Saudações, encrenqueir@s Bem-vindos à Trouble.. meu nome não é importante. No ano de 1990, minha comunidade, os Mohawks de Kanienkehaka começaram a lutar contra a construção de um campo de golfe que destruiria um de nossos territórios sagrados. Fizemos petições, protestos e, por fim, pegamos armas contra o exército quebequense e, posteriormente, canadense, para proteger nossa terra. Após um impasse de 78 dias.. nós vencemos! O cemitério e os pinheiros nos arredores, que seriam removidos e usados por ricos para jogar golfe, ainda estão aqui. Avançando 26 anos depois. A comunidade Standing Rock, em Dakota, enfrentando uma empresa de infraestrutura petrolífera, a Energy Transfer Partners, contra sua tentativa de construir o Oleoduto de Acesso de Dakota, ou DAPL (Dakota Access Pipeline) no seu território, sob o Rio Missouri. Um oleoduto que, se construído, quase certamente romper e contaminar A água de milhões de pessoas nos EUA. A luta contra a DAPL já se tornou uma lenda. Milhares de indígenas e assentamentos aliados convergiram para Dakota do Norte para barrar o projeto contra todas as probabilidades. Eles ficaram conhecidos como os protetores da água e, em novembro de 2016, tiveram uma vitória temporária, quando o então presidente Obama negou a permissão de uma parte central da construção. Para alguns, esta ação executiva parecia validar uma estratégia particular e um conjunto de táticas correspondente. Mas a história já provou que os Estados nunca teve escrúpulos em quebrar as inúmeras promessas feitas aos indígenas. Para aqueles que esqueceram ou negligenciaram esse fato, Donald Trump não perdeu tempo em lembra-los. Ao mesmo tempo, houveram muitos protetores da água que viram essa manobra política como um truque sujo, e continuaram a enfatizar a necessidade de uma estratégia baseada em confronto físico e ação direta. Durante os próximos 30 minutos, nós traremos as vozes de alguns desses indivíduos, para relatarem sua experiência na luta contra a serpente negra.. e causando muita encrenca! É difícil até mesmo usar a palavra "guerreiro" quando se fala sobre o que significa ser um guerreiro. Porque, enquanto indígenas, nós nascemos nessa vida e cremos que é nosso dever e responsabilidade de defender nossa terra, da qual flui nossa linguagem, nossa cultura e nossa existência. Não há como nos separar de nossa terra. É uma conexão espiritual que vai fundo desde o início do nosso povo. Enquanto guerreiros, nós somos defensores. Nós somos protetores. E enquanto guerreiros, faremos de tudo, seja o que for, para proteger e defender nosso povo de tudo que ficar no caminho disso — e aqui, estamos falando da contaminação da água da qual muitas pessoas dependem. Estou aqui desde a metade de setembro. E aqui para prestar solidariedade para com as pessoas que estão combatendo o Oleoduto de Acesso de Dakota. Do outro lado do rio está o acampamento Sacred Stone, onde tudo começou. Havia um punhado de pessoas lá fazia um tempo. Quando esses caras chegaram aqui e começaram a construir e destruir a terra, todo mundo começou a vir para a região muito rapidamente. E a cada dia crescia mais e mais. Antes que você soubesse, o acampamento Sacred Stone já estava transbordando Eu vim pra cá em resposta a um chamado para apoio médico. Nós recebemos um convite de algumas das matriarcas e lideranças indígenas desse território de Dakota para vir e ajudar a combater a serpente negra, a combater o oleoduto. E, nas palavras de algumas matriarcas, "por qualquer meio necessário." E num espírito de resistência coletiva, utilizando a diversidade de táticas para fazê-lo. Há centenas de acampamentos no acampamento maior de Standing rock que é chamado acampamento Oceti Sakowin. O acampamento chegou a cerca de 20 mil pessoas. Mas muitas das pessoas que estão aqui manteram seus acampamentos. Tem o acampamento High Star, o acampamento Wild Oglala Então isso é uma grande mobilização massiva. Tem muita gente aqui e elas querem parar o oleoduto. Eramos só alguns de nós em pequenos grupos saindo e fechando os