Hoje eu mostrarei como qualquer um...
sim, qualquer um...
pode usar a ciência da computação
para resolver problemas do cotidiano
e como eu a usei para resolver
um problema na medicina.
Minha história começou
com meu falecido avô.
Quem o conhecia, sabia que ele era
um homem alegre e divertido,
sempre disposto a sair
e fazer algo diferente.
E apesar sua empolgação
em relação às pessoas e coisas,
ele tinha pavor de agulhas.
E embora fosse muito cuidadoso
com a sua saúde,
sua fobia, ou melhor, medo de agulhas,
o fez recusar as vacinas de praxe.
E creio que meu avô não era
o único neste sentido.
Muitas pessoas, jovens e idosas
(Risos)
têm pavor de agulhas.
Creio que sabem do que estou falando.
(Risos)
E de fato, isso é algo
que precisa de solução,
e era mesmo em que eu estava pensando
quando me desafiaram a criar algo
para a população idosa do Canadá,
em um curso de verão
que fiz quando tinha 17 anos.
O mundo precisa muito mais que uma agulha
para injetar medicamentos.
O problema era que eu não sabia
nada dessa área.
Minha experiência e paixão
estão ligadas à informática.
Mas talvez haja uma forma
de usar a ciência da computação
para resolver isso?
Usar isso para resolver uma técnica médica
pode parecer improvável,
mas, na verdade, a ciência
da computação é a forma ideal
de lidar com algo
que parece de difícil solução.
Então, o que é a ciência da computação?
Bem, a ciência da computação
é o estudo de um conjunto de ações
algorítmicas para chegar a um resultado.
Sei que parece um trecho
de obra de ficção científica,
mas é muito fácil.
O cientista da computação estuda formas
de manipular grandes quantidades de dados
eficientemente através dos algoritmos,
ou mais simples ainda, através de padrões
de instruções sobre aqueles dados.
E como usamos isso para solucionar
questões fora da área da informática?
Bem, uma das maiores vantagens
da ciência da computação
refere-se ao paradigma de ensinar
a solucionar problemas.
Cientistas da computação aprendem
a ver situações complicadas
sob o ângulo menos complicado.
Uma das estratégias que usei
ao tentar resolver o problema
de vacinação de pessoas que odeiam agulhas
foi resumir a questão em sua essência
e ignorar todos os outros dados.
Na ciência da computação,
chamamos isso de delimitação do escopo.
Se algo está fora do escopo,
isso em geral cria confusão
e traz dados irrelevantes à questão,
dificultando ainda mais a compreensão
do problema a ser solucionado.
Quais eram os aspectos específicos
que nos impediam de usar
algo que não fosse as agulhas?
Percebi que muitas pessoas
que abordavam essa questão
ficavam estagnadas
tentando resolver cada
assunto relacionado às vacinas,
em vez de focarem: "Como otimizar
a aplicação de medicamentos intravenosos?"
E isso era o mesmo
que estudar para uma prova
relendo todo o livro
em vez das anotações
e das partes destacadas.
E considerando fatores
que foram relevantes ao problema,
pude compreender a questão
sob uma ótica bem simples.
Outra estratégia que usei
foi o conceito de "casos de uso".
Na ciência da computação, o caso de uso
é usado para ponderar o problema
a partir da perspectiva de diferentes
pessoas que se beneficiarão com a solução.
Por exemplo, usei o meu avô como caso,
que tinha medo de agulhas e precisava
de forma alternativa para sua imunização.
No entanto, também considerei o caso
de pessoas em países subdesenvolvidos,
que poderiam não necessitar
assim de uma solução confortável
já que são soluções
convenientes e econômicas
de fácil entrega e transporte.
Por outro lado, considerei o caso
de pessoas diabéticas,
que usam agulhas todos os dias,
em todas as refeições,
e que teriam necessidade
de um método mais conveniente.
E ao identificar os fatores
que de fato importavam
às pessoas relacionadas ao problema,
foi possível criar uma solução
mais personalizada
e talvez, compreender melhor questões
que não tinham sido consideradas antes.
Outra estratégia que usei foi
a de reduzir o problema em duas partes:
a perspectiva física e a lógica.
Algumas delas podem ser ilimitadas
no modo como se lida com elas,
e outras podem ter limitações físicas.
Por exemplo, desenvolver
uma técnica de vacina de uso oral
tem a ver com a possibilidade
de ingestão oral humana
e está relacionada à limitação física.
Mas o funcionamento desse sistema
de locomoção até a corrente sanguínea
é algo mais suscetível
à criatividade e imaginação.
E ao identificar quais partes
do problema eram limitantes
e quais eram ilimitadas,
pude compreender
quais partes eram mais flexíveis
e passíveis de mudanças.
Na ciência da computação
isso é parecido com o conceito
chamado de abstração,
que é um ótimo modo de se compreender
quais são as reais limitações
e quais talvez sejam autoimpostas.
E ao determinar o escopo do problema
ou ao compreender os fatores
que eram de fato relevantes ao problema,
pude entender a situação
que tinha me proposto a resolver.
E ao considerar casos de uso diferentes
pude compreender que a minha solução
não deveria ser só conveniente,
mas também econômica
e de fácil entrega e transporte.
E ao abstrair o problema
entre fatores lógicos e físicos,
pude focar minha criatividade
nas partes da questão
que foram mais suscetíveis
ao pensamento alternativo.
Ao usar os princípios
da ciência da computação
nesse assunto não tecnológico,
consegui criar uma pílula
para as vacinas e outros remédios
que era mais segura, mais barata,
mais fácil de entregar e transportar,
e muito menos assustadora que uma agulha.
Creio que esse modelo possa ser usado
para resolver todos os tipos de problemas.
Não seria maravilhoso
se com o uso da ciência da computação
nós pudéssemos resolver
questões da medicina,
das artes, dos negócios
ou até mesmo em casa?
Se tivermos coragem de usar
os princípios básicos desta ciência
para lidar com os desafios diários,
poderemos resolver os problemas de forma
mais rápida e ter um futuro melhor.
Obrigado.
(Aplausos)