Algumas vezes, sentimos que precisamos de uma revolução quando pensamos nos desafios que enfrentamos hoje em dia: crises financeiras, impasses políticos, energia, meio ambiente, a comida com que alimentamos nossas famílias. Mas não acho que devemos ficar desencorajados. E hoje vou contar a história da BrightFarms. Mas também quero que isso seja um exemplo, para nós como líderes, como ativistas e como cidadãos, um exemplo para pensarmos como alguns dos maiores problemas e desafios da nossa geração podem ser transformados nas maiores oportunidades de negócio. Quero começar olhando um pouco para trás. Por favor, levante a mão quem trabalhava na indústria alimentícia cinco anos atrás. Uau! Mais da metade. Vamos precisar dessa experiência. Eu não estava nessa indústria. Estava administrando um negócio que aprimorou as cadeias de suprimentos de grandes varejistas e seus fornecedores. Eu tinha o objetivo singular de tornar mais eficientes os sistemas que traziam mercadorias para as lojas. E deixem-me dizer, estou programado para viver, respirar e, sim, comer "eficiência". Tenho uma placa de carro que está escrito "Eficiente". (Risos) É verdade, eu tenho. Quando segui minha paixão, e entrei na indústria de alimentos e mergulhei na cadeia de suprimentos de produtos, encontrei um sistema contraditório. Nossa cadeia de suprimentos de produtos é incrivelmente eficiente e ineficiente, tudo ao mesmo tempo. Primeiro, vejam o porquê dela ser eficiente. Ela produz enormes quantidades de alimentos a preços baixos. E agora vejam o porquê dela ser ineficiente. Nossos produtos frescos suportam viajar bem, mas não mantêm o sabor. Na realidade, cultivamos produtos para viajar e não para comer. O sistema gera doenças de origem alimentar e está destruindo o meio ambiente. Nossa cadeia de produtos frescos é industrializada e centralizada a tal ponto de utilizar muita terra, água, petróleo bruto e gás natural. Quanto mais eu aprendia, mais percebia que, com todas as boas intenções de alimentar o mundo, partes da cadeia de abastecimento não são apenas ineficientes, elas são tóxicas. Se o TED tem a ver com inspiração, eu estava inspirado. Eu estava inspirado a repensar a cadeia de suprimentos de produtos. Mais do que inspirado. Eu me senti compelido a desenvolver uma cadeia de suprimentos alternativa: uma que eliminasse essas ineficiências e que priorizasse os agricultores, comida de qualidade, nossa saúde, e o meio ambiente, e ainda produzisse grandes quantidades de alimentos a preços baixos. Quero fazer uma pausa por um segundo. Quero que cada um de vocês imagine o melhor tomate que viram ano passado. Conseguiram? Levantem a mão se ele veio de um supermercado. (Risos) Não acredito que ninguém tenha levantado. (Risos) Embora não esteja surpreso com esse resultado. As pessoas visualizam o tomate no mercado dos agricultores, provavelmente muitas delas; em hortas e restaurantes. Praticamente ninguém, ou talvez neste caso literalmente ninguém, diz supermercados, até quando faço a pergunta a executivos de supermercados. (Risos) É sério. O tomate que imaginei foi produzido por uma criança de seis anos, minha filha linda, Emília, na nossa horta. Emília e eu gostamos de dizer que o amor é o ingrediente mais importante da comida, e que encontramos amor na comida que alguém plantou e preparou para alguém com quem ela se importa. O tomate de Emília que imaginei e os tomates que crescem na horta se parecem muito com este tomate. E o tomate que imaginei estava repleto de sabor; estava cheio de amor. E este tomate? Péssimo! (Risos) Sério. Este tomate estava horrível. (Risos) Ele era orgânico e caro. Compramos num supermercado caro próximo daqui. Então, por que a falta de sabor? E nutrição também, a propósito, eles andam juntos. E o que isso nos diz dos tomates e das alfaces de supermercado que compramos e alimentamos nossa família? Estes tomates são viajantes internacionais. Eles sacolejaram do México até Nova York num caminhão de 16 metros. Não é de admirar que sejam ruins. Esses são os tomates típicos do supermercado dos EUA no inverno. Vocês sabiam que quase 100% das alfaces dos supermercados norte-americanos vêm de dois lugares? Perto de Salinas, na Califórnia, no verão, e de Yuma, Arizona, no inverno. Essas alfaces viajam 5 mil km para chegar aqui no supermercado local. Não é surpresa que a alface esteja com má aparência antes de ser comprada ou quando as pessoas a levam para casa. Isso causa grandes prejuízos aos supermercados, e deixa a minha esposa, que gosta de espinafre fresco, infeliz, e isso me deixa infeliz. (Risos) Executivos e compradores de produção não querem isso. Pois a sua própria família se alimenta com esses produtos, e eles são pessoas boas. Mas não são apenas pessoas boas, são pessoas de negócios. Querem trazer para vocês