oleodutos onde quer que pudéssemos, sabe? Eram múltiplos canteiros de obras por dia.. tudo! Nós estávamos em todos! Assassinos da Serpente Negra! Assassinos da Serpente Negra! Certo, agora daqui. No três, a gente vai! Um, dois, três! Vai! Vai! Vai! Diversidade de táticas é um mote que representa o fato de que para cada pessoa na linha de frente e que tá resistindo e tomando bala de borracha, tem muitas pessoas por trás! Sejam essas pessoas médicos, pessoal da logística, ou o pessoal da cozinha que os alimentou naquele dia. Creio que a única forma que qualquer um poderia se organizar é pela diversidade de táticas porque nós somos pessoas muito diversas. Onde mais você conseguiria unir milhares de pessoas para agir em conjunto e formar essa comunidade na qual as pessoas não estão, sabe.. se matando? Veja o resto da sociedade! Nós precisamos de tudo! Precisamos de gente litigando nos tribunais, gente fazendo petições, gente rezando e também de pessoas executando ações diretas. Muitas pessoas faziam muita coisa diferente! Elas iam pros tribunais, pro Capitólio, gente bloqueando as máquinas e e de fato barrando fisicamente a construção e as máquinas durante o dia. Eram feitas caravanas massivas exclusivamente para se fazer presente e parar a construção. Parando em todo lugar possível.. do jeito que desse. Usando nossos corpos, bloqueando, mostrando força e assustando os trabalhadores. Só a presença de 400 protetores da água e pessoas nativas já barrava a DAPL naquele dia. E algumas vezes eles corriam para os caminhões. Porque eles sabem que o que eles tão fazendo é errado. Eu estaria assustada também. Em certo momento, os bloqueios eram realmente efetivos. Conseguiam parar a construção, conseguiam parar o que estava acontecendo no dia nos prospectivos canteiros de obra. Mas chegou um momento em que tava tão militarizado. E os recursos que estávamos enfrentando, não importava que tivéssemos a intenção de ir e bloquear alguma coisa. Não era mais uma opção. Então as pessoas precisavam reavaliar a situação e se perguntar o que significa ser efetivo, olhe a violência que está sendo perpetrada neles, e então se voltar coletivamente e decidir quais táticas que iriam utilizar. Então as pessoas começaram a ver coisas como carros em chamas nas estradas, e o que mais fosse possível Porque, muitas vezes, aquele fogo sagrado era a única coisa protegendo as pessoas da loucura dos policiais e dos militares de chegar e destruir tudo. O climax de tudo que eu testemunhei enquanto estive aqui, foi quando a polícia tomou o acampamento da linha de frente. As pessoas sacrificaram veículos naquele dia, para bloquear. "O que isso significa, sacrificar veículos?" Botaram fogo. Se não fosse pelas pessoas que foram treinadas para esses tipos de desobediência civil não-violenta situações de confronto.. aquele oleoduto já teria sido construído. O sucesso em barrar um oleoduto ou qualquer outro grande projeto de infraestrutura depende de inúmeros fatores. E, contrário ao que muitas pessoas querem crêr.. Likes no Facebook não é um deles. Um coração forte, paciência e determinação por parte dos defensores da terra são cruciais. Mas timing e planejamento adequado são igualmente importantes. É importante ir para a frente do oleoduto, tanto fisicamente quanto sabendo quando e onde tomar sua posição. Na costa oeste de Turtle Island, nos territórios não-cedidos da nação Wet'swet'en na chamada "Colúmbia Britância", guerreiros e anciãos tribais do clã Unis'tot'en têm barrado a construção de múltiplos oleodutos em seus territórios por cerca de sete anos. A âncora dessa defesa terrestre tem sido o acampamento Unis'tot'en, uma comunidade de resistência construída exatamente no trajeto proposto para o oleoduto-- parecido com o Oceti Sakowin, conhecido como acampamento Sacred Stone, que tem servido como base para os protetores da água lutando para bloquear o Oleoduto de Dakota. Aqui, a porta-voz do acampamento Freda Huson, expulsando policiais do seu território. As pessoas não podem simplesmente entrar aqui porque