Um dos tópicos mais abordados
em cursos e livros atualmente,
sobre as habilidades
de comunicação de líderes,
é o conceito de "presença executiva".
O que significa? Qual a sua definição?
Ela pode ser ensinada ou aprendida?
O Center for Talent Innovation
identificou seus três pilares:
aparência, habilidades
comunicativas e seriedade.
Seriedade tem a ver com coisas
como: "Suas palavras conseguem convencer?"
"Você é capaz de tomar
decisões difíceis e sustentá-las?"
Uma das peças que faltam
quando pensamos sobre o que há
entre as linhas de conceitos amplos,
como habilidades
comunicativas e seriedade,
é a "presença executiva vocal",
como a chamo.
É o elo perdido.
Como soamos ao tomar decisões difíceis?
Sua postura reforça sua mensagem
e cria a imagem que você quer?
Ou ela a sabota?
O que acontece quando estou tentando
dissipar uma situação tensa e digo:
"Atenção, todo mundo, muita calma agora,
precisamos reavaliar a situação".
Na pior das hipóteses, estou
colocando mais lenha na fogueira;
na melhor, vão acabar me aconselhando
a passar a tomar café descafeinado.
(Risos)
Tem a ver com como nos conectamos.
Costumo trabalhar com pessoas
que estão se preparando para apresentações
e coletivas de imprensa.
E tem gente que fala assim:
"Temos paixão
por ajudar crianças e melhorar
a qualidade de nossas escolas".
E penso comigo mesma:
"Sério? Você quase me enganou".
Há uma declaração sobre paixão,
mas não há evidência disso.
O problema é a dissociação
entre a escolha das palavras
e sua execução, a forma como são ditas.
E isso cria um problema de credibilidade.
Existe um importante estudo
sobre os sentimentos e as atitudes
como resultado da consistência
ou da inconsistência
das pistas verbais
e não verbais das mensagens.
E o que descobriram
foi que, quando pediam às pessoas
para avaliar palestrantes
no quesito sinceridade,
38% das avaliações se basearam
no tom de voz do palestrante.
O tom aqui como os altos e baixos
nos padrões da entonação.
Por outro lado, apenas 7% dessas decisões
foram baseadas nas palavras
do orador escolhido,
e os restantes 55%, que estavam
observando pistas não verbais,
se basearam em pistas não verbais
como postura, contato visual, etc.
Bem, isso é um estudo.
Temos de ser cuidadosos,
pois muitas pessoas adoram deturpá-lo.
E ouvimos pessoas
encherem a boca para falar:
"Vocês sabem, 55% de toda
a comunicação é não verbal".
Isso está longe de ser verdade,
e não é o que o estudo está dizendo,
mas o que podemos pegar desse estudo,
e montes de pesquisas posteriores na área,
é a importância de parecermos confiáveis.
Gostaria que pensassem nisso
no contexto de uma preparação
para algum tipo de apresentação.
Você passa 38% do seu tempo
trabalhando na apresentação?
Se for como a maioria das pessoas,
provavelmente passa grande parte,
senão todo o tempo,
trabalhando no conteúdo: o esquema,
o roteiro, os eslaides do PowerPoint,
se assegurando de ter um gráfico legal
e algumas animações maneiras,
processando dados para colocar em tabelas.
No entanto, depois de todo esse trabalho,
nós meio que improvisamos a apresentação,
esperando que seja boa o suficiente.
E, no final, ela é relativamente fraca,
e pode sabotar tanto seus objetivos
e metas imediatos,
quanto sua imagem e reputação
permanentemente.
O fato é que, se quiser
ser visto como um líder,
você tem de falar como um.
Você tem de demonstrar
presença executiva vocal.
Parte da presença executiva vocal
é a habilidade de ler uma plateia
e identificar o tipo de pessoa
de quem ela estaria mais propensa
a receber sua mensagem,
e depois descobrir como falar
como aquele tipo de pessoa.
Bem, de maneira geral,
todos nascemos com a voz que temos,
mas temos muito controle
sobre como a usamos.
Um grande exemplo
disso é Margaret Thatcher.
Ela foi a primeira mulher
no parlamento britânico,
e era abertamente caçoada
por muitos de seus oponentes
com frases como: "Penso
que a senhora berra demais",
porque, quando ela estava
no calor de uma discussão,
o tom de sua voz subia
e se tornava bastante estridente.
Assim, quando decidiu
se candidatar a primeira-ministra,
ela treinou com um tutor
do Teatro Nacional,
que a ajudou a abaixar seu tom de voz,
de modo a soar com mais autoridade.
E isso é de fato muito importante,
pois a voz provoca efeitos tanto
cognitivos quanto emocionais no ouvinte.
Vamos começar com os cognitivos.
Falamos sobre o tom, aqueles 38%,
os altos e baixos de sua voz.