produtos de qualidade, mas precisam comprar uma grande quantidade de produtos por preços baixos. E, atualmente, só existe uma opção para isso, que é o nosso industrializado e centralizado sistema alimentar. O incrementalismo não vai fazer isso. Deslocar a comida de forma melhor ou mais rápida dentro desse sistema não vai resolver os problemas. Está na hora de uma revolução na cadeia de suprimentos. Vocês conseguem imaginar um novo sistema revolucionário com menos quilômetros e caminhões, menos tomates sem sabor, menos doenças causadas por alimentos, menos petróleo e alfaces podres? Vocês conseguem imaginar um sistema revolucionário em que voltaríamos às nossas raízes, cultivaríamos e venderíamos produtos dentro da nossa comunidade por um fazendeiro que, como Emília, cultiva para comer e não para viajar? E talvez até com um pouquinho de amor. Vocês acham que seria melhor? Acham que seria melhor? Plateia: Sim. PL: Nós da BrightFarms também. Sabem quem mais pensa assim? Compradores de produtos de supermercados. Cerca de 20% dos 50 melhores supermercados dos EUA estão trabalhando com a BrightFarms tentando tornar realidade esse novo sistema revolucionário. A indústria está reagindo com muito entusiasmo. Compradores de produtos realmente querem trazer ótimos alimentos com ótimos preços para os seus clientes. Eles só precisam de uma melhor opção. Então, como a BrightFarms faz isso? O que estamos fazendo? Como entregamos grande quantidade de alimentos por um baixo preço, com melhor qualidade e melhor para o meio ambiente? Parece difícil, mas a resposta é surpreendentemente simples. Estamos construindo fazendas estufas, mas é como e onde estamos construindo que realmente importa. Nós as estamos construindo nos supermercados, no telhado deles, nos centros de distribuição, sempre na própria comunidade. A BrightFarms fornece uma solução pronta para uso. Financiamos, construímos e administramos para nossos supermercados clientes, e com isso reduzimos o tempo, a distância e os custos no fornecimento de produtos. Estamos construindo estufas hidropônicas e recirculantes e recrutando agricultores em todo o país para trazer melhores produtos para todos. É isso que fazemos. Nós colocamos o dinheiro, construímos a instalação, e encontramos, estimulamos, apoiamos e treinamos o fazendeiro local. O supermercado não precisa investir nada. Simplesmente se comprometem a comprar a melhor produção. Mas ainda não é suficiente. Investimento zero e melhores produtos não satisfazem seus requisitos. Existe um outro fator, que é o preço. Se não vendermos mais barato que os outros, não vai adiantar de nada. E eu não quero isso. Estou interessado em fazer a diferença. Mas nós podemos vender mais barato. E conseguimos porque temos uma cadeia de suprimentos mais curta e mais simples. Mais da metade dos custos desta alface não é da alface, e sim da longa e complexa cadeia de suprimentos para fazer a entrega no supermercado local. Simplesmente operamos sem essa cadeia longa e complexa, então temos menores custos operativos do que a indústria tradicional. Conseguimos vender barato o suficiente para bater os preços de mercado. Este é um caso em que menos é mais. Nosso modelo de negócio está funcionando? Sim, nós anunciamos recentemente o primeiro acordo de longo prazo com um grande supermercado chamado McCaffrey's. Estamos construindo uma estufa em sua loja em Yardley, Pensilvânia. E quero que todos vão lá e vejam isso. Jim McCaffrey, como muitos executivos de supermercado, se preocupa muito com seus clientes. Não é só um grande homem de negócios, ele também é um visionário. E ele teve visão para participar de um novo sistema revolucionário que traz melhores tomates e alfaces consistentes e fantásticos, para suas prateleiras no dia em que são colhidos. Aliás, também nos preocupamos com os clientes do McCaffrey's tanto quanto Jim. Não estaremos anônimos a 5 mil km. Nosso fazendeiro não estará a 5 mil km de distância. Ele estará a três quarteirões da loja. Ele estará morando, mandando as crianças para a escola, gerando emprego e produzindo na mesma comunidade que os clientes do McCaffrey's e comprando nos mesmos corredores de produtos com eles. Quando começamos, eu disse que as palestras TED são sobre inspiração. Fui inspirado por muitos de vocês hoje aqui, e agradeço por isso. Espero ter tido a oportunidade de inspirar alguns de vocês a não desanimarem pelos problemas que enfrentam com cadeias de suprimentos em que nos sentimos presos, em vez disso, pensem nesses desafios como oportunidades para começar suas próprias revoluções. E, no nosso caso, uma oportunidade revolucionária para trazer a à sociedade produtos que são mais seguros, saudáveis, saborosos e melhores para o meio ambiente, e repletos do ingrediente mais importante de todos: amor. (Aplausos)