nós estamos bloqueando oleodutos. Estamos bloqueando todo mundo de fora. Eu não sou um oleoduto. E aqui ela de novo, expulsando trabalhadores que ilegalmente entraram no território para realizar uma inspeção. Tem algum motivo para vocês não terem ido embora ainda? E aqui ela está negando acesso à executivos da Chevron, que tiveram a audácia de oferecer água engarrafada corporativa e tabaco industrial. Estamos aqui hoje para falar com vocês sobre trabalhar na sua terra e estamos requisitando acesso ao seu território. Nós já falamos NÃO para esses projetos e nenhum oleoduto vai entrar no nosso território. Em novembro de 2016, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, assinou uma ordem cancelando o oleoduto de Northern Gateway, um dos oleodutos que cruzava o caminho dos Unis'tot'en. Mas na mesma conferência na qual ele assinou o certificado de morte do Northern Gateway, Trudeau anunciou a aprovação de outros dois oleodutos, incluindo o Embridge's Line 3 e Kinder Morgan's Trans Mountain -- que se espera enfrentar séria resistência nos meses e anos que virão. Além de considerações logísticas, aqueles que visam bloquear um oleoduto precisam estar preparados para lidar com dinâmicas internas, e com possíveis desacordos internos sobre as táticas para semear discórdia e desunião. Aqui você tem centenas de pessoas diferentes e centenas de tribos distintas que estão se juntando. Pessoas com visões diferentes sobre como vamos combater esse oleoduto. As pessoas crêem que a unica forma pela qual vamos combater esse oleoduto é se encararmos e quando lutamos diretamente. Algumas pessoas pensam que a melhor forma é a rota jurídica. Outras pessoas sentem que rezar é a ferramenta mais poderosa e que é a única forma pela qual vamos vencer. Mas enquanto indígenas, temos que entender que nós viemos do respeito. Sabe.. é quem nós somos, enquanto um povo indígena. Respeitando a forma como as pessoas crêem. Tem um grupo desde que a gente chegou aqui, sabe, que queria que alguns de nós fosse embora. Mas nós continuamos aqui. Nós não queríamos ir e nós não vamos para lugar algum porque sabíamos que nada mais ia acontecer se nós fossemos embora. Teve muita briga que ocorreu porque eles não queriam que nosso acampamento executasse mais ações. Eles não entendem a ação direta e daí eles simplesmente não querem, sabe? Não queriam a tribo, o conselho e todo mundo. Tem ocorrido muitos problema com a "polícia pacificadora" e como as pessoas têm combatido esse problema. Mesmo quando são só bloqueios. A polícia pacificadora, tanto nos territórios tratados, quanto nos contextos urbanos e demonstrações que tenho visto ao longo dos anos, são pessoas que tendem a, por algum motivo, pensar que a preocupação deles pela segurança das pessoas se sobressaí à qualquer tática e à qualquer indivíduo que conscientemente se coloca numa situação de perigo. Se sobressai à suas opiniões de escolherem se colocar numa situação de perigo. Quem é a Polícia Pacificadora? É uma combinação de pessoas que estão afiliadas à tribo, pessoas que possuem interesses monetários em diferentes ONGs. Então mesmo algumas pessoas que vieram aqui, que estavam em Ferguson e Baltimore, que fizeram parte daquelas lutas, vieram aqui e se sentiram relativamente imobilizadas. Porque elas tentaram ser boas companheiros ao deferir às lideranças indígenas. Mas existe esse imbróglio entre diferentes grupos do tipo, quem é a liderança indigena e o que significa estar aqui em um bom sentido. E o que significa resistir de uma forma que seja benéfica à comunidade local. Havia esse grupo de pessoas que veio aqui e só ficava falando "paz! paz!" e estavam trazendo itens espirituais e tentavam usa-los contra as pessoas e isso causou muita confusão e medo e, sei lá, raiva. Não me toca! Pra trás! Pra trás! Alguns dos nossos que estavam nos policiando, falavam para nossos guerreiros e para os protetores da água que executavam uma ação direta, para recuar. Para voltar pro acampamento. "Sejam pacíficos!" "Qual é, galera.. isso não tá certo" "A gente