Se usarmos isso de forma estratégica,
podemos de fato ajudar o ouvinte a focar
as palavras e partes
mais importantes da mensagem,
o que contribui para suavizar
o processamento
e o ajuda a compreender e potencialmente
lembrar o que estamos dizendo.
E isso pode ter uma influência persuasiva.
Quando ouvimos um discurso,
nós o processamos na forma
das chamadas unidades ou grupos tonais.
E começamos primeiro
fixando o padrão da entonação
e ancorando o que ouvimos
onde esses picos mais altos estão.
E, então, se necessário,
permitimos nossa imaginação preencher
o que há nesses vales de sons mais baixos.
Um exemplo disso são as letras de música.
Todos já vivemos a situação
de estarmos cantando
nossa música favorita
e, de repente, percebermos -- ou talvez
alguém nem tão gentil assim aponta --
que estamos cantando errado a letra.
Já passaram por isso?
Muita gente balançando a cabeça.
Há uma canção famosa,
"What a wonderful world",
de Louis Armstrong.
Acho que todos a conhecem.
E nela há uma frase que fala:
"o brilho abençoado do dia
e a escuridão sagrada da noite".
Mas, quando eu era criança,
pensava que a frase era:
"o brilho abençoado do dia
e a escuridão da sacada da noite".
(Risos)
Bem, isso faz algum sentido?
Não, mas aceitei isso, em parte
porque, primeiro e antes de tudo,
combina esses padrões de entonação
e também esses picos tonais,
as vogais, essas sílabas,
que estão no alto.
E então, nas partes
que são menos salientes,
que foram menos enfatizadas,
nesse vales tonais,
eu me permiti criar o resto.
Isso também reflete por que falantes
eficazes, quando estão falando,
vão enfatizar as palavras mais importantes
com um tom mais alto.
Bem, se usarmos a tonalidade
de forma estratégica,
isso pode influenciar positivamente
a impressão que vamos causar,
para tentar estabelecer
nós mesmos como líderes
no momento em que conhecemos alguém.
É realmente importante, é claro,
causar uma primeira impressão
inesquecível, boa e forte.
Mas isso é difícil quando sentimos
que não prestamos nem pra lembrar
o nome das pessoas.
Já se sentiu assim?
Bem, vou absolvê-lo de metade dessa culpa.
E isso porque, quando a maioria
das pessoas se apresentam a você,
elas pronunciam seu próprio nome errado.
Bem, talvez não tecnicamente errado,
mas elas o pronunciam de uma forma
que usa um ritmo e um padrão de entonação
que torna isso mais difícil para você
entender o que elas estão dizendo.
E, aliás, absolvo você apenas
da metade da responsabilidade,
porque na outra metade do tempo
você é a pessoa se apresentando.
Assim, se eu quiser saber
se estou me apresentando
e ajudando o ouvinte a realmente
entender meu nome,
e, ao entendê-lo,
eles poderão felizmente se lembrar dele,
e, consequentemente, lembrar de mim,
preciso começar deixando minha voz subir,
alta assim, no meu primeiro nome,
como se dissesse: "Ainda não terminei",
então, no topo fazemos uma pequena pausa,
que vai permitir uma pausa de som
para indicar ligação de palavra,
e então, no nosso último nome,
queremos descer, deixar o tom cair,
como se disséssemos: "Agora acabei",
como se estivéssemos colocando
um pequeno ponto no fim.
Assim, em vez de embaralhar
seu caminho ao se apresentar,
como: "Oi, meu nome
é Laura Sicola", e blá-blá-blá,
quero focar e ajudar
meu ouvinte a entender,
e então vou fazer meu melhor para dizer:
"Oi, meu nome é Laura Sicola".
E vão ficar impressionados com a diferença
que esse tom estratégico pode fazer
mesmo em algo tão pequeno assim.
Agora, claro, se usamos nossa entonação
de forma automática,
colocando-a no lugar errado,
podemos causar o efeito exatamente oposto.
Podemos distrair a atenção do ouvinte
do que é o mais importante,
e tornar mais difícil para ele
processar o que estamos dizendo.
E um dos exemplos mais comuns
e, na minha opinião, mais chatos disso,
que tem se tornado mais e mais prevalente
na sociedade hoje em dia,
é um fenômeno chamado "subir o tom",
conhecido como "subir a conversa"
ou, tecnicamente, entonação ascendente.
É o padrão que as pessoas
estão usando para falar,
adicionando esses tons interrogativos
nos finais de todas
suas frases e sentenças:
"Sabe?", como se estivessem sugerindo
um monte de "tás" e "certos",
um atrás do outro,
como se houvesse uma profunda insegurança
e necessidade patológica
de constante validação?
(Risos)
Sabe?
(Risos)
O problema de falar assim
é que acabamos enfatizando
apenas seja lá o que aleatoriamente
estiver no fim da frase.
Isso não ajuda ninguém a processar
o que você está dizendo.
E a repetição dessa monótona retomada
cadenciada pode ser bem hipnótica
e, então, depois de um tempo,
nem sabemos mais
se a plateia está ouvindo alguma coisa
do que estamos dizendo, muito menos isso.
