Como professor, sei da importância de ter uma sala cheia de alunos de origens diversas. Minhas turmas de política norte-americana são enriquecidas pela diversidade dos meus alunos. Por exemplo: ao discutir reforma previdenciária, não há nada melhor do que um aluno jovem e corajoso levantar sua mão e falar sobre os desafios de ter crescido na pobreza para que o resto da turma se endireite na cadeira e preste atenção. Mas, enquanto nossas faculdades e universidades se esforçam para aumentar a representação de minorias raciais, étnicas e sexuais, há outro tipo de diversidade que muitas vezes é esquecida: diversidade de opiniões. No atual ambiente político crescentemente polarizado, ter pessoas no câmpus com perspectivas diferentes é mais importante do que nunca. Se não perceberam, Washington D.C. tem sido meio que um espetáculo recentemente. (Risos) E, se são como eu, devem ter pensado que nossos líderes precisam de educação corretiva em como dialogar civilmente. (Aplausos) (Vivas) Nossas faculdades poderiam ser o lugar onde nossos futuros líderes aprenderiam a se envolver com quem eles discordam. Mas, atualmente, muitas pessoas no câmpus parecem achar que a reação adequada às pessoas com quem discordam é gritaria, xingamentos e até mesmo violência. A cada ano, a cada semestre mais exemplos surgem. Em 2017, na Middlebury College, onde a professora liberal Allison Stanger tentou moderar uma troca de ideias livre e justa com o controverso libertário Charles Murray, estudantes berraram, gritaram e acionaram o alarme de incêndio. Por fim, funcionários tentaram tirá-los de lá escondidos, pelos fundos, mas uma multidão de manifestantes os encontrou e sacudiu a cabeça da professora Stanger tão violentamente que ela sofreu uma lesão cervical e uma concussão. É isso que está ocorrendo nos nossos câmpus, locais onde a próxima geração de líderes aprende a interagir com os outros. Se isso ocorre lá, deveríamos ficar surpresos com o que ocorre em Washington D.C., em salas de reuniões de empresas ou até mesmo em nossos bairros? Minha especialidade é no ensino superior, e tenho visto a falta de diversidade intelectual em primeira mão. Hoje, menos de 13% dos professores se identificam como conservadores, enquanto 60% se identificam como liberal ou de extrema esquerda. No campo das ciências humanas e sociais, no qual a política, por vezes, é o foco do ensino e da pesquisa, apenas 5% se identificam como conservadores, e a maioria deles são de economia ou ciência política. Em algumas áreas, são quase uma espécie extinta. Desses 5%, apenas alguns se dispõem a admitir isso aos seus colegas. Sete anos atrás, meu amigo John Shields e eu decidimos que seria interessante estudar professores conservadores e libertários nas ciências humanas e sociais. Todos na universidade sabem que professores são majoritariamente liberais. Mas percebemos quase não haver pesquisa sobre a experiência de conservadores no câmpus. Como é a vida deles? Sentem medo de serem punidos ou de terem negada a estabilidade por conta de suas opiniões políticas? Nós entrevistamos 153 professores conservadores. Muito do que descobrimos foi alarmante: um terço deles escondia suas opiniões políticas dos colegas. Eles se descreviam como "conservadores no armário". Muitos expressaram grande medo de serem expostos. Alguns até pensaram que nosso projeto era uma "ameaça vermelha" ao contrário: estaríamos tentando localizar conservadores para que fossem expulsos da universidade. Um sociólogo estava com tanto medo, que não nos deixou entrevistá-lo. Mas, após convencê-lo que vínhamos em paz, ele finalmente concordou em falar conosco, mas apenas bem longe de sua sala, onde seus colegas não pudessem nos ver ou ouvir, no meio de um jardim botânico. (Risos) John e eu saímos dessa entrevista nos sentindo como espiões, em vez de professores nerds e estranhos que, de fato, somos. (Risos) Vocês devem imaginar não ser um problema conservadores terem de se esconder em arbustos em jardins botânicos, (Risos) mas, se pensam que diversidade é algo bom para nós, diversidade de opiniões também o é. Um dos motivos é por ser importante para o ensino. (Aplausos) Idealmente, a universidade é o lugar em que se aprende valores deliberativos, como civilidade, tolerância e respeito mútuo. Mas, em uma monocultura, isso é difícil de se fazer. É uma oportunidade perdida de educação cívica. Também é o lugar onde se deve aprender a viver em uma sociedade diversificada. Para muitos, é a primeira vez que são expostos a pessoas diferentes deles. Idealmente, alunos aprenderiam os melhores argumentos da esquerda e da direita e não as versões distorcidas e inflamadas que se ouve nos noticiários ou se lê nas redes sociais. Mas, atualmente, é bem possível receber educação, e uma de boa qualidade, sem nunca ser exposto às maiores ideias conservadoras. Ideias que, bem ou mal, profundamente influenciaram a política norte-americana. Mas não é impossível. Robby George é um dos mais ilustres professores conservadores americano, e Cornel West é um de nossos mais notáveis estudiosos afro-americanos. Ele é um progressista e autodeclarado democrata radical. Apesar de suas diferenças políticas, os dois se tornaram grandes amigos enquanto lecionavam em Princeton. Finalmente, decidiram dar um curso juntos. Assim fazendo, mostraram aos alunos