precisa ser pacífico!" Você não pode pedir para as pessoas virem e lutar e usarem da desobediência civil e ações diretas não violentas e ao mesmo tempo criticar o uso dessas táticas quando as pessoas começam a apanhar ou quando a policia começa a responder com o tipo de violência que as pessoas foram treinadas para se defender. Quando, ao contrário, nós falamos para as pessoas que isso será atingido por meio dos tribunais, ou que vai ser atingido por meio de orações.. então por que pedir pra tanta gente vir e estar fisicamente presente? A polícia pacificadora, volta e meia interferem nas ações que estavam no momento certo para serem bem sucedidas. E foram prejudicadas. "o amor vai encontrar uma saída!" Se tem uma coisa boa que dá pra falar dos nazis, é que você sabe que eles são seus inimigos. Não há dúvidas disso. Você vê um desses racistas idiotas caminhando na rua, ou dando uma entrevista com algum repórter, e você já quer socar a cabeça deles. Ouch! Mas dentro dos movimentos de libertação, existem integrantes dentro de nossas fileiras que afirmam ser nossos aliados. Colocando de lado policiais e informantes infiltrados, que representam uma ameaça real, nós gostaríamos de falar sobre as Organizações Não-Governamentais, ou ONGs. As ONGs possuem uma sórdida história de se infiltrarem, pacificarem e co-optarem movimentos. Claro.. nem todas as ONGs se engajam nessas práticas e algumas prestam um bom serviço, mas na memória recente, temos visto exemplos demais de ONGs ambientais realmente fudendo alguns companheiros indígenas engajados na defesa das terras. Tomem de exemplo a batalha pela Great Bear Rainforest, no oeste do Canadá, na qual o Greenpeace e a ForestEthics se juntaram às bases indígenas de proteção florestal, para depois trai-los e negociarem com empresas madeireiras para salvar uma fração de uma das mais importantes florestas tropicais restantes no mundo. O que as empresas madeireiras ganharam em retorno, foi uma promessa de que as ONGs não iriam protestar ou se opor à exploração madeireira no oeste do Canadá. Esse negócio se tornou o modelo para uma traição ainda maior. O que estava em jogo desta vez era a Floresta Boreal Canadense, uma das maiores florestas continuas no mundo. Dessa vez, Greenpeace e ForestEthics se juntaram com a Associação de Produtos Florestais do Canadá, isto é, a industria madeireira, por uma troca similar. Mais uma vez, comunidades indígenas que possuem terras na Floresta Boreal não foram consultadas e as ONGs prometeram não só parar com as campanhas anti-exploração na Floresta Boreal, mas também defender a indústria. Uma parte interessante do acordo é, com Greenpeace, David Suzuki, ForestEthics, Canadian Parks and Wilderness do nosso lado, quando alguém vier e tentar nos intimidar, o acordo requer que eles venham e nos ajude a repelir o ataque. Nós poderemos dizer.. lute contra mim, lute contra minha gangue. O último acordo desse tipo foi assinado entre ONGs tipo a ForestEthics, e a indústria Alberta's Tar Sands. Dada a repercussão pública negativa dos dois últimos acordos, este último foi feito a portas fechadas, assim nós não sabemos todos os detalhes. O que nós sabemos é que companhia de petróleo concordaram em limitar as extrações em Tar Sands, em troca dos ambientalistas retraírem suas oposições à construção dos oleodutos. Agora nós mudamos nosso foco para outro movimento inimigo escondido à luz do dia. Que são as tribos governamentais federalmente financiadas que governam e policiam comunidades indígenas. Nos EUA, as chamadas "tribos soberanas" governam pedaços de terra cedidos pelo governo federal, denominadas "reservatórios", ou "reservas" no caso do Canadá. Seus líderes são membros da comunidade, escolhidos por meio de eleições, e tem pouca ou nenhuma relação com as estruturas tradicionais das comunidades indígenas que eles supervisam. Historicamente, fora algumas exceções, oficiais tribais do governo estão mais propensos a fechar acordos com setores de mineração, madeireira e outras indústrias de extração para explorar