Aliás, eu tenho de ressaltar
que isso não é apenas
um fenômeno das patricinhas,
como é conhecido por muitas pessoas.
Mais e mais hoje em dia esse crime
vocal contra a humanidade
está sendo perpetrado
por homens e mulheres, velhos e jovens,
de todos os níveis de instrução.
Parabéns, pessoal, vocês acabaram
com a lacuna de gênero.
É assim que se faz!
(Risos)
Continuando, um dos problemas
é que, obviamente, quando as pessoas,
ouvem essa entonação,
tendem ter uma resposta
muito negativa e até visceral.
Nao é apenas a antítese
da autoridade vocal.
É quase como o equivalente vocal
de ficar enrolando o cabelo, sabe?
Assim, quando as pessoas têm
essa resposta visceral,
isso nos leva agora
aos efeitos emocionais da voz.
Vamos começar pensando sobre algumas
pessoas que têm vozes inconfundíveis.
Vamos começar com James Earl Jones,
talvez melhor conhecido
como a voz icônica do Darth Vader.
Bem, na minha opinião, com aquela voz
profunda, rica, grave, que ele tem,
até a leitura dos ingredientes
num vidro de shampoo
soaria como poesia.
(Risos)
Mas ele provavelmente
não teria sido bem-sucedido
se tivesse tentado fazer o papel
de Elmo na Vila Sésamo.
(Risos)
Que tal alguém como Fran Drescher,
com aquela voz nasal inconfundível,
chorosa, direto do Queens, NY?
Ela era ótima na TV como "The Nanny",
mas ela provavelmente teria tido
menos sucesso como Darth Vader.
(Risos)
Vocês conseguem imaginá-la ao lado
de Luke Skywalker dizendo:
"Luke, eu sou seu pai!"
(Risos)
Simplesmente não ia funcionar!
Mas é uma ótima voz para comédias,
mas não necessariamente
a voz que queremos encontrar
quando você estiver procurando
alguém para cuidar de um funeral.
O contexto é tudo.
No contexto de um funeral, busca-se
alguém que fale de modo empático,
com compaixão, que pareça alguém
em quem se pode confiar
para tomar conta de você e sua família
num momento de grande estresse emocional.
E o problema é que, quando encontramos
alguém com uma voz desagradável
ou alguém que não parece
ter tais características
do tipo de pessoa que estamos procurando,
que não parece esse tipo de pessoa,
podemos descartá-los.
Podemos nos desligar,
e não queremos nem mesmo
ouvir o resto da mensagem,
não importa quão importante
a informação seja.
Inconscientemente, queremos realmente
uma voz que combine com a mensagem.
Isso significa que a presença executiva
vocal tem a ver com representar?
Não, pelo contrário,
é exatamente o oposto.
Você tem de ser autêntico,
tem de ser você mesmo.
Mas o segredo é reconhecer
quais partes de sua personalidade precisam
brilhar em determinado momento
e como transmitir isso através
de sua voz e do estilo do seu discurso.
Bem, vocês estão me ouvindo aqui hoje
em parte porque a maneira
com me apresento faz sentido para vocês
e vai ao encontro de suas expectativas
de como uma palestrante TED deve falar.
Mas não posso usar este mesmo estilo
de discurso com meu sobrinho de três anos.
Ele ia ficar imaginando por que
a tia Laura não é divertida mais,
e provavelmente não iria brincar comigo.
Mas, ao mesmo tempo,
não posso vir aqui hoje
e falar com vocês da mesma forma
como falo com ele.
Conseguem me imaginar dizendo:
"Oi, pessoal, tenho uma ótima ideia!
Vamos falar sobre presença
vocal executiva!"
(Risos)
Vocês pensariam: "Você está
de brincadeira? Quem é esta louca?
O que ela pode saber
sobre liderança ou algo executivo?
E, falando nisso, quem a convidou?"
A propósito, foram eles.
(Risos)
Eu chamo isso de "trabalhar
sua voz prismática".
Mas eu não estou atuando.
É apenas uma forma de reconhecer
e estar ciente de duas necessidades
e expectativas diferentes da plateia,
e então identificar quais partes
da minha personalidade
quero deixar transparecer e como,
de modo a garantir que estejam
abertos a minha mensagem.
E com relação à grande noção,
à metáfora, a voz prismática,
da mesma forma que a luz branca
passa pelo prisma
e se decompõe nas cores do arco-íris
que compõem aquela luz branca,
quando a luz branca de sua personalidade
passar através do prisma
de algum contexto situacional,
você precisa olhar
para todas as cores disponíveis,
todas as partes diferentes de sua personalidade,
e decidir qual vai precisar
ressaltar no momento e como,
de modo a ser mais efetivo
e apropriado naquele momento.
E se você descobrir como usar bem isso,
então pode criar seu próprio, único
e autêntico discurso de liderança.
Obrigada.
(Aplausos)