como se podia respeitosamente confrontar pessoas de quem se discorda e melhorar seus próprios argumentos ao mesmo tempo. Hoje, eles fazem uma turnê e visitam câmpus por todo o país. O triste dessa história é que isso é algo muito raro. Nossos câmpus seriam lugares bem mais saudáveis se o exemplo deles fosse a regra e não a exceção. (Aplausos) Outra importante meta da universidade é produzir pesquisa que melhore nossa compreensão do mundo. Mas, bolhas acadêmicas, nas quais somente falamos com quem concordamos, comprometem esse objetivo. Isso por conta do viés de confirmação. Viés de confirmação nada mais é do que a tendência que todos temos de aceitar evidências que apoiem nossas crenças preexistentes. Por exemplo, se, assim como eu, vocês bebem muito café, pelo menos uma ou duas jarras por dia, (Risos) entusiasticamente aceitam todo relato sobre os benefícios do café à saúde (Risos) e compartilham amplamente nas redes sociais. "Vejam, gente, a ciência confirmou minhas escolhas de vida." (Risos) Mas, se virem uma pesquisa mostrando que o café pode ser prejudicial: "Não me conte, não quero saber disso, não pode ser verdade". Isso é viés de confirmação. Basicamente, não gostamos que nos digam que talvez estejamos errados, principalmente em relação às nossas crenças mais firmes, temas como política, religião ou café. Quando comunidades de pesquisa intelectualmente isoladas se formam, não há ninguém para contestar seus vieses. Quando isso ocorre, o pensamento de grupo se estabelece, e erros são ignorados. Quando nos separamos em grupos de mesma mentalidade, nossas posições tendem a ficar mais extremas. Apenas comparem Boulder a Colorado Springs. (Risos) Já devem ter ouvido falar que há diferenças entre as duas comunidades. (Risos) Na verdade, estudiosos as analisaram. Em um experimento, pegaram um grupo de liberais de Boulder e o fizeram discutir entre eles questões polêmicas como mudança climática e casamento homossexual. E então pegaram um grupo de conservadores de Colorado Springs e fizeram o mesmo. Após cada grupo encerrar suas discussões, suas posições ficaram mais radicais. Os liberais de Boulder avançaram mais para a esquerda, e os conservadores de Colorado Springs, mais para a direita. A diversidade de opiniões afeta a qualidade da educação que proporcionamos e a qualidade da pesquisa que produzimos. Universidades, especialmente gestores, devem tê-la como prioridade. Devem lembrar seus câmpus que a universidade depende da livre troca de ideias. E isso impacta tudo, desde contratações a palestrantes convidados. Essas mudanças não vão ocorrer da noite para o dia, mas há ações à nossa disposição para fazermos a diferença. Uma delas é o que meu coautor e eu chamamos de: "um programa Fullbright ideológico". O programa Fullbright é um programa de intercâmbio educacional no qual docentes e alunos americanos vão ao exterior estudar, ensinar e pesquisar, e estrangeiros vêm aos EUA fazer o mesmo. Os Estados Unidos o criou após a Segunda Guerra Mundial. O objetivo é de promover a paz aumentando o entendimento mútuo entre as culturas. Algo similar seria útil aqui, onde culturas conservadoras e progressistas raramente interagem uma com a outra no câmpus. Na verdade, já existe um programa parecido na Universidade do Colorado, em Boulder, no qual todo ano eles trazem um professor conservador ao câmpus. (Risos) Mais docentes poderiam ser encorajados a seguir o exemplo de Robby George e Cornel West e dar aulas superando discordâncias ideológicas. Muitos professores já embarcaram nessa. Uma organização, a Heterodox Academy, foi fundada em 2015 por um estudioso progressista. Já possui milhares de membros. Esses docentes acreditam que a diversidade de opiniões é de seu próprio interesse, pois faz deles melhores professores e estudiosos. Mas há uma lição maior a ser apreendida por todos nós, estejamos no câmpus ou não. Precisamos sair de nossas bolhas políticas confortáveis no Facebook ou Twitter. Pensem na amizade íntima e pessoal entre o magistrado conservador Antonin Scalia e a magistrada liberal Ruth Bader Ginsburg, (Aplausos) a notória RBG, como é conhecida. (Risos) Antes do falecimento de Scalia, dificilmente havia duas pessoas na Suprema Corte que discordavam mais sobre como interpretar a Constituição. Mas também não havia amigos mais íntimos na Corte do que eles. Na verdade, eles também tinham uma turnê, na qual viajavam pelo país e falavam sobre como discordavam em praticamente tudo quando se tratava de política ou interpretação constitucional. O relacionamento entre eles até inspirou alguém a escrever uma ópera sobre essa amizade peculiar. (Risos) Quando o magistrado Scalia faleceu, a magistrada Ginsburg escreveu um tributo comovente a quem chamava de melhor amigo. Disse ela: "Discordávamos de vez em quando". (Risos) É um considerável eufemismo para qualquer um que estuda a Suprema Corte. Mas ela disse que toda vez que Scalia divergia das opiniões dela, isso as melhorava, porque Scalia acertava todos os pontos fracos. Todos precisamos de amigos assim. Não podemos ser cidadãos sem eles. No fim, o que acontece na Torre de Marfim não fica na Torre de Marfim, porque o aluno de hoje é o líder de amanhã. A diversidade de ideias nos fará melhores líderes, vizinhos, eleitores, mas apenas se tivermos a chance de ouvi-las. Obrigado. (Aplausos)