territórios tradicionais pertencentes à nações indígenas. São terras fora dos reservatórios e terras nas quais eles não possuem qualquer jurisdição. Tanto nos EUA quanto no Canadá, Conselhos Tribais possuem sua própria força policial. Não vamos esquecer que a Polícia Indiana matou o Chefe Sitting Bull no Reservatório Standing Rock. E na minha comunidade de Kanehsatà:ke, a polícia Mohawk alvejou e alejou o veterano da Oka Crisis, Joe David. Ele faleceu posteriormente devido aos ferimentos. Hoje vemos o mesmo acontecer em Standing Rock. Nesse mês, policiais da Agência de Assuntos Indianos espancou brutalmente um protetor da água que lutava para barrar a DAPL, em sua campanha para varrer as últimas pessoas restantes nos acampamentos de protesto. Eu creio, e é a minha crença, que qualquer tipo de Departamento de Assuntos Indianos, ou Agência de Assuntos Indianos, como como Tribos Governamentais ou Conselheiros e Chefes que recebem fundos federais do governo que paga suas contas, que lhes dá um contracheque, não possui qualquer direito dentro do movimento. Porque volta e meia nós vemos eles sendo co-optados. E não é a verdadeira voz das pessoas. E nós estamos lidando com isso na nossa luta contra o oleoduto Kinder Morgan e vejo nós, enquanto indígenas batalhando isso direto por todo o hemisfério aonde há pessoas nativas que se alinham com interesses corporativos. E isso realmente provoca um dano ao nosso povo e nosso movimento. E muitas vezes as pessoas temem expôr a corrupção dentro das tribos governamentais, ou até mesmo aceitam essas tribos governamentais como seu próprio governo -- quando, na verdade, foram inventadas pelo Estado Americano e Canadense para continuar a controlar as pessoas. Enquanto as discussões sobre a DAPL continuam, o conselho tribal de Standing Rock vai se aproveitar de todo apoio que conseguirem, na medida em que aderem às regras de protestos pacíficos. As pessoas que fetichizam demais os povos nativos de Turtle Island mas não possuem um entendimento do sistema de reservatórios, ou que esses reservatórios costumavam ser campos de prisioneiros de guerra, pensam que o Conselho Tribal é parte da liderança tradicional, que só entra em jogo quando você vê membros do conselho tribal vestindo cocares indígenas, quando na verdade eles não fizeram nada que é exigido pelo mandato tradicional para a obtenção desse item sagrado. Então há esse conflito fervilhante e constante entre povos nativos tradicionais e os conselhos reconhecidos pelo governo que aparecem na mídia que falam sobre o Presidente Dave Archambault, mas não falam sobre o Conselho Jovem Internacional, ou os Jovens Corredores, ou a Ladonna Bravebull-Allard que foram responsáveis pelo primeiro fogo sagrado em Sacred Stone. Existem muitos "anciãos" auto-proclamados que são homens que geralmente não são da comunidade ou que não deferem às matriarcas da comunidade que deveriam ter o poder. O que criou um conflito e uma divisão que não precisamos. O que é exatamente o que o governo quer e o que a COINTELPRO e merdas desse tipo fazem. É como um amigo nosso perguntou e e se tornou a pergunta de ouro.. "qual ancião?" Porque tem essas instâncias de pessoas que vem e afirmam estar falando sob a autoridade dos "Anciãos." Ou "um Ancião." Mas muitas vezes eles nem se quer sabem o nome do dito "Ancião." Então não dá pra deixar de se perguntar o quão eles estão operando beneficamente se eles vem aqui dando ordens, mas nem ao menos sabem quem primeiramente deu essas ordens. "Os chefes nos pediram para vir perguntar para as pessoas--" "Não tem chefe aqui Não tem chefe!" "Ninguém está me ouvindo! Os Anciãos pediram para vocês voltarem para o acampamento!" "Viu.. sempre tem gente fazendo essas merdas. Tentando dividir as pessoas." Você vê claramente. Os indivíduos que vem para tentar co-optar. E nós temos sido capazes de apontar isso e de lidar com isso de uma forma que vai expor, mas também eliminar a possibilidade de acontecer de novo. "O que nós precisamos é estarmos orgulhosos do que fizemos. Temos que