

00:07:51.217 --> 00:07:54.460
é fazer as coisas que não se espera
que os gordinhos façam,

00:07:54.460 --> 00:07:56.090
e há muitas coisas,

00:07:56.090 --> 00:08:00.183
e chamar outros para participar
e fazer arte com isso.

00:08:00.603 --> 00:08:02.619
O ponto em comum na maioria dos trabalhos

00:08:02.619 --> 00:08:05.931
tem sido retomar os espaços
que são frequentemente proibidos

00:08:05.931 --> 00:08:07.594
aos corpos maiores.

00:08:07.594 --> 00:08:10.023
Desde passarelas a shows de boates,

00:08:10.373 --> 00:08:13.803
de piscinas públicas
a palcos importantes de dança.

00:08:14.063 --> 00:08:18.778
Retomar os espaços em massa não é
apenas uma forte afirmação artística,

00:08:18.778 --> 00:08:21.786
mas também um método radical
para a consolidação da comunidade.

00:08:21.786 --> 00:08:24.740
Isso foi tão real em "AQUAPORKO!"

00:08:24.740 --> 00:08:26.622
(Risos)

00:08:26.622 --> 00:08:29.180
O time de nado sincronizado de gordinhas

00:08:29.180 --> 00:08:31.500
que comecei com um grupo
de amigas em Sydney.

00:08:31.500 --> 00:08:33.262
(Risos)

00:08:33.262 --> 00:08:36.701
O impacto de ver um grupo
de mulheres gordas desafiadoras

00:08:36.701 --> 00:08:38.661
usando toucas de florzinha e maiôs,

00:08:38.661 --> 00:08:41.270
jogando as pernas para o alto
sem preocupação alguma

00:08:41.270 --> 00:08:43.342
não pode ser subestimado.

00:08:43.342 --> 00:08:45.790
(Risos)

00:08:45.840 --> 00:08:51.050
Em minha carreira, vi que corpos gordos
são intrinsecamente políticos.

00:08:51.320 --> 00:08:53.840
E corpos gordos desprovidos de vergonha

00:08:53.840 --> 00:08:56.409
podem maravilhar as pessoas.

00:08:57.959 --> 00:09:00.177
Quando a diretora Kate Champion,

00:09:00.177 --> 00:09:03.178
da aclamada companhia
de dança teatral Force Majeure,

00:09:03.178 --> 00:09:05.659
me convidou para ser
sua parceira artística

00:09:05.659 --> 00:09:08.927
em um trabalho apenas
com dançarinas gordas,

00:09:08.927 --> 00:09:12.259
eu literalmente pulei
para agarrar a oportunidade.

00:09:13.059 --> 00:09:14.982
E eu digo literalmente mesmo.

00:09:14.982 --> 00:09:16.260
(Risos)

00:09:16.260 --> 00:09:20.425
"Nothing to Lose" é um trabalho feito
em colaboração com artistas grandes

00:09:20.425 --> 00:09:23.379
que se inspiraram
em experiências que viveram

00:09:23.379 --> 00:09:26.921
para criar um trabalho tão variado
e autêntico como todos nós somos.

00:09:27.511 --> 00:09:30.720
E foi o mais distante do balé
que vocês podem imaginar.

00:09:31.380 --> 00:09:34.093
Só a ideia de um trabalho
com dançarinas gordas

00:09:34.093 --> 00:09:36.217
por uma companhia tão prestigiada,

00:09:36.217 --> 00:09:39.678
foi, no mínimo, controversa.

00:09:40.278 --> 00:09:45.342
Porque nada como aquilo
já fora feito em palcos tradicionais

00:09:45.342 --> 00:09:47.461
em nenhum lugar do mundo.

00:09:47.461 --> 00:09:49.977
As pessoas ficaram desconfiadas.

00:09:49.977 --> 00:09:53.592
"Como assim dançarinas gordas?"

00:09:53.592 --> 00:09:58.058
"Gordas do tipo número 44 ou 46?"

00:09:58.058 --> 00:09:58.873
(Risos)

00:09:58.953 --> 00:10:01.564
"Onde elas aprenderam a dançar?"

00:10:01.784 --> 00:10:05.768
"Elas vão ter fôlego para dançar
durante toda a apresentação?"

00:10:06.978 --> 00:10:08.902
Mas, mesmo com toda a desconfiança,

00:10:08.902 --> 00:10:13.092
"Nothing to Lose" foi um sucesso
de público no Festival de Sydney.

00:10:13.092 --> 00:10:15.488
Recebemos críticas maravilhosas,
saímos em turnê,

00:10:15.488 --> 00:10:19.428
ganhamos prêmios
e escreveram sobre nós em 27 idiomas.

00:10:19.838 --> 00:10:24.234
Estas incríveis imagens do elenco
foram vistas no mundo todo.

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Já perdi a conta de quantas vezes
pessoas de todos os tamanhos

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me disseram que esse espetáculo
mudou suas vidas.

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E que ele ajudou a mudar a relação
com seu próprio corpo e com o dos outros.

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E fez com que confrontassem
os próprios preconceitos.

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Mas é claro que as obras
que instigam as pessoas

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não acontecem sem críticas.

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Já me disseram que glorifico a obesidade.

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Já recebi ameaças violentas de morte

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e ofensas por ter a coragem
de fazer um trabalho

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que tem como centro os corpos
e as vidas de pessoas gordas,

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e que nos trata como seres humanos
com histórias valiosas para contar.

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Já fui chamada até de "a ISIS
da epidemia da obesidade".

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(Risos)

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Um comentário tão absurdo
que é engraçado,

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(Risos)

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mas que também fala sobre o pânico,

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do terror real,

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que o medo da gordura pode evocar.

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É este medo que alimenta
a indústria de dietas,

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que impede tantos de nós
de fazer as pazes com nosso corpo,

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que nos faz esperar ter o corpo perfeito

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antes de começarmos
a viver nossas vidas realmente.

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Porque o elefante que incomoda
muita gente é na verdade a gordofobia.

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O ativismo da gordura se recusa
a se render a esse medo.

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E, defendendo a autonomia
e o respeito por todos nós,

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podemos mudar a relutância da sociedade
em abraçar a diversidade

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e a começar a celebrar a variedade
de jeitos de se ter um corpo.

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Obrigada.

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(Aplausos) (Vivas)