honrar nossa vitória e agora chegou a hora. É hora de ir pra casa." Existem muitas ideias e discussões sobre porque o Dave Archambault pediu às pessoas para voltarem pra casa. Uma das coisas que foram ditas é que a tribo poderia ter sido responsabilizada se ele não falasse isso publicamente. Mas essa terra é o que eles chamam "Terra do Tratado de 1851." Essa terra que o governo chama de "Território Army Corps" está fora da jurisdião do Reservatório, então supostamente está fora da jurisdição do Dave Archambault e do Presidente do Conselho. Esse oleoduto que as pessoas se recusam a abandonar. Não vai ser danoso para nossa nação. Ele é um político. É isso que ele é. Tipo, é pra ele que as pessoas deferem aqui na comunidade como a palavra final? Não. As pessoas deferem às matriarcas da comunidade, ou aos Anciãos das tribos que estão representando, que foram convidadas a estarem aqui. E isso fez as pessoas irem embora? Óbvio que não. Então é óbvio que as pessoas que ainda estão aqui, pensam que é pura baboseira, ou já teriam ido embora. Apesar dos nossos esforços.. algumas vezes os oleodutos acabam sendo construídos. Só os EUA possuem mais de 4 milhões de Km de oleodutos de gás natural e petróleo. Isso é oleoduto suficiente para dar a volta na Terra mais de 100 vezes. Felizmente, existem inúmeras formas de barrar o fluxo de oleodutos existentes para aqueles que sabem o que estão fazendo. Ano passado, o oleoduto Embridge Line 9 foi desativado 3 vezes por encrenqueiros que invadiram as estações da Embridge e desligaram as válvulas manuais. Isso aconteceu uma vez em Quebec, e duas vezes em Ontário. Os ativistas usaram uma tática similar para desativar simultaneamente 5 oleodutos Tar Sands que entravam nos EUA, numa ação coordenada executada em solidariedade com os protetoras da água em Standing Rock. Visto que eles cobrem imensos territórios, os oleodutos são extremamente vulneráveis à sabotagem. Entre 2008-9, oleodutos da Encana nas redondezas das cidades de Dawson Creek e Tomslake, no chamado BC, foram alvos de uma série de bombardeios. No início do ano, alguém usou um maquinário pesado para cavar uma seção de dutos em Alberta, causando meio milhão de doláres em dano. Infraestruturas petrolíferas tem sido os alvos escolhidos por grupos rebeldes armados tais como o ELN, e o Movimento de Emancipação de Niger Delta, ou MEND, na Nigéria. Claro, ao executar ações contra infraestruturas petrolíferas existentes, é muito importante que se saiba o que está fazendo, e que se tenha consciência dos riscos envolvidos. Os Estados tomam medidas extremas para criminalizar quem for pego danificando o fluxo de gás natural e bruto, e vão tentar deter ativistas com a ameaça de longas sentenças de prisão. É meio óbvio, mas vale a pena enfatizar que o objetivo de desativar oleodutos é para evitar danos ambientais. Assim, é de vital importância que quem quer que execute tais ações tome as precauções necessárias para não causar um vazamento acidental. Dito isso.. estamos numa luta de alto risco. O que parece ser uma derrota pode também ser a chance de reagrupar, refletir sobre o que aconteceu e descobrir como adaptar nossas estratégias e táticas como for necessário. O que aprendi aqui é que, indo pra casa e trabalhando junto à comunidade e à Nação, nós precisamos fornecer um tipo de modelo ou forma de se organizar que vá respeitar todo o escopo da diversidade de táticas. E acredito que isso vai requerer educação e, sabe.. vai requerer que sirvamos de exemplo, pois não podemos permitir que a história se repita. Existem reagrupamentos que precisam acontecer. Recoletivização. E a maior parte, que volta para o que estávamos falando é ou tentar remover a Polícia Pacificadora daqui ou que se responsabilizem pelas suas ações, para que possam ver que o que estão fazendo é realmente negativo para a luta em geral. E é negativo para a construção da comunidade, e que eles não estão protegendo a comunidade. Eles estão colocando-a em perigo. Eles pensam que vão proteger a comunidade dos policiais e militares que estão vindo. Mas o fato é que eles já estão aqui. Eles vão construir essa coisa. E eventualmente vai quebrar, romper, seja lá o que for, e vai machucar e destruir ainda mais a comunidade. Então, independente dos conflitos internos que ocorrem ou não ocorrem no acampamento, ou as pessoas no "outro time" que a policia tá criando, -- se nós pudermos lembrar que o que eles tão fazendo vai causar mais dano do que outra coisa, isso pode nos ajudar a tomar decisões melhores enquanto uma resistência radical. E pode nos ajudar a entender que tipo de ajuda nós devemos pedir. E se não precisamos de ajuda, então onde enviar outras pessoas para serem mais efetivas para que mais desses acampamentos possam surgir em outros locais dos EUA, porque essa é a ideia. Se aconteceu aqui, por que não poderia ocorrer em outro lugar? As habilidades trazidas pelas pessoas que treinaram para combater oleodutos foi crucial. Em muitas das lutas futuras, veremos comunidades que vão resistir, na medida em que vão entendendo como as companhias de gás e petróleo e mineradores vão trata-las. Mas elas não possuem as habilidades necessárias para colocar uma resistência solida à essas coisas. Enquanto as tramas jurídicas se desenrolam, enquanto os comentários públicos surgem, não podemos continuar tendo fé no processo, porque o processo é fraudulento. Nós precisamos chegar em conjunto. E nós podemos esperar e rezar que a rota da papelada vai parar um projeto. Mas também precisamos nos preparar e preparar a juventude nas táticas que eles vão precisar para combater esses oleodutos ao contrário de esperar toda a papelada acabar, os comentários públicos cessarem e a coisa for aprovada. Essa não é a hora de começar a treinar as pessoas. Essa é a hora que você precisa começar seu ataque. Nós precisamos nos olhar por completo na medida em que toda nossa vida é dedicada ao movimento. Para começar essa revolução para que possamos lutar pela nossa liberdade, para lutar e atingir nossos objetivos: nossa terra, nossa água, nosso território. Para vivermos onde queremos, caçarmos onde queremos, nadar onde queremos como nossos ancestrais, antes do homem branco chegar. É por isso que estamos aqui. Em 24 de janeiro, Trump assinou uma ordem presidencial aprovando o resto da construção do Oleoduto de Dakota. E com a mesma canetada, deu a permissão para o oleoduto Keystone XL, que foi arquivado pela administração do Obama em 2015, após um longo conflito com ativistas anti-oleodutos e grupos ambientalistas. Em 22 de Fevereiro, um grupo formado pelo exército e pela polícia do condado, apoiado por membros da Guarda Nacional e o Departamento de Segurança Interna, expulsou os últimos grupos de resistência no acampamento Oceti Sakowin, trazendo um fim amargo ao acampamento NoDAPL. Enquanto entramos numa nova fase da luta, contra a produção crescente de combustíveis fósseis e a militarização irrestrita da polícia, as dinâmicas colocadas em prática em Sacred Stone fornecem valiosas lições São lições que nossos movimentos precisam aprender e internalizar para se preparar melhor para as batalhas que estão por vir. Dito isso, espero que tenham gostado do primeiro episódio de Trouble. Fiquem ligados para os próximos! Esses filmes curtos são feitos para serem assistidos em grupo, para serem um recurso para promover a discussão e organização coletiva. Interessado em fazer projeções na sua área? Se torne um Encrenqueiro! Por 10$ por mês, a gente te envia uma cópia avançada do programa, e um kit de projeção com recursos adicionais e questões que podem ser usadas para estimular uma discussão. Mas se não é possível fornecer apoio financeiro.. não se preocupem! Você pode transmitir e/ou baixar todo nosso conteúdo de graça no site: sub.media/trouble Se tiver quaisquer sugestões de tópicos, ou se quiserem só fazer contato, prendam o grito em trouble@submedia.tv Nós produzimos esse documentário com a generosa ajuda da Cooperativa de Mídia Mulheres Guerreiras da Costa Oeste e da Mídia Ajuda Mútua. E agora.. vão pra rua causar alguma encrenca!